segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Papa Francisco recebe Pe. James Martin, maior ativista gay do Vaticano



O Papa Francisco recebeu hoje (30), em Audiência Privada, o herético sacerdote James Martin, maior ativista gay do Vaticano, que defende abertamente revogar o item do Catecismo da Igreja Católica que afirma que os atos homossexuais são “intrinsecamente desordenados” e o substituir pela afirmação herética de que os mesmos são “ordenados de maneira diferente” [1].

De acordo com o Twitter do Pe. James Martin, o encontro foi justamente para “compartilhar” com o Papa “as alegrias e esperanças, e as tristezas e ansiedades dos católicos LGBT e das pessoas LGBT em todo o mundo”.

Dear friends: Today Pope Francis received me for a private 30-minute audience in the Apostolic Palace, where I shared with him the joys and hopes, and the griefs and anxieties, of LGBT Catholics and LGBT people worldwide. I was so grateful to meet with this wonderful pastor.

    — James Martin, SJ (@JamesMartinSJ) September 30, 2019

Em outro twitte, o Padre Martin também afirmou que a recepção por parte do Santo Padre o fez “sentir-se encorajado, consolado e inspirado”.

One of the highlights of my life. I felt encouraged, consoled and inspired by the Holy Father today. And his time with me, in the middle of a busy day and a busy life, seems a clear sign of his deep pastoral care for LGBT Catholics and LGBT people worldwide. (Foto@VaticanMedia). pic.twitter.com/1BeaiVh0Q4

    — James Martin, SJ (@JamesMartinSJ) September 30, 2019

Olavo adere a cisma e afirma que Papa Francisco “não é Papa”


Na manhã de sábado (28) o professor Olavo de Carvalho, muito conhecido no meio neoconservador, e crítico aos tradicionalistas católicos, postou afirmações em suas redes sociais abraçando um cisma com a Igreja Católica. Ele afirma que o Papa Francisco “Não é Papa nem no sentido mais figurado do termo” e que ele já “deu no s***”.

E também ironizou o Papa Francisco:


No seu Facebook respondeu um comentário reafirmando sua posição cismática:


E, por fim, no seu Facebook afirmou que “talvez” Bento XVI poderia reassumir o trono de Pedro:

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

O pecado dos indígenas no Instrumento de Trabalho do Sínodo


Entre os silêncios do Instrumento de Trabalho (IT) do Sínodo está a eliminação do conceito, a realidade do pecado nos indígenas, com consequências irreparáveis ​​para a fé cristã, a Igreja, os sacramentos e a evangelização.

O reducionismo do pensamento único que caracteriza o IT alcança aqui extremos insustentáveis. O indígena amazônico é, segundo o IT, o homem em sua pureza original, nascido na selva e capaz de desenvolver sua inocência primitiva de uma maneira perfeita, o homem chamado pelo destino para salvar a humanidade, o homem no paraíso, o homem prelapsariano, o novo homem, o super-homem (Übermensch).

Este indígena seria o protótipo do ser humano chamado a amazonizar a Igreja e, assim, amazonizar o mundo. Este destino histórico teria uma oportunidade única durante a celebração do Sínodo em Roma. Desta maneira, as religiões indígenas pagãs seriam anunciadas, assim como seus rituais, celebrações, espíritos, conhecimentos da natureza e cosmovisões, sabedoria dos antepassados, dos grupos étnicos dos ancestrais que interpretam a terra como a mãe terra, sempre fiel, integrando e interligando todo o cosmos.

De fato, o IT nega a existência do pecado original e suas consequências na história, nas sociedades, em todas as culturas e nações, como ensina repetidamente o Catecismo da Igreja Católica e todo o magistério pós-conciliar.

Mas a verdade é essa. O conhecimento de Deus sobre os povos indígenas, assim como sobre os povos pagãos de Romanos 1 (Sabedoria 13-14), não os levou à obediência nem à glorificação de Deus, apesar de tê-lo conhecido por suas obras, especialmente por seu poder (Dynamis) e sua eternidade.

