O cardeal Raymond Burke criticou o motu proprio Traditionis custodes, com que o papa Francisco restringiu o uso da liturgia anterior ao Concílio Vaticano II, pela dureza com que trata os fiéis ligados à missa tradicional. O cardeal americano, que é um defensor do uso da missa antiga, disse ao jornal National Catholic Reporter, dos EUA. "Rezo para que os fiéis não cedam ao desânimo que tal dureza necessariamente gera, mas que, com a ajuda da graça divina, perseverem em seu amor pela Igreja e por seus pastores", disse.
Burke disse que não entende como o novo Missal Romano pode ser a "expressão única da lex orandi (a lei sobre o que se reza) do Rito Romano", como diz o novo motu proprio. Segundo Burke, o rito pré-conciliar da Missa "é uma forma viva do Rito Romano e nunca deixou de ser assim”.
O cardeal afirma não ter testemunhado, em sua longa experiência pastoral, a "situação gravemente negativa" que Francisco descreve na carta enviada aos bispos com o texto do motu próprio, justificando suas medidas. Embora alguns fiéis possam ter certas "ideias errôneas", disse Burke, geralmente "têm um profundo amor pela Igreja e por seus pastores na Igreja" e "de forma alguma contribuem para uma ideologia cismática ou sedevacantista". “Na verdade, estes fiéis têm sofrido muito para permanecer na comunhão da Igreja sob o Pontífice Romano", acrescenta.
segunda-feira, 19 de julho de 2021
Cardeal teme “desânimo” dos fiéis por restrições à missa em latim
Fiéis conservam missa antiga por ser uma das riquezas litúrgicas católicas, diz dom Rifan
O bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, dom Fernando Arêas Rifan, afirmou que a missa na sua forma antiga é “um enriquecimento da liturgia católica” e que muitos fiéis a conservam “não por motivos heterodoxos”, mas por esta riqueza. A declaração foi feita em um artigo publicado nesta segunda-feira, 19, sobre o motu proprio Traditionis custodes, do papa Francisco, que restringe as missas celebradas sob o rito tridentino.
Padres comentam restrições do papa à Missa tradicional
O padre Francisco José Delgado afirmou: “Acho que o mais inteligente agora é, de forma tranquila e sossegada, defender a verdade acima das leis injustas. O papa não pode mudar a tradição por decreto, nem dizer que a liturgia posterior ao Vaticano II é a única expressão da lex orandi no rito romano”, escreveu em um tuíte. O padre Delgado é pároco das paróquias Lominchar e Palomeque em Toledo, na Espanha. Ele fez referência ao artigo 1 do motu proprio que afirma: “os livros litúrgicos promulgados pelos Santos Pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do Rito Romano”. Lex orandi pode ser traduzido como “lei da oração”. “Como isso é falso, a legislação que brota desse princípio é inválida e, de acordo com a moral católica não deve ser observada, o que não implica desobediência. Bastaria simplesmente ignorá-la, mas acho que, neste caso, não é suficiente”, afirmou o sacerdote. “É nosso dever, como sacerdotes fiéis, exercer a obrigação moral de defender a verdade, pública e notoriamente, dando a cara perante as possíveis consequências. Convido todos os meus irmãos fiéis a fazer isso”, acrescentou.
“Até hoje não senti a necessidade de celebrar a missa tradicional. Sim, assisti e rezei com o breviário anterior à reforma, mas nos meus trabalhos paroquiais, não achei imprescindível fazê-lo. Mas isso, graças ao Francisco, muda a partir de hoje”, acrescentou. O sacerdote disse que agora tem como propósito “começar a celebrar, quanto antes e de forma privada, a missa tradicional. Obviamente não posso impô-la aos meus fiéis, mas posso fazê-lo quando não interfira com as minhas obrigações paroquiais”.
“Além disso, considero que é necessário tornar público este fato de alguma forma. Estou fazendo isso aqui, mas acho que seria muito conveniente que se organizasse algum tipo de iniciativa que desse visibilidade aos que fizéssemos este gesto”, afirmou o padre Delgado.
O padre Alfredo Hher, L.C., sacerdote mexicano de Guadalajara, afirmou no Twitter que solicitou a autorização formal do seu arcebispo “para continuar celebrando a Eucaristia em ambas as formas do rito romano”. O padre escreve que, para ele, “a celebração da santa missa tradicional é uma fonte de espiritualidade e fervor sacerdotal. E considero que, para os fiéis, é também uma riqueza e fonte de espiritualidade”, algo feito “sempre cuidando da beleza, da dignidade e da fidelidade às rubricas e normas litúrgicas”.
