quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O Reino de Deus


Diante do mundo das dúvidas, muitos de nós nos perguntamos e questionamos onde fica o reino de Deus e como ele é. Já ouvimos diversas vezes a expressão “reino de Deus” em cultos cristãos, tendo como foco Jesus, pois Ele é o passaporte do reino dos céus. Ele mesmo falou para os seus  discípulos que era o segredo para ter acesso a esse reino cintilante que não tem fim. Está escrito em João 14,6: ‘’Ninguém vai ao Pai, senão por Mim’’, e outras passagens bíblicas que confirmam isso.

O reino de Deus é algo tão próximo que nem imaginamos. Na verdade somos nós que damos início a esse reino, porque ele está dentro de nós. É através das boas obras e seguindo os ensinamentos de Cristo que edificamos e com o tempo vamos fortalecendo e selando essa obra em nosso coração e transbordando para o nosso meio, ou seja, para o nosso próximo e para o mundo. A ação do Espírito Santo é o guia desse processo magnífico no qual  é Ele que vai orientar a desenvolver e ajudar a semear a presença divina em nossos ambientes, e é através dessa maneira que visualizamos a estrutura do reino à qual está constituída de Deus e, como está contido, estão presentes vários frutos divinos, entre eles: a paz, o amor, o perdão, a simplicidade, a santidade e etc. 

A vida na Líbia sob o Estado Islâmico: amputações, degolas e crucificações públicas


A Líbia desabou no caos em 2011, depois da derrubada do ditador Muamar Kadafi por forças da Otan. Kadafi tinha chefiado o país durante décadas de modo sanguinário – péssimo com ele, mas… incrivelmente, pior ainda sem ele.

Várias facções se engalfinham pelo poder e se autoproclamam as legítimas autoridades sobre porções do país em frangalhos. O cenário de terra de ninguém não foi desperdiçado pelos terroristas do Estado Islâmico (EI), que transformaram algumas partes da Líbia em territórios do seu “califado”.

A maioria dos combatentes do EI na Líbia são estrangeiros da Tunísia, do Iraque e da Síria. A ONU estima que eles sejam de 2 mil a 3 mil. Cerca de 1,5 mil estão na cidade de Sirte, situada na costa, onde a milícia fanática impõe o extremismo da lei islâmica desde as regras de vestuário, segregação nas escolas e policiamento “religioso” até punições que incluem amputações, decapitações e crucificações públicas.


Este cartaz, em imagem divulgada pela rede britânica BBC, diz:

“Instruções para vestir o hijab de acordo com a sharia:

    Deve ser fechado e não revelar nada
    Deve ser folgado (não apertado)
    Deve cobrir todo o corpo
    Não deve ser atraente
    Não deve lembrar as roupas de infiéis ou homens
    Não deve ser ornamentado e chamar a atenção
    Não deve ser perfumado”.

A BBC conseguiu conversar com ex-moradores de Sirte.

Seus relatos são chocantes: 

Papa fala sobre caminho quaresmal e Jubileu


CATEQUESE

Praça de São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e bom caminho de Quaresma!

É belo e também significativo ter esta audiência justamente nesta Quarta-Feira de Cinzas. Começamos o caminho da Quaresma e hoje nos concentramos sobre a antiga instituição do “jubileu”; é algo antigo, atestado na Sagrada Escritura. Nós a encontramos em particular no Livro do Levítico, que a apresenta como um momento culminante da vida religiosa e social do povo de Israel.

A cada 50 anos, “no dia da expiação” (Lv 25, 9), quando a misericórdia do Senhor era invocada sobre todo o povo, o som da trombeta anunciava um grande evento de libertação. Lemos, de fato, no livro do Levítico: “Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação na terra para todos os seus habitantes. Será para vós um jubileu; cada um de vós voltará à sua propriedade e à sua família […] Neste ano do jubileu, cada um voltará à sua propriedade” (25, 10.13). Segundo essas disposições, se alguém era obrigado a vender a sua terra ou a sua casa, no jubileu podia retomar a posse; e se alguém havia contraído débitos e, impossibilitado de pagar, tivesse sido obrigado a colocar-se a serviço do credor, podia tornar-se livre para a sua família e reaver todas as propriedades.

