sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tempos maus para nós e para eles.



Não aprendemos ainda a conviver com a Democracia. Nem com a civil e muito menos com a religiosa. Havendo liberdade de escolha, em nenhum país democrático haverá partido único, que é fundado muitas vezes em interesses ocasionais. O mesmo se diga sobre a escolha da religião. Nenhuma nação, onde reina a liberdade religiosa, tem a mais mínima possibilidade de ter 99,9% de adeptos de um determinado credo. Nem muito menos terá a chance de fechar em 100% de agnósticos, de ateus, de cidadãos de corte laicista. Portanto, isso que muitas vezes é arrolado como motivo de glória, não passa de uma grande vergonha. Os ataques aos templos, a criação de cidadãos de segunda classe, religiosos que são privados no seu direito de ir e vir, vão continuar sem fim.


Muito se tem comentado que no Brasil os Católicos tem diminuído. É preciso entender o que isso significa. Em 1950 éramos 50 milhões. Hoje somos seguramente 130 milhões. Portanto, em números absolutos aumentamos muito. Em que deixamos de crescer foi nos números relativos. Já fomos 90% e hoje caímos para 64%. E não faltam os acusadores, que nos apresentam a lista de erros que a Igreja teria cometido: a teologia da libertação, a rigidez do celibato, a falta de apoio às novas uniões familiares, a falta de clero, a resistência à modernidade... Estamos convencidos de que a razão disso tudo pode ser bem outra. Parece se aproximar a temperatura de geladeira dos países europeus. Isso que os europeus são hoje, nós poderemos ser amanhã. Isto é, religiosamente frios. Então essa dispersão dos católicos, não poderia ser uma etapa anterior à debandada geral? Se há muitos que entram em denominações cristãs, esses mesmos não param de fazer roda em outras tantas organizações, buscando saúde, fortuna, libertação das mazelas humanas. A primeira geração dos convertidos pode até ser firme na sua fé. Mas os filhos deles tem capacidade de resistir à escola laica, ao mundo das drogas, à chafurdagem sexual, ao ambiente agnóstico? Jesus, um otimista de envergadura, adverte: “Nos últimos tempos ainda haverá fé sobre a terra?”. Sejamos todos cautelosos. Saibamos confiar em Cristo, de quem é a Igreja. Ele a salvará.


Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)

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