sábado, 7 de setembro de 2013

Jejuará Obama pela Síria?


“A política americana de contenção também implicou uma enorme expansão militar, de modo que os nossos arsenais começaram por chegar ao nível dos soviéticos e da China, para depois os ultrapassar. Com o correr dos anos, o ‘triângulo de ferro’ do Pentágono, indústria militar e congressistas com grandes despesas no sector da defesa nos seus distritos eleitorais acumularam grande poder para definir a política externa americana. E embora a ameaça do nuclear afastasse a hipótese de confrontos militares directos com as superpotências rivais, os políticos americanos viam cada vez mais os problemas do resto do mundo do ponto de vista militar, e não tanto como diplomatas. (...)

[Depois dos ataques dos EUA ao Afeganistão], aguardei com expectativa o que pensei que havia de se seguir: a apresentação de uma política externa americana para o século XXI que não só adaptasse à ameaça das redes terroristas o nosso planeamento militar, operações dos serviços secretos e defesa interna, mas também construísse um novo consenso internacional em torno dos desafios das ameaças transnacionais.

Este novo modelo nunca apareceu. Em vez disso, o que tivemos foi um sortido de políticas obsoletas de tempos que já lá vão. (...) O destino voltava a ser moda; tudo o que era necessário, segundo Bush, era o poder militar da América, a sua determinação e uma ‘coligação de vontades’.

O que já não podia apoiar era uma ‘guerra burra, uma guerra feita à pressão, uma guerra que era produto não da razão mas da paixão’ (...). Sei que mesmo que a guerra contra o Iraque seja bem-sucedida será necessária uma ocupação por tempo indeterminado, com custos indeterminados e consequências indeterminadas. Sei que uma invasão do Iraque sem motivos claros e sem forte apoio internacional só vai inflamar os ânimos no Médio Oriente e fomentar não os melhores mas os piores impulsos no mundo árabe e fortalecer o ramo de recrutamento da Al-Qaeda.”


Quem assim escrevia, em 2006, era Barack Obama (Audácia da Esperança, ed. port. Casa das Letras, pág. 281-289). Num livro que, na capa, propunha: “Um apelo a uma nova forma diferente de fazer política”. Uma das coisas que mais nos espanta, na nossa condição humana, é o mistério da nossa fragilidade, que nos faz atraiçoar os princípios que defendemos pela mesquinhez de interesses ou pelo poder que temos – ou pelos poderes que, mesmo sem darmos conta, nos aprisionam.

Na crise síria (como no Egipto, como na Líbia, como...), continuamos aprisionados pelo ponto de vista militar; continuamos a sentir a ausência de uma “política externa americana para o século XXI”, que não continue tomada pelas lógicas infernais do século XX; continuamos a ver “políticas obsoletas de tempos que já lá vão”;
continuamos a ver soar tambores de guerra em nome da paixão e não da razão; continuamos a intuir que, mesmo uma invasão “sem pôr as botas no chão” não tem motivos claros, não tem apoio internacional e só irá “inflamar os ânimos no Médio Oriente” e “fortalecer o ramo de recrutamento da Al-Qaeda.”

Porquê, então, prosseguir na lógica demente da guerra? Apenas para satisfazer a indústria do armamento, condenando à guerra, à fome, à miséria e à tragédia a vida de povos inteiros?

Essas são algumas perguntas que nos podem levar, hoje, a fazer jejum pela paz – na Síria e no mundo –, respondendo positivamente ao apelo do Papa Francisco. O jejum é um sinal: antes de mais, de afirmação da vontade própria sobre as paixões – algo que parece muito afastado da lógica de guerra que nos atormenta. Depois, é um sinal de que somos capazes de abdicar de algo importante, em favor do bem do outro. Porque enquanto não formos capazes, no Ocidente, de abdicar deste jogo ambíguo de ganhar dinheiro à custa da vida de tantos povos, não teremos sido capazes de abdicar de nada em favor do outro. E o mundo continuará a ser não um lugar de paz, mas um lugar de tormento.


Barack Obama talvez fosse capaz de fazer jejum. Jejuará o Presidente Obama pela paz?

