segunda-feira, 6 de setembro de 2021

ONU debate cristãos em risco de morrer por sua fé no Afeganistão



Peritos em direitos humanos alertaram para o grave risco de violência e morte que milhares de cristãos no Afeganistão estão sofrendo. Falando na Organização das Nações Unidas (ONU) e pediram que os governos garantam a rápida saída do país desses cristãos.

Em 24 de agosto, na 31ª Sessão Especial do Conselho dos Direitos do Homem que tratou sobre a situação das minorias religiosas no Afeganistão, Giorgio Mazzoli, oficial jurídico das Nações Unidas para a organização da defesa legal cristã ADF International em Genebra, falou sobre a grave situação dos direitos humanos no país. Em seu discurso, Mazzoli afirmou que a grave situação de ataque à liberdade e à democracia, que gerou uma aguda crise humanitária no Afeganistão, obrigou muitos cidadãos a fugir para não serem submetidos à violência pelo atual regime.

“A ADF International está profundamente preocupada com a rápida deterioração da situação de segurança e direitos humanos no Afeganistão”, disse.

“As dolorosas perspectivas sobre a liberdade, a democracia e o Estado de direito, agravadas por uma crise humanitária cada vez mais profunda, estão obrigando milhares de homens, mulheres e crianças afegãs a se deslocarem no interior do país e forçando muitos mais a buscar escapar da perseguição e da opressão”, acrescentou.

Além disso, afirmou que os cristãos no Afeganistão estão em risco extremo de serem mortos por caisa da fé. Ele pediu que os governos tomem medidas sólidas e coordenadas para salvá-los.

“A ADF International deseja chamar a atenção do Conselho para a terrível situação das comunidades religiosas minoritárias no Afeganistão, que já viveram em um ambiente legal e social hostil durante décadas e agora correm um risco extremo de ser alvo de violência mortal”, disse ele.

“Entre eles, estima-se que haja dez mil cristãos, muitos dos quais são ´culpados` de converter-se do islã, um crime que é castigado com a pena de morte, segundo a sharia”, afirmou.

A sharia significa “caminho para a paz” e é a base do direito islâmico. É um conjunto de regras que regem o código de conduta e que se baseia no Corão, livro sagrado do Islão. Os artigos da Constituição afegã de 2004 são regidos pela sharia e sua aplicação é das mais radicais do mundo islâmico.

Com o regresso dos talibãs, em 14 de agosto, o exercício da liberdade religiosa e de todos os direitos humanos desapareceram. Estima-se que no Afeganistão haja de 8 a 12 mil cristãos de todas as confissões. No entanto, a Igreja Católica é totalmente clandestina no país. Todos os cristãos são convertidos, mas no país a apostasia é punível com a prisão e até com a morte.

Mazzoli também falou sobre o aumento do número de pessoas, pertencentes às minorias religiosas, que estão sendo assassinadas e violentadas. Ele chamou a comunidade internacional para que ajude a todos a serem retirados sem importar sua documentação. “À medida em que surgem rapidamente relatos inquietantes de assassinatos, assédio e intimidação contra eles, instamos os Estados e a comunidade internacional a prestar a máxima atenção a essas minorias perseguidas e a garantir as condições para a sua saída rápida e segura do país, independentemente de disporem de documentos de viagem válidos”.

Para Mazzoli, a situação “exige uma resposta imediata, sólida e coordenada da comunidade internacional, na qual o respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais seja considerado condição prévia para um processo de paz e reconciliação credível”.

“Aderimos ao apelo aos governos para que suspendam temporariamente as deportações para o Afeganistão e reconsiderem os pedidos dos afegãos que tiveram pedido de asilo rejeitado, que têm medo da perseguição devido à sua fé ou crença”, disse ele.


ACI Digital

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