quarta-feira, 2 de março de 2016

Santa Inês da Boêmia (Praga)


Santa Inês da Boêmia nasceu em 1208. Pertencia à família real. Otocaro I, seu pai, era rei da Boêmia. Foi educada por monges. Recusou-se a casar com Frederico II, imperador da Alemanha, para isso contando com o apoio do papa Gregório IX.

Foi uma mulher ativa e preocupada com os problemas de seu tempo. Dedicou-se de corpo e alma ao serviço dos pobres, fundando para eles um hospital. Estabeleceu ali a pobreza absoluta, renunciando às rendas e vivendo de esmolas e doações. Incentivou e apoiou os Franciscanos e as Clarissas. Para eles fundou dois mosteiros.

Santa Clara, a quem devotava grande amizade, escreveu-lhe numerosas cartas e chamava-a de "metade de minha alma".

Numa das cartas, Santa Clara dizia à Santa Inês:

“Eu me alegro de verdade, e ninguém vai poder roubar-me esta alegria, porque já alcancei o que desejava abaixo do céu: vejo que você, sustentada por maravilhosa sabedoria da própria boca de Deus, já superou astúcias do esperto inimigo: o orgulho que perde a natureza humana e a vaidade que torna estultos os corações dos homens. Vejo que são a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que a levaram a abraçar o tesouro incomparável escondido no campo do mundo e dos corações humanos, com o qual compra-se aquele por quem tudo foi feito do nada. Eu a considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus, sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável”.

Santa Inês ingressou, mais tarde, no convento das Clarissas, por ela própria fundado, onde foi nomeada abadessa.

Morreu no dia 2 de março de 1282 em Praga, onde nasceu.  

ORAÇÃO


Deus, nosso Pai, em vosso Filho Jesus nos revelastes vossa face cheia de misericórdia, de ternura e de amor. Nós vos agradecemos e vos louvamos por nos ter dado Jesus como nosso irmão, Deus-conosco para sempre. Exultamos de alegria, porque as vossas promessas se cumpriram; já experimentamos aqui as alegrias do vosso Reino de justiça e de paz. Por isso, repetimos as palavras do Apóstolo: “Vede que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos”. Santa Inês, que se consagrou inteiramente a vós e ao serviço dos necessitados, interceda para que a fraternidade se estabeleça na terra. Amém!

terça-feira, 1 de março de 2016

O silêncio de Cristo


Uma antiga lenda norueguesa narra este episódio sobre um homem chamado Haakon, que cuidava de uma ermida à qual muita gente vinha orar com devoção. Nesta ermida havia uma cruz muito antiga, e muitos vinham ali para pedir a Cristo que fizesse algum milagre.

Certo dia, o eremita Haakon quis também pedir-lhe um favor. Impulsionava-o um sentimento generoso. Ajoelhou-se diante da cruz e disse:

– Senhor, quero padecer por vós. Deixai-me ocupar o vosso lugar. Quero substituir-vos na Cruz.

E permaneceu com o olhar pendente da cruz, como quem espera uma resposta.

O Senhor abriu os lábios e falou. As suas palavras caíam do alto, sussurrantes e admoestadoras:

– Meu servo, cedo ao teu desejo, mas com uma condição.

– Qual é, Senhor?, perguntou com acento suplicante Haakon. É uma condição difícil? Estou disposto a cumpri-la com a tua ajuda!

– Escuta-me: Aconteça o que acontecer, e vejas tu o que vires, deves guardar sempre o silêncio.

Haakon respondeu:

– Prometo-o, Senhor!

E fizeram a troca sem que ninguém o percebesse. Ninguém reconheceu o eremita pendente da cruz; quanto ao Senhor, ocupava o lugar de Haakon. Durante muito tempo, este conseguiu cumprir o seu compromisso e não disse nada a ninguém. 

Espanha: por que um homossexual que vive com outro homem não pode ser padrinho de batismo?


Ante as diversas informações divulgadas na mídia acerca do impedimento que uma pessoa homossexual tem para que seja padrinho de batismo, a Arquidiocese de Sevilha (Espanha) indicou ao Grupo ACI que “ser homossexual não é um impedimento”, mas neste caso o candidato não conta com “os requisitos necessários para sê-lo”, pois convive com outro homem.

Trata-se de Salvador Alférez, a quem um pároco da Igreja de Santa Cruz em Écija (Sevilha) recentemente negou a possibilidade de ser o padrinho de batismo de seu sobrinho.

Nesse sentido, a Arquidiocese declarou ao Grupo ACI que “ser padrinho não é um direito, mas uma responsabilidade da Igreja e que esta concede a algumas pessoas que cumprem uma série de requisitos, segundo o Cânon 874 de Direito Canônico”.

A Arquidiocese de Sevilha explicou que esses requisitos estão relacionados “com levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai assumir”. E o fato de que Alférez conviva com uma pessoa do mesmo sexo é “uma situação que a Igreja considera irregular”.