_________________________________
Disponível em: Religionline

Praça de São Pedro acolhe a vigília da paz


Uma vigília de quatro horas presidida pelo Papa Francisco e à qual se unirão milhões de pessoas de todo o mundo, de outras religiões e até mesmo não crentes, com um mesmo objetivo: pedir pela paz. A praça de São Pedro será amanhã o cenário deste histórico momento.

Desde às 15h45 da tarde estarão disponíveis 50 confessionários dentro do braço de Constantinopla e sob a colunata da praça. Foi o mesmo Santo Padre que quis que fosse colocado, considerando que a verdadeira paz nasce do coração do homem reconciliado com Deus e com os irmãos. Às 18h30 se fará a leitura do chamamento que o santo padre fez no Angelus no domingo passado, para introduzir os presentes no significado da vigília.

Às 19h começará com a saudação litúrgica do Papa. Em seguida o canto do “Veni Creator”, “para que o Espírito do Senhor Ressuscitado anime e guie nossa oração”.


A vigília estará dividida em dois momentos, primeiro um momento mariano e depois um momento eucarístico. A primeira parte começará com a Intronização da imagem da Virgem, “Salus Populi Romani”, patrona de Roma, que sairá do obelisco. Quatro guardas suíços serão os encarregados de carregar o ícone mariano e duas moças acompanharão a procissão com uma oferenda floral à Nossa Senhora.

Depois se dará início à oração do santo rosário. No começo de cada mistério, depois da leitura bíblica, acrescentou-se um texto de uma poesia de Santa Teresinha do Menino Jesus. Além do mais, no final de cada mistério se acrescentou também a invocação “Rainha da paz, rogai por nós”. Para concluir esta primeira parte, o santo padre fará uma meditação.

Depois de um breve silêncio, após as as palavras de Francisco, se preparará o altar para a exposição do Santíssimo Sacramento e começar dessa forma o momento eucarístico da vigília. Cada um dos cinco tempos de adoração guiada prevê: leitura da Bíblia sobre o tema da paz, oração de um Papa sobre o tema da paz, invocação responsorial para pedir a paz, canto, a oferta de incenso e silêncio para a adoração pessoal. E no final de cada um dos cinco momentos de adoração, cinco casais (representando Síria, Egito, Terra Santa, EUA e Rússia) vão fazer a oferta do incenso.

Uma vez concluída a adoração guiada, depois de um breve silêncio, começa o ofício das Leituras na forma mais larga prevista para uma celebração deste tipo. A passagem do evangelho elegida é João 20, 19-29. Ao finalizar as leituras, aproximadamente às 22h15, um comentário introduz um tempo de silêncio que durará até às 22h40.

Para concluir a vigília, o Santo Padre dará a bênção eucarística. A tonalidade da cerimônia será penitencial.


Trad.TS
___________________________
Fonte: ZENIT

Imprecisões midiáticas sobre a suposta reabilitação da teologia da libertação

Fatores que contribuem para a confusão quanto a um livro publicado em 2004:
é possível uma teologia da libertação católica?

O surgimento de um livro na Itália, cujo argumento central é a teologia da libertação (Dalla parte dei poveri. La teologia della liberazione), tem dado pé a manchetes equivocadas por parte de certo setor da imprensa que se ocupa de questões eclesiais (por exemplo, La Repubblica e La Stampa).

Dois fatores contribuem para as tergiversações sobre uma suposta reabilitação ou caminho livre para a teologia da libertação por parte do Vaticano: 1) o nome dos autores (o atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e o sacerdote dominicano e “pai” da teologia da libertação, Gustavo Gutiérrez), e 2) o destaque dado ao livro no jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano. Tudo isso no contexto do pontificado de um papa latino-americano, sob o qual, de acordo com a mesma resenha, “a teologia da libertação não podia ficar na sombra durante muito tempo”. A realidade, porém, é diferente.


