quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Através de figuras, Israel aprendia a temer a Deus e a perseverar em seu serviço


Desde o princípio Deus criou o homem para lhe comunicar seus dons; escolheu os patriarcas, para lhes dar a salvação; ia formando um povo,para ensinar os ignorantes a seguir a Deus; preparava os profetas, para acostumar os homens a serem morada do Espírito e a viverem em comunhão com Deus. Ele, que não precisava de nada, oferecia a comunhão aos que dele precisavam. Para os que lhe eram agradáveis, desenhava, qual um arquiteto, o edifício da salvação; aos que nada viam no Egito, ele mesmo servia de guia; aos que andavam errantes no deserto, dava uma lei perfeita; aos que entravam na terra prometida, concedia uma herança; enfim, para os que voltavam à casa do Pai, matava o vitelo gordo e dava a melhor roupa. Assim, de muitas maneiras, Deus ia preparando o gênero humano em vista da salvação futura.

Eis por que João diz no Apocalipse: Sua voz era como o fragor de muitas águas (Ap 1,15). Na verdade, são muitas as águas do Espírito de Deus, porque é muita a riqueza e grandeza do Pai. E, passando através de todas elas, o Verbo concedia generosamente o seu auxílio a quantos lhe estavam submetidos, prescrevendo uma lei adaptada e adequada a cada criatura.

Deste modo, dava ao povo as leis relativas à construção do tabernáculo, à edificação do templo, à escolha dos levitas, aos sacrifícios e oblações, às purificações e a todo o restante do serviço do altar.

Deus não precisava de nada disso, pois é desde sempre rico de todos os bens, e contém em si mesmo a suavidade de todos os aromas e de todos os perfumes, mesmo antes de Moisés existir. Mas educava um povo sempre inclinado a voltar aos ídolos, dispondo-o, através de muitas etapas, a perseverar no serviço de Deus. Por meio das coisas secundárias chamava-o às principais, isto é, pelas figuras à realidade, pelas temporais, às eternas, pelas carnais, às espirituais, pelas terenas, às celestes, tal como foi dito a Moisés: Farás tudo segundo o modelo das coisas que viste na montanha (Ex 25,40).

 Durante quarenta dias, com efeito, Moisés aprendeu a guardar as palavras de Deus, os sinais celestes, as imagens espirituais e as figuras das coisas futuras. Paulo também disse: Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e esse rochedo era Cristo (1Cor 10,4). E acrescenta ainda, depois de ter falado dos acontecimentos referidos na Lei: Estas coisas lhes aconteciam em figura e foram escritas para nos admoestar e instruir, a nós que já chegamos ao fim dos tempos (1Cor 10,11).

Por meio dessas figuras, portanto, eles aprendiam a temer a Deus e a perseverar em seu serviço. E assim a Lei era para eles, ao mesmo tempo, norma de vida e profecia das realidades futuras.


Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 4,14,2-3;15,1:SCh 100,542.548)

(Séc.II)

Encíclica Humanum Genus, sobre a Maçonaria


ENCÍCLICA
HUMANUM GENUS
DO PAPA LEÃO XIII
 SOBRE A MAÇONARIA


Aos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, e
Bispos do Mundo Católico em Graça e Comunhão com a Sé Apostólica
.

1. O Gênero Humano, após sua miserável queda de Deus, o Criador e Doador dos dons celestes, "pela inveja do demônio," separou-se em duas partes diferentes e opostas, das quais uma resolutamente luta pela verdade e virtude, e a outra por aquelas coisas que são contrárias à virtude e à verdade. Uma é o reino de Deus na terra, especificamente, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; e aqueles que desejam em seus corações estar unidos a ela, de modo a receber a salvação, devem necessariamente servir a Deus e Seu único Filho com toda a sua mente e com um desejo completo. A outra é o reino de Satanás, em cuja possessão e controle estão todos e quaisquer que sigam o exemplo fatal de seu líder e de nossos primeiros pais, aqueles que se recusam a obedecer à lei divina e eterna, e que têm muitos objetivos próprios em desprezo a Deus, e também muitos objetivos contra Deus.