Esta condição “é considerada um impedimento para certas responsabilidades na Igreja” como a missão de ser padrinho de batismo.

“A situação em que vive não é considerada congruente com a fé e com a missão que vai assumir”, pontuam. 

O que a oração pede, o jejum o alcança e a misericórdia o recebe


Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente.

O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.

Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja sensível à fome dos outros quem deseja que Deus
seja sensível à sua; seja misericordioso quem espera alcançar misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros aquilo que pede para si.

Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia;deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza.

Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração,jejum, misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.

Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não saber apreciá-lo; imolemos nossas almas pelo jejum, pois nada melhor podemos oferecer a Deus como ensina o Profeta: Sacrifício agradável a Deus é um espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado (cf. Sl 50,19).

Homem, oferece a Deus a tua alma, oferece a oblação do jejum, para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que ao mesmo tempo permanece em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus não tem desculpa, porque todos podem se oferecer a si mesmos.

Mas, para que esta oferta seja aceita por Deus, a misericórdia deve acompanhá-la; o jejum só dá frutos se for regado pela misericórdia, pois a aridez da misericórdia faz secar o jejum. O que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por mais que cultive o coração, purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua não colherá frutos se não abrir as torrentes da misericórdia.

Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo se jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás. 


Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo
(Sermo 43: PL 52,320.322)

(Séc.IV)

O dia em que três papas renunciaram (!)


Uma das épocas mais turbulentas de toda a história da Igreja nos reafirma:
“As portas do inferno não prevalecerão sobre ela”

Quando Gregório XII foi eleito para o pontificado, após a morte de Inocêncio VII em 1406, havia em Avignon, na França, outra pessoa que afirmava ser papa.

Embora reclamasse falsamente o papado, o antipapa francês estava criando uma grande confusão na Igreja. Quando foi eleito, Gregório XII concordou em renunciar caso o antipapa francês fizesse o mesmo, permitindo, assim, que a Igreja elegesse um novo pontífice. Depois de muitos anos de impasse, apareceu um segundo antipapa. No final, a situação se resolveu quando Gregório XII autorizou o Concílio de Constança e renunciou.

O Concílio de Constança começaria em 5 de novembro de 1414: o único dia em toda a história em que se diz que três papas renunciaram, e no qual teve fim, formalmente, o grande Cisma do Ocidente. É necessário precisar, no entanto, que só um dos “três papas” era verdadeiro; os outros dois eram antipapas. 

Santo Albino, bispo de Angers


Temos oito santos com o nome de Albino. Hoje celebramos Albino, bispo de Angers. Santo Albino nasceu em quatrocentos e sessenta e nove, em Vannes, na Bretanha. Era filho de uma família de nobres.

Tornou-se monge, sendo mais tarde escolhido para abade do mosteiro de Tintillant. Por trinta e cinco anos dirigiu a abadia. Para tornar-se monge teve que abandonar títulos e uma rica herança.

Já era um sexagenário quando foi nomeado bispo de Angers, na França.

Foi sagrado por Melânio, bispo de Rennes. Fez-se o pai e irmão dos pobres, dos humildes, dos injustiçados. Trabalhou incansavelmente pela moralização dos costumes, opondo-se às ligações incestuosas dos ricos senhores que tomavam como esposas as próprias irmãs ou filhas. Para combater este costume condenado pela Igreja, São Albino convocou dois concílios regionais.

A piedade popular atribui-lhe fatos miraculosos, como o desmoronamento das portas da prisão, a libertação dos encarcerados e a morte de um soldado com um único sopro de sua boca. Foi, sem dúvida, um dos santos mais populares da Idade Média.

Santo Albino faleceu no dia primeiro de março de quinhentos e cinqüenta. Seis anos depois de sua morte já lhe foi construída uma igreja em Angers, e sua fama de santidade espalhou-se rapidamente. 

ORAÇÃO


Ó Deus, que aos vossos pastores associastes Santo Albino, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Jornal do Vaticano se pronuncia sobre o Oscar de Spotlight e “mensagem” do produtor ao Papa


O jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, se pronunciou sobre o triunfo do filme Spotlight na premiação do Oscar e a mensagem que um de seus produtores dirigiu ao Papa Francisco ao receber o prêmio por melhor filme do ano.

“Este filme deu voz aos sobreviventes. E este Oscar amplifica essa voz, a qual esperamos que se converta em um coro que chegue até o Vaticano. Papa Francisco, é hora de proteger as crianças e restabelecer a fé”, disse o produtor Michael Sugar ao receber o prêmio.

O filme Spotlight trata sobre a investigação jornalística que revelou o escândalo de abusos sexuais na Arquidiocese de Boston, Estados Unidos, em 2002. Além do Oscar de melhor filme, ganhou o prêmio de melhor roteiro original.

