segunda-feira, 7 de março de 2016

3ª Dor de Nossa Senhora: Perda e encontro de Jesus no Templo


1. Maria perde a venturosa presença de Jesus 

Que nossa perfeição consiste na paciência, é aviso que nos dá o apóstolo S. Tiago. "A paciência efetua uma obra perfeita, para que perfeitos e íntegros sejais, em nada deficientes" (1, 4). Deu-nos o Senhor como um exemplo de perfeição a Virgem Maria. Por conseguinte, A acumulou de padecimentos, para que assim nós pudéssemos nEla admirar e imitar a heróica paciência. Uma das maiores dores de Sua vida foi esta que hoje vamos meditar: a perda de Seu Filho no templo. Quem é cego de nascença, pouco sente a privação da luz do dia. Mas quem já teve vista e gozou da luz, muito sofre vendo-se dela privado pela cegueira. O mesmo se dá com as almas que estão espiritualmente cegas por causa do pó das coisas deste mundo. 

Pouco conhecem a Deus e pouco sentem a pena de não O encontrar. Mas aquele que, iluminado pela luz celeste, foi achado digno de gozar simultaneamente do amor e da presença do Sumo Bem, oh! esse sofre amargamente, quando se vê privado de tudo isso. Por aí meçamos quanto foi dolorosa para Maria essa terceira espada de dor. Estava acostumada à contínua alegria da dulcíssima presença de Seu Jesus, e eis que agora o perde em Jerusalém e dEle se vê longe, durante três dias. Conforme S. Lucas, costumava a bem-aventurada Virgem ir com José, Seu esposo, e com Jesus visitar todos os anos o templo, por ocasião da festa da Páscoa. Foi então que Jesus, já na idade de doze anos, ficou-Se em Jerusalém sem que Maria O percebesse. Julgava-O na companhia de outras pessoas, mas, não O encontrando à tarde do primeiro dia de jornada, depois de haver perguntado por Ele, voltou imediatamente à cidade para procurá-lO. Finalmente, depois de três dias de ansiedade, O encontrou no templo.

Meditemos qual deve ter sido a aflição dessa atribulada Mãe durante esses três dias. Em toda parte perguntava por Ele, com as palavras dos Cânticos: Vós porventura não vistes aquele a quem ama a minha alma? (3, 3). Mas perguntava em vão. Rubem lastimava-se por causa de seu irmão José:O menino não está mais aqui e para onde irei agora? (Gn 37, 30). Exausta de fadiga, sem encontrar Seu amado Filho, com quanto maior ternura Maria tinha de Se lastimar: Meu Jesus não aparece, e eu não sei mais o que fazer para O encontrar; aonde irei, sem o Meu tesouro?       

Das lágrimas que derramou durante esses três dias, podia então dizer o mesmo que Davi dizia das suas: Minhas lágrimas foram para mim o pão, dia e noite; enquanto se me diz todos os dias: Onde está o teu Deus? (Sl 41, 4).

Mui judiciosamente Pelbarto faz observar que a aflita Mãe não dormiu naquelas noites, passando-as em pranto e rogos para que Deus A fizesse achar o Filho. Freqüentemente dirigia-Se ao Filho, diz Vulgato Bernardo, e gemia com as palavras dos Cânticos: Dize-me onde descansas pelo meio-dia, para que eu não ande como uma desnorteada (1,6). Meu Filho, dize-Me onde estás, a fim de que Eu cesse de errar à Tua procura, em vão. 

2. Grandeza desta dor 

a) pela ausência de Jesus. - Há quem diga que essa dor não só foi uma das maiores, senão que foi a maior e mais acerba de todas as dores na vida de Nossa Senhora. E não falha razão a esse parecer. Em primeiro lugar, Maria nas outras dores tinha Jesus consigo. Padeceu amargamente pela profecia de Simeão no templo. Padeceu na fugida para o Egito, mas sempre com Jesus. Na presente dor, porém, sofreu longe de Jesus e sem saber onde Ele estaria. Desfeita em lágrimas, suspirava por isso com o Salmista: Até a luz dos meus olhos não a tenho (Sl 37, 11). 

