O cardeal Raymond Burke criticou o motu proprio Traditionis custodes, com que o papa Francisco restringiu o uso da liturgia anterior ao Concílio Vaticano II, pela dureza com que trata os fiéis ligados à missa tradicional. O cardeal americano, que é um defensor do uso da missa antiga, disse ao jornal National Catholic Reporter, dos EUA. "Rezo para que os fiéis não cedam ao desânimo que tal dureza necessariamente gera, mas que, com a ajuda da graça divina, perseverem em seu amor pela Igreja e por seus pastores", disse.
Burke disse que não entende como o novo Missal Romano pode ser a "expressão única da lex orandi (a lei sobre o que se reza) do Rito Romano", como diz o novo motu proprio. Segundo Burke, o rito pré-conciliar da Missa "é uma forma viva do Rito Romano e nunca deixou de ser assim”.
O cardeal afirma não ter testemunhado, em sua longa experiência pastoral, a "situação gravemente negativa" que Francisco descreve na carta enviada aos bispos com o texto do motu próprio, justificando suas medidas. Embora alguns fiéis possam ter certas "ideias errôneas", disse Burke, geralmente "têm um profundo amor pela Igreja e por seus pastores na Igreja" e "de forma alguma contribuem para uma ideologia cismática ou sedevacantista". “Na verdade, estes fiéis têm sofrido muito para permanecer na comunhão da Igreja sob o Pontífice Romano", acrescenta.
O papa Francisco justificou sua “necessidade de intervir” no uso da missa tradicional por causa das respostas dadas pelos bispos à sondagem realizada em 2020 pela Congregação da Doutrina da Fé com bispos de todo o mundo sobre a liberação da missa tradicional promovida pelo papa Bento XVI em 2007. O cardeal Burke disse que "dada a natureza drástica da legislação, parece justo dar um relatório detalhado do resultado da pesquisa, que também certifique a natureza científica desta". "Conheço muitos Bispos que estão muito próximos aos fiéis que rezam segundo o Usus Antiquior (uso mais antigo, em latim) e aos sacerdotes que os servem", disse o cardeal. "Espero que eles também tenham sido ouvidos na sondagem".
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ACI Digital
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