Em um artigo assinado por Lucetta Scaraffia, LOR explica que o filme Spotlight não ataca à fé católica e inclusive considera como um sinal positivo que seus produtores confiem na gestão do Papa Francisco acerca deste tema delicado.

Spotlight “não é anticatólico como escreveram, pois expressa a comoção e a profunda dor que os fiéis enfrentam ao descobrir estas realidades terríveis”, indica Scaraffia.

Entretanto, esclarece que a narrativa do filme “não aprofunda na longa e perseverante batalha que Joseph Ratzinger, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e como Papa, empreendeu contra a pedofilia na Igreja”.

Scaraffia admite que “um filme não pode contar tudo” e “as dificuldades que Ratzinger enfrentou somente confirmam o tema do filme, que é que com muita frequência as instituições eclesiásticas não souberam reagir com a determinação necessária para enfrentar estes crimes”. 

A quantas anda o diálogo com os lefebvrianos?


Tem dado bastante “pano para a manga”, nos últimos anos, a delicada reaproximação entre a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX) e a Igreja de Roma. O papa Bento XVI levantou a excomunhão em 2009, mas a posição dos membros da fraternidade fundada por dom Marcel Lefebvre continua irregular.

Eles ainda não aceitam a Novus Ordo da liturgia, o ecumenismo e a liberdade religiosa, mas o novo gesto de abertura do papa Francisco representa um novo passo para o reconhecimento canônico: para o Jubileu, o Santo Padre sancionou a validade da recepção dos sacramentos da confissão e da unção dos enfermos administrados por sacerdotes lefebvrianos.

Para saber mais sobre a situação atual da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, Zenit entrevistou mons. Guido Pozzo, secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, criada em 1988 por São João Paulo II com o objetivo principal de iniciar um diálogo com os lefebvrianos, a fim de, algum dia, conseguir a sua plena reintegração.

***

ZENIT: Excelência, em 2009, o papa Bento XVI levantou a excomunhão que se aplicava à Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. Isto significa que eles estão de novo em comunhão com Roma?

Desde que Bento XVI levantou a excomunhão dos bispos da FSSPX (2009), eles não estão mais sujeitos a esta grave punição eclesiástica. Com esta medida, no entanto, a FSSPX ainda está em uma posição irregular, porque não recebeu o reconhecimento canônico da Santa Sé. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canônica na Igreja, os seus ministros não exercem de modo legítimo o ministério e a celebração dos sacramentos. De acordo com a fórmula empregada pelo então cardeal Bergoglio em Buenos Aires e confirmada pelo papa Francisco à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, os membros da FSSPX são católicos a caminho da plena comunhão com a Santa Sé. Esta plena comunhão acontecerá quando houver o reconhecimento canônico da Fraternidade.

ZENIT: Quais foram as medidas tomadas pela Santa Sé ao longo destes sete anos para promover a reaproximação da Fraternidade São Pio X?

Depois da remissão da excomunhão, em 2009, foi iniciada uma série de reuniões de caráter doutrinal entre os peritos designados pela Congregação para a Doutrina da Fé, que está intimamente ligada à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei desde o motu proprio Unitatem Ecclesiae, de Bento XVI (2009), e os especialistas da FSSPX para discutir as principais questões doutrinais subjacentes à controvérsia com a Santa Sé: a relação entre Tradição e Magistério, a questão do ecumenismo, do diálogo inter-religioso, da liberdade religiosa e da reforma litúrgica, no contexto dos ensinamentos do concílio Vaticano II.

Essa discussão, que durou cerca de dois anos, tornou possível clarificar as posições teológicas e destacar os pontos de convergência e divergência.

Nos anos seguintes, as conversas doutrinais continuaram com algumas iniciativas orientadas ao aprofundamento e à precisação das questões em discussão. Ao mesmo tempo, os contatos entre os superiores da Comissão Ecclesia Dei e o superior e outros membros da FSSPX que têm favorecido o desenvolvimento de um clima de confiança e de respeito mútuo, que deve estar na base de um processo de reaproximação. É preciso superar as desconfianças e endurecimentos que são compreensíveis depois de tantos anos de fratura, mas que podem ser gradualmente dissipados se a atitude recíproca mudar e se as divergências não forem consideradas como muros intransponíveis, e sim como pontos de discussão que merecem ser aprofundados e desenvolvidos a fim de se chegar a um esclarecimento proveitoso para toda a Igreja. Estamos agora numa fase que eu considero construtiva e orientada para se alcançar a desejada reconciliação. O gesto do papa Francisco de conceder que os fiéis católicos recebam válida e licitamente dos bispos e padres da FSSPX o sacramento da reconciliação e da unção dos enfermos durante o Ano Santo da Misericórdia é, claramente, o sinal da vontade do Santo Padre de favorecer o caminho para o reconhecimento canônico pleno e estável.