quarta-feira, 11 de maio de 2022

Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe chega à Ucrânia

Fotos da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe na Ucrânia. Crédito: Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe doada pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) chegou à Ucrânia, onde é "um grande símbolo de que ela está perto de seu povo" que confia a ela a intercessão pelo "milagre” do fim da guerra e pela paz.

As tensões entre a Ucrânia e a Rússia aumentaram desde março de 2021. Em 24 de fevereiro deste ano, Vladimir Putin, o presidente russo, ordenou o início da invasão da Ucrânia.

As Nações Unidas estimam que, por causa da guerra, cerca de 12 milhões de pessoas na Ucrânia precisam de ajuda e proteção, enquanto mais de 4 milhões de pessoas se refugiaram nos países vizinhos.

Segundo o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em 9 de maio, estima-se que mais de 3,3 mil pessoas morreram, incluindo 235 menores.

Mais de 3,6 mil pessoas, incluindo 346 menores, ficaram feridas.

No dia 11 de março, a Ajuda à Igreja que Sofre do México, fez um evento especial chamado "A Noite das Testemunhas", na Paróquia de Santa Maria Rainha da Paz, em Monterrey, México. Entre os convidados estava Dimitro Kiyashko, padre ucraniano de rito greco-católico.

No evento, o padre católico pediu a oração de todos os presentes pela Ucrânia.

Igreja alemã não responde sobre o custo do Caminho Sinodal Alemão


O custo financeiro do Caminho Sinodal Alemão, que causa polêmica principalmente por suas decisões sobre homossexualismo, ordenação de mulheres e fim do celibato sacerdotal, continua um mistério.

O porta-voz da Igreja Católica na Alemanha, Matthias Kopp, se recusou em 8 de maio a detalhar os custos do projeto.

A CNA, agência em inglês do grupo ACI, entrou em contato com o porta-voz depois de ver documentos que dizem que a Igreja Católica gastou 5,7 milhões de euros (cerca de R$ 30,8 milhões) no Caminho Sinodal Alemão, processo que reúne leigos e bispos para discutir mudanças na doutrina e na prática católicas.

O número é baseado em dados compilados pela Associação das Dioceses Alemãs, uma instituição legal da Conferência Episcopal Alemã, com sede em Bonn.

Os documentos, que não estão disponíveis publicamente, sugerem que a Igreja gastou mais de 703.195 euros em 2019, 878.035 euros em 2020, 2.231.400 euros em 2021 e 1.900.245 euros; somando um total de mais de 5,7 milhões de euros.

Os documentos vistos pela CNA mostram uma série de despesas como “Consequências do Estudo MHG”, com uma nota explicando que “este centro de custos [Kostenstelle] inclui todos os custos relacionados ao 'Caminho Sinodal' da Conferência dos Bispos Alemães”.

Kopp, porta-voz da Conferência Episcopal Alemã, disse à CNA em 16 de março que os números não se referem apenas ao Caminho Sinodal, mas a todos os gastos após a análise de 2018 dos abusos clericais na Igreja na Alemanha, conhecido como Estudo MHG.

O estudo foi um dos fatores que levaram os bispos alemães a embarcar no Caminho Sinodal, em 2019.

Kopp disse: “No nosso planejamento orçamentário, estabelecemos um orçamento anual de 2,5 milhões de euros sob a definição de custos (Kostenstelle) 'custos consequentes de lidar com o estudo MHG' (ou seja: todos os custos pelo trabalho depois do MHG, que significa o escritório de trabalho contra abuso sexual, gastos correntes de comissões independentes sobre abuso sexual, Caminho Sinodal na Alemanha)”.

Além disso, acrescentou que os números mostravam que os custos caíram "abaixo da estimativa" a cada ano, mas ressaltou que o número para o ano de 2021 estava incorreto.

"Repito: o 'Kostenstelle' inclui os custos de todo (!) o trabalho de lidar com as consequências do Estudo MHG, não apenas o Caminho Sinodal", disse ele.

Ao ser perguntado se poderia fornecer uma análise mais detalhada dos custos do próprio Caminho Sinodal, Kopp disse que não poderia fornecer mais informações.

Mensagem do papa Francisco pelo Dia Mundial dos Avós e dos Idosos 2022

 
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O II DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS
(XVII domingo do Tempo Comum – 24 de julho de 2022)
 
“Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15)

Caríssima, caríssimo!

