terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Papa explica o Jubileu da Misericórdia e o perdão do aborto


CARTA DO SANTO PADRE A MONS. FISICHELLA,
ESCLARECENDO A INDULGÊNCIA, A ABSOLVIÇÃO DE PECADOS GRAVES
 E A POSSIBILIDADE DOS MEMBROS DA COMUNIDADE SÃO PIO X
DE CONFESSAR-SE VÁLIDA E LICITAMENTE


Ao Venerado Irmão
D. Rino Fisichella
Presidente do Pontifício Conselho
para a Promoção da Nova Evangelização

A proximidade do Jubileu Extraordinário da Misericórdia permite-me focar alguns pontos sobre os quais considero importante intervir para consentir que a celebração do Ano Santo seja para todos os crentes um verdadeiro momento de encontro com a misericórdia de Deus. Com efeito,  desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz.

O meu pensamento dirige-se, em primeiro lugar, a todos os fiéis que em cada Diocese, ou como peregrinos em Roma, viverem a graça do Jubileu. Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como Jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro. 

Palavra de Vida: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22,39).


Essa frase do Evangelho é de aplicação imediata, clara, límpida – e exigente. Vejamos o seu contexto. Jesus responde a um escriba, um estudioso da Bíblia, que lhe perguntou qual é o maior dos mandamentos, entre os 613 preceitos da Sagrada Escritura a serem observados.

Um dos grandes mestres, o rabi Shamai, tinha-se recusado a dar a sua opinião. Outros, como o rabi Hilel, já consideravam que o centro de tudo é o amor: “Não faças aos outros aquilo que não gostarias que fizessem a ti. Essa é toda a lei. O resto é só comentário”.

Jesus não só reafirma a centralidade do amor, mas reúne em um único mandamento o amor a Deus (cf. Dt 6,4) e o amor ao próximo (cf. Lv 19,18). Basta ver a resposta dada ao escriba: “O primeiro [mandamento] é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ E o segundo mandamento é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro mandamento maior do que estes.”

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

Essa segunda parte do único mandamento é expressão da primeira parte, o amor a Deus. A melhor maneira de demonstrar o nosso amor a Deus é amarmos os outros de tal modo que eles encontrem em nós a expressão do amor de Deus para com eles. Assim como os pais ficam felizes vendo seus filhos em harmonia, ajudando-se, estando unidos, Deus – que para nós é como um pai e uma mãe – se alegra em ver que amamos o próximo como a nós mesmos, contribuindo assim à unidade da família humana.

Há séculos os profetas explicavam ao povo de Israel que Deus quer o amor e não os sacrifícios e os holocaustos (cf. Os 6,6). O próprio Jesus o relembra, quando diz: “Ide, pois, aprender o que significa: Misericórdia eu quero, não sacrifícios” (Mt 9,13). De fato: como se pode amar Deus que não se vê, quando não se ama o irmão que se vê? (cf. 1Jo 4,20). Nós o amamos, servimos, honramos, na medida em que amamos, servimos, honramos qualquer pessoa, amiga ou desconhecida, da nossa raça ou de outra, e de modo especial os “pequenos”, os mais necessitados. É o convite a transformarmos o culto em vida: ao sairmos das igrejas onde adoramos, amamos, louvamos a Deus, ir ao encontro dos outros, para atuar o que compreendemos na oração. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Jesus oferece as chaves pra superar as dificuldades, diz Papa.



PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 23 de Agosto de 2015


Queridos irmãs e irmãs, bom dia!

Conclui-se hoje a leitura do capítulo seis do Evangelho de João, com o discurso sobre o «Pão da vida», pronunciado por Jesus no dia seguinte ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. No final daquele discurso, o grande entusiasmo do dia anterior apagou-se, porque Jesus tinha afirmado ser Pão descido do céu, e que teria dado a sua carne como alimento e o seu sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício da sua própria vida. Aquelas palavras suscitaram desilusão nas pessoas, que as julgaram indignas do Messias, não «vencedoras». Portanto, alguns olhavam para Jesus: como um Messias que devia falar e agir de forma que a sua missão tivesse sucesso, imediatamente. Mas precisamente sobre isso eles enganavam-se: acerca do modo de conceber a missão do Messias! Nem sequer os discípulos conseguem aceitar aquela linguagem inquietante do Mestre. E o trecho de hoje refere as suas apreensões: «Isto é muito duro! — diziam — Quem o pode admitir?» (Jo 6, 60).