Amarraram a justiça na impiedade, como todos os povos da terra. Convencidos de ser sábios por meio da sabedoria de seus anciões, mitos, cosmovisões, culturas, domínio sobre os espíritos, forças ocultas ou evidentes, fizeram-se estúpidos (Romanos 1, 22), e exatamente como os gregos e os romanos adoraram amuletos, fetiches, totens, animais, plantas, pedras, espíritos (Romanos 1, 23).

Em uma palavra, como todos os povos, serviram às criaturas e não ao Criador que é bendito pelos séculos (Romanos 1, 25). Por isso, também entre os indígenas não são exceção os adúlteros, os violentos, os bêbados, indígenas sem misericórdia, invejosos, infanticidas, suicidas, cruéis, etnias belicosas que historicamente eliminaram outras etnias e nações indígenas, vários tipos de família indígena completamente alheios ao plano do Deus sobre o casal humano e a estrutura familiar.

Por que o IT ignora e não aplica aos indígenas amazônicos a palavra apostólica da carta aos Romanos: Todos pecaram e todos necessitam da glória do Deus? (3, 23). Ou também esquece Jesus de Nazaré, o Filho de Deus vivo que diz: aqueles que têm saúde não necessitam de médico, mas sim os doentes; Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores? (Mt 9, 12-13).

Onde está a misericórdia e a compaixão de Jesus, o amigo dois pecadores que se demonstra na pregação do ‘Arrependei-vos e crede, porque o Reino de Deus chegou’ (Mc 1, 15) completamente esquecido por parte do IT ou de teologias como a assim chamada Teologia indígena?

E como falar de liberdade, reconhecer e servir à dignidade dos povos indígenas, se também a eles não se proclama com alegria que são justificados, salvos gratuitamente pela graça (e com eles suas culturas e nações) por meio da Redenção realizada em Cristo Jesus (Romanos 3, 24), se eles o desejarem?

Despenalização do aborto na Austrália é "uma derrota para a humanidade", lamentam


O Arcebispo de Sydney (Austrália), Dom Anthony Fisher, lamentou a nova lei que despenalizou o aborto em Nova Gales do Sul e enfatizou que a Igreja deve trabalhar para fornecer suporte às mulheres que enfrentam gravidezes de risco.

Em 26 de setembro, o Parlamento de Nova Gales do Sul despenalizou o aborto por qualquer motivo até a 22ª semana de gestação; após este período será permitido se houver a aprovação de dois obstetras.

Com esta decisão, o aborto está despenalizado em toda a Austrália.

Anteriormente, o aborto só era permitido em Gales se um médico determinasse que a saúde física ou mental da mulher estivesse em perigo. Incluindo em "saúde mental” o "estresse econômico e social".

Segundo os partidários do projeto de lei, essa mudança esclarece aqueles termos que ficavam ambíguos no Código Penal em relação ao aborto. Mas, para aqueles que se opõem a essa mudança, essa lei abre a possibilidade de abortar em qualquer momento, por qualquer motivo, desde que dois médicos o aprovem.

"Hoje é um dia escuro para Nova Gales", disse Dom Anthony Fisher, em sua declaração, em 26 de setembro, na qual qualifica a nova lei como "uma derrota para a humanidade".

“A ata de reforma da lei do aborto pode ser a pior lei aprovada em Nova Gales do Sul na atualidade, porque representa uma abdicação tão dramática da responsabilidade de proteger os membros mais vulneráveis ​​da nossa comunidade”, afirmou, assinalando que, “desde a abolição da pena de morte em Nova Gales do Sul, em 1955, é a única forma legalizada de assassinato em nosso estado. ”

O Arcebispo enfatizou que, embora o aborto agora seja legal em Nova Gales do Sul, "nosso compromisso com a vida continua".

"A preocupação pelas mulheres grávidas, mães e seus bebês ainda está presente em todas as agências da Igreja e organizações pró-vida", afirmou.

"A Igreja Católica, outras igrejas cristãs, as pessoas de diferentes crenças e homens e mulheres de boa fé continuarão trabalhando juntos para transformar nossa cultura, para que cada mulher ou criança vulnerável seja ajudada e o aborto seja inconcebível".

Bispos da Alemanha aprovam estatutos de polêmica assembleia sinodal


Durante a assembleia plenária realizada nesta semana, os bispos da Alemanha aprovaram os estatutos da polêmica assembleia sinodal, na qual serão minoria.

