segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Maçonaria nas igrejas protestantes


Ela costuma causar nos crentes um misto de espanto e rejeição. Pudera – com origens que se perdem nos séculos e um conjunto de ritos que misturam elementos ocultos, boa dose de mistério e uma espécie de panaceia religiosa que faz da figura de Deus um mero arquiteto do universo, a maçonaria é normalmente repudiada pelos evangélicos.

Contudo, é impossível negar que a história maçônica caminha de mãos dadas com a do protestantismo. Os redatores do primeiro estatuto da entidade foram o pastor presbiteriano James Anderson, em Londres, na Inglaterra, em 1723, e Jean Desaguliers, um cristão francês.

Devido às suas crenças, eles naturalmente introduziram princípios religiosos na nova organização, principalmente devido ao fim a que ela se destinava: a filantropia. O movimento rapidamente encontrou espaço para crescer em nações de tradição protestante, como o Reino Unido e a Alemanha, e mais tarde nos Estados Unidos, com a colonização britânica. Essa relação, contudo, jamais foi escancarada. Muito pelo contrário – para a maior parte dos evangélicos, a maçonaria é vista como uma entidade esotérica, idólatra e carregada de simbologias pagãs.

Isso tem mudado nos últimos tempos. Devido a um movimento de abertura que atinge a maçonaria em todo o mundo, a instituição tem se tornado mais conhecida e perde, pouco a pouco, seu aspecto enigmático. Não-iniciados podem participar de suas reuniões e cada vez mais membros da irmandade assumem a filiação, deixando para trás antigos temores – nunca suficientemente comprovados, diga-se – que garantiam que os desertores pagavam a ousadia com a vida. A abertura traz à tona a uma antiga discussão: afinal, pode um crente ser maçom? Na intenção de manter fidelidade à irmandade que abraçaram, missionários, diáconos e até pastores ligados à maçonaria normalmente optam pelo silêncio. Só que crentes maçons estão fazendo questão de dar as caras, o que tem provocado rebuliço.

A Primeira Igreja Batista de Niterói, uma das mais antigas do Estado do Rio de Janeiro, vive uma crise interna por conta da presença de maçons em sua liderança. A congregação já estuda até uma mudança em seus estatutos, proibindo que membros da sociedade ocupem qualquer cargo eclesiástico.

Procurada por CRISTIANISMO HOJE, a Direção da congregação preferiu não comentar o assunto, alegando questões internas. Contudo, vários dos oficiais da igreja são maçons há décadas: “Sou diácono desta igreja há 28 anos e maçom há mais de trinta. Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz o policial rodoviário aposentado Adilair Lopes da Silveira, de 58 anos, mestre da Loja Maçônica Silva Jardim, no município de mesmo nome, a 180 quilômetros da capital fluminense.

Adilair afirma que há maçons nas igrejas evangélicas de todo Brasil, dezenas deles entre os membros de sua própria congregação e dezesseis entre os 54 membros da loja que frequenta: “Por tradição, a maioria deles é ligada às igrejas Batista ou Presbiteriana. Essas são as duas denominações em que há mais a presença histórica maçônica”, informa.

Um dos poucos crentes maçons que se dispuseram a ser identificados entre os 17 procurados pela reportagem, o ex-policial acredita que a sociedade em geral, e os religiosos em particular, nada têm a perder se deixarem “imagens distorcidas” acerca da instituição de lado. “Há preconceito por que há desconhecimento. Alguns maçons, que queriam criar uma aura de ocultismo sobre eles no passado, acabaram forjando essa coisa de mistério”, avalia. “Já ouvi até histórias de que lidamos com bodes ou imagens de animais.

Isso não acontece”, garante. Segundo Adilair, o único mistério que existe de fato diz respeito a determinados toques de mão, palavras e sinais com os quais os maçons se identificam entre si – mas, segundo ele, tudo não passa de zelo pelas ricas tradições do movimento, que, segundo determinadas correntes maçônicas, remontam aos tempos do rei hebreu, Salomão. E, também, para relembrar tempos difíceis. “São práticas que remontam ao passado, já que nós, maçons, fomos muito perseguidos ao longo da história”.

