domingo, 20 de setembro de 2015

Cuba: Encontro do Papa Francisco com Fidel Castro


O Papa Francisco encontrou-se hoje em Havana, de forma privada, com Fidel Castro, antigo líder cubano, na residência deste, anunciou o porta-voz do Vaticano.

O padre Federico Lombardi disse aos jornalistas que a visita decorreu depois da Missa a que o Papa presidiu, na Praça da Revolução, de manhã.

“Foi um encontro muito familiar, muito informal, de mais ou menos meia hora, 40 minutos”, assinalou o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, acrescentando que Francisco foi recebido pela esposa de Fidel Castro, juntamente com filhos e netos.

O Papa foi acompanhado por uma delegação de “muito poucas pessoas”.

Segundo o porta-voz do Vaticano, os temas da conversa foram "a salvaguarda do ambiente e os grandes problemas do mundo contemporâneo".

Francisco ofereceu “alguns livros” a Fidel Castro, respondendo ao pedido que este tinha feito a Bento XVI em 2012.

As obras são do italiano Alessandro Ponzato, perito em Sagrada Escritura, e o do padre Llorente, jesuíta que foi professor de Fidel Castro.

O Papa deixou ainda cópias da sua exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’ e a sua encíclica ‘Laudato Si'.

Já Fidel Castro ofereceu o livro-entrevista ‘Fidel y la Religion’, do brasileiro frei Betto, cuja dedicatória manifestava “admiração e respeito do povo cubano”.

Por parte do Vaticano, não haverá transmissão de imagens, “por respeito à formalidade e privacidade do encontro”, justificou o padre Lombardi.

Já este sábado, ao chegar à ilha, Francisco tinha manifestado “sentimentos de especial consideração e respeito” pelo comandante-chefe cubano, substituído em 2008 pelo seu irmão Raúl Castro.

Em 2015 celebra-se o 80.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a República de Cuba e a Santa Sé, que nunca foram interrompidas, reforçadas pelas viagens ao país de São João Paulo II (1998) e Bento XVI (2012). 

Homilia da Missa na Praça da Revolução em Havana, Cuba


Homilia
Santa Missa na Praça da Revolução em Havana
20 de setembro de 2015

O Evangelho apresenta-nos Jesus fazendo aos seus discípulos uma pergunta aparentemente indiscreta: «Que discutíeis pelo caminho?» (Mc 9, 33). Uma pergunta que Ele nos pode fazer também hoje: De que é que falais diariamente? Quais são as vossas aspirações? Eles «ficaram em silêncio – diz o Evangelho – porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior». Os discípulos tinham vergonha de dizer a Jesus aquilo de que estavam a falar. Nos discípulos de ontem, como em nós hoje, pode-se encontrar a mesma discussão: Quem é o mais importante?

Jesus não insiste com a pergunta, não os obriga a dizer-Lhe o assunto de que falavam pelo caminho; e todavia a pergunta permanece, não só na mente, mas também no coração dos discípulos.

Quem é o mais importante? Uma pergunta que nos acompanhará toda a vida e à qual somos chamados a responder nas diferentes fases da existência. Não podemos fugir a esta pergunta; está gravada no coração. Mais do que uma vez ouvi, em reuniões de família, perguntar aos filhos: De quem gostas mais, do pai ou da mãe? É como se vos perguntassem: Quem é mais importante para vós? Será que esta pergunta é simplesmente um jogo de crianças? A história da humanidade está marcada pelo modo como se respondeu a esta pergunta. 

O mundo precisa de reconciliação, diz Papa ao chegar em Cuba


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
A CUBA, AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
E VISITA À SEDE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
(19-28 DE SETEMBRO DE 2015)

CERIMÔNIA DE BOAS-VINDAS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Aeroporto Internacional José Martí, Havana
Sábado, 19 de Setembro de 2015


Senhor Presidente,
Distintas Autoridades,
Irmãos no Episcopado,
Senhoras e Senhores!

Muito obrigado, Senhor Presidente, pela sua recepção e pelas suas amáveis palavras de boas-vindas, em nome do Governo e de todo o povo cubano. A minha saudação estende-se também às autoridades e aos membros do Corpo Diplomático que tiveram a amabilidade de participar neste acto.

