domingo, 15 de novembro de 2015

Sobre tiros, bombas, deuses e religiões




Os terroristas que assassinaram na França gritavam ao matar: Alah akibah - Deus é grande! O Deus dessa gente é apenas um deus, um ídolo maldito, simulacro que deforma a verdadeira face de Deus! O Deus verdadeiro é o Autor e Mantenedor de toda a vida, o Deus verdadeiro é Vivo e Vivificante!

Nenhuma religião verdadeiramente monoteísta - que confesse e adore ao Deus único, transcendente, santo, soberano, poderoso, infinito, misericordioso - pode reduzir o Deus verdadeiro a um idolozinho que se compraz com o derramamento de sangue: sangue por sangue, morte por morte, violência por violência!

Já deveríamos ter aprendido com a história de nossos erros que nunca se deve matar em nome de Deus - morrer sim, matar nunca! Quem grita "Deus é grande" deve testemunhar o que já dizia Santo Irineu no século II: "A glória de Deus é o homem vivo!". Qualquer crente que verdadeiramente tenha uma percepção da santidade e infinitude do Único pode e deve subscrever as comoventes palavras do Livro da Sabedoria:

"Teu grande poder está sempre ao Teu serviço,
e quem pode resistir à força do Teu braço?
O mundo inteiro está diante de Ti
como esse nada na balança,
como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra.
Mas Te compadeces de todos, pois tudo podes,
fechas os olhos diante dos pecados dos homens,
para que se arrependam.
Sim, Tu amas tudo o que criaste,
não Te aborreces com nada do que fizeste;
se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito.
E como poderia subsistir alguma coisa,
se não a tivesses querido?
Como conservaria sua existência, se não a tivesses chamado?
Mas, a todos poupas, porque são Teus:
Senhor, Amigo da vida!" (Sb 11,21-26)

Na verdade, não foi em Nome de Deus que esses assassinaram! Foi em nome de um fanatismo, de revertidas ideias totalitárias, que sempre matam, sejam em política - como na Coreia do Norte ou Cuba ou Venezuela -, seja em religião - como os fanáticos de quaisquer religiões -, seja em qualquer outro âmbito da existência.

As convicções que cada um tenha - e deva ter -, devem dar-se no limite da convivência respeitosa com os que pensam de modo diverso. Jamais se pode ferir a consciência de alguém, o direito à livre expressão das opiniões e a liberdade de ação, desde que dentro do respeito mútuo numa sociedade que se deseje realmente pluralista e democrática, na qual a pessoa seja o valor central.

A questão é: o Islã está preparado para isto?

A resposta, por enquanto, deveria ser clara, serena, respeitosa e realista: NÃO! O Islã ainda não está pronto para as liberdades democráticas e a liberdade religiosa! Enquanto o mundo ocidental tiver medo de enxergar e admitir isto claramente, estaremos todos em perigo! 

A profética voz de Bento XVI contra o extremismo islâmico



Enquanto a violência do autoproclamado Estado Islâmico volta-se contra os cristãos, os yazidis e outras minorias, muitas vozes se unem em condenação. Entre estas, destacam-se as do mundo muçulmano, dos líderes religiosos da Grã Bretanha, ou do King Abdullah Bin Abdulaziz International Centre for Interreligious and Intercultural Dialogue (KAICIID), com sede em Viena, passando pelos intelectuais e jornalistas de várias latitudes, até a comovente manifestação por parte das pessoas simples. A condenação é unânime. Os fanáticos manipulam o islã, transgridem o Alcorão e traem a religião que dizem professar. Isso faz lembrar o discurso do professor Ratzinger em Ratisbona.

No dia 12 de setembro de 2006, Joseph Ratzinger, atualmente Papa Emérito Bento XVI, visitou a Universidade de Ratisbona, onde havia sido professor. Ali pronunciou um memorável discurso que hoje ressoa com força. Falou da vocação natural das religiões à justiça e à paz, cuja realização depende da articulação correta entre a fé e a razão, um dos grandes tópicos da sua Teologia e do seu Magistério. Explicou que, quando falta o diálogo, apresentam-se as patologias da razão e da religião que fazem escorregar, ao extremo, rumo ao fanatismo. Diante do despertar da irracionalidade misturada ao fundamentalismo, lançou um desafio aos muçulmanos para condenar a violência como meio de impor a fé, sem aliviar também para os cristãos.

