sábado, 29 de maio de 2021

Como seria a vida humana sem o pecado original?



Na descrição do pecado, trata-se de um evento primordial, isto é, de um fato que, segundo a Revelação, teve lugar no início da história da humanidade. A presença da justiça original e da perfeição do homem, criado à imagem de Deus, não excluía que o homem, como criatura dotada de liberdade, fosse submetido (como os outros seres espirituais, os anjos) desde o início à prova da liberdade, prova na qual ele caiu em falta.

A árvore (da ciência), significa o limite impreterível ao homem e a qualquer criatura, por mais perfeita que seja. Assim, a criatura é sempre apenas uma criatura, e não Deus. Por certo, não pode pretender ser como Deus, conhecer o bem e o mal como Deus. Só Deus é a fonte de todo ser. Só Deus é a Verdade e a Bondade absolutas.

Como consequência do pecado original, o homem todo, alma e corpo, foi afetado

Só Deus é o Legislador Eterno, d’Ele procede toda lei no mundo criado, em particular a lei da natureza humana. Nem o homem nem alguma criatura podem colocar-se no lugar de Deus, atribuindo a si o controle da ordem moral.

Toda a existência do homem sobre a terra está sujeita ao medo da morte, que, segundo a Revelação, se acha claramente conjugada com o pecado original. Sinal e consequência do pecado original é a morte do corpo, como, desde então, ela é experimentada por todos os homens.

O homem foi criado por Deus e para a imortalidade; a morte, que aparece como um trágico salto no escuro, vem a ser a consequência do pecado, quase devida à lógica imanente do próprio pecado, mas principalmente infligida como castigo de Deus. Tal é o ensinamento da Revelação e tal é a fé da Igreja: sem o pecado, o fim da nossa provação terrestre não seria tão dramático.

O homem foi criado por Deus também para a felicidade, que, no âmbito da existência terrestre, significava ser isento de muitos sofrimentos, ao menos no sentido de ser isento. Como se depreende das palavras atribuídas a Deus no Gênesis e em muitos outros textos da Bíblia e da Tradição, o pecado original fez que essa isenção deixasse de ser o privilégio do homem.

O pecado e o pecador



Com o crescimento dos movimentos pro-LGBTetc, surge sempre a questão da discriminação e da fobia com relação a pessoas. Por isso, vale sempre lembrar a posição equilibrada da Igreja Católica a esse respeito.

São condenáveis toda a violência, discriminação injusta e preconceito contra as pessoas homossexuais. Deve-se defender sempre a caridade para com essas pessoas. Mas isso não significa aprovação da prática homossexual.

“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10) a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357).

As citações acima da Sagrada Escritura são muito graves: O livro do Gênesis 19, 1-29 narra como a maldade de Sodoma e Gomorra, onde se praticava esse pecado, clamou ao céu, e lhes trouxe a destruição. São Paulo, na Epístola aos Romanos, 1, 24-27, condena abertamente esse pecado como sendo contra a natureza. Na 1ª Epístola aos Coríntios 6, 9-10, o Apóstolo fala claramente que os efeminados, os sodomitas... não terão parte no reino de Deus. E repete essa reprovação na 1ª Epístola a Timóteo,1, 10.

Mas a Igreja ensina a compreensão para com essas pessoas, quando sofrem com essa situação e não se vangloriam da prática do pecado.

Prisão de bispo na China mostra que acordo da Santa Sé foi um fracasso, diz perito



“O acordo entre a Santa Sé e o regime chinês fracassou enormemente em dar a proteção à Igreja na China que se esperava e, na verdade, desde que o acordo foi assinado em 2018, e até mesmo depois de sua renovação no final do ano passado, a situação dos cristãos na China piorou”, afirma Benedict Rogers. Após a prisão do bispo Joseph Weizhu, junto de 10 padres e 13 seminaristas na prefeitura apostólica de Xinxiang, na China, Rogers afirma que a Santa Sé definitivamente “cometeu um erro” ao negociar com o Partido Comunista Chinês e que o acordo foi um fracasso para a proteção dos cristãos.

O acordo visava terminar com a divisão do catolicismo na China entra igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista Chinês, e a Igreja clandestina, ligada ao papa e, assim, encerrar a perseguição aos católicos leais a Roma.

Rogers é o fundador da Hong Kong Watch, organização sediada no Reino Unido que monitora direitos humanos, liberdades e o Estado de direito. Ele também é analista sênior para a Ásia Oriental no grupo de direitos humanos Christian Solidarity Worldwide (CSW).

