quinta-feira, 30 de abril de 2020

Partido Comunista Chinês é o vírus mais grave de todos, denuncia ativista de direitos humanos



Chen Guangcheng, um ativista cego de direitos humanos que vive asilado nos Estados Unidos desde 2012, afirmou que o Partido Comunista Chinês é o vírus mais grave de todos, durante um fórum da Catholic University of America sobre a atual pandemia do coronavírus.

"É hora de reconhecer a ameaça que o Partido Comunista Chinês representa para toda a humanidade. Este mantém e manipula informações para fortalecer seu poder, sem se importar com o custo em vidas humanas”, afirmou Guangcheng, em 24 de abril, no fórum organizado pela instituição Faith & Law, junto com o Instituto de Ecologia Humana da Catholic University of America, em Washington, DC.

Antes de morar nos Estados Unidos, Chen Guangcheng foi enviado para a prisão e estava em prisão domiciliar na China. Além disso, denunciou que ele e sua família foram espancados em várias ocasiões e tiveram tratamento médico negado. Foi preso por ter criticado repetidamente o Partido Comunista por violações dos direitos humanos, incluindo a política do filho único que gerou, entre outras coisas, um grande número de abortos no país.

Sobre a quarentena de Wuhan, epicentro da pandemia de coronavírus, Guangcheng denunciou que "famílias inteiras foram encontradas mortas em seus apartamentos porque não tinham permissão para sair" para pedir ajuda. Além disso, afirmou, não é verdade que o coronavírus esteja sob controle e ainda há quarentena em lugares como a cidade de Harbin.

Em sua opinião, o ressurgimento do vírus "está diretamente relacionado ao fato de o Partido ocultar a verdade e se dedicar a 'reprimir' as pessoas que tentam compartilhar informações sobre o coronavírus".

Alertou também que o Partido Comunista Chinês usa a crise causada pela pandemia para perseguir dissidentes e detê-los em "lugares de quarentena", como o caso de um advogado cuja esposa denuncia que ele foi preso a 400 quilômetros de onde vivem, com o argumento de que a prisão é para controlar a doença. 

Humildade, pureza, amor e sabedoria: os alvos da ideologia de gênero



“Expliquei-lhe que tudo em [Gustavo] Corção é amor; poucas pessoas conheço com tanta vocação, tanto destino, para o amor. O que parece ódio, nos seus escritos, é ainda amor (…) Está fatalmente ao lado da pessoa e contra a antipessoa (…) Eis o que eu repeti para o meu amigo das esquerdas: – o Corção tem um coração atormentado e puro de menino. Quem o sabe ler, percebe em todos os seus escritos o pai de Rogério, sempre o pai de Rogério, querendo salvar milhões de filhos, eternamente.” (NELSON RODRIGUES, “Tudo em Corção é amor”, 1968)**

Com propriedade, diz-se do levante protestante de Lutero (1517) que foi um golpe revolucionário contra a Igreja, como o foram a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Russa (1917) contra Cristo e contra Deus, respectivamente. Após o ataque da soberba humana à hierarquia apostólica, ao Filho Redentor e ao Pai Criador do mundo, consolidava-se o espaço do ateísmo no espírito do homem — que ainda se reconhecia como tal, não obstante a rejeição de sua vocação sobrenatural.

No século XX a mesma soberba conduziria por passos ainda mais largos à autodestruição humana. Cada vez mais livre dos salutares freios interiores que a verdadeira Religião — Mãe caridosa que é — franqueia aos homens, a velha soberba teria na concupiscência da carne a propulsão de sua nova etapa revolucionária: a sexual. Em seu descendente movimento histórico, o anseio da alma humana, enfim deslocado do Céu para a Terra, rebaixava-se ainda mais para agora buscar a salvação na bruta baixeza sensorial da genitália.

Revestindo de mil artifícios a meteórica ascensão da egolatria, redefinindo as virtudes à imagem de seus vícios opostos, convenceram-se as sociedades ocidentais de que a liberação sexual lhes traria a libertação final e a paz mundial (“Faça amor, não faça guerra”). Contracepção, esterilização, aborto, divórcio… Inspirados pelas ideias dos intelectuais da Escola de Frankfurt, esforços dos mais variados segmentos se uniram para mudar o comportamento da humanidade. Hiperssexualizado, o homem pós-moderno acreditava poder redefinir sua ontologia ao desvincular ato sexual e procriação, deslocando artificialmente da transmissão da vida para a recreação venérea o fim último do ato sexual. A cultura da vida dava lugar à cultura da morte.