Adilair adianta que não aceitaria uma mudança nos estatutos da igreja para banir maçons da sua liderança. Tanto, que ele e seus colegas de diaconato que pertencem ao grupo preparam-se para, se for o caso, ingressar na Justiça, o que poderia desencadear uma disputa que tende a expor as duas partes em demanda. Eles decidiram encaminhar uma cópia da proposta do regimento ao presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Zveiter. “Haverá uma enxurrada de ações na Justiça se isso for adiante, não tenho dúvidas”, afirma o diácono. A polêmica em torno da adesão de evangélicos à maçonaria já provocou até racha numa das maiores denominações do país, a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), no início do século passado (ver abaixo).

O pastor presbiteriano Wilson Ferreira de Souza Neto, de 43 anos, revela que já fez várias entrevistas com o intuito de ser aceito numa loja maçônica do município de Santo André, região metropolitana de São Paulo. O processo está em andamento e ele apenas aguarda reunir recursos para custear a taxa de adesão, importância que é usada na manutenção da loja e nas obras de filantropia: “Ainda não pude disponibilizar uma verba para a cerimônia de iniciação, que pode variar de R$ 1 mil a cinco mil reais e para a mensalidade. No meu caso, o que ainda impede o ingresso na maçonaria é uma questão financeira, e não ideológica” diz Wilson, que é mestre em ciências da religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e estuda o tema há mais de uma década.

“Pessoas próximas sabem que sou maçom e isso inclui vários membros de minha igreja”, continua o religioso. “Alguns já me questionaram sobre isso, mas após várias conversas nas quais eu os esclareci, tudo foi resolvido”. Na mesma linha vai outro colega de ministério que prefere não revelar o nome e que está na maçonaria há sete anos. “Tenho 26 anos de igreja, seis de pastorado e posso garantir que não há nenhuma incompatibilidade de ser maçom e professar a fé salvadora em Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador”, afirma. Ele ocupa o posto de mestre em processo dos graus filosóficos e diz que foi indicado por um pastor amigo. “Só se pode entrar na maçonaria por indicação e, não raro, os pastores se indicam”. Para o pastor, boa parte da intolerância dos crentes em relação à maçonaria provém de informações equivocadas transmitidas por quem não conhece suficientemente o grupo. 

Santa Josefina Bakhita


Bakhita nasceu no Sudão, África, em 1869. Seu nome significa "afortunada". Esta flor africana conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão, sendo vendida e comprada várias vezes.

Na capital do Sudão, Bakhita foi finalmente comprada por um cônsul italiano, que depois a levou consigo para a Itália. Neste país tornou-se babá da filha de um casal italiano. Devido a necessidade de mudanças, a jovem negra foi direcionada para um mosteiro da Congregação de Santa Madalena de Canossa. Era 1890 e ela tinha vinte e um anos quando foi batizada, recebendo o nome de Josefina.

Bakhita resolveu tornar-se uma irmã canossiana. Por mais de cinqüenta anos, esta humilde Filha da Caridade, se dedicou às diversas ocupações na congregação, sendo chamada por todos de "Irmã Morena". Ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs a estimavam pela generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido.

A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população. Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa. Na agonia reviveu os terríveis anos de escravidão. Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947. 

ORAÇÃO


Ó Santa Josefina Bakhita, que, desde menina, foste enriquecida por Deus com tantos dons e a Ele correspondeste com todo o amor, olha por nós. Intercede junto ao Senhor para que cresçamos no seu amor e no amor a todas as criaturas humanas, sem distinção de idade, de raça, de cor, de situação social. Que pratiquemos sempre, como tu, as virtudes da fé, da esperança, da caridade, da humildade, da castidade e da obediência. Amém.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Papa pede mais esforços pela Síria e fala sobre "confortar quem se sente pecador e indigno".


