terça-feira, 6 de setembro de 2016

Tradicionalistas ranhetas atiram pedras na Santa de Calcutá


Como se já não bastasse as calúnias espalhadas por ateus e haters anticatólicos em geral, alguns tradicionalistas católicos estão espalhando textos infames sobre Santa Teresa de Calcutá. Eles contestam a validade de sua cononização, acusando a madre de ser herege e relativista.

O maior problema desses católicos ranhetas é a FALTA DE FÉ NAS PROMESSAS DO CRISTO. Jesus garantiu que as portas do Inferno não prevaleceriam sobre a Sua Igreja – Igreja fundada sobre Pedro, sempre é bom lembrar; mas essa gente infeliz teima em acusar Roma de apostasia (papai Lutero mandou um abraço para esses seus filhinhos).

Roma falou, tá falado! – ensinou Santo Agostinho. Mas os católicos neuróticos se sentem no direito de contestar Roma até mesmo em questões de grande importância, como as canonizações. Se dizem tradicionais, mas fecham os olhos para a Tradição, que ensina que AS CANONIZAÇÕES SÃO INFALÍVEIS. Não vou me estender sobre isso aqui, mas recomendo que confiram o post da fanpage “Eu quase fui rad-trad, mas a lógica me salvou”.


Há vários artigos debilóides de sites católicos tradicionalistas atacando Madre Teresa. Mas vamos nos concentrar naquele que nos pareceu o mais canalha e estúpido de todos: “6 provas de que Madre Teresa de Calcutá não pode ser tida como santa”, de um blog chamado Rainha dos Mártires.

O artigo é de uma malícia porca e infernal. Usa fontes altamente duvidosas e distorce fatos. São seis pontos de acusação. Vamos colocar um a um na chón.



1°) Em 1986, no Encontro de Assis, onde entre outras aberrações, foi introduzida uma estátua de Buda no Altar, a Madre Teresa de Calcutá se referiu aquela dia como: “o mais belo presente de Deus” (Time Magazine, 10 de Nov. 1986).

Revirei o site da Time e não encontrei essa citação. Talvez minha busca não tenha sido bem-sucedida porque o texto é de uma matéria muito antiga, ou… talvez essa matéria simplesmente não exista. Não dá pra saber.

Sem ter acesso ao texto completo da Time, não podemos averiguar o que realmente foi dito pela Santa e – o mais importante – se ela realmente disse isso. Aliás, nem sabemos se Madre Teresa ficou a par da profanação do altar, sobre as relíquias do mártir Vitorino. E também o cardeal Ratzinger disse que o Encontro de Assis de 1986 foi “um esplêndido sinal de esperança” (Revista 30Giorni).

2°) “Eu sempre disse que nós deveríamos ajudar um hindu a se tornar um melhor hindu, um muçulmano a se tornar um melhor muçulmano, um católico a se tornar um melhor católico.” Prólogo do livro “Tudo começa pela oração” cita tal frase sendo da Madre Teresa de Calcutá.

O título correto é “Tudo começa com a prece”. Curiosamente, a editora do livro no Brasil não é católica, mas sim… Teosófica! Para quem não sabe, a teosofia é uma doutrina que mistura várias crenças, inclusive espiritualismo e ocultismo oriental.

O tal prefácio que eles citam foi escrito por Carlos Cardoso Aveline, que é um “antigo ativista ambiental e estudioso da sabedoria oculta” (!!!).

Deixa eu ver se entendi… “Nós semu católicu tradissionau, nóis contesta o Papa. Mas nóis acredita pia menti no sinhô Carlos Cardoso Aveline, estudiosu da çabiduria oculta”. Nossa, parabéns pra vocês. Merecem levar o prêmio Tosqueira Awards 2016!


O responsável pela coletânea de meditações desse livro é Anthony Stern, que, segundo o New York Times, é um psicanalista judeu. “Nóis tradicionalista naum acredita no Papa. Mas nóis bota fé num judeu que dice que Madre Teresa dice…”. Ah, assim tá sertu!

Enfim, a fonte não nos permite ter segurança alguma de que a Madre disse aquilo mesmo. E, ainda que tivesse dito, seria possível ter uma interpretação perfeitamente ortodoxa de seu sentido.

Já vimos a mídia distorcer mil vezes as declarações do Papa Bento XVI (chegaram até a dizer que ele liberou o uso da camisinha, elogiou Marx e Lutero) e do Papa Francisco. Porque não fariam o mesmo com Madre Teresa? É ÓBVIO que muito do que dizem por aí que ela disse é simplesmente caô.

3)“Alguns chamam-no de Ishavara, alguns chamam-no de Allah, alguns chamam de Deus, mas nós temos que reconhecer que é Ele quem nos fez para coisas maiores: amar e ser amado. O que importa é que nós amamos. Nós não podemos amar sem oração, e assim não importa a religião que nós somos, nós devemos rezar juntos.” (citado por Marian Horvat, “What About the Orthodoxy of Mother Theresa?”)