Era uma espécie de “anistia geral”, com a qual se permitia a todos voltar à situação originária, com o cancelamento de todo débito, a restituição da terra e a possibilidade de gozar de novo da liberdade própria dos membros do povo de Deus. Um povo “santo”, onde prescrições como aquela do jubileu serviam para combater a pobreza e a desigualdade, garantindo uma vida digna para todos e uma distribuição equitativa da terra sobre a qual habitar e da qual tirar sustento. A ideia central é que a terra pertence originalmente a Deus e foi confiada aos homens (cfr Gen 1, 28-29), e por isso ninguém pode reivindicar posse exclusiva, criando situações de desigualdade. Hoje, podemos pensar e repensar isso; cada um no seu coração pense se tem muitas coisas. Mas por que não deixar àqueles que não têm nada? Os dez por cento, os cinquenta por cento…Eu digo: que o Espírito Santo inspire cada um de vós.

Com o jubileu, quem tinha se tornado pobre voltava a ter o necessário para viver e quem tinha se tornado rico restituía ao pobre aquilo que lhe havia tomado. A finalidade era uma sociedade baseada na igualdade e na solidariedade, onde a liberdade, a terra e o dinheiro se tornassem um bem para todos e não somente para alguns, como acontece agora, se não estou errado… Mais ou menos, as cifras não são seguras, mas oitenta por cento das riquezas da humanidade estão nas mãos de menos de vinte por cento da população. É um jubileu – e isso o digo recordando a nossa história de salvação – para se converter, para que o nosso coração se torne maior, mais generoso, mais filho de Deus, com mais amor. Digo-vos uma coisa: se este desejo, se o jubileu não chega aos bolsos, não é um verdadeiro jubileu. Entenderam? E isso está na Bíblia! Não é o Papa que inventa isso: está na Bíblia. O objetivo – como disse – era uma sociedade baseada na igualdade e na solidariedade, onde a liberdade, a terra e o dinheiro se tornassem um bem para todos e não para alguns. De fato, o jubileu tinha a função de ajudar o povo a viver uma fraternidade concreta, feita de ajuda recíproca. Podemos dizer que o jubileu bíblico era um “jubileu de misericórdia”, porque vivido na busca sincera do bem do irmão necessitado. 

A purificação espiritual por meio do jejum e da misericórdia


Em todo tempo, amados filhos, a terra está repleta da misericórdia do Senhor (SI 32,5). À própria natureza é para todo fiel uma lição que o ensina a louvar a Deus, pois o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe proclamam a bondade e a onipotência de seu Criador; e a admirável beleza dos elementos postos a nosso serviço requer da criatura racional uma justa ação de graças.

O retorno, porém, desses dias.que os mistérios da salvação humana marcaram de modo mais especial e que precedem imediatamente a festa da Páscoa, exige que nos preparemos com maior cuidado por meio de uma purificação espiritual.

Na verdade, é próprio da solenidade pascal que a Igreja inteira se alegre com o perdão dos pecados. Não é apenas nos que renascem pelo santo batismo que ele se realiza, mas também naqueles que desde há muito são contados entre os filhos adotivos.

É, sem dúvida, o banho da regeneração que nos torna criaturas novas; mas todos têm necessidade de se renovar a cada dia para evitarmos a ferrugem inerente à nossa condição mortal, e não há ninguém que não deva se esforçar para progredir no caminho da perfeição; por isso, todos sem exceção, devemos empenhar-nos para que, no dia da redenção, pessoa alguma seja ainda encontrada nos vícios do passado.

Por conseguinte, amados filhos, aquilo que cada cristão deve praticar em todo tempo, deve praticá-lo agora com maior zelo e piedade, para cumprir a prescrição, que remonta aos apóstolos, de jejuar quarenta dias, não somente reduzindo os alimentos, mas sobretudo abstendo-se do pecado.

A estes santos e razoáveis jejuns, nada virá juntar-se com maior proveito do que as esmolas. Sob o nome de obras de misericórdia, incluem-se muitas e louváveis ações de bondade; graças a elas, todos os fiéis podem manifestar igualmente os seus sentimentos, por mais diversos que sejam os recursos de cada um.

Se verdadeiramente amamos a Deus e ao próximo, nenhum obstáculo impedirá nossa boa vontade. Quando os anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14), proclamavam bem-aventurado, não só pela virtude da benevolência mas também pelo dom da paz, todo aquele que, por amor, se compadece do sofrimento alheio.