2. Este reino dividido Sto. Agostinho penetrantemente discerniu e descreveu ao modo de duas cidades, contrárias em suas leis porque lutando por objetivos contrários; e com sutil brevidade ele expressou a causa eficiente de cada uma nessas palavras: "Dois amores formaram duas cidades: o amor de si mesmo, atingindo até o desprezo de Deus, uma cidade terrena; e o amor de Deus, atingindo até o desprezo de si mesmo, uma cidade celestial."[1] Em cada período do tempo uma tem estado em conflito com a outra, com uma variedade e multiplicidade de armas e de batalhas, embora nem sempre com igual ardor e assalto. Nesta época, entretanto, os partisans (guerrilheiros) do mal parecem estar se reunindo, e estar combatendo com veemência unida, liderados ou auxiliados por aquela sociedade fortemente organizada e difundida chamada os Maçons. Não mais fazendo qualquer segredo de seus propósitos, eles estão agora abruptamente levantando-se contra o próprio Deus. Eles estão planejando a destruição da santa Igreja publicamente e abertamente, e isso com o propósito estabelecido de despojar completamente as nações da Cristandade, se isso fosse possível, das bênçãos obtidas para nós através de Jesus Cristo nosso Salvador. Lamentando estes males, Nós somos constrangidos pela caridade que urge Nosso coração a clamar freqüentemente a Deus: "Ó Deus, eis que Teus inimigos se agitam; e os que Te odeiam levantaram as suas cabeças. Eles tramam um plano contra Teu povo, e conspiram contra Teus santos. Eles disseram: 'vinde, destruamo-nos, de modo que eles não sejam uma nação'."[2]

3. Em uma crise tão urgente, quando tão feroz e tão forte assalto é feito sobre o nome Cristão, é Nosso ofício apontar o perigo, marcar quem são os adversários, e no máximo de Nosso poder fazer uma barreira contra seus planos e procedimentos, para que não pereçam aqueles cuja salvação está confiada a Nós, e para que o reino de Jesus Cristo confiado a Nosso encargo possa não só permanecer de pé e inteiro, mas possa ser alargado por um crescimento cada vez maior através do mundo.

4. Os Pontífices Romanos nossos predecessores, em sua incessante vigilância pela segurança do povo Cristão, foram rápidos em detectar a presença e o propósito desse inimigo capital tão logo ele saltou para a luz ao invés de esconder-se como uma tenebrosa conspiração; e, além disso, eles aproveitaram e tomaram providências, pois a eles isso competia, e não permitiram a si mesmos serem tomados pelos estratagemas e armadilhas armadas para enganá-los. 

A caridade que une Bento XVI e Francisco


No Ano da Misericórdia, um aniversário que se harmoniza muito bem com o espírito do Jubileu: o de 10 anos da publicação da Deus Caritas Est, a primeira das três encíclicas do papa Bento XVI.

Para a comemoração do aniversário, foi organizado o congresso internacional “A caridade nunca terá fim”, promovido pelo Pontifício Conselho Cor Unum nos dias 25 e 26 de fevereiro na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano. O evento reunirá personalidades eclesiásticas e leigas a fim de examinar e aprofundar as perspectivas teológicas e pastorais da encíclica para o mundo de hoje, particularmente em relação ao trabalho das pessoas envolvidas com o ministério da caridade da Igreja.

No encontro, incluído entre os eventos do Jubileu da Misericórdia, deverão participar, em particular, os representantes das conferências episcopais e organizações católicas internacionais de caridade.

Conforme relatado a Zenit por mons. Giampietro Dal Toso, secretário do Cor Unum, os dois dias de estudos contam com o apoio do papa Francisco, que, de acordo com o espírito da conferência, tem insistido em inúmeras ocasiões, desde a sua primeira homilia como pontífice, na afirmação de que a Igreja católica não é uma “ONG piedosa”.

“Precisamos manter vivo o espírito da Deus Caritas Est, que é mais atual do que nunca”, disse Dal Toso. “Por isso, o foco da nossa conferência não está na ‘memória’, mas na ‘perspectiva’, com uma ampla reflexão sobre a aplicação concreta da encíclica”.

Na abertura da conferência, nesta quinta-feira, 25, às 9h45 do horário de Roma, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, oferecerá uma interpretação teológica da encíclica Deus Caritas Est.

Palestrará ainda Michel Thio, presidente da Confederação Internacional São Vicente de Paulo, bem como Marina Almeida Costa, diretora da Caritas Cabo Verde, e Roy Moussalli, diretor executivo da Sociedade Sírio de Desenvolvimento Social. A sessão vespertina da quinta-feira será aberta por um judeu, o rabino David Shlomo Rosen, diretor internacional de assuntos inter-religiosos do Comitê Judaico Americano, e por um muçulmano, Said Ahmed Khan, professor da Universidade Estadual de Wayne, nos EUA. Eles falarão, respectivamente, da “Perspectiva judaica do amor bíblico” e da “Perspectiva muçulmana da misericórdia”.