Pensamentos de aderentes á Teologia da Libertação

O livro resenhado foi publicado originalmente em 2004, em alemão, quando o arcebispo Gerhard Ludwin Müller ainda não tinha sido nomeado prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé (a nomeação é de 2 de julho de 2012, oito anos depois da aparição do texto). O autor da resenha publicada em L’Osservatore Romano o apresenta como um livro escrito “a quatro mãos” entre Müller e Gutiérrez. A realidade por trás da expressão, que poderia ter sido mais feliz, não implica, porém, que um autor assuma as ideias de outro. A própria distribuição do livro faz notar que as ideias expressas (que, sendo pessoais, não são necessariamente as ideias do magistério da Igreja, embora tampouco pareçam contrapor-se) são opiniões a respeito de um tema que suscita algum interesse entre alguns teólogos: das 183 páginas do livro, 117 são de Gutiérrez e 76 do então bispo de Ratisbona. Em outras palavras, cada um tratou do assunto central de acordo com o seu próprio pensar.

É compreensível também o esmero com que o autor da resenha apresenta a obra em italiano: trata-se do diretor de Il Messaggero di Sant´Antonio, Ugo Sartorio, publicação vinculada à editora Edizioni Messaggero Padova, que é, junto com a Editrice Missionaria Italiana, coeditora da tradução da obra agora apresentada na Itália.

Sobre o tema central da obra, pode-se dizer, grosso modo, que são abordagens sobre o estatuto epistemológico da “teologia da liberação”, em suposta consonância com o sentir da Igreja, com alguns dados históricos. Neste contexto, em alguns momentos, apresenta-se e alude-se a pronunciamentos pontifícios que mostrariam o “lado bom” e a justificativa para a existência da teologia da libertação. Mas é possível uma teologia da libertação autenticamente católica?

O Magistério da Igreja foi muito claro nos seus dois pronunciamentos oficiais sobre este particular: a Instrução Libertatis nuntius sobre alguns aspectos da teologia da libertação (Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de agosto de 1984) e a Instrução Libertatis conscientia sobre liberdade cristã e libertação (Congregação para a Doutrina da Fé, 22 de março de 1986), vinculantes para todo católico.

Substancialmente, pode-se dizer que já naqueles documentos se apresenta uma visão efetivamente católica sobre a teologia da libertação: a que entende a liberdade humana não como política e, em consequência, não abraça a ideologia marxista, sua luta de classes, nem transforma a fé em política, mas entende a liberdade humana como liberdade do maior dos males, o pecado, e a Cristo como libertador. Ou, em palavras do documento de 1986: “A libertação, em sua significação primordial, que é salvífica, se prolonga deste modo em tarefa libertadora e exigência ética. É neste contexto que se situa a doutrina social da Igreja, que ilumina a práxis no âmbito da sociedade”.


Bastava reler a novidade daqueles documentos em 1984 e em 1986 para não apresentar como novo o que o foi há quase 30 anos.
_____________________________________
Fonte: ZENIT

Reformados conclamam fiéis a orarem pela paz na Síria


A Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) condena qualquer forma de violência, injustificável sob todos os aspectos, e conclama as igrejas membro a dedicarem, nas celebrações litúrgicas do sábado, 7, e domingo, 8, à intercessão pela paz na Síria.

"Oremos também pelos líderes mundiais para que eles usem seu poder para trabalhar sem descanso para encontrar soluções promotoras de vida que acabem com a crise naquele país”, declarou o secretário geral da CMIR, reverendo Setri Nyomi.


Ainda que a Síria tenha usado armas químicas, atingindo também a população civil, a intervenção militar não é resposta. “Deve se fazer todo o esforço necessário para pôr as partes em diálogo e procurar soluções diplomáticas. A resposta militar só serve para aumentar o sofrimento do povo da Síria, que já está sofrendo em demasia", diz posicionamento da CMIR.

O texto lamenta a extensão do conflito interno, que já dura dois anos e matou mais de 100 mil pessoas, também o ataque com armas químicas, perpetrado pelo exército sírio contra rebeldes, no dia 21 de agosto, e que matou inclusive crianças, o que, dizem reformados, é um escândalo.


