No Ano da Misericórdia, um aniversário que se
harmoniza muito bem com o espírito do Jubileu: o de 10 anos da publicação da
Deus Caritas Est, a primeira das três encíclicas do papa Bento XVI.
Para a comemoração do aniversário, foi organizado o
congresso internacional “A caridade nunca terá fim”, promovido pelo Pontifício
Conselho Cor Unum nos dias 25 e 26 de fevereiro na Sala Nova do Sínodo, no
Vaticano. O evento reunirá personalidades eclesiásticas e leigas a fim de
examinar e aprofundar as perspectivas teológicas e pastorais da encíclica para
o mundo de hoje, particularmente em relação ao trabalho das pessoas envolvidas
com o ministério da caridade da Igreja.
No encontro, incluído entre os eventos do Jubileu
da Misericórdia, deverão participar, em particular, os representantes das
conferências episcopais e organizações católicas internacionais de caridade.
Conforme relatado a Zenit por mons. Giampietro Dal
Toso, secretário do Cor Unum, os dois dias de estudos contam com o apoio do
papa Francisco, que, de acordo com o espírito da conferência, tem insistido em
inúmeras ocasiões, desde a sua primeira homilia como pontífice, na afirmação de
que a Igreja católica não é uma “ONG piedosa”.
“Precisamos manter vivo o espírito da Deus Caritas
Est, que é mais atual do que nunca”, disse Dal Toso. “Por isso, o foco da nossa
conferência não está na ‘memória’, mas na ‘perspectiva’, com uma ampla reflexão
sobre a aplicação concreta da encíclica”.
Na abertura da conferência, nesta quinta-feira, 25,
às 9h45 do horário de Roma, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da
Congregação para a Doutrina da Fé, oferecerá uma interpretação teológica da
encíclica Deus Caritas Est.
Palestrará ainda Michel Thio, presidente da
Confederação Internacional São Vicente de Paulo, bem como Marina Almeida Costa,
diretora da Caritas Cabo Verde, e Roy Moussalli, diretor executivo da Sociedade
Sírio de Desenvolvimento Social. A sessão vespertina da quinta-feira será
aberta por um judeu, o rabino David Shlomo Rosen, diretor internacional de assuntos
inter-religiosos do Comitê Judaico Americano, e por um muçulmano, Said Ahmed
Khan, professor da Universidade Estadual de Wayne, nos EUA. Eles falarão,
respectivamente, da “Perspectiva judaica do amor bíblico” e da “Perspectiva
muçulmana da misericórdia”.
A presença desses palestrantes quer ilustrar que
“no coração de todas as religiões existe a atenção para com o outro”, disse o
secretário do Cor Unum, sublinhando, no entanto, que a “caridade” é um
“conceito do Novo Testamento”.
Outro objetivo da conferência é o de superar o
preconceito segundo o qual “as religiões são uma fonte de conflito” em vez de
“purificação”: o conflito surge, essencialmente, da “exploração da religião”,
observa mons. Dal Toso.
A perspectiva antropológica da caridade e do seu
valor para o homem moderno será abordada pelo filósofo franco-tunisiano Fabrice
Hadjadj, diretor do Instituto Philantropos, que falará no final da tarde.
O segundo dia será aberto pelo cardeal Luis Antonio
Tagle, arcebispo de Manila e presidente da Caritas Internationalis, que tratará
da importância da Deus Caritas Est para o serviço da caridade da Igreja hoje.
Seguirão os testemunhos de Alejandro Marius,
presidente a Asociación Civil Trabajo y Persona, da Venezuela, e Eduardo
Almeida, representante, no Paraguai, do Banco Interamericano de
Desenvolvimento.
Ao meio-dia, os participantes serão recebidos em
audiência pelo papa Francisco no Palácio Apostólico. Na parte da tarde, haverá
espaço para as intervenções do rev. prof. Paolo Asolan, da Pontifícia
Universidade Lateranense, e do prof. Rainer Gehrig, da Universidade Católica de
Murcia, Espanha.
“O objetivo do congresso é também estimular a
reflexão sobre o tipo de pessoa que queremos promover e, portanto, o tipo de
desenvolvimento a ser favorecido”, enfatizou Dal Toso.
Por sua vez, o subsecretário do Cor Unum, mons.
Tejado Muñoz, recordou que a Igreja não é uma associação filantrópica e que as
suas organizações de caridade estão sempre presentes nos locais concretos,
inclusive em situações de emergência e desastres, com seus operadores “sofrendo
junto com as pessoas que sofrem”. Vive-se, desta forma, o princípio de que o
verdadeiro cristão “toca a carne de Cristo em cada um que sofre”.
A moderação das duas sessões da manhã será confiada
a Martina Pastorelli, presidente da Catholic Voices Itália; as sessões da tarde
serão moderadas pelo prof. Luca Tuninetti, professor da Pontifícia Universidade
Urbaniana.
Os dois dias de conferência se encerrarão, ambos,
na igreja de Santa Maria della Pietà, no Cemitério Teutônico, dentro da Cidade
do Vaticano, com a celebração da Eucaristia: no dia 25 de fevereiro, a missa
será presidida pelo cardeal Paul Josef Cordes, presidente emérito do Cor Unum;
no dia 26, pelo cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto
Divino e a Disciplina dos Sacramentos – ele também foi, de 2010 a 2014,
presidente do Cor Unum.
O congresso será inteiramente transmitido pelo site
do Pontifício Conselho Cor Unum.
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ZENIT
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