sábado, 14 de março de 2015

Carta pastoral de dom Carlos Osoro: "O maior pecado do ser humano é a insensibilidade e a dureza do coração".


TRANSFORMAR O MUNDO EM TEMPLO DE DEUS E DO HOMEM


Deus quer transformar o mundo com a nossa conversão. E a nossa verdadeira conversão começa com um desejo imenso e profundo que implora perdão e salvação. Daí a importância da oração cristã, que é oposta à evasão da realidade ou a um intimismo consolador. A oração cristã é força de esperança, é expressão máxima da fé em um Deus que é Amor e que nunca abandona o homem. A conversão é convite a voltar sempre para os braços de Deus, a confiarmos nele, a nos deixarmos regenerar pelo seu Amor. É uma graça, um dom que abre o coração à bondade de Deus.

Impressionam sempre aquelas palavras do Evangelho: “Fazendo um chicote de cordões, Ele os expulsou do templo…” (cf. Jo 2, 13-25). É um gesto profético de verdadeira provocação, que quer desbaratar toda a manipulação do nome de Deus, que não tolera que o homem e o templo apodreçam. Por isso, Jesus diz: “Não transformeis a casa do meu Pai em um mercado” (cf. Jo 2, 13-25). Esta ação de Jesus nos leva para mais longe. O templo que Ele quer não é um templo construído pelos homens, mas por Deus. Cristo veio para nos ensinar a fazer deste mundo um templo de Deus, onde o homem seja respeitado e considerado com a dignidade com que Deus mesmo o criou. Ele veio para devolver ao ser humano a sua liberdade, oferecendo-nos o caminho que a presenteia a nós, para podermos nós também oferecê-la com a nossa vida: “Destruam este templo e em três dias eu o levantarei… Ele falava do templo do seu corpo” (cf. Jo 2, 13-25).

Para transformar o mundo em templo de Deus e do homem, é necessário saber escutar e obedecer a Deus. O segredo para ter um coração que entenda é formar um coração capaz de escutar. Urge levar a sério a escuta de Deus, ouvir a sua Palavra e, assim, obedecer a Deus, que, em Jesus Cristo, nos presenteou o modo de ser e de viver do homem verdadeiro, o modo de estar junto dos homens. O maior pecado do ser humano é a insensibilidade e a dureza do coração; por isso, converter-se a Cristo, fazer-se cristão, é receber um coração de carne, sensível e com paixão por fazer com que todos os homens sejam tratados como imagem e semelhança de Deus. E, que assim, o mundo se transforme em um templo. 

Francisco: ''O meu pontificado será breve, mas posso estar errado''.


Francisco – relata a Rádio Vaticano, em uma nota que resume a conversa – admite ter a sensação de que o seu pontificado será breve, mas também afirma que pode estar errado e que não prevê, no entanto, a possibilidade de renunciar.

A entrevista, relata a emissora pontifícia, foi realizada por expressa vontade do papa e ocorreu na sala de Santa Marta, onde Jorge Mario Bergoglio encontra os seus colaboradores mais próximos, domina uma imagem da Virgem de Guadalupe, uma figura de fundamental importância e de grande devoção para todo o continente latino-americano.

Nossa Senhora de Guadalupe é, para Francisco, "fonte de unidade cultural, porta para a santidade no meio de tanto pecado, de tanta injustiça, de tanta exploração e de tanta morte".

"Os males do México são todos semelhantes aos do resto do mundo: o drama das migrações e os muros erguidas para combatê-las." Francisco fala da fronteira entre EUA e México, mas também lembra os migrantes forçados a atravessar o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor ou em fuga das guerras e da fome.

São os sistemas econômicos distorcidos que provocam esses grandes deslocamentos, a falta de trabalho, a cultura do descarte aplicada ao ser humano. E, depois, a chaga do tráfico de drogas. Onde há pobreza e miséria, o crime floresce.

O Papa Francisco lembra os 43 jovens assassinados pelos traficantes de drogas em be revela que quis prestar homenagem à sua memória também nomeando como cardeal o arcebispo de Morelia, "um homem – diz Francisco – que está em uma zona muito quente e é um testemunho de homem cristão". 

