quarta-feira, 1 de julho de 2015

Palavra de Vida: “Tende coragem! Eu venci o mundo.” (João 16,33).


Com essas palavras concluem-se os discursos de despedida dirigidos por Jesus aos discípulos na sua última ceia, antes de morrer. Foi um diálogo denso, em que revelou a realidade mais profunda do seu relacionamento com o Pai e da missão que este lhe confiou.

Jesus está prestes a deixar a terra e voltar ao Pai, enquanto que os discípulos permanecerão no mundo para continuar a sua obra. Também eles, como Jesus, serão odiados, perseguidos, até mesmo mortos (cf. Jo 15,18.20; 16,2). Sua missão será difícil, como foi a Dele: “No mundo tereis aflições”, como acabara de dizer (16,33).

Jesus fala aos apóstolos, reunidos ao seu redor para aquela última ceia, mas tem diante de si todas as gerações de discípulos que haveriam de segui-lo, inclusive nós.

É a pura verdade: entre as alegrias esparsas no nosso caminho não faltam as “aflições”: a incerteza do futuro, a precariedade do trabalho, a pobreza e as doenças, os sofrimentos causados pelas calamidades naturais e pelas guerras, a violência disseminada em casa e entre os povos. E existem ainda as aflições ligadas ao fato de alguém ser cristão: a luta diária para manter-se coerente com o Evangelho, a sensação de impotência diante de uma sociedade que parece indiferente à mensagem de Deus, a zombaria, o desprezo, quando não a perseguição aberta, por parte de quem não entende a Igreja ou a ela se opõe.

Jesus conhece as aflições, pois viveu-as em primeira pessoa. Mas diz:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.” 

Essa afirmação, tão decidida e convicta, parece uma contradição. Como Jesus pode afirmar que venceu o mundo, quando pouco depois é preso, flagelado, condenado, morto da maneira mais cruel e vergonhosa? Mais do que ter vencido, Ele parece ter sido traído, rejeitado, reduzido a nada e, portanto, ter sido clamorosamente derrotado.

Em que consiste a sua vitória? Com certeza é na ressurreição: a morte não pode mantê-lo cativo. E a sua vitória é tão potente, que faz com que também nós participemos dela: Ele torna-se presente entre nós e nos leva consigo à vida plena, à nova criação.

Mas antes disso ainda, a sua vitória consistiu no ato de amar com aquele amor maior, de dar a vida por nós. É aí, na derrota, que Ele triunfa plenamente. Penetrando em cada canto da morte, libertou-nos de tudo o que nos oprime e transformou tudo o que temos de negativo, de escuridão e de dor, em um encontro com Ele, Deus, Amor, plenitude.

Cada vez que Paulo pensava na vitória de Jesus, parecia enlouquecer de alegria. Se é verdade, como ele dizia, que Jesus enfrentou todas as contrariedades, até a adversidade extrema da morte e as venceu, também é verdade que nós, com Ele e Nele, podemos vencer todo tipo de dificuldade. Mais ainda, graças ao seu amor somos “mais que vencedores”: “Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida […], nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,37; cf. 1Cor 15,57).

Então compreende-se o convite de Jesus a não ter medo de mais nada:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.”

Nota dos Bispos do Regional Sul 3 sobre riscos da ideologia de gênero


NOTA DO REGIONAL SUL 3 SOBRE
RISCOS DA INTRODUÇÃO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO
NOS PLANOS ESTADUAL E MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

O Congresso Nacional aprovou recentemente o Plano Nacional de Educação. Os Estados e Municípios terão até o dia 24 de junho para aprovarem os próprios planos para que as metas estabelecidas nacionalmente sejam monitoradas e cumpridas localmente. A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e as Câmaras Municipais estão se preparando para aprovar o Plano Estadual e os Planos Municipais de Educação. O futuro de nosso povo depende da qualidade da educação oferecida às nossas crianças e adolescentes.

Nesse contexto, queremos ressaltar a importância de debatermos e nos acautelarmos sobre a questão de gênero no âmbito do Plano Estadual de Educação e dos Planos Municipais de Educação. Há quem pretenda assegurar e promover a diversidade de gênero, propondo consolidar políticas públicas que defendam a igualdade e identidade de gênero.

