quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Padre Fábio de Melo: “foi sem querer querendo!”


Nesses últimos dias, a TV exibiu duas entrevistas do Padre Fábio de Melo, que acabaram deixando muitos católicos com sangue nos zôio. A declaração do padre que mais revoltou aos que zelam pela doutrina da Igreja foi essa aqui:

– Eu gosto de dizer que Jesus não queria a Igreja, Jesus queria o Reino de Deus, mas a Igreja é o que a gente conseguiu dar pra Ele.

Esse trecho da entrevista com a Marília Gabriela foi divulgado previamente pelo site da revista Caras. Ao ler isso, orei, xinguei muito em conversas privadas com amigos e respirei fundo 100 vezes, detendo o meu impulso de dizer qualquer coisa publicamente. Preferi esperar pra ver a entrevista na íntegra, e fiz isso com calma.

De fato, o padre disse uma frase herética. Porém, dentro do contexto em que disse, podemos afirmar que ele quis mesmo propagar uma heresia? Não, ele não quis.Imediatamente antes dessa frase infeliz, o padre disse claramente que a Igreja foi gerada em Jesus Cristo:

– Toda grande instituição precisa naturalmente voltar às fontes. A gente não tem o direito de viver distante das fontes que nos geraram. Qual é a nossa fonte? É Jesus, a experiência dele. Teologicamente nós estamos fundamentados no Verbo que se torna carne, que passa por nós, que faz discípulos e que deixa uma Igreja.

Portanto, apaguem suas tochas na piscina Tony, meninos! Está claro que o padre crê e afirma a origem divina da Igreja, bem como a sua contínua fundamentação em Cristo até os dias de hoje. Agora, com a frase seguinte, mandou uma heresia das brabas, que parecia desmentir o que ele afirmou logo antes. Em seu site, Padre Fábio já publicou um texto assumindo que errou ao se expressar dessa forma.


À maneira do Chaves, meio que “sem querer querendo”, o Padre Fábio de Melo ressuscitou uma heresia divulgada há mais de 100 anos, pelo padre e teólogo Alfred Loisy. Comparem vocês mesmos o que Loisy afirmou com a maldita frase do Padre Fábio, e vejam a semelhança:

“Foi alheio à mente de Cristo constituir a Igreja como sociedade que devia durar sobre a terra por longo decurso de anos; mais, na mente de Jesus estava prestes a chegar o reino do céu juntamente com o fim do mundo”.

 - Afirmação herética de Alfred Loisy. Fonte: Denzinger, número 3452.

Por ter se recusado a renegar esse erro doutrinário, o sujeito foi excomungado pelo Papa São Pio X, em 1908. Daí vocês veem que não estamos exagerando ao dizer que a tal frase do Padre Fábio foi mesmo uma desgraça.

Nessa entrevista, o Padre Fábio afirmou que “Igreja santa e pecadora”. Essa expressão, apesar da verdade que carrega, deve ser evitada, pois em geral, quem ouvi isso, entende que a Igreja pode falhar em seus ensinamentos e não ser eficaz em seus sacramentos. Já explicamos isso em um post anterior (veja aqui). Mas, sejamos honestos: o padre buscou explicar a expressão da forma correta, colocando a dimensão do pecado dos membros da Igreja:

– Nós precisamos nos converter diariamente: a Igreja é santa e pecadora. (…) É Deus que o tempo todo me dá condições para eu reconhecer o meu próprio pecado.

E, diante de uma Marília sedenta por mudanças na moral da Igreja – por meio da liberação do divórcio, do casamento gay e dos métodos anticoncepcionais –, o padre mandou na lata, sereno e firme:

– A Igreja não pode em nenhum momento, por mais autoridade que ela tenha, contradizer o que disse Jesus.

Marília se disse surpresa feliz com a declaração do Papa Francisco, de que não queria julgar os gays. E perguntou se, a partir dessa colocação, se poderia esperar uma mudança a postura da Igreja sobre o casamento entre homossexuais. A resposta do Padre Fábio foi precisa e sem rodeios: “Eu acredito, Marília, que isso não mude absolutamente NADA do que a Igreja pensa do assunto”. Dez! E explicou que isso poderia, isso sim, inspirar a forma correta de tratar os homossexuais nas igrejas, com um discurso de caridoso e não-agressivo.