O versículo 15 do Salmo 92 – «dão fruto mesmo na velhice » – é uma boa notícia, um verdadeiro «evangelho» que podemos, por ocasião do II Dia Mundial dos Avós e Idosos, anunciar ao mundo. O mesmo vai contracorrente relativamente àquilo que o mundo pensa desta idade da vida e também ao comportamento resignado de alguns de nós, idosos, que caminhamos com pouca esperança e sem nada mais esperar do futuro.

Muitas pessoas têm medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contato: os idosos não nos dizem respeito – pensam elas – e é conveniente que estejam o mais longe possível, talvez juntos uns com os outros, em estruturas que cuidem deles e nos livrem da obrigação de nos ocuparmos das suas penas. É a «cultura do descarte»: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre «nós» e «eles». Mas, na realidade, uma vida longa – ensina a Sagrada Escritura – é uma bênção, e os idosos não são proscritos de quem se deve estar à larga, mas sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra os seus avós!

Com efeito, a velhice constitui uma estação que não é fácil de entender, mesmo para nós que já a vivemos. Embora chegue depois dum longo caminho, ninguém nos preparou para a enfrentar; parece quase apanhar-nos de surpresa. As sociedades mais desenvolvidas gastam muito para esta idade da vida, mas não ajudam a interpretá-la: proporcionam planos de assistência, mas não projetos de existência[1]. Por isso é difícil olhar para o futuro e individuar um horizonte para onde tender. Por um lado, somos tentados a exorcizar a velhice, escondendo as rugas e fingindo ser sempre jovens, por outro parece que nada mais se possa fazer senão viver desiludidos, resignados a não ter mais «frutos para dar».

O fim da atividade laboral e os filhos já autônomos fazem esmorecer os motivos pelos quais gastamos muitas das nossas energias. A consciência de que as forças declinam ou o aparecimento duma doença podem pôr em crise as nossas certezas. O mundo – com os seus ritmos acelerados, que sentimos dificuldade em acompanhar – parece não nos deixar alternativa, levando-nos a interiorizar a ideia do descarte. Assim se eleva para o céu esta súplica do Salmo: «Não me rejeites no tempo da velhice; não me abandones, quando já não tiver forças» (71, 9).

Mas o mesmo Salmo, que repassa a presença do Senhor nas diversas estações da existência, convida-nos a continuar a esperar: chegada a velhice e os cabelos brancos, o Senhor continuará a dar-nos a vida e não deixará que sejamos oprimidos pelo mal. Confiando n’Ele, encontraremos a força para multiplicar o louvor (cf. Sal 71, 14-20) e descobriremos que envelhecer não é apenas a deterioração natural do corpo ou a passagem inevitável do tempo, mas também o dom duma vida longa. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!

Por isso, devemos vigiar sobre nós mesmos e aprender a viver uma velhice ativa, inclusive do ponto de vista espiritual, cultivando a nossa vida interior através da leitura assídua da Palavra de Deus, da oração diária, do recurso habitual aos Sacramentos e da participação na Liturgia. E, a par da relação com Deus, cultivemos as relações com os outros: antes de mais nada, com a família, os filhos, os netos, a quem havemos de oferecer o nosso afeto cheio de solicitude; bem como as pessoas pobres e atribuladas, das quais nos façamos próximo com a ajuda concreta e a oração. Tudo isto ajudará a não nos sentirmos meros espetadores no teatro do mundo, não nos limitarmos a olhar da sacada, a ficar à janela. Ao contrário, apurando os nossos sentidos para reconhecerem a presença do Senhor,[2]. seremos como uma «oliveira verdejante na casa de Deus» (Sal 52, 10), poderemos ser uma bênção para quem vive junto de nós.

Arquidiocese de Curitiba pede que Renato Freitas não perca o mandato após incidente na igreja



Começaram nesta segunda-feira (28) as oitivas das testemunhas no processo que tramita no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), contra o vereador Renato Freitas (PT). No entanto, o que era para durar um dia, vai continuar por mais duas sessões.

Os integrantes da comissão aceitaram um pedido feito pela defesa do vereador para que sejam ouvidas 30 testemunhas.

Conforme o advogado Guilherme Gonçalves, que defende o parlamentar, das cinco representações, seria possível depreender três fatos sobre os quais pesa o julgamento da quebra, ou não, do decoro parlamentar – a perturbação e a interrupção da prática de culto religioso e de sua liturgia; a entrada não autorizada de manifestantes na Igreja do Rosário; e a realização de ato político no interior da Igreja do Rosário.