São inúmeras as obras de misericórdia, o que permite aos verdadeiros cristãos tomar parte na distribuição de esmolas, sejam eles ricos, possuidores de grandes bens, ou pobres, sem muitos recursos. Apesar de nem todos poderem ser iguais na possibilidade de dar, todos podem sê-lo na boa vontade que manifestam.


Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 6 de Quadragesima, 1-2: PL 54,285-287)            (Séc. V)

A profecia esquecida de Joseph Ratzinger sobre o futuro da Igreja.


A renúncia do Papa Bento XVI suscitou na mídia e em boa parte dos fiéis, especulações acerca de profecias apocalípticas sobre o futuro da Igreja. Dentre elas, a que mais chamou a atenção foi a famosa “Profecia de São Malaquias” que, segundo a lenda, anunciava o fim da Igreja e do mundo ainda neste século.

Apesar dessas previsões catastróficas alimentarem a imaginação de inúmeras pessoas, a verdade é que elas carecem de fundamento e lógica, como já demonstraram vários teólogos, inclusive o estimado monge beneditino, Dom Estevão Bettencourt, na sua revista “Pergunte e Responderemos”.

Mas não é sobre a profecia de São Malaquias que queremos falar aqui. Nossa atenção, devido às circunstâncias, volta-se para as palavras do jovem teólogo da Baviera, Padre Joseph Ratzinger, proferidas há pouco mais de 40 anos, logo após o término do Concílio Vaticano II.

Em um contexto de crise de fé e revolução cultural, o então professor de teologia da Universidade de Tübingen via-se cada vez mais sozinho diante da postura marcadamente liberal de seus colegas teólogos, como por exemplo, Küng, Schillebeeckx e Rahner. Olhando também para os outros setores da Igreja, Padre Ratzinger via nos “sinais dos tempos” um presságio do processo de simplificação que o catolicismo teria de enfrentar nos anos seguintes.

Uma Igreja pequena, forçada a abandonar importantes lugares de culto e com menos influência na política. Esse era o perfil que a Igreja Católica viria a ter nos próximos anos, segundo Ratzinger. O futuro papa estava convencido de que a fé católica iria passar por um período similar ao do Iluminismo e da Revolução Francesa, época marcada por constantes martírios de cristãos e perseguições a padres e bispos que culminaram na prisão de Pio VI e sua morte no cárcere em 1799. A Igreja estava lutando contra uma força, cujo principal objetivo era aniquilá-la definitivamente, confiscando suas propriedades e dissolvendo ordens religiosas.

Apesar da aparente visão pessimista, o jovem Joseph Ratzinger também apresentava um balanço positivo da crise. O teólogo alemão afirmava que desse período resultaria uma Igreja mais simples e mais espiritual, na qual as pessoas poderiam encontrar respostas em meio ao caos de uma humanidade corrompida e sem Deus. Esses apontamentos feitos por Ratzinger faziam parte de uma série de cinco homilias radiofônicas, proferidas em 1969. Essas mensagens foram publicadas em livro sob o título de “Fé e Futuro”.

“A Igreja diminuirá de tamanho. Mas dessa provação sairá uma Igreja que terá extraído uma grande força do processo de simplificação que atravessou, da capacidade renovada de olhar para dentro de si. Porque os habitantes de um mundo rigorosamente planificado se sentirão indizivelmente sós. E descobrirão, então, a pequena comunidade de fiéis como algo completamente novo. Como uma esperança que lhes cabe, como uma resposta que sempre procuraram secretamente” 

Nossa Senhora de Lourdes


Hoje queremos falar de Nossa Senhora de Lourdes, que recebeu este título pelo fato de ter aparecido nesta cidade, localizada na França.

A aparição de Maria aconteceu no dia 11 de fevereiro de 1858, numa tarde úmida e fria. A menina Bernadette, de 14 anos e analfabeta, estava procurando gravetos para o lar e teve o privilégio do encontro com Maria. Ela sentiu-se atraída por uma luz que saía de uma gruta, onde estava uma linda mulher de branco, com faixa azul , terço na mão, que a convidava a rezar.