Agradeço pela sua fraterna recepção ao Cardeal Jaime Ortega y Alamino, Arcebispo de Havana, a D. Dionisio Guillermo García Ibáñez, Arcebispo de Santiago de Cuba e Presidente da Conferência Episcopal, aos outros bispos e a todo o povo cubano.

Obrigado a todos os que se prodigaram na preparação desta visita pastoral. E queria pedir-lhe, Senhor Presidente, para transmitir os meus sentimentos de especial consideração e respeito ao seu irmão Fidel. Além disso gostaria que a minha saudação chegasse de forma especial a todas aquelas pessoas que, por diferentes motivos, não poderei encontrar e a todos os cubanos espalhados pelo mundo.

Como o Senhor Presidente sublinhou, neste ano de 2015, celebra-se o octogésimo aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas ininterruptas entre a República de Cuba e a Santa Sé. A Providência permitiu-me chegar hoje a esta amada nação, seguindo os passos indeléveis do caminho aberto pelas memoráveis viagens apostólicas feitas a esta Ilha pelos meus dois predecessores, São João Paulo II e Bento XVI. Sei que a sua lembrança desperta gratidão e afecto no povo e nas autoridades de Cuba. Hoje renovamos estes laços de cooperação e amizade, para que a Igreja continue a acompanhar e encorajar o povo cubano nas suas esperanças, nas suas preocupações, com liberdade e todos os meios necessários para levar o anúncio do Reino até às periferias existenciais da sociedade.

Historiador protestante se converte à Igreja Católica


Eu fui criado como um protestante evangélico, em Birmingham, no Alabama. Meus pais eram amorosos e dedicados, sinceros em sua fé, e profundamente envolvidos em nossa igreja. Eles incutiram em mim o respeito pela Bíblia como a Palavra de Deus, e um desejo e uma fé viva em Cristo. Missionários frequentavam nossa casa e traziam o seu entusiasmo pelo seu trabalho. As estantes em nossa casa estavam cheias de livros de teologia e apologética. Desde cedo, eu absorvi a noção de que a minha maior vocação era ensinar a fé cristã. Suponho que não seja nenhuma surpresa que eu tenha me tornado um historiador da Igreja, mas me tornar um católico era a última coisa que eu esperava.

A igreja da minha família era nominalmente Presbiteriana, mas as diferenças denominacionais significavam muito pouco para nós. Eu frequentemente ouvia que divergências sobre o batismo, a ceia, ou o governo da igreja do Senhor não eram importantes, desde que eu acreditasse no Evangelho. Assim, queríamos dizer que a pessoa deve “nascer de novo”, que a salvação é pela fé, e que a Bíblia é a única autoridade para a fé cristã. Nossa igreja apoiava os ministérios de muitas denominações protestantes diferentes, mas o grupo certamente estava em oposição a Igreja Católica.

O mito de uma “recuperação” protestante do Evangelho era forte em nossa igreja. Eu aprendi muito cedo a idolatrar os reformadores protestantes Martinho Lutero e João Calvino, porque supostamente haviam resgatado o Cristianismo das trevas do Catolicismo medieval. Os católicos eram os que confiavam nas “boas obras” para levá-los para o céu, que se renderam à tradição ao invés das Escrituras, e que adoravam Maria e os santos em vez de Deus. Sua obsessão com os sacramentos também criou um enorme obstáculo para a verdadeira fé e um relacionamento pessoal com Jesus. Não havia dúvida. Os católicos não eram verdadeiros cristãos.

Nossa igreja era caracterizada por uma espécie de intelectualismo confiante. Presbiterianos tendem a ser bastante ou teologicamente intelectuais, e professores de seminário, apologistas, cientistas e filósofos eram os oradores frequentes de nossas conferências. Foi essa atmosfera intelectual que atraiu o meu pai para a igreja, e suas estantes estavam lotadas com as obras do reformador João Calvino, e do puritano Jonathan Edwards, bem como autores mais recentes como B.B. Warfield, A.A. Hodge, C.S. Lewis e Francis Schaeffer. Como parte dessa cultura acadêmica, tomávamos como certo que a investigação honesta levaria alguém a nossa versão da fé cristã. 

sábado, 19 de setembro de 2015

Seriado apresenta Lúcifer como bom. Será que o mal deixou de ser ruim?