O pe. Gabriel Maria Abascal, sacerdote mexicano e autor do livro “Depende de mim”, publicou no Twitter: “Se fôssemos totalmente coerentes com a tradição tal como alguns a entendem, deveríamos celebrar a Eucaristia exatamente da mesma forma como Jesus o fez. E isso não acontece há cerca de 1,9 mil anos”.
Papa regula a Missa Tridentina: progressismo ou castigo de pai?
Mas por que Francisco fez isso? As respostas estão na carta que ele lançou junto com o novo documento.
Vamos começar pela Traditionis Custodes (em português, significa “Guardiões da Tradição”), uma clara referência aos bispos, que se tornam o ponto central dessa história, pois agora têm a responsabilidade de autorizar e regular todas as atividades que envolvam a Missa Tridentina.
Esse poder de regulação é maior do que simplesmente autorizar as missas. Os bispos deverão nomear os padres que serão autorizados a celebrar no Missal de Pio V, assim como já acontece no caso das celebrações dos ritos orientais. Os padres que forem ordenados após a data de lançamento da Traditionis Custodes terão ainda mais dificuldade, pois precisarão de autorização da Santa Sé para estas celebrações.
Mas não é apenas isso. Francisco também proíbe a celebração da Missa Tridentina nas igrejas paroquiais e obriga que suas leituras sejam feitas na língua vernácula (no nosso caso, o português), utilizando-se as traduções atuais aprovadas pelas Conferências Episcopais. Aqui no Brasil, isso significa o dever de seguir os textos dos lecionários usados nas missas “normais”, traduzidos e aprovados pela CNBB.
O Papa também proibiu a formação de novos “grupos tradicionais” e recomendou que os bispos verifiquem a pertinência de manter os que já existem.
Em suma, foi quase uma revogação da Summorum Pontificum de Bento XVI.
MAS POR QUE O PAPA FEZ ISSO?
Essa resposta é claramente encontrada na carta que ele dirige a todos os bispos, na qual se diz triste e preocupado com o mau uso feito pelas concessões dadas por Bento XVI.
Francisco deixa claro que não há uma rejeição a nada que seja pré-conciliar, mas entendeu que precisava dar uma resposta aos grupos que vêm utilizando a Missa Tridentina como uma forma de criar guetos na Igreja Católica.
Passados treze anos [da promulgação da Summorum Pontificum], instruí a Congregação para a Doutrina da Fé a enviar [aos bispos] um questionário sobre a aplicação do “Motu Proprio Summorum Pontificum”. As respostas recebidas revelaram uma situação que me entristece e preocupa, confirmando a necessidade de intervenção. Infelizmente, o objetivo pastoral dos meus Predecessores que tinham a intenção «empregar todos os esforços para que aqueles que verdadeiramente desejam a unidade possam permanecer nesta unidade ou redescobri-la», muitas vezes foi seriamente negligenciada. Uma possibilidade oferecida por São João Paulo II e, com magnanimidade ainda maior, por Bento XVI, para recompor a unidade do corpo eclesial em relação às várias sensibilidades litúrgicas, foi utilizada para aumentar distâncias, endurecer diferenças, construir contrastes que ferem a Igreja e dificultam o seu progresso, expondo-a ao risco de divisões. - Carta de Francisco aos Bispos, 16/07/2021
A carta fala ainda da necessidade de se enxergar a unidade da Igreja através da sua liturgia e reforça o papel dos bispos como verdadeiros guardiões da Tradição.
Eu sei que tem muita gente de bem contrariada com isso, mas não se pode negar que muitos tradicionalistas radicais vivem atacando o papa tanto pelas costas quanto publicamente. Agora, com uma canetada, o Papa deu a resposta que eles merece. Desenhando:
Papa Francisco manifesta solidariedade ao povo cubano
“Peço ao Senhor que os ajude a construir em paz, diálogo e solidariedade, uma sociedade sempre mais justa e fraterna. Exorto todos os cubanos a se entregarem à materna proteção da Virgem Maria da Caridade do Cobre. Ela os acompanhará neste caminho.”
Papa estabelece novas normas sobre o uso do missal pré-conciliar
O documento em forma de carta explica as razões de sua decisão.
Novidades
Entre as principais novidades desta decisão de Francisco está a atribuição da responsabilidade de regulamentar a celebração segundo o rito pré-conciliar ao bispo, moderador da vida litúrgica diocesana. “É de sua exclusiva competência autorizar o uso do Missale Romanum de 1962 na diocese, seguindo as orientações da Sé Apostólica”.