Segundo o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, vereador Dalton Borba (PDT), é preciso cumprir todo o regimento para evitar qualquer interposição de recurso por ambas as partes. Sendo assim, as próximas oitivas devem acontecer entre os dias 04 e 11 de abril.

Ainda nesta segunda-feira, a Arquidiocese de Curitiba solicitou que o vereador Renato Freitas não seja punido com a perda do mandato parlamentar por conta dos episódios do dia 05 de fevereiro.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Padre Robson diz que foi vítima de “agressão absurda” e que perdoa acusadores

 
O padre Robson de Oliveira se pronunciou pela primeira sobre as denúncias de desvio de dinheiro contra ele, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivar definitivamente o processo. O sacerdote redentorista se disse “vítima de uma agressão absurda”, mas afirmou que perdoa as pessoas que o acusaram e reza por elas.
 
“O silêncio que mantive até agora foi por obediência ao meu superior religioso, que assim achou que deveria ser. Sendo assim, resignado, aguentei calado todas as diversas formas de investidas contra mim”, disse o sacerdote em um vídeo divulgado pela internet.
 
Padre Robson de Oliveira foi acusado pelo Ministério Público de Goiás de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), da qual era fundador e presidente.  As denúncias vieram à tona em agosto de 2020, quando foi deflagrada a Operação Vendilhões. Na época, o redentorista também era reitor do santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). Com as investigações, ele foi afastado de todas as suas funções.
 
No último dia 18 de abril, o STJ arquivou definitivamente o processo contra padre Robson de Oliveira, emitindo a certidão de trânsito em julgado.
 
“Há exatamente um ano e oito meses fui vítima de uma agressão absurda, sem tamanho. Presenciei minha casa sendo invadida da pior maneira que se pode imaginar”, disse padre Robson. Segundo ele, até então, não tinha conhecimento das investigações, mas a imprensa já sabia e “tinha sido convocada há dias para aquele momento”.
 
O ex-reitor do santuário do Pai Eterno afirmou que mesmo que a Justiça tenha “reconhecido por unanimidade” que não havia crimes em sua administração na Afipe, “insistiram em repetir aquelas injustas acusações e a divulgar inclusive fakes, inverdades, montagens desconectadas totalmente com a realidade”.
 
Durante o processo contra padre Robson, foram divulgados áudios que teriam sido apreendidos do celular dele. Entre esses, havia a gravação de conversa entre sacerdote e advogados sobre suposto pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás, para favorecê-lo em um processo sobre uma fazenda comprada pela Afipe.

Em seu pronunciamento, padre Robson disse que, hoje em dia, com as tecnologias, tudo pode ser editado e falseado. “Imagina o que podem fazer com uma pessoa que tem mais de 45 mil horas de fala disponível na internet, como é o meu caso? Foram feitas diversas simulações emendando palavras e frases que eu nunca disse, criando um contexto que era conveniente, isto é, para que pudessem me difamar, me expor e até mesmo me intimidar”, afirmou.
 

domingo, 27 de março de 2022

Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos divulga nota aos bispos e às Conferências Episcopais sobre as Celebrações da Semana Santa 2022

 


NOTA AOS BISPOS E ÀS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS
SOBRE AS CELEBRAÇÕES DA SEMANA SANTA 2022
 
Nas festas pascais dos anos passados, marcadas pela difícil situação da pandemia, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos ofereceu algumas orientações para ajudar os Bispos na sua tarefa de avaliar as situações concretas e proporcionar o bem espiritual dos pastores e fiéis na vivência da Semana Santa, centro de todo o ano litúrgico.
 
Em vista da diminuição da pandemia, embora com velocidades diversas em cada Nação, não pretendemos oferecer outras orientações para as celebrações da Semana Santa: a experiência que as Conferências Episcopais adquiriram nestes anos, certamente permite enfrentar as diversas situações no modo mais adequado, sempre tendo o cuidado de observar as normas rituais contidas nos livros litúrgicos.
 
Portanto, desejamos somente dirigir a todos um convite à prudência, evitando gestos e comportamentos que poderiam ser potencialmente arriscados. Cada análise e decisão seja sempre tomada de acordo com a Conferência Episcopal, que levará em consideração com as normas que as autoridades civis competentes estabelecerão nos diversos Países.
 