Padre Fábio mandou bem demais ao defender a beleza na liturgia e nas vestes sacerdotais e nos templos, fator tão negligenciado nas últimas décadas. Também defendeu com competência a castidade e o celibato sacerdotal. Isso a revista Cara-de-bunda não se interessou em noticiar, né?


Padre Fábio é um homem inteligente e, ao que me parece, deseja sinceramente o bem das pessoas. O problema é que ele parece sofrer de “jujubice aguda”. Os católicos acometidos por esse mal buscam sempre evitar qualquer palavra que melindre os não-católicos. E, quando são obrigados e discordar dos demais, procuram fazer isso com a doçura (tão doce como um… favo de mel!), de modo a parecer que o outro tem razão também.

Os acometidos pela jujubice confudem gentileza e respeito com frouxidão. Ainda que sejam obrigados a dizer algo que contrarie o outro, sempre tentam não desagradar ninguém. E o padre Fábio bem sabe que, para um cristão, é impossível manter-se nessa postura, pois ele mesmo disse para a Gabi:

– No momento em que nós temos uma postura, é natural que a gente vá contrariar muita gente. A Igreja não tem a pretensão de agradar o mundo todo.

Bem sabemos que não é só o Padre Fábio que foi contaminado ao comer uma jujuba ultra-doce atômica. Muitos leigos e padres também o fizeram. Prova disso é que o Sínodo dos Bispos de 2008, ocorrido no Vaticano, mostrou preocupação com os padres fofuchos que, em suas homilias, omitem as passagens mais duras do Evangelho, em especial, aquelas em que Jesus é ríspido, se desviando da caricatura mundana de guru paz-e-amô.

Bem, voltando… A entrevista da Marília, que foi a gerou mais polêmica, está longe de ter sido a mais escrota. O padre vacilou feio mesmo foi no programa “Altas Horas”. Eis o que disse, quando perguntando sobre o casamento gay:

– A gente precisa dividir bem a questão. Uma é a questão religiosa, o posicionamento das religiões, que têm todo o direito de não aceitar, de não ser a favor (…). Só que há também a questão cível, que não podemos interferir, que não é religiosa, que é o direito de duas pessoas reconhecerem uma sociedade que existe entre elas.

Não podemos interferir?! Com essa, até Santa Joana Dior revirou na tumba, e os ossos de São João Lacoste estremeceram! Esse discurso, que deturpa a justa noção de estado laico, é exatamente o proposto pela Marta Suplicy, na lei da mordaça gay, a falecida PL 122 (saiba mais aqui).

O que o padre Fábio de Melo disse no “Altas Horas” está em total desacordo com o que ensina a Igreja. Devemos nos opor não só ao casamento religioso gay, mas também ao “casamento” civil gay*. Na verdade, é algo que modifica a estrutura da sociedade e, por consequência, o que é ensinado às crianças nas escolas e na mídia. Então, isso é da nossa conta, sim!

Esse é o sonho dos inimigos de Cristo: que os cristãos continuem tranquilamente (ao menos por enquanto) com seus louvores e pregações, confinados aos templos e sacristias. Porém, se ousarmos defender nossos valores na esfera pública, tomamos um créu. Querem que nos anular politicamente e impor os valores de uma minoria sobre a maioria das famílias. Ora, acaso nós cristãos somos um tipo de sub-raça, cuja opinião tem menos valor? Ah, vá…

Como pessoas limitadas, estamos todos sujeitos a proferir coisas insensatas (e, nesse sentido, tem gente que tem um amplo histórico, e já sugeriu até que os índios não devem ser evangelizados…). Entretanto, é preciso estar sempre humildes e dispostos a ser corrigidos pela Mãe Igreja.

Desejo que Jesus ilumine o Padre Fábio e Melo, para que ele seja mais responsável com o que fala. Acho que ele já deve ter notado o grande impacto que causam não só suas canções, mas também suas palavras.
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Fonte: O Catequista

Mensagem do Papa para o 48º Dia Mundial das Comunicações




MENSAGEMMensagem do Papa Francisco para o 
48º Dia Mundial das Comunicações Sociais

“Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se próximo uns dos outros. Os progressos dos transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximo, interligando-nos sempre mais, e a globalização faz-nos mais interdependentes. Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões, e às vezes muito acentuadas. A nível global, vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres. Frequentemente, basta passar pelas estradas duma cidade para ver o contraste entre os que vivem nos passeios e as luzes brilhantes das lojas. Estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos impressiona. O mundo sofre de múltiplas formas de exclusão, marginalização e pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas económicas, políticas, ideológicas e até mesmo, infelizmente, religiosas.