Ora, a ideologia de gênero sustenta que a pessoa humana é sexualmente indefinida e indefinível. Elimina-se a ideia de que os seres humanos se dividem em homem e mulher. Para além das evidências anatômicas, entendem que esta não é uma determinação fixa da natureza, mas resultado de uma cultura ou de uma época. Para a ideologia de gênero o “natural” não é tido como valor humano e é preciso superar até mesmo a distinção da natureza masculina e feminina das pessoas. Com o intuito de superar discriminações, desconsideram-se as diferenças. Acusa-se que as explicações naturais são formulações ideológicas para manter determinada posição social. Como consequência da questão de gênero, promove-se a desvalorização da família em favor da liberdade individual, desconsidera-se a maternidade natural e o matrimônio, e desprezam-se os valores religiosos. 

Homilética: 14º Domingo Comum - Ano B: "Teimosia e incredulidade diante da mensagem de Cristo".



As três leituras deste domingo nos apresentam um panorama nada agradável e consolador: a incredulidade e a teimosia de tantos diante da mensagem de Cristo. Onde não experimentamos isto, sobretudo nessas terras e nações opulentas, materialistas, empanturradas em si mesmas e fechadas à transcendência?

O Evangelho (Mc 6,1-6) mostra o ministério de Jesus junto às multidões. Em vez da adesão, obtém a rejeição em sua terra natal. Nazaré era a sua casa, a sua pátria, onde viviam os seus parentes e Ele era bem conhecido. E foi rejeitado! Cheios de incredulidade dizem os nazarenos: “Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria…? E ficaram escandalizados por causa dele” (Mc 6, 3). Um orgulho secreto, baixo, mesquinho, impede-os de admitir que um como eles, criado à vista de todos e de profissão humilde, possa ser um profeta, e nada mais nada menos que o Messias, o Filho de Deus.

Escandalizavam-se porque o carpinteiro, o filho de Maria ensinava com autoridade, com sabedoria. Por outro lado, Jesus deixaria realmente uma impressão muito grata, os que o ouviam ficavam admirados. 

E Jesus não fez ali milagres: não porque Lhe faltasse poder, mas como castigo da incredulidade dos seus concidadãos. Deus quer que o homem use da graça oferecida, de sorte que, ao cooperar com ela, se disponha a receber novas graças. É o que expressa Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti.”

O que aconteceu em Nazaré pode acontecer também hoje na Igreja e com cada um de nós. É a falta de fé, incapaz de lançar uma luz superior sobre as pessoas e os acontecimentos. Foi com esses olhos da fé que S. Paulo encarava o seu ministério apostólico (2 Cor 12, 7-10). Sentia em si a fraqueza, o pecado. Recebeu, porém, de Deus uma resposta: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Ao contar com a ajuda de Deus, tornava-se mais forte e isso fez que Paulo exclamasse: “Eis porque eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2 Cor 12, 10). Na nossa fraqueza, experimentamos constantemente a necessidade de recorrer a Deus e à fortaleza que nos vem dele. Quantas vezes o Senhor nos terá dito na intimidade do nosso coração: Basta-te a minha graça, tens a minha ajuda para venceres nas provas e dificuldades!

Ainda que nem todos ficassem admirados e a dar glória a Deus, nós queremos ser contados entre esses que glorificam a Deus, não entre aqueles para os quais a doutrina de Cristo era motivo de escândalo, de queda. Por quê? Por causa do endurecimento de coração, por causa do comodismo egoísta que não os permitia olhar ao redor de si e para si mesmos de maneira realista.

Quando a tentação, os contratempos ou o cansaço se tornarem maiores, o demônio tratará de insinuar-nos a desconfiança, o desânimo, o descaminho. Por isso, devemos hoje aprender a lição que São Paulo nos dá: nessas situações, Cristo está especialmente presente com a sua ajuda; basta que recorramos a Ele.

Mas, ao mesmo tempo, o Senhor pede que estejamos prevenidos contra a tentação e que lancemos mão dos meios ao nosso alcance para vencê-la: a oração e a mortificação voluntária; a fuga das ocasiões de pecado, pois “aquele que ama o perigo nele perecerá! (Eclo 3, 27); exercer com dedicação o trabalho, pelo cumprimento exemplar dos deveres profissionais; horror a todo o pecado, por pequeno que possa parecer; e, sobretudo, o esforço por crescer no amor a Cristo e a Nossa Senhora.