Essa frase é realmente recheada pela heresia do indiferentismo religioso. Mas, ao saber quem é a autora do artigo que afirma que Madre Teresa disse isso, eu realmente duvido que seja verdade.

Marian Horvat é católica, membro da TFP. Mas é estranho vê-la contrariar um ensinamento do Catecismo, ao afirmar que os protestantes não são cristãos (confira aqui). Sou só eu que acho essa fonte pra lá de suspeita?

4) “Uma ordem católica, As Missionárias da Caridade é todavia ecumênica em seu trabalho. (…)

“Chamávamos sacerdotes hindus e pândits quando necessário. Frequentemente, eles não vinham. Por isso, memorizei o “Garuda Purana”, um texto hindu, que fala do pós-morte, com o equivalente hindu de Céu, Inferno e Purgatório. Um senhor que estava no final da vida pediu-me que o recitasse. Recitei.”

(Ironicamente, esta frase que será refutada pelos Papas a seguir, foi retirada de um artigo feito para DEFENDER a Madre. Fonte: AQUI)

Aqui nós de O Catequista tivemos a honra (SQN) de ser citados no artigo. Vamos lá…

A grande maioria das pessoas atendidas na casa de acolhida aos moribundos era… moribunda! E esses moribundos eram quase todos não-católicos. Tente se imaginar no lugar da Madre Teresa. O pobre está morrendo, pede para receber as bênçãos do sacerdote de sua crença… o que você faz?

Talvez os tradicionalistas achassem apropriado dizer: “Converta-se, seu adorador de demônios! Peça o batismo e receba a extrema-unção de um padre! Ah, não quer? Então morra sem assistência religiosa!”. Que tal?

E você, se fosse parar à beira da morte numa cama de hospital na Arábia Saudita, acharia justo que lhe negassem a assistência espiritual de um sacerdote? Faça ao próximo o que você gostaria que fizessem contigo – é um ensinamento básico de Jesus. Tira o coração do freezer, gente!

A desonestidade intelectual do artigo é vergonhosa. Um trecho da história foi omitido malandramente para fechar com a versão do autor. Cortaram do testemunho do nosso falecido leitor Harun esse trecho, que narra a profissão de fé cristã daquele moribundo:

Recitei. Ele perguntou como eu sabia aquilo. E eu disse que Jesus também ensinava sobre Swarga (o Céu). “Quem é Jesus?”, ele perguntou, querendo evidentemente uma resposta filosófica (hindus são muito introspectivos). Eu respondi: “Jesus é o começo e o fim”. Ele suspirou: “Oh! Eu amo Jesus!”, e morreu.

5) A foto da Madre rezando diante da imagem de Buda é auto-explicativa.


Essa foto também não me agrada nada. Mas eu não sei exatamente o que está acontecendo. A informação é escassa demais para possibilitar uma análise séria. Além disso, os detalhes da foto em destaque de Madre Teresa não nos permitem afirmar que se trata da mesma situação.

Mas vamos partir da hipótese de que Madre Teresa, ali, realmente cometeu o grave pecado da idolatria. Ainda assim, eu não me atrevo a contestar sua santidade (ainda que ela não tivesse sido ainda canonizada). Ela pode ter se arrependido disso depois, pode ter se confessado… enfim.

Moisés pecou contra a fé. Jeremias beirou a blasfêmia. Tiago e João se mostraram vaidosamente interessados em cargos de destaque. São Pedro negou Cristo três vezes. Como já comentamos em um post anterior, Todo santo tem seu dia de Odete Roitman. E onde eles estão agora? Na glória do Céu! Quem seria imbecil a ponto de contestar a santidade desses nomes?

Talvez essa foto tenha registrado um mau momento de Santa Teresa. Se assim foi, tenho certeza que Deus já a perdoou, e que ela está nos Céus, porque ela muito amou. Gente, tô fora, não tô com moral pra tacar pedra numa mulher que resgatava pobres chagados no lixão.

O que sei, com certeza, é que o padre japonês Francisco Akihiro era budista, e se converteu ao catolicismo graças ao trabalho missionário de Madre Teresa (Fonte: CNS Service).

6) Dando comunhão para as irmãs


Ora, em quase todas as nossas igrejas há ministros extraordinários da Eucaristia – e esses ministros podem ser mulheres. É bem verdade que esse serviço que deveria ser “extraordinário” está sendo erroneamente tratado como “ordinário” (corriqueiro), sem necessidade. Mas convenhamos, não estamos diante de nenhuma aberração.

Chegamos ao fim da nossa refutação. O artigo que pretendia “provar” que Madre Teresa não poderia ser santa não provou chongas nenhuma. Só provou que certos santarrões católicos conseguem se equiparar em maledicência aos ateus mais venenosos. Santa estupidez, Batman!
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O Catequista

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