“Junto à
Cruz de Jesus, a Mãe «está»”.
Mal Jesus se levantou da Sua primeira queda,
encontra Sua Mãe Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa.
Com imenso amor Maria olha para Jesus, e Jesus olha
para a Sua Mãe; os Seus olhares encontram-se, e cada coração verte no outro a
Sua própria dor. A alma de Maria fica mergulhada em amargura, na amargura de
Jesus Cristo.
- Ó vós, que
passais pelo caminho: olhai e vede se há dor semelhante à minha dor (Lam I,
12)!
Mas ninguém repara, ninguém presta atenção; apenas
Jesus.
Cumpriu-se a
profecia de Simeão: uma espada trespassará a tua alma (Lc II, 35).
Na escura solidão da Paixão, Nossa Senhora oferece
ao seu Filho um bálsamo de ternura, de união, de fidelidade; um sim à Vontade
divina.
Pela mão de Maria, tu e eu queremos também consolar
Jesus, aceitando sempre e em tudo a Vontade do Seu Pai, do nosso Pai.
Só assim saborearemos a doçura da Cruz de Cristo e
abraçá-la-emos com a força do Amor, levando-a em triunfo por todos os caminhos
da terra.
“Uma espada te há de traspassar a alma”
Na
Via-Sacra de Jesus, aparece também Maria, sua Mãe. Durante a sua vida pública,
teve de ficar de lado para dar lugar ao nascimento da nova família de Jesus, a
família dos seus discípulos. Teve também de ouvir estas palavras: «Quem é a
minha Mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que fizer a vontade de meu
Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12,
48.50). Pode-se agora constatar que Ela é a Mãe de Jesus não só no corpo, mas
também no coração. Ainda antes de tê-lo concebido no corpo, pela sua obediência
concebera-O no coração. Fora-Lhe dito: «Hás de conceber no teu seio e dar à luz
um filho (…) Será grande (…) O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de seu pai David»
(Lc 1, 31-32). Mas algum tempo depois ouvira da boca do velho Simeão uma
palavra diferente: «Uma espada Te há de trespassar a alma» (Lc 2, 35). Deste
modo ter-Se-á lembrado de certas palavras pronunciadas pelos profetas, tais
como: «Foi maltratado e resignou-se, não abriu a boca, como cordeiro levado ao
matadouro» (Is 53, 7). Agora tudo isto se torna realidade. No coração, tinha sempre
conservado as palavras que o anjo Lhe dissera quando tudo começou: «Não tenhas
receio, Maria» (Lc 1, 30). Os discípulos fugiram; Ela não foge. Ela está ali,
com a coragem de mãe, com a fidelidade de mãe, com a bondade de mãe, e com a
sua fé, que resiste na escuridão: «Feliz daquela que acreditou» (Lc 1, 45).
«Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?» (Lc 18, 8).
Sim, agora Ele sabe-o: encontrará fé. E esta é, naquela hora, a sua grande
consolação.
Santa Maria,
Mãe do Senhor, permanecestes fiel quando os discípulos fugiram. Tal como
acreditastes quando o anjo Vos anunciou o que era incrível – que haverias de
ser Mãe do Altíssimo – assim também acreditastes na hora da sua maior
humilhação. E foi assim que, na hora da cruz, na hora da noite mais escura do
mundo, Vos tornastes Mãe dos crentes, Mãe da Igreja. Nós Vos pedimos:
ensinai-nos a acreditar e ajudai-nos para que a fé se torne coragem de servir e
gesto de um amor que socorre e sabe partilhar o sofrimento.