A presença desses palestrantes quer ilustrar que “no coração de todas as religiões existe a atenção para com o outro”, disse o secretário do Cor Unum, sublinhando, no entanto, que a “caridade” é um “conceito do Novo Testamento”. 

São Sérgio, mártir


Existem vários santos com o nome de Sérgio. Hoje celebramos aquele que foi martirizado em Cesaréia da Capadócia, no tempo do imperador Diocleciano. São Sérgio vivia no deserto enquanto os cristãos estavam sendo perseguidos e entregando a vida em sacrifício de louvor.

Por ocasião das festas em honra a Júpiter, Saprício, governador da Armênia e da Capadócia, mandou reunir os cristãos no templo dedicado a Júpiter. Obrigou-os a prestar culto ao deus pagão. Movido pelo Espírito Santo para ir à Cesaréia, lá ele encontrou no centro da praça a imagem de Júpiter, considerado como o maior dos deuses entre os pagãos.

Diante da imagem os sacerdotes pagãos acusavam os cristãos e os condenavam, com o motivo de serem eles os culpados da omissão dos deuses diante das necessidades do povo.
Sérgio, o venerado eremita, reprovou com veemência o culto ao ídolo, proclamando a todos que somente o Deus vivo e verdadeiro, Jesus Cristo, o Deus dos cristãos, era digno de todo louvor e adoração.

Foi, então, conduzido perante o governador que o condenou a morte. São Sérgio foi imediatamente decapitado. Os cristãos recolheram seu corpo e uma piedosa senhora sepultou-o em sua própria casa.  


O Pai querido, vós que escolheste São Sérgio para servir os irmãos e irmãs pelo martírio, concedei-nos também ouvir o clamor dos mais sofredores e permita-nos doar um pouco de nossa vida em favor destes pequeninos. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Católicos repudiam imagens blasfemas de santos caracterizados de Mulher Maravilha, Diabinha, Galinha Pintadinha, Batman e Frida, no DF.


Coordenador da comunicação da Arquidiocese de Brasília, o padre João Firmino afirmou ao G1 nesta terça-feira (23) que a Igreja Católica estuda entrar na Justiça contra criadora de estatuetas de santos caracterizados como personagens de histórias em quadrinhos ou artistas – Nossa Senhora, por exemplo, ganhou versões de chifre, Mulher Maravilha, Malévola, Frida Kahlo, David Bowie, Galinha Pintadinha e Minnie. A responsável pela “Santa Blasfêmia”, Ana Smile, disse ter crescido dentro da igreja e afirmou não se considerar cometendo nenhuma infração.

“A gente quer evitar que se intensifiquem coisas que já estão acontecendo, como a artista e a dona da loja sofrendo ameaças. Mas isso [as estatuetas] é realmente uma afronta à fé. Não pela arte, a arte não é uma afronta à fé, mas como ela escolheu manifestar essa arte. Ela pegou várias imagens católicas e manifestou algo que em um primeiro momento até poderia ser divertido, mas é um elemento da fé. Acaba que é uma afronta a nós católicos”, disse.


“Não é só desenhar uma Galinha Pintadinha, o desenho do Chaves, a roupa do Chaves, elementos do Batman. Na foto que saiu no jornal, é a Nossa Senhora com chifre. Tudo isso afronta a nossa fé, machuca aqueles fiéis”, completou.

O padre disse que a posição oficial é de repúdio. “Estamos vendo um jeito de evitar um mal maior. Toda publicidade que faz isso pode levar ao extremismo daqueles que se sentem muito ofendidos com a imagem. Não queremos tornar esse fato como uma manifestação de intolerância religiosa. Tem gente que põe fogo em terreiro de umbanda. Não queremos ninguém invadindo as lojas e quebrando as peças.”

Hilarion: “Os greco-católicos não ouvem a voz do papa”


“Muito foi dito sobre ser este o primeiro encontro da história. Mas eu acho que o mais importante é o conteúdo do encontro”, disse o metropolita Hilarion de Volokolamsk, presidente do departamento de Relações Exteriores do patriarcado ortodoxo russo de Moscou, em entrevista à Interfax-Religion sobre o encontro de 12 de fevereiro entre o papa Francisco e o patriarca Kirill em Havana.