O Papa anuncia a celebração de um Ano Santo especial da Misericórdia


O Papa Francisco anunciou nesta sexta-feira, 13 de março de 2015, na Basílica de São Pedro, a celebração de um Ano Santo especial. Este jubileu da Misericórdia começará nesse ano com a abertura da Porta Santa na Basílica Vaticana durante a solenidade da Imaculada Conceição, 8 de dezembro, e terminará no dia 20 de novembro de 2016 com a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. O Santo Padre, no começo do ano, exclamou: “estamos vivendo o tempo da misericórdia. Este é o tempo da misericórdia. Existe tanta necessidade de misericórdia, e é importante que os fieis leigos a vivam e a levem aos diferentes ambientes sociais. Adiante!”

O anúncio foi feito coincidindo com o segundo aniversário da eleição do Papa Francisco, durante a homilia da celebração penitencial com a qual o Santo Padre deu início às 24 horas para o Senhor, iniciativa proposta pelo Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização com a finalidade de promover em todo o mundo a abertura extraordinária das igrejas e favorecer a celebração do sacramento da Reconciliação. O tema deste ano foi tomado da carta de São Paulo aos Efésios: “Deus rico em misericórdia” (Ef 2,4).

A abertura do próximo Jubileu tem um significado especial já que acontecerá no quinquagésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, que ocorreu em 1965. Será, portanto, um impulso para que a Igreja continue o trabalho iniciado com o Concílio Vaticano II, informou o Departamento de Imprensa da Santa Sé em um comunicado. 

O Brasil precisa urgentemente de uma Reforma Política, mas qual Reforma?


Se existe um tema que, atualmente, está sendo fortemente debatido em Brasília, em ambas as casas do Congresso, fervilhando nos corredores dos bastidores políticos, levando todos os cidadãos para as ruas nesse mês de Março, é que o Brasil necessita urgentemente de uma Reforma Política. 

Parece ser, porém, que o ingente embate político transcendeu os muros do Legislativo e do Executivo na Capital e passaram às Igrejas e paróquias, causando conflitos entre fieis e divisão de opinião, quando não, verdadeira ignorância sobre a questão. 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tomou um posicionamento e, como tal, encabeça grande coalizão que propõe um projeto específico de Reforma Política e, atualmente, coleta assinaturas para tal.

Frente a isso, vários católicos andam se perguntando: mas, qual a relação da Conferência Episcopal com a Reforma Política? Os bispos do Brasil podem ter um papel político na sociedade? E se sim, qual papel é o melhor?

Gostariamos de contribuir ao debate com a publicação, a seguir, de uma breve entrevista que o Professor de filosofia da UERN, Ivanaldo Santos, concedeu a ZENIT com a finalidade de colocar um pouco mais de luz à tão polêmica e, ao mesmo tempo, necessária e urgente Reforma Política; Mas, qual Reforma? 

Dr. Ivanaldo Santos é filósofo, escritor e conferencista brasileiro. Seu email para contato é: ivanaldosantos@yahoo.com.br

sexta-feira, 13 de março de 2015

Grupo Estado Islâmico aceita lealdade do Boko Haram

"Nosso califado resiste e avança na direção correta. 
Nós combatemos os cruzados e a 'rafidah' [a comunidade xiita] e,
 dia após dia, o Estado Islâmico se fortalece", afirmou líder

O grupo jihadista Estado Islâmico aceitou o juramento de lealdade dos islamitas nigerianos do Boko Haram, segundo uma gravação de áudio apresentada como um discurso do porta-voz do EI, difundida nesta quinta-feira nas redes sociais.

"Anunciamos a boa nova da expansão do califado para a África Ocidental porque o califa, que Deus o preserve, aceitou a lealdade dos nossos irmãos do grupo sunita para a pregação e a jihad", disse Mohammed al-Adnani, porta-voz do EI, em alusão ao nome em árabe do Boko Haram.

Ele mesmo uma radicalização do Islã sunita, o EI tomou grandes pedaços do território iraquiano e da Síria, onde declarou um "califado", e também recebeu declarações de lealdade de jihadistas no Egito e na Líbia.

No sábado, em uma gravação atribuída ao líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, ele disse, "nós anunciamos nossa lealdade ao Califa dos Muçulmanos, Ibrahim ibn Awad ibn Ibrahim al-Husseini al-Qurashi", referindo-se ao líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi.

Shekau já tinha mencionado Baghdadi em mensagens de vídeo publicadas anteriormente, mas até agora não tinha prometido lealdade formalmente.

Terceira pregação da Quaresma 2015: Oriente e Ocidente perante o Mistério da Pessoa de Cristo.


