sábado, 3 de setembro de 2016

O Anticristo se sentará no trono do templo de Deus

 

Entretanto, irmãos, vos suplicamos, pelo advento de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de nossa união à Ele. Que não abandoneis rapidamente vossos sentimentos, nem os assusteis com supostas revelações, com certos discursos, ou com cartas que se suponham enviadas por nós, como se o dia do Senhor estivesse muito próximo. Não deixai-vos seduzir por nada e de nenhum modo, porque não virá este dia sem que primeiro haja acontecido a apostasia geral dos fiéis, e aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se oporá à Deus e se levantará contra tudo o que se diz Deus, ou se adora, até chegar a por seu assento no templo de Deus, dando-se a entender que é Deus. Não vos recordais que, quando estava entre vós, vos dizia estas coisas?- 2 Tessalonicenses 2,1-5

 

Prediz em segundo lugar ao Anticristo, quanto a sua culpa e pena, que toca implicitamente e em comum, e seguidamente explica, e quanto ao seu poder.


Disse pois:
primeiro virá a apostasia e então se deixará ver.


E chama-se “o homem do pecado, o filho da perdição”, segundo a Glosa, porque assim como em Cristo abundou a plenitude da virtude, assim também no Anticristo a multidão de todos os pecados; e assim como Cristo é melhor que todos os santos, assim o Anticristo pior que todos os maus.


Por isto se chama o homem do pecado, porque ele todo, dos pés a cabeça, será um puro pecado.
Mas isto não quer dizer que não pudesse ser pior, porque o mal jamais corrompe totalmente o bem, conquanto ao ato não poderá ser pior; contudo melhor que Cristo nenhum homem.

 

Disse-se “o filho da perdição”, isto é, destinado à perdição final (Jó 21). O filho da perdição, isto é, do diabo, não por natureza, senão pela malícia acabada, que nele se acumulará.
E disse: “se fará manifesto”; porque assim como todos os bens e virtudes dos santos, que precederam à Cristo, foram figura de Cristo; da mesma maneira em todas as perseguições da Igreja os tiranos foram como figura do Anticristo no que ele estava latente; e assim toda aquela malícia, que estava escondida neles, se fará patente a seu tempo. Ao dizer logo: “no qual se oporá à Deus”, explica o que havia dito , e demonstra como

é o homem do pecado e como é filho da perdição.


Assim mesmo prenuncia sua futura culpa, que descreve e demonstra e indica sua causa, e diz que não anuncia nenhuma doutrina nova.


Da também um sinal dessa culpa, que é duplo, a saber, a oposição contra Deus e o preferir-se a Cristo.


De onde diz: “que faz oposição” a todos os espíritos bons (Jó 15; Is 3) e “se levantará contra tudo o que se diz Deus”.


E diz-se Deus de três maneiras:


a) por natureza. “Escuta, Israel, o Senhor teu Deus é um só Deus” (Deut. 6);


b) na opinião dos povos. “Todos os deuses dos Gentios são demônios” (Sl. 95).


c) por participação. “Eu disse: sois deuses” (Sl. 81). E a todos estes prefere-se o Anticristo, “e se levantará soberbo e insolente contra todos os deuses; e falará com arrogância contra o Deus dos Deuses” (Dan. 11,36).


Sinal de sua culpa é o que diz: “até chegar a por seu assento no templo de Deus”; pois a soberba do Anticristo avantaja em muito a de todos os que lhe precederam.
Porque assim como se lê de Caio César que quis em vida pusessem em todos os templos uma estátua sua e lhe dessem culto; e do rei de Tiro se diz em Ezequiel 28: “eu sou Deus”; assim é crível o faça o Anticristo chamando-se Deus e homem; e na prova disso se sentará no templo.

 

Mas, em que templo?


Acaso não foi destruído pelos Romanos? Por isso dizem alguns que o Anticristo é da tribo de Dan, que não se nomeia entre as outras doze (Ap 7).


E por isso também os Judeus o receberam primeiro, e reedificaram o templo em Jerusalém, e assim se cumprirá o de Daniel 9,27:


“E estará no templo a abominação da desolação” (Mt 24).


Mas
alguns dizem que nunca será reedificada Jerusalém, nem o templo, senão que durará a desolação até a consumação no fim do mundo. Crença que admitem também alguns Judeus.


Por isso a explicação que dão de “no templo de Deus” a referem à Igreja, porque muitos eclesiásticos o receberão.


Ou,
segundo Santo Agostinho, se sentará no templo de Deus, isto é, exercerá seu principado e senhorio, como se fosse ele mesmo com os seus o templo de Deus, como Cristo o é com os seus.


Mostra que nada novo escreve, ao dizer: “não vos recordais que, quando estava todavia entre vós, vos dizia estas coisas?”; como se dissera: já antes, estando convosco, havia vos dito (1Jo 2; 2Co 10).

 

 

São Tomás de Aquino

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O texto que apresentamos aos nossos leitores é parte de um comentário da Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses feito pelo Doutor dos Santos e o mais Santo dos Doutores da Igreja, isto é, de Santo Tomás de Aquino. A tradução para a língua portuguesa foi feita por Rodrigo Santana através de um texto editado em castelhano disponível no site da Congregação para o Clero (http://www.clerus.org) e vertido do latim de Sancti Thomae Aquinatis Doctoris Angelici super Secundam Epístolam Sancti Pauli Apostoli ad Thessalonicenses expositio publicado por Petri Marietti em 1896. A versão da epístola comentada por Santo Tomás é a da Vulgata de São Jerônimo. Essa também foi a utilizada nesta tradução do comentário.

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Disponivel em: Aparição de La Salette

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