ANGELUS

Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 7 de fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo narra – na redação de São Lucas – o chamado dos primeiros discípulos de Jesus (Lc 5,1-11). O fato ocorre em um contexto da vida cotidiana: alguns pescadores estão na beira do lago da Galiléia e, depois de uma noite de trabalho sem pescar nada, estão trabalhando e lavando as redes. Jesus sobre nas barcas de um deles, a de Simão, chamado Pedro, e pede-lhe para distanciar-se um pouco da margem e começa a pregar a Palavra de Deus às pessoas que se reuniram numerosos. Quando terminou de falar, ele lhes diz para remar mar adentro e jogar as redes. Simão já tinha conhecido a Jesus e experimentado o poder milagroso de sua palavra, por isso lhe respondeu: “Mestre, trabalhamos toda a noite e não pegamos nada; mas em tua palavra lançarei as redes” (v. 5). E a sua fé não foi decepcionada: de fato, as redes se encheram com uma tal quantidade de peixes que estavam rasgando (cf. v. 6).

Em face deste acontecimento extraordinário, os pescadores ficaram cheios de espanto. Simão Pedro caiu aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afaste-se de mim, porque sou um pecador” (v. 8). Aquele sinal prodigioso convenceu-o de que Jesus não é só um ótimo mestre, cuja palavra é verdadeira e poderosa, mas que Ele é o Senhor, é a manifestação de Deus. E tal presença desperta em Pedro um forte senso da sua própria mesquinhez e indignidade. De um ponto de vista humano acha que deve haver distância entre o pecador e o Santo. Na verdade, precisamente a sua condição de pecador requer que o Senhor não se distancie dele, da mesma forma que um médico não pode distanciar-se de quem está enfermo.

A resposta de Jesus à Simão Pedro é reconfortante e firme: “Não temas; de agora em diante serás pescador de homens” (v. 10). E mais uma vez o pescador da Galileia, colocando a sua confiança nesta palavra, deixa tudo e segue aquele que tornou-se o seu Mestre e Senhor. E assim fizeram também Tiago e João, companheiros de trabalho de Simão. Esta é a lógica que guia a missão de Jesus e a missão da Igreja: ir em busca, “pescar” os homens e as mulheres, não para fazer proselitismo, mas para restituir a todos a plena dignidade e liberdade, através o perdão dos pecados. Esta é a essência do cristianismo: espalhar o amor regenerador e gratuito de Deus, com atitude de acolhida e de misericórdia para com todos, para que cada um possa encontrar a ternura de Deus e ter plenitude de vida. E aqui, de forma particular, penso nos confessores: são os primeiros que tem o dever de dar a misericórdia do Pai seguindo o exemplo de Jesus, como fizeram também os dois Frades, pe. Leopoldo e pe. Pio.

O Evangelho de hoje nos desafia: sabemos confiar realmente na palavra do Senhor? Ou nos deixamos desencorajar pelos nossos fracassos? Neste Ano Santo da Misericórdia somos chamados a confortar todos aqueles que sentem pecadores e indignos diante do Senhor e abatidos por seus próprios erros, dizendo-lhes as mesmas palavras de Jesus: “Não temas”. “A misericórdia do Pai é maior que os seus pecados! É maior, não temas!”. Que a Virgem Maria nos ajude a compreender sempre mais que ser discípulos significa colocar os nossos pés nas pegadas deixadas pelo Mestre: são as pegadas da graça divina que regenera vida para todos.

APELO

Com profunda preocupação acompanho a dramática sorte dos povos civis envolvidos nos violentos combates na amada Síria e obrigados a abandonar tudo para fugir dos horrores da guerra. Desejo que, com generosa solidariedade, se dê a ajuda necessária para assegurar-lhes sobrevivência e dignidade, enquanto faço um apelo à Comunidade Internacional para que não economize esforços para levar com urgência à mesa de negociações as partes em causa. Só uma solução política do conflito será capaz de garantir um futuro de reconciliação e de paz àquele querido e martirizado país, pelo qual vos convido a rezar muito; e também agora todos juntos rezemos à Nossa Senhora pela amada Siria: Ave, Maria…

Depois do Angelus 

Beato Pio IX


O Papa Pio IX nasceu na Itália aos 13 de maio de 1792. Seus pais pertenciam à nobreza local e o batizaram com o nome de Giovanni (João) Maria Mastai Ferretti. Em 1809, transferiu-se para Roma a fim de continuar os estudos, sem ter se definido pelo sacerdócio. Sua saúde era muito débil, tanto que, devido a uma enfermidade, teve de abandonar os estudos em 1812, sendo também dispensado do serviço militar obrigatório.