ORIENTE E OCIDENTE PERANTE 
O MISTÉRIO DA PESSOA DE CRISTO


1. Paulo e João: o Cristo visto de dois ângulos

Em nosso esforço de compartilhar os tesouros espirituais do Oriente e do Ocidente, vamos hoje refletir sobre a fé comum em Jesus Cristo. Tentemos fazê-lo como quem fala de alguém presente, não de um ausente. Se não fosse pela nossa pesadez humana, que nos atrapalha, deveríamos pensar que, toda vez que pronunciamos o nome de Jesus, Ele se sente chamado pelo nome e se volta para nos olhar. Hoje também Ele está aqui conosco e escuta o que diremos dele (esperemos que com indulgência).

Comecemos pelas raízes bíblicas da “questão Jesus”. No Novo Testamento, vemos delinear-se duas vias de expressão do mistério de Cristo. A primeira delas é a de São Paulo. Resumamos os traços peculiares dessa linha, os traços que a tornarão modelo e arquétipo cristológico no desenvolvimento do pensamento cristão. Esta linha:

- Primeiro, parte da humanidade para alcançar a divindade de Cristo; parte da história para atingir a pré-existência; é, portanto, um caminho ascendente; segue a ordem do manifestar-se de Cristo, a ordem em que os homens o conheceram, não a ordem do ser;

- Segundo, parte da dualidade de Cristo (carne e Espírito) para chegar à unidade do sujeito "Jesus Cristo, nosso Senhor";

- Terceiro, tem no centro o mistério pascal, o operatum, mais do que a pessoa de Cristo. O grande marco entre as duas fases da existência de Cristo é a ressurreição dos mortos.

Para nos convencermos de que esta consideração é acertada, basta reler a densíssima passagem, uma espécie de credo embrionário, com que o Apóstolo começa a Carta aos Romanos. O mistério de Cristo é assim resumido:

"Nascido da estirpe de Davi segundo a carne, constituído Filho de Deus com poder segundo o Espírito de santificação mediante a ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 1,3-4).

No hino cristológico de Filipenses 2, também se fala antes de Cristo na condição de servo e, depois, a partir da ressurreição, de Cristo exaltado como Senhor. O sujeito concreto, mesmo quando se define Cristo como "imagem do Deus invisível" (Cl 1, 15), é para Paulo sempre o Cristo da história, ainda que a ideia da pré-existência esteja longe de lhe passar despercebida.

Um rápido olhar para os tempos seguintes nos permite ver como serão recolhidos e desenvolvidos esses traços paulinos de Jesus na geração sub-apostólica. Carne e Espírito, que indicavam originalmente duas fases da vida de Cristo, o antes e o depois da ressurreição, passarão a indicar, já em Santo Inácio de Antioquia, os dois nascimentos de Jesus (seu nascimento de Maria e seu nascimento de Deus) e, finalmente, as duas naturezas de Cristo. 

Revista de uma comunidade carente argentina entrevista o papa


Por ocasião dos dois anos de pontificado do papa Francisco, os jovens de uma favela da periferia da Grande Buenos Aires lhe enviaram uma série de perguntas, pensando em publicar as respostas do papa no jornal da comunidade. E o papa respondeu.

* * *

Cárcova News - O senhor fala muito em periferia. É uma palavra que usa muitas vezes. No que o senhor pensa quando fala de periferias? Em nós, nas pessoas da favela?

PAPA FRANCISCO - Quando eu falo de periferia, falo de limites. Normalmente, nós nos movemos em espaços que, de alguma forma, controlamos. Este é o centro. Mas, à medida que vamos saindo do centro, vamos descobrindo mais coisas. E quando olhamos para o centro a partir dessas novas coisas que descobrimos, a partir das nossas novas posições, a partir dessa periferia, vemos que a realidade é diferente. Uma coisa é ver a realidade a partir do centro e outra coisa é vê-la do último lugar ao qual chegamos. Um exemplo. A Europa, vista a partir de Madri no século XVI, era uma coisa, mas quando Magalhães chega ao fim do continente americano e olha para a Europa, ele entende outras coisas. A realidade é vista melhor a partir da periferia do que do centro. Também a realidade de uma pessoa, das periferias existenciais e, inclusive, a realidade do pensamento. Você pode ter um pensamento muito armado, mas, quando se confronta com alguém que está fora desse pensamento, de alguma forma tem que procurar as razões do seu próprio pensar; começa a dialogar, se enriquece a partir da periferia do pensamento do outro.

