Quando virá o Anticristo?
Admoestamo-los
a não apartar-se da verdade, como se o dia do juízo estivesse próximo, porque
primeiro há de dar-se a conhecer o Anticristo, que São Paulo chama o homem do
pecado.
1 Entretanto, irmãos,
vos suplicamos, pelo advento de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de nossa união à
Ele. 2 que não abandoneis rapidamente vossos sentimentos, nem os assusteis com
supostas revelações, com certos discursos, ou com cartas que se suponham
enviadas por nós, como se o dia do Senhor estivesse muito próximo. 3 Não
deixai-vos seduzir por nada e de nenhum modo, porque não virá este dia sem que
primeiro haja acontecido a apostasia geral dos fiéis, e aparecido o homem do
pecado, o filho da perdição, 4 o qual se oporá à Deus e se levantará contra
tudo o que se diz Deus, ou se adora, até chegar a por seu assento no templo de
Deus, dando-se a entender que é Deus. 5 Não vos recordais que, quando estava
entre vós, vos dizia estas coisas?- 2 Tessalonicenses 2,1-5
No capítulo anterior o
Apóstolo correu o véu aos acontecimentos futuros no que mostra as penas dos
maus e o prêmio dos bons; aqui anuncia os perigos que correrá a Igreja no tempo
do Anticristo; e primeiro anuncia a verdade desses perigos futuros, e exorta-os
logo a permanecer na verdade.
Quanto ao primeiro, excluída a falsidade, os instrui na verdade.
Traz-lhes também a consideração à (tripla) razão que servirá para persuadi-los,
e a que: “a não deixar-se alterar tão facilmente”; e toma do meio que
pudera abordá-los. Induze-os, não com mandatos (Fil 1) senão com seus próprios
rogos: “os suplicamos”.
Pelo advento de Cristo, embora terrível para os maus (Am 5), desejável para os
bons (2Tm 4; Ap 22);
Pelo desejo e amor de toda
a congregação dos Santos, “nele mesmo”, e à saber, onde está Cristo,
porque “onde está o corpo, ali se juntarão as águias” (Mt 24).
Ou nele mesmo, porque todos os Santos, em lugar e glória, estarão no mesmo,
segundo o mesmo: “junta-lhe seus santos”.
Mas a que os induz? “a que não mudeis de ligeiro vossos sentimentos”.
Mas uma coisa é mover-se e outra ser presa do terror.
Move-se de seu sentir quem deixa o que teve; como se dissera: não deixes tão
rapidamente minha doutrina. “Quem pronto crê é cabeça leviana” (Eclo.
19).
Mas o terror é um gênero de trepidação, como o medo do contrário. Por isso
disse: “nem os aterrorizeis”, como o ímpio, em cujos ouvidos “soa sempre
um estrondo que lhe aterra” (Jó 15,21).
Também se houver paz, é suspeita sempre ciladas e traições, “pois sendo como
é medrosa a maldade, traz consigo o testemunho de sua própria condenação”
(Sab 17,10).
a) “não
abandoneis rapidamente vossos sentimentos, nem os assusteis com supostas revelações”.
Dá de mão ao que
poderia movê-los, em especial e no geral: “que nada os seduza”; e é um seduzido ou enganado por uma falsa
revelação; donde diz: “com supostas revelações” ou pelo espírito, isto é: se
alguns disserem que o Espírito Santo revelou-lhe algo de encontro a minha
doutrina, “não os aterrorizeis” (1Jo 4; Ez. 13).
Algumas vezes
também Satanás transfigura-se em anjo de luz,
como se diz em 2Co
11 e 3 Reis, 22: “sairei e serei um espírito mentiroso na boca de todos seus
profetas”;
b) por um raciocínio ou falsa exposição da Escritura; por isso diz: “com
certos discursos” (2Tm 2; Ef 5);
c) por uma autoridade distorcida a um perverso
sentido.
“Segundo que também
nosso caríssimo irmão Paulo os escreveu conforme à sabedoria que lhe foi dada,
como o faz em todas suas cartas... nas quais há algumas coisas difíceis de
entender, cujo sentido os indoutos e inconstantes pervertem, da mesma maneira
que nas demais escrituras de que abusam, para sua própria perdição” (2 Pedro,3,16).
Mas sobre o que versava o
engano?: “como se o dia do Senhor estivesse já muito próximo”.
E adiciona: “ou com cartas que se supunham enviadas por nós”; porque na
Primeira Carta, se mal se entende, parece dizer que a vinda do Senhor está já à
porta, como aquilo: “logo nós os que vivemos...”.
São Tomás de Aquino
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O texto que apresentamos aos nossos leitores é parte de um comentário da
Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses feito pelo Doutor dos Santos e o
mais Santo dos Doutores da Igreja, isto é, de Santo Tomás de Aquino. A tradução
para a língua portuguesa foi feita por Rodrigo Santana através de um texto
editado em castelhano disponível no site da Congregação para o Clero
(http://www.clerus.org) e vertido do latim de Sancti Thomae Aquinatis Doctoris Angelici super Secundam Epístolam
Sancti Pauli Apostoli ad Thessalonicenses expositio publicado por Petri
Marietti em 1896. A versão da epístola comentada por Santo Tomás é a da Vulgata
de São Jerônimo. Essa também foi a utilizada nesta tradução do comentário.
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Disponivel em: Aparição de La Salette
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