Nos últimos dias o Santo Padre nos convidou, muitas vezes, a rezar pedindo a Deus o dom da paz para a Ucrânia, para que cesse esta “guerra repugnante”. Junto com a Ucrânia também queremos recordar todos os outros conflitos, infelizmente sempre numerosos, em muitos países do mundo: uma situação que o Papa Francisco descreveu como uma terceira guerra mundial em pedaços.
 
Na celebração da Paixão do Senhor, da Sexta-feira Santa, a liturgia nos convida a elevar a Deus a nossa súplica pela Igreja e pelo mundo inteiro. Na Oração Universal invocaremos o Senhor pelos poderes públicos (IX oração) para que lhes dirija o espírito e o coração para que todos possam gozar de verdadeira paz e liberdade, e por todos os que sofrem provações (X oração) para que se alegrem em suas provações com o socorro da misericórdia do Senhor.
 
Desde já, fazemos nossa esta oração por todos os irmãos e as irmãs que vivem a atrocidade da guerra, em particular na Ucrânia. Recordamos que “em circunstâncias excepcionais, o Ordinário pode autorizar ou determinar uma intenção especial” (Missal Romano, p. 255, n. 12).
 
A celebração da Páscoa leve a todos a esperança que só vem da ressurreição do Senhor.
 
Na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 25 de março de 2022, Solenidade da Anunciação do Senhor.
 
 
Arthur Roche Prefeito
Vittorio Francesco Viola, O.F.M. Arcebispo Secretário
 
 
Tradução portuguesa realizada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Beatificação de João Paulo I, o papa do sorriso, já tem data


João Paulo I, o papa do sorriso, cujo pontificado durou apenas 33 dias, será beatificado em 4 de setembro de 2022 pelo papa Francisco na praça de São Pedro.

A data foi anunciada pela Congregação para as Causas dos Santos quase dois meses depois que o papa Francisco aprovou o decreto que reconhece o milagre atribuído à intercessão de João Paulo I: a cura da argentina Candela Giarda em 2011, na época uma menina em estado vegetativo.

O dicastério dirigido pelo cardeal Marcello Semeraro comunicou a data ao postulador da causa da canonização, cardeal Beniamino Stella, e a dom Renato Marangoni, bispo de Belluno-Feltre, diocese onde no dia 23 de novembro de 2003 foi aberto o processo para levar aos altares o papa do sorriso, cujo nome de batismo foi Albino Luciani.

O pontificado de João Paulo I durou apenas 33 dias, de 26 de agosto de 1978 até sua morte em 28 de setembro do mesmo ano

Carta do papa Francisco aos esposos pelo Ano da Família Amoris Laetitia

 

CARTA DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS ESPOSOS
POR OCASIÃO DO ANO «FAMÍLIA AMORIS LÆTITIA»

Queridos maridos e esposas do mundo inteiro!

Por ocasião do Ano «Família Amoris lætitia», dirijo-me a vós para vos manifestar a minha estima e proximidade neste tempo tão especial que estamos a viver. Sempre tive presente as famílias nas minhas orações, mas mais ainda durante a pandemia que colocou todos duramente à prova, sobretudo os mais vulneráveis. O momento que estamos a atravessar leva-me a aproximar, com humildade, estima e compreensão, de toda a pessoa, casal e família na sua situação concreta.

Este contexto particular convida-nos a viver as palavras com que o Senhor chama Abraão para partir da sua terra e da casa do seu pai rumo a uma terra desconhecida que Ele próprio lhe indicará (cf. Gn 12, 1). Também nós vivemos enormemente a incerteza, a solidão, a perda de entes queridos e fomos impelidos a sair das nossas seguranças, dos nossos espaços de «controle», da nossa forma de fazer as coisas, das nossas ambições, para nos interessarmos não apenas pelo bem da nossa família, mas também pelo da sociedade, que depende igualmente do nosso comportamento pessoal.

A relação com Deus molda-nos, acompanha-nos e coloca-nos em movimento como pessoas e, em última instância, ajuda-nos a «sair da nossa terra», em muitos casos com um certo receio e até medo do desconhecido, mas sabemos, pela nossa fé cristã, que não estamos sozinhos porque Deus está em nós, conosco e no meio de nós: na família, na vizinhança, no local de trabalho ou de estudo, na cidade onde habitamos.