Na realidade, eles compreenderam bem o discurso de Jesus. Tão bem que não queriam ouvi-lo, porque é um discurso que põe em crise a sua mentalidade. As palavras de Jesus sempre nos põem em crise, por exemplo diante do espírito do mundo, da mundanidade. Mas Jesus oferece a chave para superar as dificuldades: uma chave composta por três elementos. Primeiro, a sua origem divina: Ele desceu do céu e subirá «para onde estava antes» (v. 62). Segundo: as suas palavras só podem ser compreendidas através da acção do Espírito Santo, Aquele «que dá a vida» (v. 63) é precisamente o Espírito Santo que nos faz entender bem Jesus. Terceiro: a verdadeira causa da incompreensão das suas palavras é a falta de fé: «Mas há alguns entre vós que não crêem» (v. 64), diz Jesus. Com efeito, desde então, está escrito no Evangelho, «muitos dos seus discípulos se retiraram e voltaram atrás» (v. 66). Perante estas deserções, Jesus não faz concessões e não atenua as suas palavras, aliás obriga a fazer uma escolha específica: estar com Ele ou separar-se d’Ele, e diz aos Doze: «Quereis vós também retirar-vos?» (v. 67). 

Argentina: Padre tem a casa queimada e é assassinado.


O Pe. Luis Jesus Cortez, de 75 anos, foi assassinado durante o último fim de semana perto de Córdoba (Argentina) e logo incendiaram a sua casa, aparentemente para encobrir o crime.

Conforme assinala o Jornal argentino ‘Clarín’, o Procurador da cidade de Alta Graça, Emilio Drazile, confirmou ontem à noite o homicídio do sacerdote. “Foi encontrado no chão e com objetos ao redor dele, o que nos levam à ideia que ele foi amarrado, embora já estivessem queimados. Desde o começo, havia coisas que geravam dúvidas, sobretudo a porta que estava aberta, considerando que o Pe. Luis era muito cuidadoso nesse sentido”.

A notícia da morte do Pe. Cortez, ocorrida provavelmente após um roubo, comoveu cerca de 50 mil habitantes de Alta Graça, localizada aproximadamente a 37 quilômetros de Córdoba. 

Subsídios para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação


O Pontifício Conselho da Justiça e da Paz oferece em seu site alguns subsídios para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação instituído pelo Papa Francisco e que será celebrado no dia 1° de setembro de cada ano. A seção especial do site dedicada à Encíclica Laudato Si oferece um esquema para a hora de Adoração Eucarística proposta pelo dicastério, com um vídeo de cinco minutos trazendo imagens, música e frases (até o momento, somente em inglês).

Leituras

No esquema - que é introduzido pela Coleta segundo a tradição ortodoxa - foram escolhidas algumas passagens das Escrituras, como Gênesis (1, 26 - 2, 3 e 2, 15), onde é narrada a criação e o desejo de Deus de colocar o homem "no Jardim do Éden, para que o cultive e o guarde"; o Salmo 148, que é um louvor ao Senhor pelas maravilhas da criação e por fim o Evangelho de Mateus 6, 25-33, onde Jesus diz que nossa vida vale mais que comida e o corpo mais que vestido: "Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?”.

Laudato Si

Seguem três trechos da Laudato Si: no primeiro (n.8-9) o Papa recorda que “o Patriarca Bartolomeu tem-se referido particularmente à necessidade de cada um se arrepender do próprio modo de maltratar o planeta, porque «todos, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos», somos chamados a reconhecer «a nossa contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e destruição do ambiente». No segundo - n. 236 - o Pontífice sublinha como na Eucaristia "a criação encontra a sua maior elevação". No terceiro (n. 241-242), o Papa refere-se a Maria e José, colocando em evidência, em particular, como a Virgem " Assim como chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano". 