Como, no entanto, está além do alcance do homem alterar os fundamentos metafísicos da realidade natural que o contém e rege, uma desordem tão fundamental não tardaria a se desdobrar vorazmente e cobrar seu preço, em especial na avassaladora moeda da degradação da juventude. As décadas de 1960 e 1970 testemunharam a sistemática revolta da juventude contra a autoridade em geral (exceto a dos inquestionáveis ideólogos e agentes culturais que a seduzia) e a dos pais em particular, a dissolução da família, a ascensão da pornografia, o “paradoxal” aumento da violência sexual, a cultura do aborto, a banalização do uso de entorpecentes (com os suicídios e homicídios dele decorrentes), o aumento da criminalidade, a escalada da atomização social etc. Após atentar contra a Igreja Católica, contra Deus Filho (Cristo) e contra Deus Pai, estava em marcha, enfim, a tentativa revolucionária de destruir o próprio homem. E é talvez nesta etapa “antipessoa” que se revela mais claramente a origem satânica de todo o processo revolucionário, pois mais do que aniquilar no homem a humildade, busca-se inviabilizar-lhe definitivamente a pureza — e com ela o verdadeiro amor.

Desfigurada assim a essência da sexualidade humana, à qual lhe é intrínseca a estável complementaridade homem-mulher — ordenada à exigente continuidade e manutenção da vida de uma criatura pensante e moral —, perdeu-se o homem contemporâneo no vazio do prazer efêmero e saturado das relações sexuais descartáveis, estéreis, fechadas ao vínculo afetivo duradouro e ao amadurecimento conjugal mútuo pelo sacrifício à prole; enfim, relações em que a luxúria desbanca a pureza e simula o amor.

Nos últimos dias o STF acolheu, por unanimidade, a inconstitucionalidade de uma lei municipal que proíbe a ideologia de gênero nos currículos e materiais escolares do município de Novo Gama (GO). Os proponentes da ação celebraram a vitória contra o que consideram “obscurantismo” e “obstrução” a uma “educação libertadora” e aos “direitos humanos”. Assim se apresentam os soldados da antipessoa: jamais exibem abertamente todo o seu sincero e horrível esplendor; antes, imputam a seus adversários os adjetivos que descreveriam a si próprios com perfeição, na esperança de passarem-se por virtuosos defensores da liberdade humana. Pensam com isso encobrirem a própria ignorância ou malícia, posto que a ideologia de gênero não é senão um aprimoramento pseudo-científico do mesmo veneno que escraviza e tende a aniquilar a pessoa humana desde a revolução sexual.

A conspiração cultural contra a pureza na infância e na adolescência configura uma grave enfermidade social, mas adquire contornos de anticivilização se encontra escandalosa ressonância no sistema educacional e, tanto pior, na máxima instância jurídica de um país. Aos ideólogos de gênero, para que pudessem disseminar a tirania desorientadora de seus delírios subjetivistas, foi-lhes necessário, antes, nascerem e fazerem-se educados numa célula familiar. Se por mórbida e remota fatalidade toda a humanidade aderisse às desordens que tais agentes prescrevem para a sexualidade humana, dentro de poucas gerações tal cultura de morte precipitaria a própria humanidade à extinção. Basta esse exercício para identificar a insustentabilidade de todo o edifício da pretensa “teoria” de gênero. 

Sagrado e Perigoso



Por causa do julgamento no STF da ADI 5581, que trata da descriminalização do aborto em grávidas de filhos doentes com o Vírus Zika, discutiu-se mais uma vez a questão do aborto provocado, contra o qual devemos ter argumentos sólidos e sadios.

A nossa Constituição Federal, art. 5º, já tem como cláusula pétrea a inviolabilidade da vida humana, e considera que todos são iguais perante a lei, que visa o bem de todos, mesmo os doentes. Não podem ser discriminados. Não compete a ninguém julgar quem merece morrer ou viver. E o nosso Código Penal considera crime o aborto. Ademais, há que se levar em conta que o povo brasileiro, em sua grande maioria, já se manifestou ser contra o aborto. E, para os cristãos, vige o V Mandamento da Lei de Deus: “Não Matarás”, que proíbe matar um inocente.

