O Papa emérito
Bento XVI regressou hoje ao Palácio Apostólico do Vaticano pela primeira vez
desde fevereiro de 2013 e agradeceu a “bondade” de Francisco, seu sucessor.
Francisco fez
uma breve saudação destacando a característica central do sacerdócio de Bento
XVI: o amor intenso a Deus, tendo o olhar e o coração dirigidos a Ele. “O
senhor, santidade, continua a servir a Igreja, não deixa de contribuir
verdadeiramente com vigor e sabedoria para o seu crescimento, e faz isso
daquele pequeno mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano”.
O Papa desejou a
Bento XVI que ele continue sentindo a mão de Deus misericordioso em sua vida,
que possa experimentar e testemunhar para todos o amor de Deus. “Que, com Pedro
e Paulo, possa continuar a exultar de grande alegria enquanto caminha rumo à
meta da fé”, concluiu Francisco.
“Mais do que nos
jardins do Vaticano, com a beleza que têm, a sua bondade é o lugar onde moro e
me sinto protegido”, declarou Bento XVI, no final de uma cerimônia de homenagem
pelo seu 65.º aniversário de sacerdócio, presidida pelo atual Papa.
O Papa emérito
disse ter ficado sensibilizado pela “bondade” de Francisco “desde o primeiro
momento da sua eleição” e “em cada momento” da sua vida no Vaticano.
“Obrigado
sobretudo ao senhor, Santo Padre: a sua bondade, desde o primeiro momento da
eleição, em todos os momentos da minha vida aqui (…) a sua bondade é o lugar
onde habito: sinto-me protegido. Obrigado também pela palavra de agradecimento,
por tudo. E esperamos que o senhor possa ir adiante com todos nós nesta via da
Divina Misericórdia, mostrando o caminho de Deus, a Jesus, a Deus”, desejou,
perante membros do Colégio Cardinalício e responsáveis da Cúria Romana, na Sala
Clementina.
Após o discurso de homenagem
de Francisco, que o abraçou, Bento XVI falou de improviso, de pé, em italiano,
sobre a “nova dimensão” que Cristo trouxe à vida da humanidade.
“Ele transformou
em graça, em bênção, a cruz , o sofrimento, todo o mal do mundo”, graças à
“força do seu amor”, precisou.
Para o Papa
emérito, cada pessoa é chamada a “receber realmente a novidade da vida e ajudar
à transubstanciação do mundo, para que seja um mundo não de morte, mas de
vida”, no qual “o amor tenha realmente vencido a morte”.
Bento XVI
agradeceu a “amizade” dos presentes e elogiou a edição de um livro que
apresenta reflexões sobre o sacerdócio.
“Sinto
interpretado o essencial da minha visão, do meu agir”, referiu. “Procuro ajudar
a entrar, cada vez de uma forma nova, no mistério que o Senhor coloca nas
nossas mãos”, acrescentou.
O Papa emérito
revelou que, há 65 anos, um sacerdote que foi ordenado consigo decidiu escrever
na pagela de recordação da primeira Missa uma única palavra, em grego -
'eucharistomen' [damos-te graças] - e mostrou-se “convencido de que nesta
palavra, onde há tantas dimensões, está tudo o que se pode dizer neste
momento”.
Bento XVI
também agradeceu as palavras a ele dirigidas pelo prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Muller, e pelo decano (mais velho) do colégio
cardinalício, Cardeal Angelo Sodano. E por fim, inseriu todos em um grande
“obrigado” a Deus.
“Assim,
vamos receber realmente a novidade da vida e ajudar para a transubstanciação do
mundo: que seja um mundo não de morte, mas de vida; um mundo no qual o amor
venceu a morte. Obrigado a todos vós, que o Senhor nos abençoe a todos,
obrigado Santo Padre”, concluiu Bento XVI.