Podemos tirar muito proveito das provas, tribulações e tentações, pois nelas demonstramos ao Senhor que precisamos dEle e o amamos.

Quanto maior for a resistência do ambiente ou das nossas próprias fraquezas, mais ajudas e graças Deus nos dará. Pois, assim a tentação nos conduzirá à oração, à união com Deus e com Cristo: não será uma perda, mais um lucro; “sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).

É preciso que nos identifiquemos com Cristo também na maneira de expressar-nos, isto é, as nossas palavras irão, pouco a pouco, sendo verdadeiros veículos da doutrina de Cristo explicita e implicitamente: a calma e a paz ao falar, a sinceridade, a humildade ao dirigirmo-nos aos demais, todos esses são traços de uma personalidade que se identificou com Cristo nas suas palavras. É um discípulo que ama o seu Mestre. Não se trata de ser fanático, o fanatismo é um desvio da religiosidade; trata-se de apaixonar-se por Jesus Cristo. Toda a nossa vida cristã em todos os seus aspectos será um desenrolar-se do seguimento de uma Pessoa, a de Jesus. O nosso seguimento de Jesus leva-nos a uma entrega da própria vida, de toda a vida! Se tivéssemos mais vidas, mais felizes estaríamos pela ajuda que prestaríamos ao próprio Deus que quer fazer de nós verdadeira placas de sinalização para que os outros dele se aproximem.

Outra vez Deus e o Demônio


O inteligente, atento e arguto leitor da Bíblia perceberá, do primeiro ao último dos livros, uma procura por Deus e respostas de Deus a esta pergunta. Se prestar mais atenção descobrirá que praticamente, em todos os livros, 95 a 99% do conteúdo é voltado para a presença, a procura e o louvor a Deus. O demônio ocupa espaço pequeno; diabo, satanás, satã, demônio, inimigo são expressões que designam a presença do mal na humanidade, numa comunidade ou num indivíduo, mas a proporção é muito pequena. A Bíblia se ocupa muito mais da presença e da ação de Deus.

Quando, pois, em determinado período da humanidade os pregadores acentuam o mal e o demônio de tal forma que ele é lembrado em quase todos os cultos, sob o argumento de que ele não para de atuar e aquela igreja não para de o enfrentar, estamos diante de uma excrescência e de uma extrapolação; é demônio demais e acento excessivo no pecado e no poder do demônio para alguém que pretende mostrar a misericórdia, a bondade e no caminho para Deus.

De repente no script da fé atribui-se um papel excessivamente saliente ao demônio que deveria ocupar papel secundário. Quando ligo a televisão hoje e quando leio os livros de história, quando ligo o rádio e quando torno a ler os livros de história percebo que houve e há um tipo de religião, um tipo de Igreja e um tipo de pregador que acentua o mal, para depois lhe dar combate. Assusta o fiel menos instruído com a presença do mal no mundo, com o poder do mal e com o poder do maligno, para que, depois, ele aceite o poder do céu que vem por aquela Igreja ou pela sua pregação. Lembra a história do bicho papão que assusta a criança e, então, ela obedece à mãe e corre pra perto dela cada vez que ouve dizer a palavra bicho papão. 

terça-feira, 30 de junho de 2015

Cerca de 2,5 milhões de devotos são esperados para Festa do Divino Pai Eterno 2015


Teve início nesta sexta-feira, a festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). O grande dia da comemoração é sempre o primeiro domingo de julho – neste ano, dia 5 –, mas, nos nove dias anteriores, já há vasta programação que inclui Missas, novenas, romarias. Segundo a organização, são esperadas cerca de 2,5 milhões pessoas.

De acordo com o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai eterno, Padre Edinisio Pereira, tudo foi preparado para receber romeiros de todas as partes do país. “Ao chegar a Trindade, o romeiro vai sentir a acolhida, um ambiente propício à oração, à fraternidade”, afirmou.

Neste ano, a festa tem como tema “Consagrados ao Pai Eterno”, inspirado na carta do Papa Francisco por ocasião do Ano da Vida Consagrada. Segundo o reitor, a proposta é que os romeiros façam a renovação da fé. “O que os devotos vão receber aqui é para ser colocado em prática nas suas comunidades, nos locais de trabalho, em suas vidas, vivendo os valores do Evangelho”, pontuou.