O Papa Emérito Bento XVI tinha colocado o dedo na ferida. Três lições devem ser lembradas. Por um lado, o mundo midiático e intelectual do Ocidente, que se diz expressão da tolerância e da liberdade, lançou-se com violência irracional contra Ratzinger, acusando-o de ser fanático e provocador, quando na verdade tinha convidado ao diálogo na razão. Por outro lado, muçulmanos também lançaram condenações. No fim, todos têm de dar razão a Ratzinger. Tanto um quanto o outro mostraram que sofrem das patologias descritas no discurso de Ratisbona.

A reação mais interessante e decisiva foi a do islã. Um grupo de líderes e intelectuais muçulmanos assinou uma carta na qual eles acolhiam o desafio do diálogo. O epicentro aconteceu no Reino da Jordânia, mas se estendeu rapidamente a várias latitudes. Nessa carta, apesar de algum desacordo com Ratzinger, foram condenados aqueles que pretendiam impor com a violência “sonhos utópicos nos quais o fim justifica os meios”.

É certo dizer que a aula e a carta não deram início ao diálogo entre os cristãos e os muçulmanos, mas sem dúvida foram um fator importante para promovê-lo a níveis nunca vistos antes. Hoje certamente este diálogo está dando frutos não apenas entre certas elites, mas também entre as pessoas comuns, que antes de aparecer estes fanáticos tinham feito a convivência interreligiosa como a maneira natural de ser e hoje protestam porque querem continuar a viver da mesma maneira. Esta é a voz mais forte entre aquelas que podem ser escutadas. O encontro entre o povo simples e a intelectualidade enche de esperança. Quando este relacionamento se alimenta de paciência e constância, gera movimentos culturais potentes. 

Santuário Nacional de Aparecida abrirá Porta Santa a pedido do Papa


Atendendo à convocação do Papa Francisco e em comunhão com a Igreja em todo o mundo, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (SP) abrirá no dia 13 de dezembro a Porta Santa, por motivo do Ano Santo Extraordinário do Jubileu da Misericórdia.

Conforme estabelecido pelo calendário do Jubileu, a abertura da Porta Santa na Basílica de Aparecida será realizada no dia em que a liturgia católica celebrará o domingo “Gaudete” (ou da alegria), do tempo do advento. Ao instituir esta data para a abertura da Porta, o Papa deseja recordar aos fiéis que é da Misericórdia Divina que provém a alegria do cristão.

A cerimônia será presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, durante a Missa das 8h, que contará com um rito especial preparado pelo Pontifício Conselho para Nova Evangelização e aprovado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Na tradição cristã, a Porta Santa é próprio Cristo, que disse: “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (Jo 10,9). É toda porta no espaço sagrado de um templo que representa Cristo, pois por Ele se entra no Seu mistério. Portanto, passar pela Porta Santa significa que se tem o objetivo de renovar-se, um convite para entrar mais ainda no Mistério do Cristo que é o Mistério da Vida.

Na Igreja Católica, a Porta Santa é celebrada junto aos jubileus, em geral, a cada 25 anos. Mas é possível que o Pontífice proclame um Jubileu Extraordinário, como fez o Papa Francisco, que promulgou o próximo ano como santo, para que seja “o tempo favorável, o dia da salvação” (2 Cor 6,2).

No Santuário de Aparecida está sendo preparada uma Porta Santa especial, obra do artista sacro Cláudio Pastro. A peça está sendo idealizada desde o início do ano. Será feita em bronze e terá as representações da Anunciação, do Bom Pastor e da parábola do Filho Pródigo.

Pastro explica que a arte contida na Porta Santa será teofânica. “Por meio da arte desta Porta nós desejamos passar o espírito do Bom Pastor, que em mistério no seu desenho, indica sua singela e interna alegria do Pastor no momento de encontro da sua ovelha. Não é uma alegria falsa, mas uma alegria interna, que também é a alegria do cristão”, salientou o artista. 