Com informações da ALC


____________________________________

Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil adere à Oração pela Paz na Síria


Todos e todas sabemos o quanto a paz está ausente ou ameaçada, em todo o mundo, longe e perto da gente. Bem por isso, e por sermos parte do povo de Deus, não desanimamos e nem desistimos de acreditar que a paz dada como presente pelo próprio Jesus resistirá e brotará teimosamente.

E é essa a principal razão para orarmos pela paz.

Neste momento, o Conselho Mundial de Igrejas, a Federação Luterana Mundial e o Conselho Latino-Americano de Igrejas motivam as Igrejas a orarem pela paz. A preocupação maior, nestes dias, é o medo das consequências de uma intervenção externa na Síria. Independente da situação na Síria, ainda que especialmente preocupados com a situação nesse país, lá e cá, vidas continuam sendo ceifadas por causa da violência, por causa da destruição da paz que Deus, em Jesus, nos deixou.

Daí a razão deste convite para que nos cultos das comunidades da IECLB também intercedamos pela paz.


Como sugestão, segue uma oração de autoria do Pastor Luiz Carlos Ramos (divulgada pela Rede CLAI de Liturgia), na qual fizemos algumas mudanças.


Oração pela paz

Ó Deus, Eterno e Encarnado, Trino e Uno, Senhor e Salvador,
nosso coração anda inquieto; nosso corpo, temeroso; nossa alma, sem repouso.

Só tu podes nos dar descanso, só tu podes nos dar alento, só tu podes nos restituir a paz.

Vivemos tempos difíceis, vivemos dias cruéis.
Dá-nos teu amor, dá-nos tua paz.

Tanta gente - adultos e crianças - é vítima do terror das bombas lançadas.
Somos vítimas do ódio: da violência congestionada no trânsito e do livre trânsito da violência.

Senhor da paz, torna-nos bem-aventurados;
Senhor da paz, torna-nos bem-aventuradas;
Pacifica-nos a alma, pacifica-nos o espírito, pacifica-nos o corpo.

Que haja paz para todas as nações:
do Norte e do Sul, do Oriente e do Ocidente.

Que haja paz para todos os povos:
brancos e negros, vermelhos e amarelos.

Que haja paz para todos os homens,
que haja paz para todas as mulheres,
que haja paz para todas as crianças.

Que a Suprema Paz esteja sobre toda paz.
Amém

Fraternalmente,
Nestor Paulo Friedrich

Pastor Presidente

Vigília com o Papa Francisco será transmitida ao vivo às 14h


Neste sábado, 7, pessoas de todos os países do mundo se unirão em oração e jejum para rezar pela paz, atendendo ao convite do Papa Francisco no Angelus do último domingo, 1º.

No Vaticano, a partir das 19h (hora local, 14h em Brasília), o Papa Francisco dará início a uma Vigília de oração, que será seguida ao vivo em todo o mundo.

A TV Canção Nova fará a transmissão da Vigília, ao vivo, a partir das 14h (que pode ser assistida por meio do nosso blog).

O momento de oração terá início com a Oração do Veni Creator (Vinde, Espírito Santo), que na quinta estrofe pede:  “Afastai para longe o inimigo; Trazei-nos prontamente a paz; Assim guiados por Vós; Evitaremos todo o mal”.

Em seguida, o ícone de Maria Salus populi Romani (Protetora do povo Romano) será entronizado e os fiéis, juntamente com o Santo Padre, rezarão o terço, pedindo a intercessão de Nossa Senhora, Rainha da Paz, pela paz no mundo e na Síria.


Segundo informou a Rádio Vaticano, o Papa quis que cada mistério do terço seja precedido pelas palavras de Santa Terezinha do Menino Jesus.

Após a oração do terço, o Papa Francisco fará uma breve reflexão. E logo após terá início um momento de Adoração Eucarística, motivada com leituras bíblicas e orações de paz dos Papas do Séc. XX até os nossos dias.

Ao término de cada momento de adoração, um casal fará uma oferta de incenso. Ao total, serão cinco casais, representando a Síria, Egito, Terra Santa, EUA e Rússia.