Cárcova News - O senhor conhece os nossos problemas. As drogas avançam e não são barradas; entram nas favelas e atacam os nossos jovens. Quem deve nos defender? E nós, como podemos nos defender?

PAPA FRANCISCO - É verdade, a droga avança e não é barrada. Há países que já são escravos da droga e isso nos preocupa. O que mais me preocupa é o triunfalismo dos traficantes. Essas pessoas já cantam vitória, venceram, triunfaram. E isto é uma realidade. Há países ou regiões onde tudo está sob o domínio da droga. A respeito da Argentina, posso dizer só isto: há 25 anos, era um lugar de passagem da droga; hoje em dia, é um lugar de consumo. E não tenho certeza, mas acredito que também de fabricação.

Cárcova News - Qual é a coisa mais importante que temos que dar aos nossos filhos?

PAPA FRANCISCO - O pertencimento, o pertencimento a um lar. O pertencimento se dá com amor, com carinho, com tempo, de mãos dadas, escutando-os, brincando com eles, dando a eles o necessário em cada momento para o seu crescimento. Dando a eles, principalmente, espaço para se expressarem. Se você não brinca com o seu filho, o priva da dimensão da gratuidade. Se você não dá espaço para que ele diga o que sente e para que ele possa até discutir com você por sentir-se livre para isso, então você não está deixando que ele cresça. Mas o mais importante é a fé. Dói muito, em mim, quando encontro jovens que não sabem fazer o sinal da cruz. Esses jovens não receberam a coisa mais importante que um pai e uma mãe podem dar a eles: a fé. 

Francisco fez com que os católicos se sentissem orgulhosos da sua Igreja


No dia 13 de março de 2013, da varanda da Basílica de São Pedro, o Cardeal Tauran disse: 'Habemus Papam'; e que 'José Mario cardenal Bergoglio' era o novo pontífice com o nome de Francisco. Daquele então até hoje mudou algo na Igreja?, Qual é a percepção e a realidade? ZENIT perguntou para o correspondente espanhol na Itália, que não faz descontos ao Vaticano, Pablo Ordaz, do jornal El País, que tem sido um correspondente no México, América Central e Caribe, e cujas respostas compartilhamos com os nossos leitores.

ZENIT: Desde o começo do pontificado do Papa Francisco, você acha que algo mudou na imagem da Igreja?

Pablo Ordaz: Com certeza. Tanto do ponto de vista dos católicos como do resto da opinião pública. Não podemos nos esquecer que faz só dois anos que o Vaticano estava imerso em guerras de poder que levaram à fuga de documentos do caso Vatileaks, à detenção do mordomo de Bento XVI, à demissão descarada do chefe do IOR, aos escândalos contínuos de pederastia, à renúncia de Joseph Ratzinger... Em um tempo recorde, Jorge Mario Bergoglio conseguiu que os católicos, na sua grande maioria, voltassem a se sentir orgulhosos da sua Igreja – é só olhar para a Praça de São Pedro cada quarta-feira e cada domingo ou o interesse que causam as suas viagens – e que líderes mundiais como Barack Obama tenham vindo a Roma para visita-lo e dizer: “É necessário escutar o Papa”. A sua mensagem social em um momento de crise e sofrimento para muitas pessoas em todo o mundo está chegando com força.

ZENIT: Tem sido somente uma mudança de imagem ou foram mudanças reais?

Pablo Ordaz: Eu acho que o segundo está ligado ao primeiro. Após aquela frase de abertura de seu pontificado - "como eu gostaria de ter uma Igreja pobre para os pobres" - Bergoglio está tentando, embora não sem resistência interna, lançar luz sobre as tradicionais escuras finanças vaticanas, racionalizar gastos, contagiar a Cúria e as diversas congregações, do seu estilo simples de vida, ir à busca dos feridos – divorciados recasados, novos casais, gays... – em vez de ficar protegido na comodidade. Mas, não é fácil. A inércia de muitos séculos nos contemplam e é mais simples acostumar-se a ser rico do que a ser pobre... como também não é fácil que depois de décadas olhando para outro lado, a Igreja, em seu conjunto, esteja se convencendo de que a “tolerância zero” é a única resposta à pederastia. Embora tarde, começa-se a dar passos nesse sentido.