Os estatutos foram aprovados, em 25 de setembro, por 51 votos contra 12 e uma abstenção. A votação foi realizada após várias horas de debate sobre as mudanças realizadas depois de considerar algumas precisões do Vaticano que indicaram que o planejado "não era eclesiologicamente válido".

Fontes da Conferência Episcopal indicaram à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que foram adotadas “algumas pequenas mudanças” no texto aprovado pelos bispos, que incluem algumas referências ao que o Papa Francisco indica em sua carta à Igreja na Alemanha do mês de junho, como uma referência específica ao "primado da evangelização, o Sensus ecclesiae e a consideração da unidade da Igreja universal".

Contudo, as mesmas fontes indicaram a CNA que os temas dos fóruns sinodais ou grupos de trabalho serão os mesmos já anunciados anteriormente: a revisão do ensinamento moral da Igreja; o papel da mulher nos ministérios e na administração da Igreja; a vida e a disciplina sacerdotais; e a separação de poderes no governo da Igreja.

O Bispo de Ratisbona, Dom Rudolph Voderholzer, explicou em uma declaração: "votei contra os estatutos" porque, "embora várias melhorias tenham sido alcançadas nas várias horas de debate, deixei claro várias vezes que a orientação temática dos fóruns (sinodais) parece ir além da realidade da crise de fé no país”.

O Prelado destacou que está comprometido com a sinodalidade encorajada pelo Papa, mas quer deixar claro que "há pelo menos uma minoria de bispos que estão preocupados com os verdadeiros problemas e que não podem ser respondidos" com os estatutos aprovados.

Dom Volderholzer disse que, embora tenha sido aprovado um novo preâmbulo, não haverá um fórum sinodal sobre a evangelização, tema fundamental destacado pelo Santo Padre em sua carta de junho.

Em agosto, o comitê executivo da Conferência Episcopal rejeitou uma proposta sinodal alternativa, cujo esboço foi redigido pelo Bispo de Ratisbona e pelo Cardeal Rainer Maria Woelki, Arcebispo de Colônia. Esse texto respondia à carta enviada pelo Papa à Igreja na Alemanha e teria focado os fóruns sinodais nos temas da evangelização, formação dos leigos, catequese e vocações.

Referindo-se à pressão de alguns participantes da assembleia sinodal que insistem na ordenação de mulheres e outras reformas contrárias à doutrina da Igreja, Dom Volderholzer disse que, "ao gerar certas expectativas e esperanças, gera-se apenas mais frustração".

“Também acredito - e sempre disse isso – que há certa desonestidade no processo sinodal. Não é possível concluir a partir dos casos de abusos sexuais que a renovação (na Igreja) tem a ver com temas como celibato sacerdotal, abuso de poder, mulheres na Igreja e moral sexual, dada a falta de estudos científicos em outras instituições”, destacou o bispo alemão.

Dom Volderholzer indicou que, apesar de se opor ao processo sinodal, participará dele, pois "não será acusado de se negar ao diálogo que o Papa Francisco nos encorajou". No entanto, "não espero muito, porque não vejo como as condições para um verdadeiro 'diálogo' possam ser atendidas".

Os estatutos têm como objetivo principal a criação de uma assembleia junto ao Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), cujos líderes têm insistido abertamente em colocar fim ao celibato sacerdotal, a ordenação de diaconisas e eventualmente sacerdotisas, assim como a bênção de casais do mesmo sexo nas igrejas.

O ZdK já deixou claro que sua participação no processo sinodal está condicionada ao fato de serem aprovadas resoluções "vinculantes" na assembleia, embora não esteja claro se os estatutos aprovados deram à assembleia um poder "deliberativo".

Na parte final de sua declaração, o bispo de Ratisbona enfatizou que, como bispo e teólogo, jurou proclamar e defender a fé católica. "Eu permaneço firme nisso, mas vejo que essa promessa está sendo particularmente desafiada no momento", comentou.