O penúltimo momento da Vigília será caracterizado pelo Ofício das leituras – três passagens de Jeremias, São Leão Magno e o Evangelista João –, seguido de meia hora de silêncio, até por volta das 22h40 (hora local, 17h40 em Brasília).


O último ato da Vigília será a Bênção Eucarística concedida pelo Santo Padre.
________________________________

Mensagem do Papa aos carmelitas



MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco ao Prior geral da Ordem dos Irmãos da Beata Virgem Maria do Monte Carmelo em ocasião do Capítulo Geral
Quinta-feira, 5 de setembro de 2013


Ao reverendíssimo padre
Fernando Millán Romeral
Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Beata Virgem Maria do Monte Carmelo

Dirijo-me a vocês, queridos Irmãos da Ordem da Beata Virgem Maria do Monte Carmelo, que celebram neste mês de setembro o Capítulo Geral. Em um momento de graça e renovação, que vos chama a discernir a missão da gloriosa Ordem carmelita, desejo oferecer a vocês uma palavra de encorajamento e de esperança. O antigo carisma do Carmelo foi por oito séculos um dom para toda a Igreja e ainda hoje continua a oferecer a sua peculiar contribuição para a edificação do Corpo de Cristo e para mostrar ao mundo a face luminosa e santa. As vossas origens contemplativas decorrem da terra da epifania do amor eterno de Deus em Jesus Cristo, Verbo feito carne. Enquanto refletem sobre a vossa missão de Carmelitas de hoje, sugiro-vos considerar três elementos que podem guiar-vos na realização plena da vossa vocação que é a subida ao monte da perfeição: a lealdade a Cristo, a oração e a missão.


Lealdade

A Igreja tem a missão de levar Cristo ao mundo e por isto, como Mãe e Mestra, convida cada um a aproximar-se Dele.

Na liturgia carmelita para a festa de Maria do Monte Carmelo contemplamos a Virgem que está “junto à Cruz de Cristo”. Aquele é também o lugar da Igreja: próximo a Cristo. E é também o lugar de cada filho fiel da Ordem carmelita. A vossa Regra começa com a exortação aos irmãos de “viver uma vida de lealdade a Jesus Cristo”, para segui-Lo e servi-Lo com coração puro e indivisível. A estreita relação com Cristo se realiza na solidão, na assembleia fraterna e na missão. “A opção fundamental de uma vida concretamente e radicalmente dedicada a seguir Cristo” (Ratio Institutionis Vitae Carmelitanae, 8) faz da vossa existência uma peregrinação de transformação no amor. O Concílio Ecumênico Vaticano II recorda o papel da contemplação no caminho da vida: a Igreja tem “de fato a característica de ser ao mesmo tempo humana e divina, visível, mas dotada de realidade invisível, zelosa na ação e dedicada à contemplação, presente no mundo e todavia peregrina” (Sacrosanctum Concilium, 2). Os antigos eremitas do Monte Carmelo conservaram a memória daquele lugar santo e, mesmo exilados ou distantes, mantiveram o olhar e o coração constantemente fixos na glória de Deus. Refletindo sobre as vossas origens e sobre a vossa história e contemplando o imenso grupo de pessoas que viveram nos séculos o carisma carmelita, descobrirão também a vossa vocação atual de ser profetas de esperança. E é justamente nesta esperança que serão regenerados. Muitas vezes aquilo que parece novo é algo muito antigo iluminado por nova luz.

Na vossa Regra há o coração da missão carmelita de então e também de hoje. Enquanto vocês se preparam para celebrar o oitavo centenário da morte de Alberto, Patriarca de Jerusalém, em 1214, recordem que ele formulou um “percurso de vida”, um espaço que torna capaz de viver uma espiritualidade totalmente orientada a Cristo. Ele delineou elementos externos e interiores, uma ecologia física do espaço e armadura espiritual necessária para responder adequadamente à vocação e cumprir eficazmente a própria missão.