Ai de mim! a luz dos meus olhos, o meu caro Jesus, não está comigo, vive longe de mim, e nem sei onde. Pelo amor que tinha a Seu Filho, diz Vulgato Orígenes, essa Mãe Santíssima sofreu mais na perda de Seu Jesus, que qualquer mártir no padecimento da morte. Que longos foram esses três dias para Maria, a quem eles pareciam três séculos. Dias cheios de amarguras, em que nada a podia consolar! Quem me poderá consolar? suspirava com Jeremias. "Por isso eu choro e os meus olhos derramam rios de lágrimas, porque se alongou de mim o consolador" (Jr 1,16). Queixava-Se sempre com Tobias: Que alegria poderei eu ter, eu que sempre estou em trevas, e que não vejo a luz do céu? (5, 12).            

b) Pela ignorância do motivo da ausência. - Razão e finalidade das outras dores compreendia-as a Virgem Maria, sabendo que eram a redenção do mundo e a vontade de Deus. Nesta, porém, ignorava a causa da ausência de Seu Filho. Sofria a Mãe dolorosa vendo-Se privada de Jesus, diz Landspérgio, porque em Sua humildade Se julgava indigna de estar ao lado dEle e tomar conta de um tão grande tesouro.

Pensava talvez: Quem sabe se não O servi como devia? se cometi alguma negligência que tenha motivado a Sua partida? Orígenes escreve: Maria e José receavam que Jesus os tivesse abandonado. Não há, certamente, pena mais cruciante para uma alma amante de Deus, do que o receio de O haver desgostado. Por isso, somente nesta dor é que ouvimos Maria queixar-Se. Tendo achado Jesus, amorosamente Lhe perguntou: Filho, por que fizeste assim conosco? Olha que teu pai e eu te buscamos aflitos! (Lc 2, 48) Essas palavras não encerram censura, como pretendem blasfemamente os hereges. Revelam apenas a intensa dor que a mãe experimentou na ausência do amado Filho. Dionísio Cartuxo também as considera como amorosa queixa e não como censura.  

Pedagogia Litúrgica para o mês de Março de 2016: "Misericórdia e Ressurreição".


Misericórdia

O acolhimento é a primeira característica da misericórdia! É com este pensamento que iluminamos a pedagogia litúrgica deste mês de março. Isto se faz presente no 4º Domingo da Quaresma, que proclama uma das parábolas mais conhecidas de Jesus: aquela do Pai misericordioso que, em sua infinita misericórdia, acolhe o filho pródigo. No contexto do Ano Santo da Misericórdia, é uma Liturgia para ser celebrada na alegria da proximidade da Páscoa e com o coração aberto para perceber a infinita misericórdia do Pai. Uma celebração que enfatizará a paciência do Pai e o seu acolhimento como notas concretas de quem quer se tornar misericordioso como o Pai é misericordioso.

Depois, vem o encerramento dos Domingos Quaresmais que, sempre no contexto do Ano da Misericórdia, relata o encontro de Jesus com uma mulher surpreendida em adultério (5DQ-C). A cena de Jesus diante de uma mulher apanhada em adultério acontece logo depois de Jesus ter passado a noite em oração. Entrar no espaço da oração por longo tempo é condição para modelar um coração misericordioso que, longe de condenar e lapidar, oferece a proposta de um novo caminho: “vai e não peques mais”. A misericórdia divina não se equipara com a rigidez da lei que condena à morte, mas sempre com a Lei divina do amor, que se coloca a favor da vida, promovendo a vida através da proposta de novos caminhos; caminhos distantes do pecado.