"Espero e rezo para que o processo sinodal, apesar do que acredito estar errado, ajude a gerar uma verdadeira renovação da Igreja", concluiu.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Governo da China exige que igrejas retirem referências aos Dez Mandamentos


As igrejas cristãs na China receberam a ordem de retirar qualquer tipo de exibição ou referência aos Dez Mandamentos e substituí-los por citações do presidente chinês Xi Jinping, de acordo com relatórios recentes.

A revista ‘Bitter Winter’, que cobre temas de liberdade religiosa e direitos humanos na China, informou que o pedido foi feito especificamente às igrejas da denominação protestante "Movimento Patriótico dos Três Seres".

A nova diretriz ocorreu depois que, em um primeiro momento, pediu-se à igreja protestante que eliminasse o Primeiro Mandamento que faz referência a “Não terás deuses alheios diante de mim”, pois Jinping não estava de acordo.

Também se indica que aqueles que se negaram a eliminar algum ou todos os mandamentos foram presos; inclusive aconteceu com pessoas de algumas igrejas que cumpriram com as instruções.

Funcionários do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comitê Central do Partido Comunista Chinês indicaram, no final de junho, aos membros de uma igreja dos “Três Seres”, localizada na cidade de Luoyang, que “o Partido deve ser obedecido em todos os aspectos".

“Sempre tem que fazer o que o partido diga. Se você contradisser, sua igreja será fechada imediatamente”, advertiram.

A igreja teve que eliminar as referências aos Dez Mandamentos, depois de repetidas instruções do governo.

Três igrejas dessa denominação já foram fechadas por não eliminarem as exibições. Segundo os relatos, os fiéis que não estão de acordo foram ameaçados de serem colocados em listas negras do governo, o que leva a restrições de viagem e a exclusão de seus filhos de algumas escolas ou empregos.

Em vez dos Dez Mandamentos, as igrejas dos "Três Seres" agora mostram citações que promovem o socialismo e alertam contra a influência do Ocidente na China.

Núncio pede aos bispos da Alemanha fidelidade ao Papa


O Núncio Apostólico na Alemanha, Dom Nikola Eterovic, escreveu uma carta aos bispos do país europeu, na qual lhes pediu para serem fiéis ao Papa Francisco e compartilhou a recente carta do Santo Padre com uma encíclica do Papa Pio XI escrita no tempo dos nazistas.

Em sua carta enviada aos bispos alemães reunidos em assembleia plenária, o Núncio recordou o chamado do Papa Francisco à Igreja na Alemanha para que se centre na evangelização e mantenha a unidade com a Igreja universal durante seu “processo sinodal” vinculante.

No dia 29 de junho, Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco escreveu uma carta à Igreja na Alemanha na qual ofereceu suas prioridades e metodologias para o processo sinodal, cujos primeiros trabalhos já começaram no país. Durante sua assembleia plenária, os bispos votarão os estatutos do processo sinodal para a criação da chamada assembleia sinodal.

Na assembleia sinodal, os bispos seria uma minoria com 69 membros entre 200, para debater temas como a separação de poderes na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso de mulheres a diversas funções na Igreja e a moral sexual.

O Núncio ressaltou em sua missiva que “a carta do Santo Padre merece especial atenção. De fato, é a primeira vez desde a encíclica de Pio XI, Mit brennender sorge – Com profunda preocupação –, que um Papa dedicou uma carta aos membros da Igreja Católica na Alemanha.

Dom Eterovic explicou que a “encíclica de 14 de março de 1937 denuncia as inadmissíveis intervenções do regime nacional socialista nos assuntos da Igreja Católica, mas a carta atual se refere a assuntos internos da Igreja”.

“Como representante do Santo Padre na Alemanha, alegra-me que os conteúdos da carta papal sejam objeto de estudo durante a assembleia. Não duvido de que a carta do Papa influenciará positivamente o chamado processo sinodal”, escreveu o Arcebispo de origem croata.

O Núncio ressaltou a importância da unidade, como ressalta o Papa Francisco. “A unidade entre a Igreja universal e as igrejas particulares é essencial para a efetividade da evangelização”, escreveu.

“É assim especialmente nestes tempos de forte fragmentação e polarização, para assegurar que o Sensus Ecclesiae realmente esteja em toda decisão que tomemos e que nutra e cubra todos os níveis”, acrescentou.

