Às vezes o ditado que diz que “quanto mais se reza,
mais assombração aparece”, parece ser real. Recentemente no largo de uma
paróquia em São Luís do Maranhão, foi construído um “palco” para realização de
eventos como missa campais, shows, etc, eventos que reunissem grande número de
fiéis, uma vez que o largo fica na frente da Igreja. Aí quando me deparo com o
seguinte aviso: No dia 02 haverá Missa e
Show em memória de Luís Gonzaga, o Rei do Baião. Imediatamente me veio
tantas perguntas na cabeça, tais como: Luís Gonzaga? Missa Campal? Rei do
Baião? Será um santo? Pra que isso tudo? Que referencial tem ele para a fé
cristã, uma vez que Luiz Gonzaga era maçom e foi iniciado na Loja Paranapuan, na Ilha do Governador, em 3 de abril de 1971? Tantos santos importantes e não recebem missa campal, tantas pessoas
precisando de padres para celebrar sacramentos e sacramentais, receber visitas
e, por vezes, recebem um “não tenho tempo”. Enfim, a única certeza que me veio
à cabeça é a de que se trata de mais um abuso litúrgico que reduz a fé cristã a
um espetáculo. Pois bem, uma vez já tendo esta certeza, fui procurar na
internet o que é essa tal “idolatria à personalidade”, como diria o Papa
Francisco.
Pelo que pesquisei, essa missa de Luiz Gonzaga
trata-se apenas de mais um dos abusos já relatados aqui neste blog em outras
ocasiões e é conhecida como “Missa do
Vaqueiro” (o que apesar de soar nordestino, não tem nada haver com a
realidade da capital maranhense). Esta celebração foi criada por Luiz Gonzaga
e por um padre chamado João Câncio dos Santos, e foi realizada pela primeira
vez no dia 18 de julho de 1971 no Sítio Lages onde o corpo de um tal de Raimundo
Jacó que era um primo vaqueiro do Luiz Gonzaga foi encontrado, pois foi
assassinado por um amigo de trabalho. Desde então, anualmente, no terceiro
domingo de julho, vaqueiros de todo o Nordeste se encontram e realizam tal evento.
Dois anos após a primeira missa, em 1973, Luiz
Gonzaga e o Padre João Câncio construíram a estátua de Raimundo Jacó exatamente
no local onde o vaqueiro foi morto. E assim, durante muitos anos, o momento era
composto apenas pela missa religiosa, celebrada em frente ao monumento. As músicas entoadas na liturgia são todas
de autoria do “Doutor do Baião”, Janduhy Finizola, como Gonzaga o chamava
(observem que não são músicas litúrgicas).
Um ano depois, em 1974, a dupla inaugurou o Parque
Nacional do Vaqueiro, hoje de propriedade da Empresa de Turismo de Pernambuco
(Empetur). A partir de então, a cerimônia religiosa passou a ser um dos
principais eventos do calendário turístico de Pernambuco e a principal
atividade econômica de Serrita.
A celebração se
assemelha aos rituais católicos, (parece, mas não é!), mas com alguns
toques especiais que caracterizam o espetáculo: no lugar
da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo,
todos montados a cavalo. Mais de 1,5 mil vaqueiros participam da liturgia.
Sobre a quantidade de visitantes, o número ultrapassa 60 mil pessoas.