O bispo deve certificar-se de que os grupos que já celebram com o antigo missal “não excluam a validade e a legitimidade da reforma litúrgica, os ditames do Concílio Vaticano II e o Magistério dos Sumo Pontífices”.
As missas com o rito antigo não serão mais realizadas nas igrejas paroquiais. O bispo determinará a igreja e os dias de celebração. As leituras devem ser “na língua vernácula”, utilizando traduções aprovadas pelas Conferências episcopais.
O celebrante deve ser um sacerdote delegado pelo bispo. O bispo também é responsável por verificar se é ou não oportuno manter as celebrações de acordo com o antigo missal, verificando sua “utilidade efetiva para o crescimento espiritual”.
De fato, é necessário que o sacerdote responsável tenha no coração não apenas a digna celebração da liturgia, mas também o cuidado pastoral e espiritual dos fiéis. O bispo “terá o cuidado de não autorizar a constituição de novos grupos”.
Os sacerdotes ordenados após a publicação hodierna do Motu próprio, que pretendem utilizar o missal pré-conciliar “devem enviar um pedido formal ao Bispo diocesano que consultará a Sé Apostólica antes de conceder a autorização”. Enquanto aqueles que já o fazem devem pedir a autorização ao bispo diocesano para continuar usando-o.
Os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, “na época erigidos pela Pontifícia Comissão Ecclesia Dei”, estarão sob a competência da Congregação para os Religiosos. Os Dicastérios para Culto, e para os Religiosos supervisionarão a observância destas novas disposições.
Explicações
Na carta que acompanha o documento, o Papa Francisco explica que as concessões estabelecidas por seus predecessores para o uso do antigo missal foram motivadas sobretudo “pelo desejo de favorecer a recomposição do cisma com o movimento liderado pelo bispo Lefebvre”.
O pedido, dirigido aos bispos, de acolher generosamente as “justas aspirações” dos fiéis que solicitavam o uso daquele missal, “tinha, portanto, uma razão eclesial de recomposição da unidade da Igreja”.
Essa faculdade, observa Francisco, “é interpretada por muitos dentro da Igreja como a possibilidade de usar livremente o Missal Romano promulgado por São Pio V, determinando um uso paralelo ao Missal Romano promulgado por São Paulo VI”.
O Papa lembra que a decisão de Bento XVI com o motu proprio “Summorum Pontificum” (2007) foi apoiada pela “convicção de que tal medida não colocaria em dúvida uma das decisões essenciais do Concílio Vaticano II, atingindo de tal modo sua autoridade”.
Há 14 anos, o Papa Ratzinger declarou infundado o temor de divisões nas comunidades paroquiais, porque, escreveu, “as duas formas de uso do Rito Romano poderiam enriquecer-se mutuamente”.
Mas a sondagem recentemente promovida pela Congregação para a Doutrina da Fé entre os bispos trouxe respostas que revelam, escreve Francisco, “uma situação que me aflige e me preocupa, confirmando-me na necessidade de intervir”, vez que o desejo de unidade foi “gravemente desatendido”, e as concessões oferecidas com magnanimidade foram usadas “para aumentar as distâncias, endurecer as diferenças, construir contraposições que ferem a Igreja e dificultam seu caminho, expondo-a ao risco de divisões”.
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Dom Schneider adverte que as restrições do COVID estão criando ‘uma sociedade de escravos’
Onda de prisões em Cuba: Agentes prendem seminarista
Rafael Cruz é seminarista e estuda teologia em Havana. Ele “estava de férias na casa de seus pais”, em Matanzas. “Não se sabe com segurança onde ele está”, disse o padre Rolando Montes de Oca, da arquidiocese de Camagüey, à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI. “Entraram em sua casa às cinco da manhã. Dizem que ele foi detido violentamente e ainda não sabemos para onde foi levado”, informou o padre.
A página 14ymedio.com afirmou que se multiplicaram, desde as primeiras horas da segunda-feira, “as denúncias de detenções, repressão e violência policial, sem muitos detalhes. A informação chega a conta-gotas porque o serviço de internet continua cortado na ilha”.
Entre os detidos em Havana estão: “Raúl Prado, Yunior García, Solveig Font, Gretel Medina, Juan Carlos Calahorra, Daniel Triana e Reynier Díaz, que haviam sido detidos em frente ao Instituto Cubano de Rádio e Televisão”.
“A namorada de García, Dayana Prieto Espinosa, informou por telefone à 14ymedio que alguns, entre eles seu parceiro, foram espancados na prisão”, informou a página.
ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín.
Uma fonte vinculada à Igreja em Cuba informou que “os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández foram levados presos para Havana”.