Na sociedade, há um lugar privilegiado, especialmente seguro, refúgio para todos os seus membros: a família, “santuário da vida”, “igreja doméstica”. Na família, há uma pessoa especial, a mãe, geradora da vida, objeto querido do nosso amor, pois é aquela da qual nascemos. E na mãe, há um lugar “sagrado”, o útero materno, sacrário onde a vida é gerada. Assim, no santuário da vida, a família, está esse sacrário da vida, o útero materno, lugar como que sagrado, protegido e seguro. O próprio Deus, quando enviou o seu Filho ao mundo para habitar entre nós, o aconchegou em um útero materno, o da Santíssima Virgem Maria, no qual o Verbo se fez carne e começou a ser um de nós. Por isso dizemos a Maria Santíssima: “bendito é o fruto do vosso ventre”, repetindo a saudação de Isabel (Lc 1, 42). 

Bispo adverte padres que estão celebrando missas durante a quarentena



O bispo da Diocese de Rio Preto, Dom Tomé Ferreira da Silva, divulgou uma carta advertindo os padres da região que estão realizando missas durante a quarentena. Desde do dia 21 de março, estão canceladas as missas em todas as paróquias da Diocese de Rio Preto. O objetivo é evitar aglomeração de pessoas e o contágio em massa pelo coronavírus.

Na carta, o bispo de Rio Preto escreve que alguns municípios da Diocese estão flexibilizando a quarentena. Ele usa das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e até da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para defender o distanciamento social como medida segura e preventiva contra a infecção da doença.

Segundo o bispo, qualquer multa, condenação ou qualquer outra penalização, será de responsabilidade pessoal do padre e não da Paróquia ou Diocese. Dom Tomé finaliza a carta dizendo para que os padres não se esqueçam dos "empobrecidos e necessitados".

Confira a carta na íntegra:

Portugal: Restrições às celebrações religiosas comunitárias devido o Covid-19 acabam a 30 de maio, anuncia o Governo



O primeiro-ministro português anunciou nesta quinta-feira o fim das restrições às celebrações religiosas comunitárias, impostas por causa da pandemia de Covid-19, a partir de 30 de maio.

“Serão adotada as medidas que permitam que, a partir do fim de semana de 30 e 31 de maio, sejam levantadas as restrições às celebrações comunitárias, em qualquer religião”, referiu António Costa, em conferência de imprensa.

O regresso das celebrações comunitárias vai decorrer de acordo com regras a definir entra a DGS e as confissões religiosas, nos “termos do diálogo” que vem a ser mantido, “tendo em conta, desde logo, as caraterísticas específicas dos respetivos templos ou locais de culto, as próprias formas de culto, que são distintas”, indicou o líder do Executivo.

Os funerais vão passar a ser celebrados com a presença de familiares.

O primeiro-ministro admitiu, a este respeito, que “as regras que têm vigorado nalguns pontos do território têm sido excessivas”.

A Agência ECCLESIA confirmou junto do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que estão a decorrer conversações com as autoridades governamentais, nomeadamente de saúde, sobre “questões de higiene e normas de segurança”, para definir as regras de reabertura das igrejas ao culto.

António Costa anunciou hoje um plano de transição do atual estado de emergência para o estado de calamidade, no final da reunião do Conselho de Ministros.

O objetivo é promover, de forma “gradual e progressiva”, o desconfinamento, com medidas de higiene e distanciamento físico, entre elas o uso obrigatório de máscaras em locais fechados com “elevado número de pessoas”.

As várias fases deste plano entram em vigor a cada duas semanas, (04 de maio, 18 de maio e 01 de junho), com avaliação sobre o seu impacto, em termos de contágios. 

Papa Francisco confia a São José Operário os desempregados por causa do coronavírus



Segundo o site ACI, o Papa Francisco confiou os desempregados por causa do coronavírus à intercessão de São José Operário, cuja festa é celebrada nesta sexta-feira, 1º de maio.

Assim indicou o Santo Padre na quarta-feira, 29 de abril, em sua saudação aos peregrinos de língua francesa durante a Audiência Geral.

“Na próxima sexta-feira, será celebrada a festa de São José Operário. Por sua intercessão, confio à misericórdia de Deus as pessoas que estão desempregadas por causa da pandemia atual”, afirmou o Papa Francisco.

“Que o Senhor seja a providência de todos os necessitados e nos encoraje a ajudá-los”, concluiu. 

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Comissão para a Vida e a Família propõe a todos para que expressem a posição #emdefesadavida nas redes sociais



A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5581, pautada para julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para esta sexta-feira, 24 de abril, foi impetrada pela Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) e tem como um dos pontos a possibilidade de descriminalização do aborto nos casos das mães que são infectadas pelo zika vírus.