À semelhança de Abraão, cada um dos esposos sai da sua terra desde o momento em que, tendo ouvido a chamada ao amor conjugal, decide dar-se ao outro sem reservas. Assim, o noivado já implica a saída da própria terra, porque exige percorrer juntos o caminho que conduz ao casamento. As diferentes situações da vida – a idade que vai passando, a chegada dos filhos, o trabalho, as doenças – são circunstâncias em que o compromisso mutuamente assumido obriga cada um a abandonar a própria inércia, as certezas, os espaços de tranquilidade para sair rumo à terra que Deus promete: ser dois em Cristo, dois num só, formando uma única vida, um «nós» na comunhão de amor com Jesus, vivo e presente em cada momento da vossa existência. Deus acompanha-vos, ama-vos incondicionalmente. Não estais sozinhos!

Queridos esposos, sabei que os vossos filhos – especialmente os mais novos– vos observam com atenção e procuram em vós o testemunho dum amor forte e fidedigno. «Como é importante, para os jovens, ver com os próprios olhos o amor de Cristo vivo e presente no amor dos esposos, que testemunham com a sua vida concreta que o amor para sempre é possível» [1]. Os filhos são um dom, sempre; mudam a história de cada família. Têm sede de amor, reconhecimento, estima e confiança. A paternidade e a maternidade convidam-vos a ser progenitores para dar aos vossos filhos a alegria de se descobrirem filhos de Deus, filhos dum Pai que os amou ternamente, desde o primeiro instante, e todos os dias os leva pela mão. Esta descoberta pode dar aos vossos filhos a fé e a capacidade de confiar em Deus.

Claro, educar os filhos não é nada fácil. Mas não esqueçamos que também eles nos educam. O primeiro ambiente educativo continua sempre a ser a família, nos pequenos gestos que são mais eloquentes do que as palavras. Educar é, antes de tudo, acompanhar os processos de crescimento, estar presente de várias formas para que os filhos possam contar com os pais em cada momento. O educador é uma pessoa que «gera» em sentido espiritual e sobretudo que «se dá» ao colocar-se em relação. Como pai e mãe, é importante relacionar-se com os filhos partindo duma autoridade conquistada dia após dia. Eles precisam duma segurança que os ajude a sentir confiança em vós, na beleza da vossa vida, na certeza de nunca estarem sozinhos, aconteça o que acontecer.

Por outro lado, como tenho já assinalado, cresceu a consciência da identidade e missão dos leigos na Igreja e na sociedade. Vós tendes a missão de transformar a sociedade com a vossa presença no mundo do trabalho e fazer com que as necessidades das famílias sejam tidas em conta. Também os cônjuges devem “primeirear” [2] no seio da comunidade paroquial e diocesana com as suas iniciativas e criatividade, buscando a complementaridade dos carismas e das vocações como expressão da comunhão eclesial, em particular a comunhão dos «cônjuges ao lado de pastores, para caminhar com outras famílias, para ajudar os mais fracos, para anunciar que, até nas dificuldades, Cristo Se faz presente» [3].

Por isso vos exorto, queridos esposos, a colaborar na Igreja, especialmente na pastoral familiar. Com efeito, «a corresponsabilidade pela missão chama os cônjuges e os ministros ordenados, especialmente os bispos, a cooperar de forma fecunda no cuidado e na tutela das igrejas domésticas» [4]. Lembrai-vos que a família é a «célula fundamental da sociedade» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). O casamento é realmente um projeto de construção da «cultura do encontro» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 216). Por isso, compete às famílias o desafio de lançar pontes entre as gerações para a transmissão dos valores que constroem a humanidade. É necessária uma nova criatividade para expressar, nos desafios atuais, os valores que nos constituem como povo nas nossas sociedades, e como Povo de Deus na Igreja.

A vocação ao casamento é uma chamada para guiar um barco instável – mas seguro, pela realidade do sacramento – em mar às vezes agitado. Quantas vezes tendes vontade de dizer ou, melhor, de gritar como os apóstolos: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (Mc 4, 38). Não esqueçamos que, graças ao sacramento do Matrimónio, Jesus está presente neste barco; olha por vós, permanece convosco a todo o momento, no sobe e desce do barco agitado pelas águas. Noutra passagem do Evangelho, lê-se que os discípulos, encontrando-se em dificuldade, veem Jesus aproximar-Se no meio da tempestade e acolhem-No no barco; assim também vós, quando enfurecer a tempestade, deixai Jesus subir para o barco, porque então, quando «subiu para o barco, para junto deles, o vento amainou» (Mc 6, 51). É importante que, juntos, mantenhais o olhar fixo em Jesus. Só assim tereis a paz, superareis os conflitos e encontrareis soluções para muitos dos vossos problemas: não porque estes tenham desaparecido, mas por serdes capazes de os ver doutra perspectiva.