O que pensa o Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio)?


Seguem alguns trechos das falas do cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, em diálogo com o rabino Abraham Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latino-americano. O livro "Sobre o céu e a terra" é o resultado de uma série de conversas profundas, realizadas na sede do Episcopado e na comunidade judaica Benei Tikva. Com essas respostas podemos ter uma melhor ideia dos pensamentos deste Papa e também desfazer alguns mitos.

Crer ou não no Demônio?

"O Demônio é, teologicamente, um ser que optou por não aceitar o plano de Deus. (...) Acredito que o Demônio existe. Talvez seu maior sucesso nestes tempos tenha sido nos fazer acreditar que ele não existe, que tudo se arranja em um plano puramente humano." (p. 19)

O uso da batina 

"Hoje, os padres já não usam batina. Mas um sacerdote recém-ordenado usava, e alguns padres o criticavam. Então, ele perguntou a um sacerdote sábio: "É errado eu usar batina?". O sábio lhe respondeu: "O problema não é que a use, mas que a arregace quando a tiver que arregaçar para trabalhar pelos outros" (p. 31)

A herança da fé não se negocia

"Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. Isso não significa que ao longo da história, pelo estudo e pela pesquisa, não se vão encontrando luzes sobre essas verdades: como é Jesus, como se configura a Igreja, como é o verdadeiro comportamento cristão, como são os mandamentos. Tudo isso vai se enriquecendo com as explicações. Certas coisas são opináveis, mas - repito - a herança não se negocia. O conteúdo da fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia."(p. 32)

Sobre os movimentos pentecostais

"Nasce em mim uma natural desconfiança quando surgem os fenômenos curadores, inclusive quando aparecem as revelações, as visões; essas coisas me deixam na defensiva. Deus não é uma espécie de empresa de logística, que envia mensagens o tempo todo. (...) Pensar que o que o senhor ou eu sentimos como consolação espiritual, quando oramos, seja uma profecia ou uma revelação para todo o mundo é uma ingenuidade muito grande. Às vezes, as pessoas sentem coisas e, por conta de uma má interpretação ou um desequilíbrio psíquico, algumas confundem isso com uma profecia. (...) Outra questão, mais fácil de interpretar é a cura. Hoje, com estudos da parapsicologia, com opiniões de oncologistas que dizem que há influência do psíquico sobre o físico, algumas coisas podem ser explicaras. Também existe a intercessão ministerial de um rabino ou presbítero que ora ou pede pela saúde do outro, e acontece. Para mim, o que avalia uma pessoa que age segundo a lei de Deus na cura é a simplicidade, a humildade, a falta de espetaculosidade. Do contrário, mais que cura, pode ser um negócio." (p. 41)

Bento XVI convida o islamismo ao diálogo partindo da razão.


VIAGEM APOSTÓLICA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
A MÜNCHEN, ALTÖTTING E REGENSBURG
(9-14 DE SETEMBRO DE 2006)

ENCONTRO COM OS REPRESENTANTES DAS CIÊNCIAS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Aula Magna da Universidade de Regensburg
Terça-feira, 12 de Setembro de 2006

Fé, razão e universidade: Recordações e reflexões.



Eminentíssimos Senhores Cardeais,
Magníficos Reitores,
Excelentíssimos Senhores Bispos,
Ilustríssimos Senhores e Senhoras!