Neste mundo, os mass-media podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna. Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os mass-media podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus.

No entanto, existem aspectos problemáticos: a velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma expressão equilibrada e correcta de si mesmo. A variedade das opiniões expressas pode ser sentida como riqueza, mas é possível também fechar-se numa esfera de informações que correspondem apenas às nossas expectativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses políticos e econômicos. O ambiente de comunicação pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais perto de nós. Sem esquecer que a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluído.


Estes limites são reais, mas não justificam uma rejeição dos mass-media; antes, recordam-nos que, em última análise, a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica. Portanto haverá alguma coisa, no ambiente digital, que nos ajuda a crescer em humanidade e na compreensão recíproca? Devemos, por exemplo, recuperar um certo sentido de pausa e calma. Isto requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós: uma pessoa expressa-se plenamente a si mesma, não quando é simplesmente tolerada, mas quando sabe que é verdadeiramente acolhida. Se estamos verdadeiramente desejosos de escutar os outros, então aprenderemos a ver o mundo com olhos diferentes e a apreciar a experiência humana tal como se manifesta nas várias culturas e tradições. Entretanto saberemos apreciar melhor também os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa, o matrimonio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros.

Então, como pode a comunicação estar ao serviço de uma autêntica cultura do encontro? E – para nós, discípulos do Senhor – que significa, segundo o Evangelho, encontrar uma pessoa? Como é possível, apesar de todas as nossas limitações e pecados, ser verdadeiramente próximo aos outros? Estas perguntas resumem-se naquela que, um dia, um escriba – isto é, um comunicador – pôs a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc 10, 29 ). Esta pergunta ajuda-nos a compreender a comunicação em termos de proximidade. Poderíamos traduzi-la assim: Como se manifesta a «proximidade» no uso dos meios de comunicação e no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais? Encontro resposta na parábola do bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na realidade, quem comunica faz-se próximo. E o bom samaritano não só se faz próximo, mas cuida do homem que encontra quase morto ao lado da estrada. Jesus inverte a perspectiva: não se trata de reconhecer o outro como um meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro. Por isso, comunicar significa tomar consciência de que somos humanos, filhos de Deus. Apraz-me definir este poder da comunicação como «proximidade».

Quando a comunicação tem como fim predominante induzir ao consumo ou à manipulação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonado na estrada, como lemos na parábola. Naquele homem, o levita e o sacerdote não vêem um seu próximo, mas um estranho de quem era melhor manter a distância. Naquele tempo, eram condicionados pelas regras da pureza ritual. Hoje, corremos o risco de que alguns mass-media nos condicionem até ao ponto de fazer-nos ignorar o nosso próximo real.

Não basta circular pelas «estradas» digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos de amar e ser amados. Precisamos de ternura. Não são as estratégias comunicativas que garantem a beleza, a bondade e a verdade da comunicação. O próprio mundo dos mass-media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas. A neutralidade dos mass-media é só aparente: só pode constituir um ponto de referimento quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo. O envolvimento pessoal é a própria raiz da fiabilidade dum comunicador. É por isso mesmo que o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais.

Tenho-o repetido já diversas vezes: entre uma Igreja acidentada que sai pela estrada e uma Igreja doente de auto-referencialidade, não hesito em preferir a primeira. E quando falo de estrada penso nas estradas do mundo onde as pessoas vivem: é lá que as podemos, efectiva e afectivamente, alcançar. Entre estas estradas estão também as digitais, congestionadas de humanidade, muitas vezes ferida: homens e mulheres que procuram uma salvação ou uma esperança. Também graças à rede, pode a mensagem cristã viajar «até aos confins do mundo» (Act 1, 8). Abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos. Somos chamados a testemunhar uma Igreja que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja assim? A comunicação concorre para dar forma à vocação missionária de toda a Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver esta vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Inclusive no contexto da comunicação, é precisa uma Igreja que consiga levar calor, inflamar o coração.

O testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros «através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana (Bento XVI, Mensagem para o XLVII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2013). Pensemos no episódio dos discípulos de Emaús. É preciso saber-se inserir no diálogo com os homens e mulheres de hoje, para compreender os seus anseios, dúvidas, esperanças, e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus Cristo, Deus feito homem, que morreu e ressuscitou para nos libertar do pecado e da morte. O desafio requer profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual. Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas.

