A sacralidade
da família, que chega à plenitude no cristianismo, não pode ser negada nem
mesmo pela sociedade pagã.
O filósofo Aristóteles a considerou o mais perfeito
exemplo de tragédia grega. O psicanalista Freud a usou como imagem de uma das
mais influentes definições da psicanálise clássica, o complexo de Édipo. Michel
Foucault a estudou para analisar nas suas linhas e entrelinhas as práticas
judiciárias da Grécia Antiga.
Estamos falando de “Édipo Rei“, um dos máximos
clássicos da literatura grega – e universal – de todos os tempos. A peça de
teatro tem quase 2.500 anos: foi escrita por Sófocles em 427 a.C. e é a
primeira de uma série de tragédias que inclui “Antígona” e “Édipo em Colono”.
Em “Édipo Rei”, Sófocles conta a história de uma
profecia segundo a qual o pequeno Édipo, quando crescer, vai matar seu pai, o
rei Laio, e se casar com a própria mãe, a rainha Jocasta. A família procura
driblar o destino e Édipo acaba sendo criado longe, por pais adotivos,
desconhecendo a própria origem. Mas o destino, quase uma entidade autônoma na
visão de mundo da Grécia Antiga, não se deixa ludibriar.
A história chocante do filho e da mãe que, sem
saberem da identidade um do outro, se casam e têm filhos é especialmente
reveladora quando a consideramos a partir do olhar cristão: nela já se
vislumbra com clareza, mesmo em uma sociedade pagã, o conceito natural de
família e da sua sacralidade, que o cristianismo iria elevar depois a toda a
sua plenitude. Maternidade, paternidade, filiação, adoção, casamento e
sexualidade humana envolvem conceitos que ultrapassam os meros contextos
culturais e sociológicos, implicando em sua natureza valores humanos universais
que não podem ser ignorados nem reduzidos.
A leitura e o estudo crítico dos clássicos da
literatura universal fazem parte da longa e riquíssima tradição cristã, que
fomenta a formação do homem integral. Não se trata apenas de erudição: trata-se
de conhecer o tesouro cultural perene da humanidade para conhecer melhor quem
somos e quem podemos tornar-nos a partir da graça de Cristo, o Verbo que,
chegada a plenitude dos tempos, se fez carne e habitou entre nós.
“Édipo Rei” é de domínio público e você pode baixar
a versão digital no seguinte link: ÉDIPO REI
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Aleteia
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