O jovem Mastai teve um encontro com São Vicente Pallotti em 1815, que lhe profetizou o pontificado. Nessa época, João fazia parte da Guarda nobre pontifícia, mas teve que deixá-la por motivo de saúde. A partir daí, a Virgem de Loreto o curou, gradual e definitivamente, da enfermidade.

Mastai resolveu optar pelo estudo eclesiástico em 1816, sendo ordenado sacerdote em 1819. Celebrou sua primeira Missa na igreja de Santa Ana dos Carpinteiros, do Instituto Tata Giovanni, para o qual fora nomeado reitor, permanecendo na função até 1823. Acompanhou o núncio apostólico ao Chile, onde ficou por dois anos.

Aos trinta e seis anos de idade, o sacerdote Giovanni Maria Mastai foi nomeado Bispo e destinado à arquidiocese da cidade de Espoleto, Itália. Durante os anos 1831 e 1832, ocorreram revoluções nas cidades de Espoleto e Ìmola. O então bispo Mastai não quis derramamento de sangue e reparou os destruidores efeitos da violência, com a paz, concedendo o perdão para todos os envolvidos.

Foi nomeado Cardeal em 1840. Na tarde do dia 16 de junho de 1846, o cardeal Mastai, que fugia de todas as honrarias, foi eleito Papa escolhendo o nome Pio IX. Começou seu governo com um ato de generosidade: concedeu uma anistia para delitos políticos e, já em 1847, promulgou um decreto de ampla e surpreendente liberdade de imprensa.

Entre as realizações do seu pontificado, podemos destacar o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas; a definição solene, a 08 de dezembro de 1854, do dogma da Imaculada Conceição; o envio de missionários ao Pólo Norte, Índia, Birmânia, China e Japão; a criação de um Dicastério para as questões relativas aos orientais; a promulgação do 'Syllabus errorum', no qual condenou os erros do Modernismo; a celebração, com particular solenidade, do 18º centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo; a celebração do Concílio Ecumênico Vaticano I, ápice do seu pontificado, iniciado em 1869 e concluído em 1870.


Com a queda de Roma, em 20 de setembro de 1870, e o fim do poder temporal, Pio IX encerrou-se no Vaticano, por se considerar prisioneiro. No dia 07 de fevereiro de 1878, com a sua piedosa morte, chegou ao fim o pontificado mais longo, e um dos mais difíceis da História da Igreja. Pio IX foi um grande Papa, cumpriu sua missão de 'Vigário de Cristo', responsável dos direitos de Deus e da Igreja, foi sempre claro e direto: soube unir firmeza e compreensão, fidelidade e abertura. Com a comprovação de inúmeras graças por intercessão do Papa Pio IX, Giovanni Maria Mastai Ferretti, foi beatificado no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, em Roma.

Zika e Aborto: Outro ponto de vista


A epidemia do Zika vírus e a consequente ameaça aos fetos de ocorrer microcefalia reacendem o debate sobre a legalização do aborto no Brasil. Entrar num diálogo sobre essa questão é tarefa difícil, pois a gravidade da situação não favorece ponderar os diferentes aspectos da problemática. Uma visão imediatista e pragmática, contudo,  sugere resolver  o impasse com  recurso ao aborto. Na prática, não faltará quem induza a essa “prevenção”. 