Semana Santa

A Semana Santa, que iniciamos com as celebrações do Domingo de Ramos, é um tempo especial para todos os cristãos. Para nós, católicos, a celebraremos no contexto do Ano Santo da Misericórdia, de onde a celebração deste Domingo, também conhecido como "Domingo da Paixão", destacando o convite para contemplarmos a misericórdia divina, manifestada na Paixão de Jesus. Um convite para avaliar a grandeza do amor misericordioso de nosso Deus em favor de toda a humanidade. Jesus entra na cidade para manifestar a misericórdia divina, destacando três aspectos oblativos da vida de Jesus na Eucaristia, na Cruz e na Ressurreição.

Cristo, sumo-sacerdote, é a nossa propiciação


Uma vez por ano o sumo sacerdote, afastando-se do povo, entra no lugar onde estão o propiciatório, os querubins, a arca da aliança e o altar do incenso; ninguém pode entrar aí, exceto o sumo sacerdote.

Mas consideremos o nosso verdadeiro sumo sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. Tendo assumido a natureza humana, ele estava o ano todo com o povo – aquele ano do qual ele mesmo disse: O Senhor enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres; proclamar um ano da graça do Senhor e o dia do perdão (cf. Lc 4,18.19) – e uma só vez durante esse ano, no dia da expiação, ele entrou no santuário, isto é, penetrou nos céus, depois de cumprir sua missão redentora, e permanece diante do Pai, para torná-lo propício ao gênero humano e interceder por todos os que nele creem.

Conhecendo esta propiciação que reconcilia os homens com o Pai, diz o apóstolo João: Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados (1Jo 2,1-2). Paulo lembra igualmente esta propiciação, ao falar de Cristo: Deus o destinou a ser, por seu próprio sangue, instrumento de expiação mediante a realidade da fé (Rm 3,25). Por isso, o dia da expiação continua para nós até o fim do mundo.

Diz a palavra divina: Na presença do Senhor porá o incenso sobre o fogo, de modo que a nuvem de incenso cubra o propiciatório que está sobre a arca da aliança; assim não morrerá. Em seguida, pegará um pouco do sangue do bezerro, e com o dedo, aspergirá o lado oriental do propiciatório (cf. Lv 16,13-14). Ensinou assim aos antigos como havia de ser celebrado o rito de propiciação, oferecido a Deus em favor dos homens. Tu, porém, que te aproximaste de Cristo, o verdadeiro sumo sacerdote que, como seu sangue, tornou Deus propício para contigo e te reconciliou com o Pai, não fixes tua atenção no sangue das vítimas antigas. Procura antes conhecer o sangue do Verbo e ouve o que ele mesmo te diz: Isto é o meu sangue, que será derramado por vós, para remissão dos pecados (cf. Mt 26,28).

Também a aspersão para o lado do oriente temo seu significado. Do oriente nos vem a propiciação. É de lá que vem aquele homem cujo nome é Oriente e que foi constituído mediador entre Deus e os homens.

Por esse motivo és convidado a olhar sempre para o oriente, de onde nasce para ti o Sol da justiça, de onde a luz se levanta sobre ti, para que nunca andes nas trevas, nem te surpreenda nas trevas o último dia; a fim de que a noite e a escuridão da ignorância não caiam sorrateiramente sobre ti, mas vivas sempre na luz da sabedoria, no pleno dia da fé e no fulgor da caridade e da paz.



Das Homilias sobre o Levítico, de Orígenes, presbítero

(Hom. 9,5.10:PG12,515.523)            (Séc.III)

A tragédia de mãe e filho que, sem saberem das suas identidades, se casaram e tiveram outros filhos


A sacralidade da família, que chega à plenitude no cristianismo, não pode ser negada nem mesmo pela sociedade pagã.

O filósofo Aristóteles a considerou o mais perfeito exemplo de tragédia grega. O psicanalista Freud a usou como imagem de uma das mais influentes definições da psicanálise clássica, o complexo de Édipo. Michel Foucault a estudou para analisar nas suas linhas e entrelinhas as práticas judiciárias da Grécia Antiga.