Sou casada, tenho filhos e sinto atração pelo meu pároco

Sentir atração por um padre não é incomum.
Mas como lidar responsavelmente com ela?

Eu pertenço a uma paróquia de médio porte e ajudo na pastoral. Sou casada e tenho filhos que frequentam a escola paroquial. O nosso pároco fez um convite a vários líderes de apostolados e pastorais para um pequeno retiro de Quaresma. Faz tempo que não tenho a oportunidade de participar de um retiro e gostaria muito de ir, mas eu percebi que me sinto muito atraída pelo pároco e acho que passar mais tempo perto dele não seria uma boa ideia. O que você me recomenda?

Sentir atração por um padre não é incomum. Desenvolvemos uma sensação de proximidade e de admiração por várias pessoas que trabalham ao nosso lado e a quem respeitamos, especialmente se elas nos aconselham ou cuidam de nós de alguma forma. Nesses contextos, é possível que surja a atração física. Podem acontecer situações semelhantes entre alunos e professores, pacientes e médicos, clientes e advogados...

Um sacerdote é um pai espiritual que vive uma vida de fé e de liderança no serviço ao próximo, o que faz dele um belo ser humano. Se, além disso, ele ainda é carismático, bonito, inteligente, compassivo, acolhedor... bom, pode ser uma “receita” para uma igreja cheia de pessoas, mas também para que várias delas sintam uma “paixão secreta” pelo pároco. Afinal, quem é que não gosta de pessoas assim?

Se você apenas sente uma “queda” inocente pelo padre, daquelas que até comentamos com o marido ou namorado em uma roda de amigos, sem maior profundidade, não a transforme em um drama. Essas “quedas” são normais e tendem a se dissipar, especialmente se você as expuser à luz e mantiver os limites apropriados no relacionamento.

Agora, se for uma atração mais forte, que faz você pensar demais no sacerdote, fantasiar com ele, desejar a atenção pessoal dele, inventar motivos para vê-lo, etc., então você precisa tratar desta questão a sério. 

domingo, 30 de agosto de 2015

A observância literal dos preceitos é algo estéril se não muda o coração, diz Papa no Angelus.


PAPA FRANCISCO
ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 30 de Agosto de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo apresenta uma disputa entre Jesus e alguns fariseus e os escribas. A discussão é referente ao valor da "tradição dos antigos" (Mc 7,3) que Jesus, referindo-se ao profeta Isaías, define "preceitos dos homens" (v. 7), e que nunca deve ficar no lugar do "mandamento de Deus" (v. 8). As prescrições antigas compreendiam não apenas os preceitos que Deus revelou a Moisés, mas uma série de regras que especificavam as indicações da lei mosaica. Os interlocutores aplicavam tais normas de uma forma muito escrupulosa e as apresentavam como uma expressão de religiosidade autêntica. Portanto, repreendem Jesus e os seus discípulos pela transgressão delas, em particular, daquelas relacionadas com a purificação exterior do corpo (cf. v. 5). A resposta de Jesus tem a força de um pronunciamento profético: "Ignorando o mandamento de Deus - diz - observam a tradição dos homens" (v. 8). São palavras que nos enchem de admiração por nosso Mestre: sentimos que nEle há verdade e que a sua sabedoria nos liberta de preconceitos.