A microcefalia é uma condição neurológica rara em que a cabeça e o cérebro da criança são significativamente menores do que a de outras da mesma idade e sexo. Seu cérebro não cresce o suficiente durante a gestação ou após o nascimento. Crianças com microcefalia têm problemas de desenvolvimento e não há uma cura definitiva, entretanto, tratamentos realizados desde os primeiros anos podem melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida. Acolher e cuidar de bebês com microcefalia é um ato de amor e acolhimento dos mais indefesos da sociedade. Mesmo assim, não faltam vozes clamando o direito ao aborto para fetos diagnosticados com microcefalia. 

Nesse contexto, não podemos evitar perguntas fundamentais: Quando inicia a vida qualitativamente humana num embrião? O feto é uma pessoa ou apenas um conglomerado de células à mercê da mulher que o carrega no útero?  A partir de que dia, ou momento, o feto pode ser considerado pessoa humana? Para alguns, a vida humana inicia na concepção e, portanto, o aborto seria um crime. Outros entendem que, nas primeiras fases da gestação, não se pode pensar em vida qualitativamente humana. Por isso, o aborto, nos primeiros meses de gravidez, poderia ser autorizado. 

Os dados das ciências biomédicas não identificam um momento definido e aceito consensualmente como o marco inicial da vida humana. A escola genética, contudo, em contraposição à desenvolvimentista, entende o resultado da fecundação como algo vivo; biologicamente diferente do útero materno; uma combinação dos cromossomos com patrimônio genético novo; vida biologicamente humana e individual, com herança genética própria e exclusiva, derivada da combinação dos 23 pares cromossômicos.  Qualquer decisão sobre abortar, portanto, depende de “um” ponto de vista. Não há consenso. Então, como decidir? 

Onze coisas que todo católico deve saber sobre a Quarta-feira de Cinzas


A menos de uma semana para o início da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa, que começa na próxima quarta-feira, 10, recordamos algumas coisas essenciais que todo católico precisa saber para poder viver intensamente este tempo.

1.- O que é a Quarta-feira de Cinzas?

É o primeiro dia da Quaresma, ou seja, dos 40 dias nos quais a Igreja chama os fiéis a converter-se e a preparar-se verdadeiramente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo durante a Semana Santa.

A Quarta-feira de Cinza é uma celebração que está no Missal Romano, o qual explica que no final da Missa, abençoam e impõem as cinzas obtidas da queima dos ramos usadas no Domingo de Ramos do ano anterior.

2.- Como nasceu a tradição de impor as cinzas?

A tradição de impor a cinza é da Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas na cabeça e se apresentavam ante a comunidade com um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.

A Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos quase 400 anos d.C. e, a partir do século XI, a Igreja de Roma impõe as cinzas no início deste tempo.

3.- Por que impõem as cinzas?

A cinza é um símbolo. Sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Diretório sobre a piedade popular e a liturgia:

“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Devem ajudar aos fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal”.

4. O que simbolizam e o que recordam as cinzas?

A palavra cinza, que provém do latim "cinis", representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Esta adotou desde muito cedo um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência.

A cinza, como sinal de humildade, recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).

5.- Onde podemos conseguir as cinzas?

Para a cerimônia devem ser queimados os restos dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estes recebem água benta e logo são aromatizados com incenso. 

Compreendamos a graça de Deus


O Apóstolo escreve aos gálatas com a intenção de fazê-los compreender que a graça de Deus neles atua de tal modo que não mais estão sob a lei. Ao ser proclamada a graça do Evangelho, não faltou quem dentre os judeus, mesmo se dizendo cristão, não tivesse entendido o imenso benefício da graça e teimasse em manter-se sob o jugo da lei que o Senhor Deus impusera não aos servidores da justiça, mas aos servidores do pecado. Esta lei era justa para homens injustos a fim de mostrar-lhes o pecado, mas não para tirá-lo. Nada, com efeito, apaga o pecado a não ser a graça da fé que age pela caridade.

De fato, certos judeus queriam impor aos gálatas, já possuidores da graça, o peso da lei, afirmando de nada lhes aproveitar o Evangelho, a não ser que se deixassem circuncidar e adotassem os outros ritos judaicos puramente carnais.