Estamos falando de “Édipo Rei“, um dos máximos clássicos da literatura grega – e universal – de todos os tempos. A peça de teatro tem quase 2.500 anos: foi escrita por Sófocles em 427 a.C. e é a primeira de uma série de tragédias que inclui “Antígona” e “Édipo em Colono”.

Em “Édipo Rei”, Sófocles conta a história de uma profecia segundo a qual o pequeno Édipo, quando crescer, vai matar seu pai, o rei Laio, e se casar com a própria mãe, a rainha Jocasta. A família procura driblar o destino e Édipo acaba sendo criado longe, por pais adotivos, desconhecendo a própria origem. Mas o destino, quase uma entidade autônoma na visão de mundo da Grécia Antiga, não se deixa ludibriar. 

A história que Spotlight não contou


Foi no final de outono de 2001. A cobertura de notícias sobre os ataques de 11 de setembro perdia a sua força e meia dúzia de jornalistas de investigação trabalhavam juntos em uma sala de imprensa em Boston. Estavam reunidos em torno da seguinte grande história:

Desde o começo do verão, a equipe havia rastreado evidências acreditáveis de abusos sexuais cometidos por mais de 70 sacerdotes nessa Arquidiocese. Nenhum dos casos havia sido divulgado. A história era grande, mas ainda não era suficiente.

Segundo o filme “Spotlight”, o qual relata como Boston Globe divulgou o escândalo de abusos sexuais do clero em 2002, o editor Marty Baron não só estava interessado em dar um golpe na Igreja. Ele queria fazer mais dano.

Em uma cena chave, Baron disse a sua equipe: “Provem que os sacerdotes estavam sendo protegidos de ser processados e que eram designados uma e outra vez”.

O filme termina quando a primeira edição de Globe sobre o escândalo chega nas ruas no domingo, 6 de janeiro de 2002. A propaganda diz: “Igreja permite abusos dos sacerdotes durante anos: Consciente dos antecedentes de Geoghan, a Arquidiocese o designa de paróquia em paróquia”.

Como o título do filme sugere, o filme “destaca” (spotlights) o trabalho dos jornalistas para evidenciar a má gestão das denúncias de abusos sexuais em Boston ao mais alto nível. Entretanto, o que o filme não fez foi contar a história do que aconteceu depois disso.

Depois das revelações sobre as investigações de Globe, o Bispo de Belleville, Wilton Gregory, então presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos da América, emitiu uma declaração formal expressando uma “dor profunda pela responsabilidade destes abusos cometidos por alguns de nossos sacerdotes sob nossa vigilância”.

Em junho daquele ano, os bispos dos Estados Unidos decidiram que seria necessária uma política coordenada e uma resposta da conferência episcopal, e aprovaram por unanimidade a “Carta para a Proteção de Crianças e Jovens”.

É importante compreender que, antes de 2002, a maneira pela qual uma diocese investigava as acusações de abusos sexuais estava nas mãos do bispo local (a Arquidiocese de Denver emitiu primeiro seu Código de Conduta em 1991).

Com a nova Carta, iniciaram procedimentos uniformes para administrar as acusações de abusos sexuais não só do clero, mas também de professores leigos, funcionários das paróquias e qualquer outro adulto que tivesse contato com a juventude em nome da Igreja. Em uma ação sem precedentes, comprometeram-se a prover um “ambiente seguro” para todos as crianças nas atividades patrocinadas pela Igreja.

Outros componentes importantes foram uma política de “tolerância zero” para abusos sexuais, investigação de antecedentes para todos os funcionários da Igreja, obrigação de informar às autoridades civis, a retirada imediata dos acusados de seus ministérios, melhoramento na formação dos seminaristas e, o mais importante, ajuda às vítimas. 