A quem lhe perguntava como era a Senhora, Bernadette fazia esta descrição: «Tem as feições duma donzela de 16 ou 17 anos. Um vestido branco cingido com faixa azul até aos pés. Traz na cabeça véu igualmente branco, que mal deixa ver os cabelos, caindo-lhe pelas costas. Vem descalça, mas as últimas dobras do vestido encobrem-lhe um pouco os pés. Na ponta de cada um sobressai uma rosa dourada. Do braço direito pende um rosário de contas brancas encadeadas em ouro, brilhante como as duas rosas dos pés».

Como era de se esperar, ninguém acreditou na história de Bernadette, mas as aparições continuaram a se repetir. Em 25 de fevereiro, a Senhora pediu a Bernadette que raspasse um lugar na rocha para beber água. A menina obedeceu, raspou a pedra com as unhas e dali brotou um filete de água: a fonte milagrosa de Lourdes.

Curiosa sobre a identidade da mulher com quem conversava, Bernadette perguntou quem era ela. A resposta veio através da voz calma da Virgem: "Eu sou a Imaculada Conceição".

Preocupados com a história de Bernadette, que dizia ser necessário construir uma capela no local da gruta, as autoridades civis e religiosas acabaram por interditar a gruta de Lourdes.

Mas aparições continuaram até dia 10 de julho de 1858. Ao todo foram 18 aparições. A mensagem de Nossa Senhora de Lourdes consistia no chamado a conversão, oração do terço e principalmente confirmação do Dogma da Imaculada Conceição, tinha sido declarado pela Igreja em 1854.

Maria, Mãe de Lourdes, embora seja inimiga do pecado, é amiga dos pecadores. Ela sabe dos sofrimentos e angústias que abatem sobre aqueles que são esmagados pelo peso dos erros cometidos no dia-a-dia, mas seu convite é sempre o mesmo: o melhor meio de realizar uma vida feliz é o encontro com o caminho do meu Filho Jesus. Reduzida à sua expressão mais simples, a mensagem de Lourdes pode ser sintetizada como a Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores.

Desde 1858 até hoje, contínuas multidões se têm reunido em Lourdes, que se tornou o maior santuário da França. Em 1925, o Papa Pio XI declarou Bernadette bem-aventurada e, em 1933, tornou-a santa. A festa de Nossa Senhora de Lourdes é celebrada hoje, dia 11 de fevereiro. O Santuário que é marco do amor da Mãe que vem nos ajudar, e nele alcançado por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes muitas graças.

É comum encontrarmos em nossas cidades pequenas grutas, construídas pelos devotos de Nossa Senhora de Lourdes. Estes locais são ambientes de oração e fé e mostram a profunda fé de nosso povo na Virgem Maria. Nestas grutas não faltam as imagens de Maria e da pequena Bernadette, além da água cristalina e de flores e folhagens, formando um lugar privilegiado do encontro com Deus.  

ORAÇÃO


Ó Virgem Imaculada de Lourdes, acorremos a vossos pés junto da humilde gruta onde vos dignastes aparecer para indicar aos que se extraviam, o caminho da oração e da penitência, e para dispensar aos que sofrem, as graças e os prodígios da vossa soberana bondade. Recebei, Rainha compassiva, os louvores e as súplicas que os povos e as nações oprimidos pela amargura e pela angústia elevam confiantes a vós. Ó resplandecente visão do paraíso, expulsai dos espíritos - pela luz da fé - as trevas do erro. Ó místico rosário com o celeste perfume da esperança, aliviai as almas abatidas. Ó fonte inesgotável de água salutar com as ondas da divina caridade, reanimai os corações áridos. Fazei que todos nós, que somos vossos filhos por vós confortados em nossas penas, protegidos nos perigos, sustentados nas lutas, nos amemos uns aos outros e sirvamos tão bem ao vosso doce Jesus que mereçamos as alegrias eternas junto a vosso trono no céu. Amém.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Tempo da Quaresma: espiritualidade, liturgia e vivência.


A Santa Quaresma

A Quaresma é um período de quarenta dias de penitência de comida.

Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, prolongando-se até a Quinta-feira Santa, antes da Missa na Ceia do Senhor. A penitência na alimentação prolonga-se até o Sábado Santo ou Grande Sábado, perfazendo exatos quarenta dias.

Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus.