Provo grande emoção neste momento em que me encontro de novo na universidade para dar mais uma lição. Ao mesmo tempo, voltam ao pensamento aqueles anos em que, depois dum belo período no Instituto Superior de Frisinga, comecei a minha actividade de professor académico na Universidade de Bona. Estávamos no ano 1959, vigorava ainda na universidade o antigo regime dos professores ordinários. Nas diversas cátedras, não existiam assistentes nem dactilógrafos, mas em contrapartida havia um contacto muito directo com os estudantes e sobretudo entre os professores. Antes e depois das aulas, encontrávamo-nos nas salas dos professores. Os contactos com historiadores, filósofos, filólogos e naturalmente entre as duas faculdades teológicas eram muito estreitos. Uma vez por semestre havia o chamado dies academicus, no qual se apresentavam diante dos estudantes de toda a universidade professores de todas as faculdades, tornando assim possível uma experiência de universitas – realidade esta a que há pouco se referiu também nas suas palavras, Magnífico Reitor – isto é, a experiência de que, não obstante as múltiplas especializações que por vezes nos tornam incapazes de comunicar entre nós, formamos um todo e trabalhamos no todo da única razão com as suas várias dimensões, encontrando-nos assim unidos também na responsabilidade comum pelo recto uso da razão – esta realidade tornava-se uma experiência viva. A universidade era, sem dúvida, orgulhosa também das suas duas faculdades teológicas. Via-se claramente que também estas, interrogando-se sobre a razoabilidade da fé, realizam um trabalho que necessariamente faz parte do «todo» que é a universitas scientiarum, embora nem todos pudessem partilhar a fé, da qual os teólogos se esforçavam por mostrar a correlação com a razão comum. Esta coesão interior no cosmos da razão nunca foi turbada, nem mesmo certa vez quando correu a notícia de que um dos colegas tinha dito que, na nossa universidade, havia um facto estranho: duas faculdades que se ocupavam duma realidade que não existia, ou seja, de Deus. Ora, mesmo em presença dum cepticismo tão radical, permaneceu indiscutível a convicção de que, no conjunto da universidade, continua a ser necessário e razoável interrogar-se sobre Deus por meio da razão e que isto se deve fazer no contexto da tradição da fé cristã.

Tudo isto me voltou à mente, quando recentemente li a parte – publicada pelo professor Theodore Khoury (Münster) – do diálogo que o douto imperador bizantino Manuel II Paleólogo teve com um persa erudito sobre cristianismo e islão e sobre a verdade de ambos, talvez durante os acampamentos de inverno no ano de 1391 em Ankara.[1] Presumivelmente terá sido o próprio imperador que depois, durante o assédio de Constantinopla entre 1394 e 1402, escreveu este diálogo; deste modo se explicaria por que aparecem os seus raciocínios referidos de forma muito mais pormenorizada que os do seu interlocutor persa.[2] O diálogo cobre todo o âmbito das estruturas da fé contidas na Bíblia e no Alcorão, detendo-se principalmente sobre a imagem de Deus e do homem mas também – e repetidamente, como era de esperar – sobre a relação entre as três «Leis» ou três «ordens de vida», como então se designava o Antigo Testamento, o Novo Testamento e o Alcorão. Por agora, nesta lição, não pretendo falar disso; primeiro gostava de acenar brevemente a um assunto – aliás bastante marginal na estrutura de todo o diálogo – que me fascinou no contexto do tema «fé e razão» e vai servir como ponto de partida para as minhas reflexões sobre este tema. 

sábado, 14 de novembro de 2015

CNBB manifesta solidariedade à arquidiocese de Mariana


NOTA DE SOLIDARIEDADE À 
ARQUIDIOCESE DE MARIANA


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB se solidariza com a Arquidiocese de Mariana – MG, na pessoa de seu pastor, Dom Geraldo Lyrio Rocha, e com as famílias que perderam seus entes queridos, suas casas, seus meios de sustentação, seu ambiente de vida, por causa do rompimento das barragens de rejeitos da atividade mineradora, no distrito de Bento Rodrigues, que estendeu incalculável destruição a comunidades e cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. Este sentimento é extensivo às outras dioceses do Regional Leste 2 que também sofreram as consequências desta tragédia.

Se a contemplação da imensidão do “lago de rejeitos” destas barragens, antes do rompimento, já revelava um cenário de morte, onde nada permanecia vivo, pior e mais dolorosa é, e continuará sendo por muitos anos, a visão desoladora da devastação da vida de pessoas, de animais, de plantas, e do comprometimento de um rio que, até então, era portador de vida.

