No período “pós-conciliar”, iniciado no século
XX, foi assombroso o número das apostasias sacerdotais, dos mosteiros que
esvaziaram seus claustros, dos seminários que fecharam.
A “caridade” é uma palavra que quase não quase
não se pronuncia com o significado de outrora. Entraram outras vozes mais
modernas tiradas da sociologia – da não marxista na melhor das hipóteses.
Na Espanha, mais recentemente se multiplicaram
os esforços marqueteiros para preencher os imensos vazios abertos. Com golpes
de propaganda pretendem apresentar uma imagem “simpática” e “moderna” da
Igreja. Mas os vazios se agigantam. Viram abismos.
Entre esses esforços para mostrar a Igreja
como Ela não é para “parar a sangria de vocações”, o jornal de Madri “El País”
mencionou uma campanha de sensibilização voltada para os jovens cristãos sob o
lema Responde sim ao sonho de Deus.
Os hábeis propagandistas jogam sedutores
slogans para jovens que sentem o chamado de Deus e que procuram um seminário ou
uma casa religiosa de acordo com a vocação divina.
As campanhas então prometem “oração” e até
acenam doações econômicas para os eventuais seminaristas de poucos recursos e
ou estrangeiros, especialmente africanos.
Porém, prossegue o “El País”, nada disso
convence. Então o número de candidatos matriculados na Espanha decai ano após
ano.
Seminário abandonado, Albelda de Iregua, La Rioja, Espanha |
Na verdade, foram-se as décadas em que se supunha
que prometendo modernidade e distensão as vocações afluiriam como atraídas por
um ímã.
No último ano (2018) só se inscreveram 236
candidatos, 46 a menos que o ano anterior, uma cifra minúscula para um país que
sempre deu grande número de novos sacerdotes e incontáveis missionários.
As desistências superam os ingressos. Em 2019,
123 homens julgaram que tinham perdido a vocação.
Também no ano passado foram ordenados apenas
135 padres, longe dos mais de 8.000 que o faziam na década dos ’60 ano após
ano.
Também decrescem as vocações monásticas em
proporções análogas.
Em consequência vão sendo suprimidos os
mosteiros como o das freiras Clarissas Capuchinhas de Cifuentes (Guadalajara),
exemplifica “El País”.
Históricas casas religiosas acabam abandonadas
por falta de vocações e são não poucas vezes transformadas em hotéis, casas de
entretimentos diversos ou até templos de falsas religiões ou boates.
Ainda assim na Espanha há 18.164 sacerdotes e
53.918 religiosos, segundo dados da Conferência Episcopal. Com uma muita
elevada média de idade: mais de 65 anos, acrescentou o secretário general e
porta-voz dessa Conferência Episcopal. Cfr. Infocatólica.
Mosteiro abandonado de São Jerônimo de Guisando, Ávila, Espanha |
Realizam-se eventos como a recente 56ª Jornada
Mundial da Oração pelas vocações na tentativa de povoar os seminários
desérticos como os de Lleida e Jaca, por exemplo, onde só fica um aluno.
Em milhares de paróquias, especialmente as
rurais, se sente a falta de relevo geracional. Com frequência um só padre deve
cuidar da vida das paróquias em uma dezena de cidades.
Para a historiadora das religiões e doutora em
filosofia Laura Lara, uma causa relevante é a laicização – leia-se esvaziamento
moral, ou mundanização –da doutrina da Igreja que vem se acelerando nos últimos
anos. A dimensão sobrenatural e espiritual é abafada.
Também a avançada das leis promotoras da
imoralidade e punidoras dos sacerdotes que censuram o pecado e as práticas
antinaturais contribui a pôr em fuga jovens que em verdade não pensam muito no
heroísmo que exige a vocação sacerdotal.
Mas as vocações sinceras não arredam diante
desses obstáculos levantados pelo mundo, o demônio e a carne.
Elas procuram os seminários e conventos onde
se formam almas sobrenaturais que combatem as insídias revolucionárias. Não são
bem vistos pelas Conferencias Episcopais que depositam sua fé na visão mundana
da Igreja.
Mas essas vocações autênticas estão aparecendo
e pressagiam uma renovação profunda da Igreja com suas raízes bem alimentadas
pela graça de Jesus Cristo para levar o rebanho dos fiéis à glória dos Céus.
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Lumen Rationis
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