Só abandonando-se nas mãos do Senhor é que podereis viver o que parece impossível. O caminho é reconhecer a própria fragilidade e impotência que experimentais perante tantas situações ao vosso redor, mas ao mesmo tempo ter a certeza de que assim a força de Cristo se manifesta na vossa fraqueza (cf. 2 Cor 12, 9). Foi precisamente no meio duma tempestade que os apóstolos chegaram a reconhecer a realeza e divindade de Jesus (cf. Mt 14, 33) e aprenderam a confiar n’Ele.

À luz destas referências bíblicas, quero aproveitar a ocasião para refletir sobre algumas dificuldades e oportunidades que as famílias têm vivido neste tempo de pandemia. Por exemplo, aumentou o tempo para estarem juntos, proporcionando uma oportunidade única para cultivar o diálogo em família. Obviamente isto requer um exercício especial de paciência; não é fácil estar juntos o dia todo, quando se tem que trabalhar, estudar, divertir-se e descansar na mesma casa. Que o cansaço não vos vença; possa a força do amor tornar-vos capazes de vos preocupardes mais com o outro – o cônjuge, os filhos – do que com o próprio cansaço. Recordai o que escrevi na Exortação Amoris lætitia (cf. nn. 90-119), ao comentar o hino paulino da caridade (cf. 1 Cor 13, 1-13). Pedi, com insistência, este dom à Sagrada Família; lede uma vez e outra o elogio da caridade, para que seja ela a inspirar as vossas decisões e ações (cf. Rm 8, 15; Gl 4, 6).

Assim, o estar juntos não será uma penitência, mas um refúgio no meio das tempestades. Que a família seja um lugar de acolhimento e compreensão. Guardai no coração o conselho, que dei aos esposos, de usarem estas três palavras: «com licença, obrigado, desculpa» [5]. E, se surgir algum conflito, «nunca termineis o dia sem fazer as pazes» [6]. Não vos envergonheis de ajoelhar, juntos, diante de Jesus na Eucaristia para encontrar momentos de paz e um olhar recíproco feito de ternura e bondade; ou de pegar na mão do outro, quando está um pouco zangado, para lhe arrancar a cumplicidade dum sorriso. Fazei, talvez, uma breve oração, rezada conjuntamente em voz alta à noite antes de adormecerdes com Jesus presente no meio de vós.

Entretanto, para alguns casais, a convivência a que foram forçados durante a quarentena revelou-se particularmente difícil. Os problemas, que já existiam, agravaram-se, gerando conflitos que se tornaram muitas vezes quase insuportáveis. E vários chegaram até à rutura da sua relação, sobre a qual gravava uma crise que não souberam ou não puderam superar. A estas pessoas, desejo manifestar-lhes também a minha proximidade e afeto.

A rutura duma relação conjugal gera muito sofrimento por causa de tantas aspirações malogradas; a falta de entendimento provoca discussões e feridas que não são fáceis de remediar. Nem sequer é possível poupar aos filhos a amargura de ver que os seus pais já não estão juntos. Mesmo assim, não cesseis de buscar ajuda para que se possa dalguma forma superar os conflitos, a fim de que estes não provoquem ainda mais sofrimento entre vós e aos vossos filhos. O Senhor Jesus, na sua infinita misericórdia, inspirar-vos-á o modo de avançar no meio de tantas dificuldades e dissabores. Não deixeis de O invocar e procurar n’Ele um refúgio, uma luz para o caminho e, na comunidade, uma «casa paterna onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 47).

Não esqueçais que o perdão cura todas as feridas. O perdão mútuo é o resultado duma decisão interior que amadurece na oração, na relação com Deus, como um dom que brota da graça com que Cristo cumula o casal quando os dois se voltam para Ele e O deixam agir. Cristo «habita» no vosso casamento e espera que Lhe abrais os vossos corações, para vos apoiar com a força do seu amor, como aos discípulos no barco. O nosso amor humano é frágil, precisa da força do amor fiel de Jesus. Com Ele, podeis verdadeiramente construir a «casa sobre a rocha» (Mt 7, 24).