Durante os dez dias de festas, serão 115 Missas, 45 novenas, 30 orações de terço e 11 procissões, além de centenas de Batizados e milhares de confissões. Mas, a tradição dessa festividade são as romarias. Muitos devotos percorrem, a pé, o trajeto entre os municípios de Goiânia e Trindade, com cerca de 18 km, como forma de pagar promessas, pedir graças e agradecer bênçãos alcançadas. 

Como NÃO pregar um sermão

Conselho de um padre para os padres

A exortação apostólica "Evangelii Gaudium", do papa Francisco, nos traz várias dicas sobre como dar a homilia de domingo. As diretrizes sobre a pregação, da Congregação para o Culto Divino, analisam a natureza da homilia litúrgica. Juntamente com esses conselhos vindos diretamente da Santa Sé, eu gostaria, como veterano de 60 anos no mundo e 30 anos no púlpito, de oferecer as minhas próprias sugestões sobre como NÃO pregar uma homilia.

1. Faça com que tudo gire em torno de você.

Dê um sermão rigorosamente autobiográfico. Os fiéis vieram à missa com uma vontade incontrolável de saber tudo sobre as suas últimas férias. Não há necessidade alguma de falar daquela peculiar leitura sobre Abraão, Isaac e a faca.

Eu ouvi, recentemente, um sermão sobre as meias de um padre. O padre explicou o quanto é difícil manter juntos os pares de meias. Falou do seu sabão em pó preferido para lavar as meias e das vantagens de estendê-las no varal. Disse que, entre os padres, existe uma polêmica sobre o que é mais adequado: usar meias listradas ou totalmente pretas (essa foi nova para mim). Ficamos todos esperando por alguma relação entre as meias e a vida espiritual. Será que a meia perdida seria mais ou menos como a ovelha perdida na parábola do Bom Pastor? O mistério não foi desvendado. A homilia terminou com a revelação de que o padre às vezes acha difícil lavar a roupa.

Em outra ocasião, ouvi um sermão em que o pregador falava do ressentimento. O tema tinha a ver com o Evangelho, que tratava das disputas e ciúmes entre os apóstolos. Como aquecimento para o assunto, o pregador descreveu os próprios ressentimentos para com seu irmão (que era esportista e ganhava muitas medalhas), para com um professor da sexta série (que era muito crítico) e para com a sua querida mãe (que era um pouco distante dos filhos).

Caro padre, você não foi ordenado para contar a sua própria história. Você foi ordenado para proclamar outra Pessoa.

2. Deixe tudo nas mãos do Espírito Santo: não há qualquer necessidade de preparar a homilia.

Um dos gêneros homiléticos mais populares hoje em dia consiste em guiar os fiéis por uma espécie de excursão de 20 minutos por entre vários mundos paralelos. O pregador vai descarregando todo um catálogo de pensamentos aleatórios e desconexos. Um padre nos contou, em outro recente sermão improvisado, que Samuel tinha ouvido um barulho parecido com um sussurro, que devemos ter paciência com as pessoas que estão perdendo a audição, que o comparecimento na quermesse de Natal foi ótimo (aplausos dos fiéis ouvintes), que os recentes acontecimentos no Oriente Médio são perturbadores e que devemos ser cuidadosos com as coisas que postamos no Facebook. Ah, sim, e também que houve um erro no boletim da paróquia: a segunda coleta será destinada ao coral e não às bolsas de estudo para o ensino fundamental.

Tudo bem, padre: você está sobrecarregado. Mesmo assim, os seus paroquianos têm direito a um sermão que tenha começo, meio e fim. Eles desejam uma luz espiritual clara, fundamentada na Escritura, fruto da sua oração e do seu estudo sobre as lições bíblicas.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Maria, Pedro e Paulo são nossos guias no caminho da fé e da santidade


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A Solenidade de hoje dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo é celebrada, como vocês sabem, pela Igreja, mas é vivida com alegria particular pela Igreja de Roma, porque o testemunho deles, selado com sangue, tem nessa sua fundação. Roma nutre especial carinho e gratidão por esses homens de Deus, que vieram de uma terra distante para proclamar, com suas vidas, o Evangelho de Cristo ao qual se dedicaram totalmente. O legado glorioso destes dois Apóstolos é fonte de orgulho espiritual para Roma e, ao mesmo tempo, um convite para viver as virtudes cristãs, especialmente a fé e a caridade: a fé em Jesus como Messias e Filho de Deus, que Pedro professou primeiro e Paulo proclamou às nações; e a caridade, que essa Igreja é chamada a servir com horizonte universal.