Santas Perpétua e Felicidade


Neste dia a Igreja entra em comunhão com os Santos do Céu rezando: "Ó Deus, pelo vosso amor, as mártires Perpétua e Felicidade resistiram aos perseguidores e superaram as torturas do martírio".

No ano 202 o imperador Severo mandou matar os cristãos que não quisessem adorar os falsos deuses. Perpétua estava celebrando uma reunião religiosa em sua casa de Cartago quando chegou a polícia do imperador e a levou prisioneira, junto com sua escrava Felicidade

Perpétua era uma jovem mãe, de 22 anos que tinha um bebê de poucos meses. Pertencia a uma família rica e muito estimada por toda a população. Enquanto estava na prisão, a pedido de seus companheiros mártires, foi escrevendo um diário de tudo o que ia acontecendo.

Felicidade era uma escrava de Perpétua. Era também muito jovem e na prisão deu à luz uma menina, que depois os cristãos se encarregaram de criar muito bem.

Na prisão escreveu Perpétua: "Fiquei horrorizada, nunca tinha experimentado tal sensação de escuridão. O calor era insuportável e éramos muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia que ia morrer de calor e de asfixia e sofria por não poder ter junto a mim o meu filho que era de tão poucos meses e que necessitava muito de mim. O que eu mais pedia a Deus era que nos concedesse a graça de sofrer e lutar por nossa santa religião".

Então chegou seu pai, o único da família que não era cristão, e de joelhos lhe rogava e lhe suplicava que não persistisse em chamar-se cristã. Que aceitasse a religião do imperador. Que o fizesse por amor a seu pai e a seu filhinho. Ela se comovia intensamente mas terminou dizendo-lhe: “Pai, como se chama esta vasilha que há aí na frente?” "Uma bandeja", respondeu o pai. “Pois bem, essa vasilha deve ser chamada de bandeja, e não de pote ou colher, porque é uma bandeja. E eu que sou cristã, não posso me chamar pagã, nem de nenhuma outra religião, porque sou cristã e o quero ser para sempre".

E acrescenta o diário escrito por Perpétua: "Meu pai era o único da minha família que não se alegrava porque nós íamos ser mártires por Cristo".

Felicidade grávida alcançou a graça que pedia, já que seu filho nasceu antes do martírio. Um carcereiro debochava dizendo: "Agora se queixa pelas dores do parto. E quando chegarem das dores do martírio o que fará? Ela respondeu-lhe: "Agora sou fraca porque sofre a minha pobre natureza. Mas quando chegar o martírio a graça de Deus me acompanhará, e me encherá de força". E encheu-se de júbilo por poder sofrer o martírio juntamente com seus companheiros.

Batizadas na prisão, Santas Perpétua e Felicidade, foram condenadas pela firmeza da fé, foram lançadas na arena, onde uma vaca furiosa as feriu. Ao ver a jovem mãe atirada de um lugar para outro, e o leite gotejando de seus seios, o povo horrorizou-se, pedindo o fim do espetáculo. Depois disso foram degoladas. O ano era 203.  

ORAÇÃO


Deus todo-poderoso, que destes às mártires Santas Perpétua e Felicidade a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 6 de março de 2016

EUA: juiz protege direito de sacerdotes a guardar segredo de confissão


A lei do estado de Luisiana (Estados Unidos) já não poderá obrigar os sacerdotes católicos a violar o segredo de confissão, assim reafirmou um juiz deste estado na sexta-feira passada.

O juiz estatal de distrito Mike Caldwell disse no último dia 26 de fevereiro que a lei através da qual exige o clero reportar abusos sexuais de menores se contrapõe ao direito de liberdade religiosa do sacerdote em relação ao segredo de confissão.

A sentença nasceu da denúncia apresentada em 2008 por Rebeca Mayeux contra o Pe. Jeff Bayhi, da Diocese de Baton Rouge (Luisiana). Por meio desta, Mayeux explicou que durante uma confissão disse ao sacerdote que um paroquiano de 64 anos de idade havia abusado dela.