Por esta razão começaram a suspeitar de Paulo, que lhes havia pregado o Evangelho, julgando-o infiel à doutrina dos outros apóstolos que obrigavam os gentios a viverem como judeus. O apóstolo Pedro cedera ao escândalo de tais homens e deixara-se levar à simulação, como se pensasse, também ele, que aos gentios de nada serviria o Evangelho, se não cumprissem os preceitos onerosos da lei. O apóstolo Paulo afasta-o dessa simulação como conta nesta Carta. Trata-se aqui da mesma questão que na Carta aos Romanos. Contudo nesta última parece haver outra coisa, pois acaba com uma contenda e tranquiliza a situação entre os partidários dos judeus e os gentios que haviam aceitado a fé.

Em nossa Carta, porém, dirige-se àqueles que estavam abalados por causa da autoridade daqueles judeus que os constrangiam aos preceitos da lei. Já haviam começado a dar-lhes crédito, pensando que o apóstolo Paulo não lhes havia pregado toda a verdade por não querer deixá-los circuncidar-se. Por isso começa logo assim: Espanto-me por terdes tão depressa passado daquele que vos chamou à glória de Cristo para um outro evangelho.

Nesta introdução sugeriu em poucas palavras o ponto em questão. Embora na própria saudação, quando diz ser apóstolo, não da parte dos homens nem por homem algum – expressão que não se encontra em nenhuma outra carta – mostre claramente serem esses tais conselheiros não da parte de Deus, mas dos homens; e ser injusto considerá-lo inferior aos outros apóstolos, quanto à autoridade do testemunho evangélico, já que sabia ser apóstolo não da parte de homens nem por um homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai.


Do Comentário sobre a Carta aos Gálatas, de Santo Agostinho, bispo

(Praefatio:PL 35,2105-2107)            (Séc.V)

São Romualdo


O fundador do célebre Mosteiro de Camaldoli tem sua festa litúrgica comemorada a 9 de junho, dia de sua morte, mas a 7 de fevereiro se celebra o aniversário do traslado de seus restos mortais (conservados ainda hoje milagrosamente incorruptos) em Val de Castro, nos arredores de Camaldoli, em Fabiano.

Romualdo nasceu em Ravena, da nobre família dos Onesti. Esse nome, entretanto, não foi honrado devidamente pelo pai, pois este — segundo narram as crônicas — cometeu um crime presenciado involuntariamente por são Romualdo. O jovem ficou tão abalado pelo ocorrido, que decidiu fugir de casa e tornar-se monge na abadia beneditina de Classe, nas proximidades de Ravena.

Eleito abade desse mosteiro, permaneceu pouco tempo no exercício de suas funções. Aproximava-se o fim do milênio, e muitos cristãos acreditavam que o final do mundo iria chegar. Por isso, empreendiam extenuantes peregrinações penitenciais.

Também Romualdo — certamente não porque desse crédito a esse medo irracional — abandonou a tranquilidade da vida monástica e pôs-se a caminho, sem um destino preciso, visto ser por natureza inclinado à vida errática. Onde quer que se detivesse, dava origem a novos mosteiros. Destes, o mais famoso é precisamente o de Camaldoli, até hoje oásis de recolhimento religioso para os que — embora por curto espaço de tempo — desejam escapar do barulho do mundo.

Nesse recanto da província de Arezo, os beneditinos camaldulenses seguem um gênero de vida eremítica que conjuga a austera solidão dos monges orientais com o estilo de vida cenobítica observado no Ocidente pela regra de são Bento.

Contudo, nem mesmo o eremitério de Camaldoli teve o condão de deter o errático monge. Numerosas foram as etapas de seu eterno peregrinar. Renunciou, novamente, à função de abade, que lhe fora confiada pelo imperador Oto III, que o admirava.


Por fim, após haver convencido o pai a tornar-se monge na abadia de São Severo, procurou para si um refúgio mais seguro — primeiramente em Monte Cassino, a seguir em Verghereto, Lemo, Roma, Fontebuona, Valumbrosa e, ao final, Val de Castro, onde o colheu a morte. Mas, mesmo depois desta, como vimos, não teve moradia permanente.