A emissora estadunidense Fox é conhecida por sempre levar ao limite suas séries televisivas. Dessa vez, ela ultrapassou a linha que marcava o limite do entretenimento, tocando pontos sensíveis dentro da sociedade.

A nova série “Lúcifer”, que estreará em 2016, é a rotunda consequência de anos de apresentação de toda atitude anticristã como adequada e moderna. O novo seriado da Fox tem como protagonista precisamente o mal, Lúcifer, mas não no papel tradicional de antagônico, e sim como uma espécie de “cara gente fina”.

A propaganda no site da Fox o apresenta assim:
 
“Cansado de ser o Senhor do Mal, Lucifer Morningstar resolve abrir um bar diferenciado e luxuoso, chamado Lux, em Los Angeles (Califórnia). Agradável e carismático, Lúcifer está curtindo seu retiro, dedicado aos seus hobbies favoritos: vinho, mulheres e música. No entanto, uma preciosa estrela do pop é assassinada nas redondezas do seu bar. Pela primeira vez em aproximadamente 10 bilhões de anos, ele sente algo diferente. Será compaixão?”

A premissa é que talvez em Lúcifer haja algo além da maldade, ao contrário dos ensinamentos judaico-cristãos: a intenção é apresentar o mal como alguém casual e agradável, que é capaz de ser e fazer o bem. Para o espectador incauto, isso não representa grande perigo; de fato, a maioria diz: “É só um seriado, não há problema”. Mas o pano de fundo da série tem dois objetivos:
 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Um livro que conta como a Bíblia foi formada pela Igreja Católica


A palavra cânon vem do grego kanón = régua, que por extensão passou a significar catálogo.

Na linguagem católica há livros protocanônicos (catalogados em primeira instância), que os protestantes chamam simplesmente “canônicos”.

Há livros deuterocanônicos (catalogados em segunda instância, depois de discutidos), que os protestantes têm como “apócrifos”. São sete: Tobias, Judite, Eclesiástico, Baruque, Sabedoria, 1/2 Macabeus, além de fragmentos de Daniel e Ester.

Há outrossim livros apócrifos, que os protestantes designam como pseud-epígrafos (=falsamente intitulados): Evangelhos de Tomé, de Pedro, de Nicodemos...

2. Os critérios de inspiração bíblica

A S. Escritura não define o seu catálogo, de modo que é preciso consultar outras instâncias para poder afirmar que tal ou tal livro é inspirado por Deus. – E quais seriam essas instâncias?

1) Há quem diga que “O Espírito Santo afirma claramente que a Bíblia é inspirada por Deus”. Esta é uma noção muito subjetiva, que qualquer personagem pode professar a respeito do Alcorão, dos Vedas...

2) A inspiração divina pode ser averiguada pela inspiração que a Bíblia causa no crente. Com outras palavras: o livro é inspirado porque inspira. – Ora são muitos os livros que inspiram, e, por vezes, mais do que alguns livros bíblicos; ver a propósito as narrativas de guerra de Josué.

3) A sublimidade de estilo do livro o comprovaria como inspirado. – A propósito observamos que muitos livros bíblicos foram redigidos em estilo pouco elegante; tenha-se em vista o Apocalipse, que emprega construções gregas correspondentes a “nós vai”, “eu lhe digo: Toma teus papéis”.

4) O autor do livro e seu nome garantem a inspiração. – Ora há vários livros cujo respectivo autor é ignorado; ver Hb.

Ainda que um livro trouxesse o rótulo: “inspirado por Deus”, não se lhe poderia dar crédito, pois é muito fácil dizer isto sem prova ulterior.

Por conseguinte o critério de inspiração e canonicidade há de ser depreendido de algo de fora da Bíblia, ou seja, da tradição oral, que é anterior à escrita e a acompanha sempre, através do Magistério da Igreja. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Papa: "Seguir Jesus implica rejeitar mentalidade mundana".


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça de São Pedro
Domingo, 13 de Setembro de 2015


Amados irmãos, bom dia!