Possa servir-nos de guia o ícone do bom samaritano, que liga as feridas do homem espancado, deitando nelas azeite e vinho. A nossa comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho bom pela alegria. A nossa luminosidade não derive de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximo, com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo caminho. Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital. É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos. Neste contexto, a revolução nos meios de comunicação e de informação são um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.

Vaticano, 24 de Janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano 2014.

FRANCISCUS
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Boletim da Santa Sé

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Jesus não queria a Igreja?

"O povo quer meu coração de padre" Pe. Fábio de Melo
Exatamente, padre... É só o que queremos...

No último domingo, o Pe. Fábio de Melo foi entrevistado pela Maria Gabriela em seu programa no SBT. Como esperado, Pe. Fábio falou de modo fluido e, dentre as coisas que ele disse, a maior parte ficou muito bem dita. As declarações em que o padre foi feliz, no entanto, não anulam a gravidade dos seus erros. Destes, o pior foi a afirmação de que Jesus queria o Reino de Deus, mas nós só pudemos dar a Igreja a Ele. Uma afirmação rápida, que podia facilmente passar despercebida no contexto da conversa. Porém, uma afirmação grave, de consequências funestas e que, além de tudo, já consta no histórico de condenações dogmáticas da Igreja. É, portanto, uma heresia formal.

Pois bem. Depois do ocorrido, resolvi escrever um artigo comentando sobre os erros já comuns do Pe. Fábio. Quando alguém decide fazer algo assim, porém, se torna vítima fácil dos fãs do referido sacerdote que se juntam a defendê-lo. Nesta empresa, é frequente que abandonem o jeito melífluo que aprenderam do Pe. Fábio e passem a imitar, antes, os modos mais enérgicos do Olavo de Carvalho, inclusive no seu recorrente costume de mandar os seus contendores irem fazer uma visita nos países baixos, ou, se preferirem, na porta dos fundos.

Quero, primeiramente, dizer que a simpatia que devotam pelo Pe. Fábio é, em alguma medida, participada por mim. No entanto, isto não nos deve fazer fechar os olhos para os seus erros objetivos. Nós, enquanto católicos, devemos viver consumidos de zelo pela Igreja. Uma Fé correta é fundamental, pois nos fala da verdade sobre Deus. Ao professarmos uma heresia, que estamos a fazer? Estamos obscurecendo a imagem de Deus na inteligência das outras pessoas de modo que, aqueles que aderem este erro, terminam por ter na consciência uma imagem de Deus que não corresponde à realidade. Ora, o homem foi feito para Deus. Por isso, é de fundamental importância que o seu conhecimento sobre Deus seja o mais exato possível, pois um conhecimento equivocado tem como consequência o dificultamento do acesso a Ele. Por isso também que o Cristo deixou a Igreja para cuidar da pureza na transmissão deste conhecimento e combater, desde o início, todas as heresias que tentassem distorcer a verdade.


Só pra termos uma idéia, quando João evangelista escreve o seu Evangelho, ele o faz já combatendo uma heresia que havia surgido no século I, o movimento dos docetas. Estes hereges diziam que o corpo de Jesus era apenas uma aparência, pois, sendo esta heresia uma variante gnóstica, tendia a enxergar a matéria como má em si. Logo, Deus não podia ter matéria. Para responder a isso, João escreve: "O Verbo se fez carne", isto é, a Encarnação foi real. Note que, desde o início, a Igreja combate os erros contrários à Fé.

E se formos observar toda a história da Igreja, veremos que as maiores heresias surgiam de padres, bispos, etc. Portanto, não é nenhuma novidade para a Igreja que um padre ou um bispo defendam heresias. Porém, se ele o faz, é importante que todos os católicos defendam a doutrina verdadeira abertamente. É o que fazemos, aqui. No entanto, as fabietes parecem ficar cegas porque o seu objeto de culto foi atacado e, ao invés de se aterem aos argumentos, passam a incorrer naquilo mesmo de que nos acusam: os julgamentos de intenção, os xingamentos, etc. Nada disso nos incomoda, mas é preciso esclarecer as coisas.