Na Igreja Antiga, este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o Batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã: eles deveriam entregar-se a uma catequese mais intensa e aos exercícios de oração e penitência.

Pouco a pouco, toda a comunidade cristã - isto é, os já batizados em Cristo -, começou a participar também destes exercícios, tanto para unir-se aos catecúmenos, como para renovar em si a graça de seu próprio batismo e o fervor da vida cristã, preparando-se, assim, para a santa Páscoa.

Assim, surgiu a Quaresma: tempo no qual os cristãos, pela purificação e a oração, buscam renovar sua conversão para celebrarem na alegria espiritual a Santa Vigília de Páscoa, na madrugada do Domingo da Ressurreição, renovando suas promessas batismais e participando da Eucaristia pascal, entrando em comunhão com o Ressuscitado dentre os mortos, o Vencedor da Morte, o Cristo nosso Deus.

São as seguintes as práticas da Quaresma:

A oração

Neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos quarenta dias. Pode-se, também, rezar a Via Sacra às sextas-feiras! Ainda é possível, além do terço costumeiro, rezar-se mais um terço, com os mistérios dolorosos.

A penitência

Todos os dias quaresmais (exceto os domingos!) são dias de penitência na alimentação. Aliás, esta é a prática que melhor caracteriza a Quaresma! Sem renúncia ao alimento, não há observância quaresmal.

Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, etc...

Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com ele; também nos ensina a domar nossos instintos. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma. Farão muitíssimo bem!

Recordemo-nos que às sextas-feiras os católicos não devem comer carne; e isto vale para o ano todo!

O jejum consiste numa só refeição completa; as outras duas não devem, juntas, chegar a uma refeição.

A abstinência de carne consiste em não comer carne de animais de sangue quente: mamíferos ou aves, de modo geral.

A esmola

Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados - eis algumas das coisas que se pode fazer neste sentido!

A leitura da Palavra de Deus

Este é um tempo de escuta mais atenta da Palavra santa: o homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra saída da boca de Deus. Seria muitíssimo recomendável ler durante este tempo o Livro do Êxodo ou os Números, ou o Deuteronômio, ou o Profeta Jeremias ou Oséias ou, ainda, a Epístola aos Romanos.

A conversão

“Eis o tempo da conversão!”, diz-nos São Paulo. Que cada um veja um vício, um ponto fraco, que o afasta de Cristo, e procure lutar, combatê-lo nesta Quaresma! É o que a Tradição ascética de Igreja chama de “combate espiritual” e “luta contra os demônios”. Nossos demônios são nossos vícios, nossas más tendências, que precisam ser combatidas.

Os antigos davam o nome de sete demônios principais: a soberba, a avareza, a tristeza (hoje diz-se a inveja), a preguiça, a ira, a gula, a sensualidade. Estes demônios geram outros.

Na Quaresma, é necessário identificar aqueles que são mais fortes em nós e combatê-los! 

O propósito da abstinência e do jejum quaresmal


Há um propósito na mortificação, nas espirituais (orações impostas pelo confessor, esmolas, atos de piedade etc) e nas diversas modalidades corporais (entre as quais, além do cilício e das disciplinas, estão o jejum, a abstinência de carne e outras). Quem as pratica (e todos os católicos são obrigados a determinadas penitências, mínimas, como a abstinência de carne e o jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa) deseja alcançar certos fins: submeter o corpo à alma e a vontade à inteligência; abster-se de coisas lícitas (carne, por exemplo, ou, no caso do cilício, a ausência da dor) para melhor renunciar às ilícitas, i.e., pecaminosas; unir seus próprios sacrifícios pessoais ao Sacrifício de Cristo na Cruz; reparar as consequências dos pecados já perdoados (notem: não é para pagar o pecado, pois ele já foi limpo por Jesus na Cruz e tal perdão se torna presente quando o fiel recebe os sacramentos, sobretudo o Batismo e a Confissão); procurar a santificação não só da alma como do corpo, numa visão integral do ser humano; adquirir disciplina e constância, adestrando a vontade. A aceitação resignada das penas da vida, o cumprimento das penas dadas pelo confessor e a procura de penas livremente (jejuns, abstinências, cilícios, disciplinas) pelo fiel católico não têm absolutamente nada a ver com masoquismo ou desprezo pela matéria. Muito superficial seria tal leitura.