Na oração do Angelus, em memória dos santos Pedro e Paulo associamos também a de Maria, imagem viva da Igreja, esposa de Cristo, que os dois Apóstolos "fecundaram com o seu sangue" (antífona de entrada da Missa do dia). Pedro conheceu pessoalmente a Maria e conversando com ela, especialmente nos dias antes de Pentecostes (cf. At 1,14), foi capaz de aprofundar o seu conhecimento do mistério de Cristo. Paulo, ao anunciar o cumprimento do plano de salvação "na plenitude do tempo", não deixou de recordar a "mulher" de quem o Filho de Deus nasceu no tempo (cf. Gal 4,4). Na evangelização dos dois Apóstolos aqui em Roma, há também as raízes da profunda e secular devoção dos romanos à Virgem, especialmente invocada como Salus Populi Romani. Maria, Pedro e Paulo são nossos companheiros de viagem na busca por Deus; são nossos guias no caminho da fé e da santidade; eles nos levam para Jesus, para fazer tudo o que Ele nos pede. Invoquemos a ajuda deles, para que os nossos corações possam estar sempre abertos para as sugestões do Espírito Santo e para o encontro com os irmãos.

Na celebração eucarística, que foi realizada esta manhã na Basílica de São Pedro, eu abençoei o pálio dos arcebispos metropolitanos nomeados no último ano, provenientes de várias partes do mundo. Renovo as minhas saudações e votos de felicidades a eles, aos familiares e àqueles que os acompanham nesta importante ocasião, e espero que o pálio, além de aumentar os vínculos de comunhão com a Sé de Pedro, seja estímulo para um serviço mais generoso às pessoas confiadas ao seu zelo pastoral. Na mesma liturgia eu tive o prazer de saudar os membros da delegação que chegou a Roma em nome do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, caríssimo irmão, para participar, como todos os anos, da festa dos santos Pedro e Paulo. Também essa presença é sinal do vínculo fraterno existente entre as nossas Igrejas. Rezemos para que seja reforçado o caminho da unidade entre nós.

A nossa oração hoje é especialmente para a cidade de Roma, para seu bem estar espiritual e material: a graça divina sustente o povo romano, para que vivam em plenitude a fé cristã, testemunhada com zelo intrépido pelos Santos Pedro e Paulo. Interceda por nós a Santíssima Virgem, Rainha dos Apóstolos.

(Depois do Angelus) 

Dia de São Pedro e São Paulo: Papa destaca fé e testemunho


SANTA MISSA E BÊNÇÃO DOS PÁLIOS
PARA OS NOVOS ARCEBISPOS METROPOLITANOS
NA SOLENIDADE DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015

A leitura tirada dos Atos dos Apóstolos fala-nos da primeira comunidade cristã assediada pela perseguição. Uma comunidade duramente perseguida por Herodes, que «mandou matar à espada Tiago (...) e mandou também prender Pedro (...). Depois de o mandar prender, meteu-o na prisão» (12, 2-4).

Mas não quero deter-me nas atrozes, desumanas e inexplicáveis perseguições, infelizmente ainda hoje presentes em tantas partes do mundo, muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos. Prefiro hoje venerar a coragem dos Apóstolos e da primeira comunidade cristã; a coragem de levar por diante a obra de evangelização, sem medo da morte nem do martírio, no contexto social dum império pagão; venerar a sua vida cristã, que para nós, crentes de hoje, é um forte apelo à oração, à fé e ao testemunho.

Um apelo à oração. A comunidade era uma Igreja em oração: «Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). E, pensando em Roma, as catacumbas não eram lugares para escapar das perseguições, mas principalmente lugares de oração, para santificar o domingo e para elevar, do seio da terra, uma adoração a Deus que nunca esquece os seus filhos.

A comunidade de Pedro e Paulo ensina-nos que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida, em caminho! Na verdade, um cristão que reza é um cristão protegido, guardado e sustentado, mas sobretudo não está sozinho.

E a primeira leitura continua: «Diante da porta estavam sentinelas de guarda à prisão. De repente apareceu o anjo do Senhor e a masmorra foi inundada de luz. O anjo despertou Pedro, tocando-lhe no lado (…) e as correntes caíram-lhe das mãos» (12, 6-7).