Mas atenção! Com essas palavras, Jesus quer alertar também a nós, hoje, que ao manter a observância exterior da lei seja suficiente para ser bons cristãos. Como à época para os fariseus, há também para nós o perigo de nos consideramos adequados ou, pior, melhor do que os outros pelo simples fato de observar as regras, as tradições, mesmo se não amamos o próximo, somos duros de coração, soberbos, orgulhosos. A observância literal dos preceitos é algo estéril se não muda o coração e não se traduz em atitudes concretas: abrir-se ao encontro com Deus e à Sua Palavra, a oração, buscar a justiça e a paz, ajudar os pobres, os fracos, os oprimidos. Todos sabemos que, nas nossas comunidades, nas nossas paróquias, nos nossos bairros, quanto mal fazem à Igreja e são motivo de escândalo as pessoas que se dizem muito católicas e vão muitas vezes na igreja, mas, depois, na sua vida quotidiana, descuidam da família, falam mal de outros e assim por diante. Isso é o que Jesus condena, porque é um contra- testemunho cristão.

Continuando a exortação, Jesus se concentra em um aspecto mais profundo e afirma: "Não existe nada fora do homem que, entrando nele, possa torná-lo impuro. Mas são as coisas que saem do homem que o tornam impuro"(v. 15). Desta forma, sublinha a primazia da interioridade, ou seja, a primazia do "coração": não são coisas exteriores que nos fazem santos ou não santos, mas é o coração que expressa as nossas intenções, as nossas escolhas e o desejo de fazer tudo por amor a Deus. As atitudes exteriores são a consequência do que decidimos no coração, mas não o contrário: com as atitudes exteriores, se o coração não muda, não somos verdadeiros cristãos. A fronteira entre o bem e o mal não passa fora de nós, mas sim, dentro de nós. Podemos nos perguntar: Onde está meu coração? Jesus diz: "O teu tesouro é onde está o seu coração". Qual é o meu tesouro? É Jesus, a sua doutrina?  É o coração bom ou o tesouro é outra coisa? Portanto, é o coração que deve ser purificado e convertido. Sem um coração purificado, não se pode ter mãos verdadeiramente limpas e lábios que pronunciem palavras sinceras de amor - tudo é duplo, uma vida dupla - lábios que pronunciam palavras de misericórdia, perdão. Somente isso só pode fazer o coração sincero e purificado.

Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Santa, para nos dar um coração puro, livre de toda hipocrisia. Esse é o adjetivo que Jesus disse aos fariseus: "hipócritas", porque dizem uma coisa e fazem outra. Um coração livre de toda hipocrisia, para que sejamos capazes de viver de acordo com o espírito da lei e alcançar o seu fim, que é o amor.

A Imitação de Cristo: conheça e ouça trechos deste clássico da espiritualidade católica


"A Imitação de Cristo" é um dos maiores clássicos da espiritualidade católica. O livro foi escrito no século XV e é atribuído ao padre alemão Thomas Hemerken, mais conhecido como "Thomas de Kempis". Kempis é a forma latina do nome da sua cidade natal, Kempen.

Composto para incentivar as práticas devocionais, o livro chegou a ser um dos mais traduzidos no mundo, com milhares de cópias distribuídas pelas bibliotecas europeias mesmo antes da invenção da imprensa. Santo Inácio de Loyola leu a obra durante o tempo de retiro espiritual que passou em uma gruta de Manresa, na Espanha, e o texto o inspirou a conceber os Exercícios Espirituais.  

O século XV foi de grave decadência devocional e moral, com profusão de abusos e escândalos que acabariam levando à eclosão da Reforma Protestante. Foi também o século do grande Cisma do Oriente, provocado por discordâncias de tipo intelectual e político sobre a doutrina e a espiritualidade da Igreja. Numerosa parcela do clero levava uma vida de pouco fervor ou priorizando vertentes espirituais intelectualizadas, abstratas demais para o povo cristão simples e iletrado. Diante dessa frouxidão de espírito, começou a surgir a chamada "devotio nova", ou "devoção nova", que propunha recolocar Jesus Cristo no centro da vida de fé e de oração. Thomas de Kempis participou decisivamente desse movimento espiritual ao publicar os capítulos de "A Imitação de Cristo", textos, aliás, que são independentes um do outro: é possível abrir o livro aleatoriamente e ler qualquer um dos capítulos, que tem começo, meio e fim.