“O custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que o benefício econômico que se possa obter”... “Por isso, não podemos ser testemunhas mudas das gravíssimas desigualdades, quando se pretende obter benefícios significativos, fazendo pagar ao resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental” (Papa Francisco, Laudato Sì, 36).

Nossa voz se junta às vozes que gritam pela rigorosa apuração das responsabilidades e pelas mudanças necessárias na legislação quanto à mineração, para que tal situação nunca mais se repita. 

Conferência dos Religiosos do Brasil divulga manifesto de apoio aos povos indígenas


CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL – CRB
 SDS Bloco H nº 26 Sala 507 Edifício Venâncio II
CEP: 70393-900 - Brasília – DF
 Tel.: (61) 3226-5540 Fax: (61)3225-3409 – Cel.(61) 8451-0248

presidente@crbnacional.org.br
Brasília, 06 de novembro de  2015.

"Permanece conosco" (Lc 24,29)

MANIFESTO DE APOIO E SOLIDARIEDADE AOS POVOS INDÍGENAS, 
AO CIMI, AOS RELIGIOSOS E RELIGIOSAS DA REGIONAL 
DA CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL

CRB -  MT/MS

"Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos" (Papa Francisco)

A CRB Nacional - Conferência dos Religiosos do Brasil, reunida em Brasília nos dias 05 e 06 de novembro de 2015 com a coordenação de suas 20 Regionais, provenientes de todos os estados do Brasil e Distrito Federal, sensibilizada pela situação prolongada de violação dos direitos humanos dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul vem, através desta, manifestar solidariedade aos Povos Indígenas, Religiosos, Religiosas e Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que estão presentes junto a esses povos.

Repudiamos a CPI contra o CIMI, a posição parlamentar de criminalização, suas alianças com os detentores da terra e a indiferença governamental diante dos fatos ocorridos. Os povos indígenas tem o direito à terra e à segurança de sua dignidade. Somos incondicionalmente favoráveis à preservação de sua cultura e seus territórios.

Acreditamos na profecia da Vida Religiosa Consagrada que, apesar das ameaças e perseguições, tem se comprometido concretamente com a defesa desses direitos garantidos pela constituição brasileira. Reafirmamos nosso compromisso com o Evangelho, com a Profecia e a Esperança em defesa dos que são excluídos e vulneráveis desta nossa sociedade centrada no lucro, em detrimento da vida e da dignidade humana. 

Maria vencerá o terror


Foi em uma sexta-feira 13 que Nossa Senhora mostrou a visão do Inferno aos três pastorzinhos de Fátima. Irmã Lúcia relata em suas memórias:

“O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes (incêndios), sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor (deveu ser ao deparar-me com esta vista que dei esse ai! que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Assustados e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora que nos disse, com bondade e tristeza:

– Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração.”

Haveria uma descrição mais precisa do que aconteceu em Paris no dia 13 de novembro? Sem Jesus e Maria, eis o destino que nos aguarda. O Inferno, como se vê, é um atentado terrorista sem fim.

Já fomos alertados: as aparições de La Salette (1846), Lourdes (1858) e Fátima (1917) fazem uma espécie de resumo profético do mundo contemporâneo. Foram precedidas pela aparição de Nossa Senhora das Graças a Santa Catarina Labouré, em 1830. O detalhe é que essa primeira aparição dos tempos modernos ocorreu na cidade de Paris, na Rue Le Bac. Das quatro manifestações pessoais de Nossa Senhora, três ocorreram em solo francês. Não é um acaso: é um aviso.

Em 1955, organizou-se um concurso para escolher a bandeira da Comunidade Europeia. A obra escolhida foi do artista plástico francês Arsène Heitz: doze estrelas douradas em formato de círculo. Quando se descobriu que era um símbolo de Nossa Senhora, era tarde demais. A bandeira da Europa laica ficou sendo uma referência clara à passagem mariana do Apocalipse: “Um grande sinal apareceu no céu – uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça”. As doze estrelas representam a um só tempo a coroa de Nossa Senhora, os doze apóstolos, as doze tribos de Israel e os dozes meses do ano. Um poderoso símbolo judaico-cristão, criado por um católico francês.