O Núncio explicou que o Papa quis recordar aos bispos alemães que a comunhão “nos ajuda a superar o medo que nos isola em nós mesmos e nossas particularidades, para que possamos olhar nos olhos e escutar os que estão ali, ou para que possamos renunciar a necessidades e assim acompanhar quem ficou no caminho”.

Finalmente, o Arcebispo advertiu os bispos alemães de qualquer tentação de buscar soluções fáceis diante da crise de fé no país.

Citando Dietrich Bonhoeffer, um teólogo protestante assassinado pelos nazistas, Dom Eterovic disse que confiar na “graça barata” não pode ser a base da renovação, pois é “o inimigo moral de nossa Igreja”. Ao contrário, incentivou os bispos a “lutar” pela “graça cara” que se encontra centrando-se na evangelização, como o Papa incentiva.

Para concluir, o Núncio Apostólica na Alemanha sublinhou que, “como uma comunidade de fiéis, como comunhão de esperança vivida e pregada, como comunidade de amor fraterno, a Igreja tem que escutar de si mesma o que deve crer e as razões de sua esperança, e o que é o novo mandamento do amor”.

Levem o Papa muito a sério, adverte Cardeal a bispos alemães




O Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Reiner Maria Woelki, alertou os bispos alemães reunidos em sessão plenária, na manhã de 24 de setembro, que devem "levar o Papa muito a sério" e, sob sua liderança e a da Igreja universal, revisar seus planos sinodais polêmicos.

“Levemos o Papa muito a sério!”, disse o Cardeal Woelki, enquanto pedia que fossem feitas mudanças importantes nos planos do sínodo para alinhá-los às recomendações de Francisco.

O Purpurado lembrou que o Papa Francisco lhes havia oferecido um "conselho paternal" essencial em sua carta de junho à Igreja na Alemanha.

Os bispos alemães se reúnem na cidade de Fulda, de 23 a 25 de setembro. Nesta quarta-feira, 25 de setembro, espera-se que votem para escolher o esboço com os estatutos do “processo sinodal vinculante” anunciado pelo presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, no início de 2019.

Em meados de setembro, o Cardeal respondeu ao Vaticano, através de uma carta, afirmando que o polêmico processo sinodal alemão continuará como planejado, apesar das críticas da Santa Sé e do Papa Francisco, e discutirá questões que têm a ver com o ensinamento universal da Igreja e sua disciplina.

A missiva se refere ao "processo sinodal", no qual os bispos planejam criar uma assembleia sinodal na qual seriam uma minoria com 69 membros entre 200, para discutir temas como a separação de poderes na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso das mulheres a diversas funções na Igreja e a moral sexual.

Durante a sessão da assembleia plenária de terça-feira, 24, o Cardeal Woelki se referiu a vários temas-chave da carta do Papa que, segundo ele, os bispos devem honrar, especialmente seu chamado para se centrar na evangelização e comunhão com a Igreja em geral.

A Igreja na Alemanha deve começar por "re-evangelizar a si mesma", é um "pré-requisito indispensável" para sua missão mais ampla, disse o Purpurado, acrescentando que a carta de Francisco deixou claro que os bispos devem permanecer enraizados na unidade essencial da fé, em Cristo e com toda a Igreja universal.

“Este é o sinal indispensável para o nosso caminho sinodal, que precisa correr como um fio através dele, para que o caminho sinodal possa dar frutos verdadeiros. A carta do Papa não deixa dúvidas sobre isso”, disse o Cardeal Woelki.

A carta do Papa se tornou um ponto importante para o debate, à medida que os bispos alemães continuam suas deliberações sobre a criação de uma Assembleia Sinodal em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães.

Em 23 de setembro, o Núncio Apostólico na Alemanha, Dom Nikola Eterovic, escreveu aos bispos alemães para recordar que, com a carta de junho, é a primeira vez que um Papa escreve a todos os fiéis alemães desde o surgimento do nazismo, e que é essencial que escutem o Santo Padre.

O Cardeal Woelki assegurou que a advertência do Papa contra um sínodo inspirado em um "novo pelagianismo", centrado na reforma estrutural e em colocar a Igreja em conformidade com o espírito da época, é uma exortação importante.