O primeiro ponto de que nos acusam é o de julgar o padre, quando está claro que Jesus pediu para que não julgássemos ninguém. Mas veja: se não é possível julgar a ninguém em nenhum sentido, que vocês fazem vindo aqui e nos julgando? Além disso, quer dizer que ninguém mais pode falar nada sobre ninguém? Não é possível chegar para alguém que está imerso no pecado e dizer: "você está errado. Saia daí"? É óbvio que isso não é cristianismo. Se há uma coisa que mudou a partir do momento em que Nosso Senhor veio à terra e nos esclareceu sobre as coisas é que acusar o erro não é mais somente uma recomendação, mas se nos tornou um dever estrito. Jesus é a luz do mundo. Com a luz, fica tudo claro. Portanto, se vemos o erro e não o acusamos, tornamo-nos cúmplices morais pela negligência. E só podemos afirmar que um ocorrido é certo ou errado se, de algum modo, julgamos as situações, pois julgar é meramente fazer afirmações a respeito de algo.

O que é que Jesus nos proíbe, então? Ele nos proíbe o julgamento de intenção, isto é, não nos é permitido dizer qual é a intenção do padre com essas entrevistas. Ele quer aparecer? Ele quer se mostrar cool? Ele quer aumentar o número de fãs? Ele quer desorientar as pessoas? Todas essas afirmações se alheiam ao nosso horizonte de conhecimento, a menos que ele nos falasse diretamente sobre isso ou que isso se tornasse claro de algum modo. E o que é que nos é acessível? O teor objetivo daquilo que ele fala. E, objetivamente, aquilo que ele falou no que se refere à Igreja é errado, é herético, e ponto.

Todos deveríamos saber que o amor e a estima que se tem a uma pessoa não devem contrariar, mas, ao contrário, devem estar fundamentados na verdade e no bem objetivos. Por mais apreço que um católico possa ter ao Pe. Fábio, este apreço não pode fazê-lo cegar para os erros do padre sobre a Igreja, pois tais erros apenas aumentam a já imensa desorientação dos católicos hodiernos. Amar mais ao Pe. Fábio do que à verdade é um caso de idolatria, de cegueira, de fanatismo, de infantilidade, de pouca seriedade.

Portanto, o que devemos fazer diante de tal caso? Primeiro, segurar a onda: não é porque eu gosto de Pe. Fábio que vou fazer vista grossa aos erros dele. Depois, eu também não vou sair por aí ofendendo-o excessivamente. Tenhamos sempre diante dos olhos as gravíssimas advertências que Deus Pai faz a Sta Catarina de Senasobre o trato com sacerdotes. Terceiro, precisamos rezar por ele e pelo clero porque, hoje em dia, é relativamente raro encontrar um bom padre. E, por fim, é preciso também esclarecer as coisas aos que, desconhecendo a natureza e os fundamentos da Fé Católica, poderiam ser ainda mais desorientados pelos erros açucarados do padre. E, no caso de pertinácia, isto é, de o Pe. Fábio, ainda que avisado dos seus erros, não se retratar e decidir manter-se em tais erros, nosso papel enquanto católicos deverá ser expô-lo publicamente como um inimigo da Fé. Peçamos a Deus que este último ponto não seja necessário, mas é o que recomendam os santos da Igreja no caso de hereges contumazes.

E, tendo esclarecido isso tudo, vamos deixar de frescuralhadas. "Minha gente", não permitam que a simpatia pelo padre provoque em vocês um "sequestro de subjetividade".. Que este amor excessivo, que lhes fecha os olhos da razão, não os roube de si mesmos.. hehehe..

Fiquemos, enfim, com este vídeo que, embora tenha um título meio "propaganda enganosa", será suficiente para esclarecer aos amigos do que é que estamos falando. Pax.

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Título Original: Pe. Fábio de Melo e as "fabietes" - algumas considerações.
Fonte: Grupo de Resgate Anjos de Adoração - Graa

domingo, 19 de janeiro de 2014

Francisco ensina como ser um verdadeiro discípulo de Jesus, o Cordeiro de Deus




ANGELUS 
Praça São Pedro
Domingo, 19 de janeiro de 2014



Caros irmãos e irmãs, bom dia !



Com a Festa do Batismo do Senhor,  celebrada no domingo passado,  entramos no tempo litúrgico chamado “comum”. Neste segundo domingo,  o Evangelho nos  apresenta a cena do encontro entre Jesus e João Batista no rio Jordão. Quem conta é  testemunha ocular, João Evangelista, que antes de ser um discípulo de Jesus foi um discípulo de João Batista, juntamente com o seu irmão Tiago,  com Simão e André, todos da Galileia, todos pescadores. O Batista vê Jesus  avançar por entre a multidão e,  inspirado pelo alto, reconhece nele o mensageiro de Deus, e por isso o indica com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele  que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29).