Em um mondo que muitas vezes desconhece Cristo e, de fato, rejeita-O, vocês são convidados a aproximarem-se e a aderirem sempre mais profundamente a Ele. É um chamado contínuo a seguir Cristo e a ser conforme Ele. Isto é de vital importância no nosso mundo tão desorientado, “porque quando a sua chama se apaga também todas as outras luzes acabam perdendo o seu vigor” (Lumen fidei, 4). Cristo está presente na vossa fraternidade, na liturgia comunitária e no ministério confiado a vocês: renovem a lealdade de toda a vossa vida!

Oração

O Santo Padre Bento XVI, antes do vosso Capítulo Geral de 2007, recordou a vocês que “a peregrinação interior de fé rumo a Deus começa na oração”; e em Castel Gandolfo, em agosto de 2010, disse-vos: “Vocês são aqueles que nos ensinam a rezar”. Vocês se definem contemplativos em meio ao povo. De fato, se é verdade que vocês são chamados a viver nas alturas do Carmelo, é também verdade que vocês são chamados a dar testemunho em meio ao povo. A oração é aquela “estrada real” que abre à profundidade do mistério de Deus Uno e Trino, mas é também o sentido obrigatório que perpassa em meio ao povo de Deus peregrino no mundo rumo à Terra Prometida.

Um dos caminhos mais belos para entrar na oração passa através da Palavra de Deus. A lectio divina introduz à conversação direta com o Senhor e abre os tesouros da sabedoria. A íntima amizade com Aquele que nos ama nos torna capazes de ver com os olhos de Deus, de falar com a sua Palavra no coração, de conservar a beleza desta experiência e de partilhá-la com aqueles que têm fome de eternidade.

O retorno à simplicidade de uma vida centrada no Evangelho é o desafio para a renovação da Igreja, comunidade de fé que encontra sempre caminhos novos para evangelizar o mundo em contínua transformação. Os santos carmelitas foram grandes percussores e mestres de oração. Isto é o que uma vez mais se pede ao Carmelo do século XXI. Ao longo de toda a vossa história, os grandes Carmelitas foram um forte lembrete às raízes da contemplação, raízes sempre fecundas de oração. Aqui está o coração do vosso testemunho: a dimensão de “contemplatividade” da Ordem, de viver, de cultivar e de transmitir. Gostaria que cada um se perguntasse: como é a minha vida de contemplação? Quanto tempo dedico durante o meu dia à oração e à contemplação? Um carmelita sem esta vida de contemplação é um corpo morto! Hoje, talvez mais que no passado, é fácil deixar-se distrair pelas preocupações e pelos problemas deste mundo e fazer-se aproximar de falsos ídolos. O nosso mundo está dividido de muitas formas; o contemplativo, em vez disso, leva à unidade e constitui um forte apelo à unidade. Agora, mais do que nunca, é o momento de redescobrir o sentido interior do amor através da oração e oferecer ao povo de hoje no testemunho da contemplação, bem como na pregação e na missão, não atalhos desnecessários, mas aquela sabedoria que emerge do meditar “dia e noite na Lei do Senhor”, Palavra que sempre conduz junto à Cruz gloriosa de Cristo.  E, unida à contemplação, a austeridade de vida, que não é um aspecto secundário da vossa vida e do vosso testemunho. É uma tentação muito forte mesmo para vocês aquela de cair na mundanidade espiritual. O espírito do mundo é inimigo da vida de oração: não se esqueçam nunca disso! Exorto-vos a uma vida mais austera e penitente, segundo a vossa mais autêntica tradição, uma vida distante de toda mundanidade, distante dos critérios do mundo.

Missão

Queridos Irmãos Carmelitas, a vossa missão é a mesma de Jesus. Todo planejamento, toda comparação seria inútil se o Capítulo não realizasse antes de tudo um caminho de verdadeira renovação. A Família Carmelita conheceu uma maravilhosa “primavera”, em todo o mundo, aquele fruto, doado por Deus, do empenho missionário do passado. Toda missão coloca muitas vezes árduos desafios, porque a mensagem evangélica não é sempre acolhida e às vezes é rejeitada com violência. Não devemos nunca esquecer que, mesmo se somos jogados em águas turvas e desconhecidas, Aquele que nos chama à missão nos dá também a coragem e a força de fazê-la. Por isso, celebrem o Capítulo animados pela esperança que não morre nunca, com um forte espírito de generosidade no recuperar a vida contemplativa e a simplicidade e austeridade evangélica.