O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus que, a caminho para Cesareia de Filipe, pergunta aos discípulos: «Quem dizem os homens que Eu sou?» (Mc 8, 27). Eles respondem aquilo que o povo dizia: alguns consideravam-no João Baptista renascido, outros, Elias ou um dos grandes Profetas. O povo estimava Jesus, considerava-o um «enviado de Deus», mas ainda não conseguia reconhecê-lo como o Messias, aquele Messias prenunciado e esperado por todos. Jesus olha para os apóstolos e pergunta de novo: «Mas vós, quem dizeis que Eu sou?» (v. 29). Eis a pergunta mais importante, com a qual Jesus se dirige directamente a quantos o seguiam, para comprovar a sua fé. Pedro, em nome de todos, exclama com prontidão: «Tu és o Cristo» (v. 29). Jesus fica admirado com a fé de Pedro, reconhece que ela é fruto de uma graça, de uma graça especial de Deus Pai. E então revela abertamente aos discípulos o que o espera em Jerusalém, ou seja, que «o Filho do homem iria sofrer muito... ser morto e, depois de três dias, ressurgir» (v. 31).

Ao ouvir isto, o próprio Pedro, que acabara de professar a sua fé em Jesus como Messias, escandaliza-se. Desviando-se um pouco com o Mestre, repreende-o. E como reage Jesus? Por sua vez repreende Pedro por isto, com palavras muito severas: «Vai-te da minha frente, Satanás!» — chama-lhe Satanás! — «Pois não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens» (v. 33). Jesus apercebe-se de que em Pedro, como nos outros discípulos — também em cada um de nós! — à graça do Pai se opõe a tentação do Maligno, que pretende distrair-nos da vontade de Deus. Anunciando que terá que sofrer e ser morto para depois ressuscitar, Jesus deseja fazer compreender a quantos o seguem que Ele é um Messias humilde e servo. É o Servo obediente à palavra e à vontade do Pai, até ao sacrifício completo da própria vida. Por isso, dirigindo-se a toda a multidão que estava ali, declara que quem quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como Ele se fez servo, e adverte: «Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (v. 34).

Pôr-se na sequela de Cristo significa carregar a própria cruz — todos temos uma... — para o acompanhar no seu caminho, um caminho desagradável que não é o do sucesso, da glória passageira, mas aquele que leva à liberdade verdadeira, que nos liberta do egoísmo e do pecado. Trata-se de rejeitar abertamente aquela mentalidade mundana que coloca o «eu» e os próprios interesses no centro da existência: não é isto que Jesus quer de nós! Ao contrário, Jesus convida a perder a vida por Ele, pelo Evangelho, a fim de a receber renovada, realizada e autêntica. Graças a Deus, estamos certos de que no final este caminho conduz à ressurreição, à vida plena e definitiva com Deus. Decidir segui-lo, o nosso Mestre e Senhor que se fez Servo de todos, exige que se caminhe depois d’Ele e se ouça atentamente a sua Palavra — recordai-vos: ler todos os dias um trecho do Evangelho — e os Sacramentos.

Há jovens aqui na praça: rapazes e moças. Pergunto-vos: sentistes vontade de seguir Jesus mais de perto? Reflecti. Rezai. E deixai que o Senhor vos fale.

A Virgem Maria, que seguiu Jesus até ao Calvário, nos ajude a purificar sempre a nossa fé de falsas imagens de Deus, para aderir plenamente a Cristo e ao seu Evangelho.

Depois do Angelus: 

O ex-católico


O ex-católico é aquele que, durante toda sua vida religiosa, jamais entendeu a Igreja, jamais leu o Catecismo, enfim, jamais se prestou a compreender a busca da fé e a história do catolicismo. Ao absorver inconscientemente uma pesada propaganda anticatólica nas escolas, universidade, imprensa e até mesmo em círculos religiosos não-católicos, o ex-católico torna-se o um feroz crítico e algoz da antiga fé. Mas quem não odiaria a Igreja, quando os lugares de excelência da formação das idéias ou acólitos de outras religiões repetem as “lendas negras” de sempre: Cruzadas, inquisição, pedofilia, apoio ao nazismo, atraso cultural, científico e civilizador? Quem não odiaria a Igreja, quando por vezes há um clero relapso nos assuntos da fé? Despreparado para defender os pontos essenciais da Igreja, acaba por enfastiar-se da missa, participando de forma mecânica dos cultos. Vai mais além, segue tudo aquilo por “tradição”, como se fizesse favores ou fosse condescendente com uma igreja corrompida, fora de seu tempo, anacrônica e obscurantista.