Os 11 ministros terão até o dia 30 deste mês para incluir o voto por escrito nessa ação em que a ministra Cármen Lúcia é a relatora. Para defender a vida desde a concepção, diversos setores da sociedade já se manifestaram contra a Ação. Também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota compartilhando e ponderando argumentações considerando, seriamente, o dever de todos em valorizar o dom inviolável da vida. A nota pode ser conferida (aqui).

Neste sentido, cientes do compromisso com a inviolabilidade da vida, a Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB propõe a todos os fiéis leigos católicos, agentes de pastoral, integrantes de movimentos e novas comunidades, bispos, padres, diáconos e seminaristas para que expressem a posição #emdefesadavida nas redes sociais. A proposta é utilizar a hashtag no Twitter e no Instagram para fazer chegar a todos os cantos do país, à imprensa e, principalmente, aos ministros do STF o compromisso com o grande dom de Deus, a vida.

A Comissão promoveu uma live, o programa Hora da Vida, no último domingo, 19, que recebeu especialistas nas áreas do Direito, da Bioética e da Saúde para tratarem sobre a ADI. Abaixo, alguns dos pontos destacados pelos especialistas e em artigos disponíveis no site da Pastoral Familiar:

“O fato de a criança poder ter uma deficiência, não justifica, de forma alguma, a eugenia, isso é preconceito numa época em que os direitos da pessoa com deficiência têm sido tão levantados” – Dra Lenise Garcia

O Congresso Nacional não se debruçou em nenhum momento sobre a legalização do aborto. “E não se debruçou porque decidiu, como representantes do povo, nas duas câmaras, não querer enfrentar esse assunto agora e não transformar isso em hipótese legal”. – Dr Hugo Cysneiros

“Na hora que a mãe precisa que alguém a acolha, eu dou a ela um suposto ‘direito’ a uma exclusão que a marca pelo resto da vida. Então a gente já começa a entender como algo maléfico”. – Irmã Liliane Pereira

A ADI foi proposta em 2016 quando os conhecimentos sobre o zika eram incipientes. De lá para cá, temos respostas a muitas das questões trazidas na ADI que embasavam o pedido para a liberação do aborto. – Dr Raphael Câmara

As maiores violações aos direitos humanos têm suas raízes no não reconhecimento dos direitos do outro, da ruptura da relação de alteridade. – Dra. Maria Emília de Oliveira Schpallir Silva. 

Chegou o Comunavírus

O Coronavírus nos faz despertar novamente para o pesadelo comunista.


É o que mostra Slavoj Žižek, um dos principais teóricos marxistas da atualidade, em seu livreto “Virus”, recém-publicado na Itália (*). Žižek revela aquilo que os marxistas há trinta anos escondem: o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo. A pandemia do coronavírus representa, para ele, uma imensa oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade.

Cito e comento, a seguir, alguns trechos do livreto de Žižek, essa obra-prima de naïveté canalha, que entrega sem disfarce o jogo comunista-globalista de apropriação da pandemia para subverter completamente a democracia liberal e a economia de mercado, escravizar o ser humano e transformá-lo em um autômato desprovido de dimensão espiritual, facilmente controlável:

“Tomara que se propague um vírus ideológico diferente e muito mais benéfico, e só temos a torcer para que ele nos infecte: um vírus que faça imaginar uma sociedade alternativa, uma sociedade que vá além do Estado-nação e se realize na forma da solidariedade global e da cooperação.”

“Uma coisa é certa: novos muros e outras quarentenas não resolverão o problema. O que funciona são a solidariedade e uma resposta coordenada em escala global, uma nova forma daquilo que em outro momento se chamava comunismo.”

Žižek não esconde seu anseio e sua convicção de que um vírus “diferente e mais benéfico” do que o coronavírus, o vírus ideológico, contagiará o mundo e permitirá construir o comunismo de uma forma inesperada. Não está sequer interessado naquilo que funciona ou não funciona para combater o coronavírus, a quarentena ou o fechamento de fronteiras, pois o objetivo não é debelar a doença, e sim utilizá-la como escada para descer até o inferno, cujas portas pareciam bloqueadas desde o colapso da União Soviética, mas que finalmente se reabriu. Tudo em nome da “solidariedade”, claro, do mesmo modo que no universo de 1984 de Orwell a opressão sistemática fica a cargo do “Ministério do Amor”. Quem quiser defender suas liberdades básicas, quem quiser continuar vivendo num Estado-Nação, estará faltando com o dever básico de “solidariedade”.

“Um primeiro e vago modelo de uma tal coordenação na escala global é representado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (...) Serão conferidos maiores poderes a outras organizações desse tipo.”