A denúncia judicial culpava o presbítero por ter sido negligente ao não reportar o abuso e que a Diocese se equivocou ao não o obrigar a fazer a denúncia. Segundo ‘The Associated Press’, Mayeux reclamou que o sacerdote lhe disse na ocasião “que esqueça o acontecido”.

Pe. Bayhi, encarregado de uma paróquia próxima a Baton Rouge, disse na corte que se revelasse algo da confissão seria excomungado: “Se nós algumas vez quebrarmos o sacramento, está tudo acabado. De maneira alguma o faria”.

“Se o Sacramento da Reconciliação não é sagrado, jamais confiarão novamente em nós”, acrescentou.

A lei de Luisiana exige ao clero informar os abusos sexuais, mas partes da mesma garante uma exceção quando estas acusações são reveladas durante a confissão sacramental.

A sentença do juiz Caldwell anulou outras partes do código estatal que contradizem esta exceção e obrigam a informar o abuso sexual “apesar de qualquer pedido de comunicação privilegiada (a confissão)”, como informou o ‘New Orleans Advocate’.

Ao sair do tribunal, o sacerdote expressou sua satisfação pois a sentença confirmou seu direito à liberdade religiosa. 

Palavra de Vida: “O Reino de Deus já chegou até vós” (Lc 11,20).


“O Reino de Deus já chegou até vós”. (Lc 11,20)

Era isso que o povo hebreu do tempo de Jesus estava esperando. Foi isso que Ele começou a anunciar logo no início de sua caminhada pelos povoados e cidades: “O Reino de Deus está próximo” (cf. Lc 10,9). E pouco depois: “O Reino de Deus já chegou até vós”; “O Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17,21). Na pessoa de Jesus, era o próprio Deus que vinha para o meio de seu povo e retomava em mãos a história, com decisão e com força, para conduzi-la à sua meta. Os milagres realizados por Jesus eram os sinais disso.

No trecho do Evangelho em que se encontra esta Palavra de Vida, Ele acabara de curar um homem mudo, libertando-o do demônio que o mantinha aprisionado. Era a demonstração de que Ele viera para vencer o mal, todo mal, e para instaurar finalmente o Reino de Deus.

Na linguagem hebraica, esta locução “Reino de Deus” indicava a ação de Deus em favor de Israel, libertando-o de toda forma de escravidão e de todo mal, guiando-o rumo à justiça e à paz, inundando-o de alegria e de bem; aquele Deus que Jesus revela como “Pai” misericordioso, amoroso e cheio de compaixão, sensível às necessidades e aos sofrimentos de cada um de seus filhos.

Também nós temos necessidade de escutar o anúncio de Jesus:

“O Reino de Deus já chegou até vós”.

Olhando ao nosso redor, muitas vezes temos a impressão de que o mundo está dominado pelo mal, de que os violentos e os corruptos acabam prevalecendo. Às vezes nos sentimos à mercê de forças contrárias, de eventos ameaçadores que nos sobrepujam. Sentimo-nos impotentes diante de guerras e catástrofes ambientais, de massacres e mudanças climáticas, de migrações e de crises econômicas e financeiras.

Justamente aqui situa-se o anúncio de Jesus, convidando-nos a crer que Ele, desde já, está vencendo o mal e estabelecendo um mundo novo.

No mês de março de 25 anos atrás, falando a milhares de jovens, Chiara Lubich confiava a eles o seu sonho: “Tornar o mundo melhor, como se fosse uma única família, como se pertencesse a uma única pátria, a um mundo solidário, ou melhor, a um mundo unido”. Naquele tempo isso parecia uma utopia – como parece até hoje. Mas, para fazer o sonho se tornar realidade, Chiara convidava os jovens a viver o amor mútuo, na certeza de que agindo assim eles haveriam de ter entre eles “o próprio Cristo, o Todo-poderoso. E Dele vocês poderão esperar tudo”.