No referendo de 23/06/2016 o Reino Unido decidiu se
retirar da União Europeia (EU). Uma decisão histórica e que trará um futuro
incerto para o Reino Unido, a EU e o mundo. De imediato o primeiro-ministro
britânico, David Cameron, renunciou ao cargo.
O Primaz
católico da Inglaterra e Gales, Cardeal Vincent Nichols, definiu o novo cenário
político e econômico após o referendum de Brexit “Uma nova passagem da
história, difícil para todos”.
“A Conferência
Episcopal reza por quem está comprometido na difícil tarefa de respeitar a
vontade popular, expressa nas urnas, trabalhos com respeito e civilidade, além
das profundas diferenças de opiniões, e para que os mais vulneráveis sejam
apoiados e protegidos sobretudo aqueles que são vítimas do tráfico humano e de
pessoas sem escrúpulos que oferecem trabalhos”, disse em comunicado.
O Arcebispo de
Westminster também recordou a “grande tradição democrática do Reino Unido de
respeitar a vontade dos eleitores” e disse para rezar para que “as nossas
nações construam sobre tradições melhores de generosidade e abertura aos
estrangeiros e acolhida a quem tem necessidade de ajuda”.
O comunicado do
Presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e Galles se conclui com uma
oração, porque “devemos agora trabalhar duramente para demonstrar sermos bons
vizinhos e saber contribuir com decisão aos esforços internacionais para
enfrentar os problemas mais críticos de nosso mundo”.
Entenda o caso:
Por que
os ingleses quiseram sair da União Europeia?
Inicialmente, é
necessário elogiar a atitude democrática de David Cameron que renunciou ao
cargo de primeiro-ministro para evitar uma crise política. Essa atitude deveria
ser seguida por governantes em países em crise, como o Brasil e a Venezuela. Na
Venezuela, Nicolás Maduro deve renunciar e, com isso, abrir caminho para a
superação da grave crise humanitária e política vivida pelo país.
Sobre o
referendo de 23/06/2016, afirma-se que os ingleses não estão concordando com os
atuais rumos da União Europeia que incluem, dentre outras coisas, forte
centralização econômica, grande burocracia, desprezo pela cultura local e
municipal, desvalorização das origens judaico-cristãs da Europa e fraqueza
institucional.
Essa fraqueza
pode ser vista, por exemplo, na pouca habilidade que a EU tem para lidar com o
terrorismo. Ao contrário do que alguns analistas afirmaram, os ingleses não
estão dando as costas para a Europa. Pelo contrário, estão criando um caminho
alternativo para novamente fortalecer uma Europa enfraquecida moralmente, com
uma população envelhecida e que não consegue, sequer, lutar contra o
terrorismo.
O economista
Nivaldo Cordeiro resumiu bem a decisão inglesa: “Os que querem a saída do bloco
europeu não querem o isolamento econômico, querem a integração, mas sem a
submissão política. Afinal, a consolidação da União Europeia significaria a
renúncia à soberania e, portanto, do fundamento último da liberdade individual.
Um império mundial será sempre uma ditadura e um corpo estranho para as nações
e suas gentes”.
O que
deu errado na União Europeia?
A União Europeia
é criada em cima de duas grandes ideias:
1) Criar uma
verdadeira zona de livre comércio, com fronteiras livres para produtos,
trabalho e capital;
2) Criar um
espaço de convivência pacífica entre os diversos povos, etnias e religiões que
estão dentro do território europeu.
Com isso, acabar
com séculos de guerras cruéis e, ao mesmo tempo, evitar a repetição de um
genocídio de proporções mundiais, como foi o caso da Segunda Guerra Mundial.
Vale salientar
que o mundo só encontrará paz se a Europa estiver em paz. Essas ideias foram
perseguidas até a metade da década de 1990. A partir desse período histórico a
EU muda de rumo. Passa a ser um gigantesco grupo burocrático, um super-Estado.
A EU estava realizando, sem conquista militar, o sonho de ditadores como Hitler
e Stalin. Sem contar que a EU vem ignorando a maioria da sua própria população,
uma população de maioria cristã.
O que se tem
visto nas ultimas décadas é a EU legislando em prol de uma minoria secular e
ultrarradical. Com isso, a EU tem colocado em risco a ideia de democracia. A
democracia não pode ser apenas – e somente isso – um governo voltado para
minorias, para vanguardas culturais, é necessário que ela esteja também voltada
para as maiorias, mesmo que essas maiorias desagradem às vanguardas cultuais.
Além disso, nas
últimas décadas os problemas que, em tese, a EU deveria combater, pioraram.
Problemas, como: desemprego, envelhecimento da população, drogas e terrorismo.
A saída do Reino Unido é uma ótima porta que se abre para se repensar a
estrutura e o futuro da União Europeia.
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Rádio Vaticano / ZENIT
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