Dirigindo-me aos peregrinos na Praça São Pedro tive oportunidade de dizer: “Cada cristão e cada comunidade é missionária à medida que leva e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus para todos, especialmente para quem se encontra em dificuldade. Sejam missionários do amor e da ternura de Deus! Sejam missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa, sempre nos espera, nos ama tanto!” (Homilia, 5 de maio de 2013). O testemunho do Carmelo no passado pertence à profunda tradição espiritual crescida em uma das grandes escolas de oração. Essa suscitou também a coragem de homens e mulheres que enfrentaram o perigo e até mesmo a morte. Recordemos somente os dois grandes mártires contemporâneos: Santa Teresa Benedita da Cruz e o Beato Titus Brandsma. Pergunto-me então: hoje entre vós, vive-se com a têmpera, com a coragem destes santos?

Queridos irmãos do Carmelo, o testemunho do vosso amor e da vossa esperança, enraizados na profunda amizade com o Deus vivo, pode vir a ser uma “leve brisa” que renova e revigora a vossa missão eclesial no mundo de hoje. A isso vocês foram chamados. O Rito da Profissão coloca em seus lábios estas palavras: “Com esta profissão confio-me à família carmelita para viver a serviço de Deus e na Igreja e aspirar à caridade perfeita com a graça do Espírito Santo e a ajuda da Beata Virgem Maria” (Rito da Profissão Ord. Carm.).

A Beata Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, acompanhe os vossos passos e torne fecundo de frutos o cotidiano caminho rumo ao Monte de Deus. Invoco sobre toda a Família Carmelita, e particularmente sobre os Padres Capitulares, abundantes dons do Divino Espírito e a todos concedo de coração a Benção Apostólica.


Do Vaticano, 22 de agosto de 2013


Francisco


______________________________________________
Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Vigília pela Paz na Síria: adesão da Igreja no Brasil


O convite feito pelo Papa Francisco para Dia de Oração e Jejum pela paz na Síria, neste dia 7 de setembro, obteve adesão da Igreja no Brasil. “Em todas as paróquias, as dioceses, nós estamos insistindo para que os nossos irmãos e irmãs realmente participem deste momento, atendam este apelo do Santo Padre, porque não é possível nós somente tentarmos resolver os problemas através da força”, afirmou o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.

O presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, preside missa pelos trabalhadores, às 10h30 da manhã, no Santuário Nacional de Aparecida (SP), quando convida os fiéis para rezarem pela paz na Síria. Em seguida, dom Raymundo participa da transmissão da Vigília pela Paz direto do Vaticano, realizada pela Rede Aparecida a partir das 13 horas.


No Rio de Janeiro (RJ), a intenção de rezar pela paz na Síria será realizada nas celebrações da peregrinação da Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que visita a arquidiocese desde o dia 6: na oração do Ângelus, às 12h, na paróquia Nossa Senhora do Loreto, em Jacarepaguá; no Terço de Nossa Senhora, às 15h, na paróquia Nossa Senhora da Cabeça, na Penha, e na Missa e Vigília, a partir das 16h30min, na paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Anchieta.

Na arquidiocese de Goiânia (GO), o arcebispo dom Washington Cruz preside uma missa, na Catedral Metropolitana, às 9 da manhã. Em Belo Horizonte (MG), o arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside Missa e Vigília Eucarística, a partir das 15h30, no Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade.


Em Porto Alegre (RS), a vigília será realizada na Catedral Metropolitana, das 15h às 17h. O pedido do arcebispo, dom Dadeus Grings, é de que também as paróquias motivem os fiéis para o jejum e para a oração comunitária e pessoal. Em Brasília (DF), haverá a celebração da Santa Missa presidida pelo bispo auxiliar, dom Valdir Mamede, no Santuário do Santíssimo Sacramento, às 19h30.
_____________________________________
Fonte: CNBB