Quando, no último dia 13 de abril (2019), os
fiéis foram visitar o túmulo de Mons. Pedro José Fan Xueyan (1907-1992),
ex-Cardeal e Bispo da diocese de Baoding, província de Hebei, depararam-se com
um obstáculo: duas viaturas de polícia, com câmeras de vigilância e espionagem,
bloqueavam a estrada, informou Bitter Winter. Os policias interrogavam os
transeuntes e diziam: “Se vão procurar os vossos parentes podem passar. Mas se
vão visitar o túmulo (do Bispo), então não podem”.
Segundo um dos fiéis, também havia agentes do
governo de uniforme que faziam guarda em volta da sepultura do bispo. Outro
posto de controle e bloqueio foi montado na entrada da aldeia de Xiaowangting
onde morou o falecido sucessor dos Apóstolos. Cerca de 20 policias com
uniformes camuflados garantiam a vigilância em postos de controle ostensivo,
analisando cada pedestre que passava.
Um fiel contou que muitos não ousam
aproximar-se da sepultura com medo das represálias dos agentes do Partido
Comunista. Nestes casos, lembram a memória de Mons. Fan com cerimónias no
interior das suas casas. Em 2018, desafiando a polícia, alguns fiéis fizeram
uma Cruz com flores sobre o túmulo de Mons. Fan.
“Malgrado a perseguição constante do
comunismo, o Bispo preferiu morrer antes que aceitar compromissos. A sua fé
inspirou sempre os fiéis sinceros. É isto que assusta o Partido Comunista, que
o considera inaceitável”, acrescentou.
O bispo passou mais de trinta anos na prisão
porque se recusou a romper a união com Roma e aderir à Associação Patriótica
Católica Chinesa, uma dependência do estado marxista. Foi um dos prisioneiros
de consciência encarcerados durante o mais longo período de tempo no mundo.
Foi nomeado bispo da diocese de Baoding no dia
12 de Abril de 1951 e foi sagrado dois meses depois. Foi um dos últimos bispos
chineses sagrados pela Santa Sé antes que a China maoista rompesse as relações.
Mons. Fan desapareceu em Novembro de 1990.
Dava-se por certo o seu martírio até que a 16 de Abril de 1992, a polícia
abandonou o seu cadáver congelado num saco de plástico do lado de fora da casa
de parentes seus.
As autoridades alegaram que o prelado morrera
de pneumonia três dias antes. Porém o corpo presentava fraturas ósseas e
outras feridas compatíveis com a tortura. Desde então, desafiando a proibição,
todos os anos os fiéis se reúnem em volta do seu túmulo para lhe render
homenagem.
Em 2001 o governo enviou um bulldozer para
impedir a visita. Também incrementou a vigilância na zona entre os dias 11 e 13
de Abril, bloqueando as estradas num perímetro de 7 quilômetros e meio em volta
do lugar da sepultura do heróico prelado.