De acordo com Hilarion, a declaração assinada pelos dois representantes religiosos “permanecerá durante muito tempo como um farol que orientará as duas tradições cristãs, a ortodoxa e a católica”. Um farol que ainda está longe de iluminar as relações entre a Igreja ortodoxa russa e Igreja greco-católica da Ucrânia, na opinião do metropolita. Após a reunião de Havana, levantou-se a opinião crítica do arcebispo maiori de Kiev, Sviatoslav Shevchuk, que disse: “Hoje estamos propensos a afirmar que muitos crentes se sentem marginalizados pelo Vaticano”.

A reação do greco-católica, afirma Hilarion, foi “muito negativa, muito ofensiva, não só para nós, mas também para o papa. Estas declarações mostram que a liderança da Igreja greco-católica ucraniana continua a ser fiel, como dizem, ao seu habitual repertório. Eles não estão dispostos a ouvir não apenas a voz do nosso patriarca, mas nem a voz do papa. Eles têm a sua agenda politizada, seus clientes que lhes colocam tarefas concretas, e fazem o que lhes é pedido. Nem mesmo o papa tem autoridade alguma para eles”.

São palavras fortes as de Hilarion, que ainda aumenta a dose dizendo que existe “a ideia de criar uma espécie de comissão para ajudar a resolver o problema do uniatismo”, mas “é difícil imaginar as tarefas específicas desta comissão, especialmente ao se considerar a atitude dos líderes da igreja greco-católica”. Além disso, Hilarion julga que “a sua retórica é agressiva, hostil, insolente, e está em marcado contraste não só com o conteúdo da declaração, mas também com o seu estilo, com a sua mensagem pastoral, com aquele espírito de reconciliação que emana da declaração”.

A questão dos uniatas poderia ser discutida durante uma próxima reunião entre Francisco e Kirill, talvez na Rússia. A este respeito, Hilarion é cauteloso, dizendo apenas que “quando as condições estiverem maduras para outra reunião, então decidiremos quando e onde fazê-la”. 

A cruz de Cristo, medida do mundo


Quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim (Jo 12,32).

Grande número de homens vive e morre sem jamais ter refletido sobre a situação em que se encontra. Aceitam o lhes chega e seguem as suas inclinações até onde as suas oportunidades lho permitem. Guiam-se principalmente pelo prazer e pela dor, não pela razão, pelos princípios ou pela consciência. Também não tentam interpretar este mundo, determinar o que significa ou reduzir o que veem e sentem a um sistema. Mas, quando começam a contemplar a situação aparente em que nasceram – quer pela sua mente reflexiva, quer por curiosidade intelectual –, logo chegam à conclusão de que é um labirinto e uma perplexidade. É um enigma que não conseguem resolver. Parece cheia de contradições e desprovida de qualquer desígnio. O que é, como proceder nela, como é o que é, de que modo se pode começar a entendê-la, qual é o nosso destino, tudo são mistérios.

CHAVE DO MUNDO

Mergulhados nessa dificuldade, alguns compuseram uma filosofia de vida e outros, outra, pensando ter descoberto a chave que lhes permitiria ler aquilo que é tão obscuro.

Dez mil coisas passam diante de nós, uma após a outra, ao longo da vida: que devemos pensar delas? Que cor atribuir-lhes? Devemos vê-las de maneira alegre e gozosa? Ou de maneira melancólica? De maneira desalentada ou esperançosa? Devemos tomá-las levianamente ou conferir gravidade a cada assunto? Devemos tornar maiores as coisas de pouca importância ou tirar peso às de grande importância? Guardar na mente o que foi e passou, olhar para o futuro ou deixar-nos absorver pelo presente?

Como devemos olhar as coisas? Esta é a pergunta que todas as pessoas reflexivas fazem a si mesmas, e cada uma lhe responde a seu modo. Desejam pensar por meio de regras, mediante algo que esteja dentro delas e ao mesmo tempo lhes permita harmonizar e ajustar o que está fora. Essa é a necessidade experimentada pelas mentes reflexivas. Agora, permiti-me que pergunte: Qual é a chave real, qual a interpretação cristã deste mundo? Qual o critério que a Revelação nos dá para avaliar e medir este mundo? E a resposta é: o grande acontecimento deste tempo litúrgico, a Crucifixão do Filho de Deus.