"Não é casualidade que o Santo Padre advirta contra uma tendência que parece típica da Alemanha", disse o Cardeal Woelki, citando o Papa, ao descrever "essa antiga e sempre nova tentação dos promotores do gnosticismo que, querendo fazer seu próprio nome e expandir sua doutrina e fama, procuraram dizer algo sempre novo e diferente do que a Palavra de Deus lhes presenteava”.

O Purpurado disse que, embora seja importante permitir a ampla participação dos fiéis na vida da Igreja, isso não pode ser confundido com a autoridade legítima de ensinamento e governo dos bispos "garantia da apostolicidade e da catolicidade".

Referindo-se à recente avaliação do Vaticano sobre o esboço com os estatutos da Assembleia do Sínodo, o Cardeal lembrou aos bispos que existe uma diferença crucial entre um enfoque "parlamentar" para o governo da Igreja e o papel adequado da discussão e consulta antes do exercício da autoridade legítima para a tomada de decisões.

“O caminho sinodal não deve ser percorrido sem a Igreja universal. A carta (do Papa) exorta essa perspectiva quando diz: ‘Trata-se de viver e de sentir com a Igreja e na Igreja (...). A Igreja universal vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na e da Igreja universal, e se são separadas de todo o corpo eclesial, enfraquecem, murcham e morrem".

Os planos sinodais alemães incluem a formação de vários grupos de trabalho formados em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães. Estes já começaram a trabalhar e se espera que apresentem propostas em desacordo com o ensinamento universal da Igreja, algo que o Cardeal Woelki disse que iria contra as claras instruções do Papa.

“O Papa Francisco lembra que a fé das Igrejas particulares sempre se encontra na fé de toda a Igreja e deve ser encontrada lá. Em longo prazo, não pode e não deve haver maneiras diferentes de lidar com questões fundamentais de fé e moralidade que não apenas colocariam em perigo, mas possivelmente violariam, o alto bem da unidade que professamos no Credo como um atributo da Igreja”, afirmou.

“As estipulações da fé, que pertencem à existência imutável da doutrina da Igreja, não podem e, portanto, não devem ser objeto de debate no caminho sinodal. A impressão não deve ser transmitida de que haveria uma votação quase parlamentar sobre a fé”, insistiu o Arcebispo de Colônia.

As críticas do Vaticano aos planos alemães, apresentadas em uma carta datada de 4 de setembro ao Cardeal Reinhard Marx pelo Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, levantaram uma série de preocupações. A principal delas é o plano de conceder à Assembleia Sinodal “poder deliberativo” para aprovar resoluções sobre questões que afetam o ensinamento e o governo da Igreja.

O Cardeal Woelki também disse que escutar as instruções do Papa não significa interromper o processo sinodal.

"A carta do Papa enfatiza que isso não significa ‘não caminhar, avançar, mudar e inclusive não debater e discordar’. Mas isso deve ser feito com a consciência, como diz o Papa, de ‘que somos essencialmente parte de um corpo maior que nos exige, espera e precisa e que também nós exigimos, esperamos e precisamos’".

O Cardeal concluiu exortando os outros bispos alemães a fazer as mudanças necessárias nas estruturas e temas sinodais para consideração, assinalando a versão alternativa que apresentou em agosto, na qual explicitou que o corpo sinodal tinha um papel estritamente consultivo e sugeriu temas alternativos centrados na evangelização.

“Junto com o Santo Padre, novamente advirto contra seguir um caminho substancial e formal que nos retiraria do corpo universal de Cristo. Nossa participação na fé da Igreja universal, cuja integridade servimos nada menos que no ministério episcopal, exclui qualquer negociação ou votação sobre assuntos de fé. Isso também se aplica à disciplina eclesiástica, na medida em que está inserida no contexto geral da Igreja”, afirmou.

“Levemos o Papa realmente a sério. Não precisamos de um ativismo agitado, mas da serenidade de todos os que estão totalmente comprometidos com Cristo. É crucial que a Igreja na Alemanha mostre com palavras e ações como é belo viver na presença do Senhor, saber que Ele nos acompanha e nos rodeia: porque a alegria do Senhor é a nossa força”, concluiu o Cardeal Woelki.