O verbo que é traduzido como “tirar” significa literalmente “levantar”, “tomar para si”. Jesus veio ao mundo com uma missão específica: libertar da escravidão do pecado, carregando os  pecados da humanidade. De que maneira? Amando. Não há outra maneira de vencer o mal e o pecado, se não for com o amor que leva ao dom da própria vida aos outros. No testemunho de João Batista, Jesus tem os traços do Servo do Senhor, que “tomou sobre si os nossos sofrimentos, tomou sobre si as nossas dores” (Is 53,4), para morrer na cruz. Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, que está imerso no rio do nosso pecado, para nos purificar.



O Batista vê diante de si um homem que entra na fila com os pecadores para ser batizado, mesmo não tendo necessidade. Um homem que Deus enviou ao mundo como um cordeiro imolado. No Novo Testamento, a palavra “cordeiro” é usada várias vezes e sempre em referência a Jesus. Essa imagem do cordeiro pode surpreender, de fato, um animal que não se caracteriza pela força e robustez , carrega sobre seus ombros um peso opressivo. A enorme massa do mal é removida e levada por uma criatura fraca e frágil, um símbolo de obediência, docilidade e amor indefeso, que chega ao sacrifício de si mesmo. O cordeiro não é um dominador, mas é dócil, não é agressivo, mas pacífico, não mostra as garras ou dentes em face a qualquer ataque, mas suporta e é submisso. E assim é Jesus! Assim é Jesus, como um cordeiro.




O que significa para a Igreja, para nós, hoje,  sermos discípulos de Jesus, o Cordeiro de Deus? Significa colocar no lugar da malícia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. É um bom trabalho! Nós cristãos, devemos fazer isso: colocar no lugar de malícia a inocência, no lugar da força o amor,  no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. Ser um discípulo do Cordeiro significa não viver como uma “cidade cercada”, mas como uma cidade edificada sobre um monte, aberta,  acolhedora, solidária. Isso significa não assumir uma atitude de fechamento, mas levar o Evangelho a todos, testemunhando com a nossa vida, que seguir Jesus nos  faz mais livres e mais alegres.



Após o Angelus


Caros irmãos e irmãs,



Hoje celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, sobre o tema “Os migrantes e refugiados: em busca de um mundo melhor”, que desenvolvi em minha Mensagem enviada há algum tempo. Dirijo uma saudação especial aos representantes das diferentes comunidades étnicas aqui reunidos, em particular a comunidade católica de  Roma.


Queridos amigos, vocês estão perto do coração da Igreja, porque a Igreja é um povo que caminha em direção ao Reino de Deus, que Jesus Cristo trouxe para o nosso meio. Não percam a esperança de um mundo melhor! Desejo que vocês vivam em paz nos países que os acolhe, mantendo os valores de sua cultura de origem. Eu gostaria de agradecer a todos aqueles que trabalham com os migrantes para os acolher e os acompanhar em seus momentos difíceis, para defender daqueles que o Beato Scalabrini definia de “traficantes de carne humana”, que querem escravizar os migrantes! Em particular, gostaria de agradecer à Congregação dos Missionários de São Carlos, os padres e irmãs scalabrinianos que fazem muito bem para a Igreja e se fazem migrantes com os migrantes.



Neste momento pensemos em tantos migrantes, tantos refugiados, em seu sofrimento, em suas vidas, muitas vezes sem um emprego, sem documentos, tanta dor. E juntos todos nós podemos fazer uma oração para os migrantes e refugiados que vivem situações graves e difíceis :  Ave Maria …



Saúdo com afeto todos vós, queridos fiéis provenientes de diferentes paróquias da Itália e de outros países, bem como associações e vários grupos. Em particular, saúdo os peregrinos espanhóis de  Pontevedra, La Coruña, Murcia e estudantes de Badajoz. Saúdo aos alunos da Obra de Dom Orione, a Associação de Leigos Amor Misericordioso e o coral “São Francisco” de Montelupone.



A todos desejo um bom domingo e um bom almoço. Até breve!

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Fonte: Boletim da Santa SéTradução: Liliane Borges