A morte do Verbo eterno de Deus feito carne é a nossa grande lição quanto ao modo como devemos pensar e falar deste mundo. A sua Cruz atribuiu a tudo o que vemos o seu devido peso, a todas as riquezas, a todos os benefícios, a todas as categorias, a todas as distinções, a todos os prazeres; à concupiscência da carne, à concupiscência dos olhos e à soberba da vida. Pesou todas as emoções, as rivalidades, as esperanças, os medos, os desejos, os esforços e os triunfos do homem mortal. Deu significado ao instável e vacilante percurso da vida terrena, às suas provações, tentações e sofrimentos. Reuniu e tornou consistente tudo o que parecia discorde e sem propósito. Ensinou-nos como viver, como usar deste mundo, que aguardar, que desejar, que esperar. É a melodia em que se reúnem e harmonizam todas as dissonâncias da música deste mundo.

PESO E MEDIDA

Olhai à vossa volta e vede o que o mundo vos apresenta tanto de alto como de baixo. Ide à corte dos príncipes. Vede a riqueza e a arte de todas as nações reunidas para honrar o filho de um homem. Observai como os muitos se prostram diante dos poucos. Considerai as formalidades e o cerimonial, a pompa, o luxo, o esplendor – e a vanglória. Quereis saber o valor de tudo isso? Olhai para a Cruz de Cristo.

Ide ao mundo da política: vede a inveja que opõe nação a nação, a competição entre uma economia e outra, exércitos e frotas enfrentados uns com os outros. Examinai os diversos estamentos da sociedade, os seus partidos e as suas contendas, as aspirações dos ambiciosos e as intrigas dos astutos. Qual é o fim de toda essa agitação? A sepultura. Qual é a sua medida? A Cruz.

Ide também ao mundo do intelecto e da ciência: considerai as maravilhosas descobertas feitas pela mente humana, a variedade de artes que essas descobertas fizeram surgir, os quase milagres pelas quais demonstra o seu poder, e considerai a seguir o orgulho e a autoconfiança da razão, e a absorção do pensamento em objetos transitórios, que é a sua conseqüência. Quereis julgar retamente tudo isso? Olhai para a Cruz.

Mais ainda: vede a miséria, vede a pobreza e a indigência, vede a opressão e o cativeiro; ide para onde o alimento é escasso e a moradia insalubre. Considerai a dor e o sofrimento, as doenças longas ou agudas, tudo o que é pavoroso e repugnante. Quereis saber que peso têm todas essas coisas? Olhai para a Cruz.

Por isso, todas as coisas convergem para a Cruz – e para Aquele que dela pende –; todas as coisas lhe estão subordinadas, todas as coisas necessitam dela. É o seu centro e a sua interpretação. Pois Ele foi levantado sobre ela para que pudesse atrair a si todos os homens e todas as coisas. 

Padre Lombardi deixa a direção geral da Rádio Vaticano, após 25 anos


Troca de guarda na Rádio Vaticano: depois de 25 anos de serviço, o padre Federico Lombardi deixa a direção geral, conforme anúncio feito pela Secretaria de Comunicação da Santa Sé. Não é especificada nenhuma data, mas fontes internas apontam o próximo dia 29 de fevereiro.

O padre Lombardi, que permanecerá como diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, foi nomeado diretor dos programas da rádio em 15 de janeiro de 1991; em 2005, passou a ser o diretor geral da emissora, dando continuidade à longa tradição de jesuítas no comando da Rádio Vaticano – desde a sua fundação, há 84 anos, por desejo de Pio XI, que a lançou com a mensagem radiofônica “Qui arcano Dei” em 12 de fevereiro de 1931, a rádio foi confiada à Companhia de Jesus.

O fim da direção do padre Lombardi encerra uma era, levado a rádio do papa para o comando da Secretaria de Comunicação, da qual dom Dario Edoardo Viganò é o prefeito.

Junto com o jesuíta, expira também o mandato de Alberto Gasbarri como diretor administrativo – ele se aposentou, além disso, do cargo de organizador das viagens papais. No lugar dos dois, informa a nota da mesma Secretaria para a Comunicação, não serão nomeadas “análogas figuras dirigentes”, mas um representante legal e um gerente do escritório administrativo.

Quem assume por agora é Giacomo Ghisani, atualmente diretor adjunto da direção geral da Secretaria de Comunicações e “grande conhecedor” da realidade da rádio, onde trabalhou durante muitos anos como chefe do departamento jurídico e de relações internacionais.

A equipe responderá a Ghisani nas questões administrativas. Quanto às atividades editoriais e à situação das diversas redações linguísticas, a referência será o padre Andrzej Majewski, polonês, atual diretor dos programas. No tocante aos aspectos tecnológicos, incluindo compras e projetos de desenvolvimento, a responsabilidade passa a ser do engenheiro Sandro Piervenanzi.