Não escapa a Žižek, naturalmente, o valor que tem a OMS neste momento para a causa da desnacionalização, um dos pressupostos do comunismo. Transferir poderes nacionais à OMS, sob o pretexto (jamais comprovado!) de que um organismo internacional centralizado é mais eficiente para lidar com os problemas do que os países agindo individualmente, é apenas o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária. Seguindo o mesmo modelo, o poder deve ser transferido também para outras organizações, cada uma em seu domínio. Žižek não o especifica, mas provavelmente tem em mente uma política industrial global sendo ditada pela UNIDO, um programa educacional global controlado pela UNESCO e assim por diante.

“Tudo isto acaso não mostra com clareza a necessidade urgente de uma reorganização da economia global que não esteja mais sujeita aos mecanismos do mercado? E aqui não estamos falando do comunismo de outrora, naturalmente, mas de algum tipo de organização global que possa controlar e regular a economia, como também que possa limitar a soberania dos Estados nacionais quando seja necessário.”

Sim, não é o comunismo de outrora, que instalava ora num país, ora noutro, um sistema de planejamento econômico central, sempre fracassado em proporcionar bem-estar, sempre exitoso em controlar e oprimir a sociedade. Trata-se agora de um planejamento central mundial, que certamente traria o mesmo fracasso e o mesmo êxito desse modelo quando aplicado no passado na escala nacional.

“Muitos comentaristas progressistas moderados e de esquerda revelaram como a epidemia do coronavírus se presta a justificar e legitimar a imposição de medidas de controle e disciplina das pessoas até aqui inconcebíveis no quadro das sociedades democráticas ocidentais."

Žižek menciona entre esses comentaristas a Giorgio Agamben, filósofo de esquerda aparentemente não-marxista, que escreveu com grande apreensão sobre o cerceamento de liberdades que está em curso e que considerou a reação à pandemia um pânico altamente exagerado (**). Mas aquilo que esses comentaristas vêem com preocupação, Žižek recebe com júbilo, e intitula o capítulo em que trata desse tema justamente:

"Vigiar e punir? Sim, por favor!"

Refere-se Žižek, naturalmente, ao título do livro de 1975 de Michel Foucault, Surveiller et Punir no original, que descrevia a evolução das prisões do Século XIX para as prisões sem grades da sociedade de controle da pós-modernidade ocidental.

"Não surpreende que, ao menos até agora, a China - que já empregava largamente sistemas de controle social digitalizado - se tenha demonstrado a mais bem equipada para enfrentar a epidemia catastrófica. Deveremos talvez deduzir daí que, ao menos sob alguns aspectos, a China represente o nosso futuro? Não nos estamos aproximando de um estado de exceção global?”

“Mas se não é esse [o modelo chinês] o comunismo que tenho em mente, que entendo por comunismo? Para entendê-lo, basta ler as declarações da OMS.”

Žižek tem uma atitude ambígua em relação à China. Admira o que considera o êxito chinês no controle social, mas ao mesmo tempo não parece querer identificar a sua própria concepção de comunismo com o regime chinês, talvez porque o comunismo, ao final das contas, exige o fim do Estado, enquanto a China representa o modelo de Estado forte que o comunismo visa a superar. Esse não-Estado, esse grau zero do Estado que corresponde ao grau máximo do poder, Žižek vai buscá-lo nos organismos internacionais, que permitiriam, no que parece ser a sua visão, o exercício totalitário sem um ente totalizante, um ultrapoder rígido mas difuso, exercido em nome da “solidariedade” e portanto inatacável – pois quem ousaria posicionar-se contra a solidariedade? “Solidariedade” é mais um conceito nobre e digno que a esquerda pretende sequestrar e perverter, corromper por dentro, para servir aos seus propósitos liberticidas. Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça, tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade.

“Não é uma visão comunista utópica, é um comunismo imposto pelas exigências da pura sobrevivência. Trata-se de uma variante do ‘comunismo de guerra’ como foram chamadas as providências tomadas pela União Soviética a partir de 1918”.

Žižek parece querer dizer: “Não se preocupem. Não há nada de ideológico no que proponho. Apenas me guio pelo pragmatismo de quem quer salvar a humanidade, e neste momento o pragmatismo dita a opção por um sistema comunista, mas é um comunismo de emergência, só isso.” Então perguntaríamos: “E quando vai acabar essa emergência? Quando vai acabar esse estado de exceção?” Žižek possivelmente responderia, com um sorriso cheio de “solidariedade”: “A emergência vai durar para sempre.”