As prisões dos clérigos começou na tarde da sexta-feira, 20 de maio, quando pelo menos 100 policiais cercaram o prédio da fábrica usado como seminário diocesano. Ali foram presos 13 seminaristas e 7 sacerdotes. A fábrica que abrigava o seminário foi fechada e o dono foi preso. Os 13 candidatos ao sacerdócio foram enviados às suas casas e estão proibidos de estudar teologia. Os policiais confiscaram todos os pertences pessoais dos sacerdotes e seminaristas. A prisão do bispo ocorreu no dia seguinte. A agência reportou nesta segunda-feira, 24 de maio, que os clérigos presos em Xinxiang encontram-se em um hotel em Henan onde passam por sessões de reeducação política.

Rogers se converteu ao catolicismo há 5 anos através de sua relação de trabalho e amizade com o cardeal Charles Bo, arcebispo de Yangon em Myanmar, e hoje é um dos maiores peritos sobre liberdade religiosa na Ásia e particularmente na China.

“Embora as intenções da Santa Sé foram sem dúvida boas, o acordo foi definitivamente um erro”, diz ele. “Especialmente no momento em que o regime do Partido Comunista Chinês está intensificando seu ataque à religião especificamente e aos direitos humanos em geral”.

Segundo Rogers, “o Partido Comunista Chinês sempre violou a liberdade religiosa e foi hostil à religião, mas nos últimos anos, sob Xi Jinping, a perseguição aumentou para um nível que é o pior desde a Revolução Cultural. O regime tem destruído cruzes e igrejas, prendido o clero e forçado as igrejas a exibir imagens de Xi Jinping e propaganda do Partido Comunista ao lado de imagens religiosas”.

“Os jovens menores de 18 anos são proibidos de frequentar locais de culto, nas igrejas controladas pelo Estado as câmeras de vigilância registram a presença de todos os fiéis, e o regime está planejando produzir uma nova tradução da Bíblia que distorça e deturpe completamente as Escrituras para fins de propaganda do partido”, informa Rogers.

“Este acordo foi alcançado com um preço muito alto, ou seja, o silêncio do Vaticano sobre a liberdade religiosa e os direitos humanos na China, o que é de partir o coração", afirmou Rogers.

Cardeal alemão pede que Santa Sé reaja a bênçãos a uniões gay



O cardeal Gerhard Müller, que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por 5 anos, pediu ao Vaticano “uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, depois que, no dia 10 de maio, cerca de 100 padres e agentes pastorais abençoaram uniões homossexuais apesar da proibição da Santa Sé.

“Pela verdade do Evangelho e pela unidade da Igreja, Roma não deve vigiar em silêncio, esperando que as coisas não piorem ou que os alemães sejam pacificados com sutileza tática e pequenas concessões. Precisamos de uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, escreveu o cardeal em artigo publicado em 24 de maio na revista norte-americana First Things, intitulado “Bênção e blasfêmia”.

“Esta encenação de pseudo-bênçãos de uniões homossexuais ativas, homens ou mulheres, em termos teológicos é uma blasfêmia. É uma contradição cínica da santidade de Deus”, disse o cardeal alemão.

A declaração do Vaticano é necessária, diz Müller, “para que, após 500 anos de divisão, o remanescente da Igreja Católica na Alemanha não se desintegre, com consequências devastadoras para a Igreja universal”.

O prefeito emérito afirmou que “a Igreja em Roma tem o primado não só por causa das prerrogativas da Sé de Pedro, cujo ocupante pode agir como bem entender, mas ainda mais por causa do grave dever do Papa, que Cristo lhe conferiu, de guardar a unidade da Igreja universal revelada na fé”.

Na segunda-feira, 10 de maio, padres e agentes pastorais da Igreja na Alemanha abençoaram uniões homossexuais em um evento intitulado “O amor vence”, em rebelião aberta à proibição do Vaticano, que no dia 15 de março aclarou que esse tipo de bênção não é possível. As bênçãos foram realizadas nos lugares que aparecem no site https://www.liebegewinnt.de/.

No site, lê-se: “diante da negativa da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a possibilidade de abençoar as uniões homossexuais, levantamos a nossa voz para dizer que continuaremos acompanhando as pessoas na sua união vinculante em vista do futuro e abençoaremos a sua relação”.

O evento foi endossado por vários bispos, como o presidente da conferência episcopal alemã, dom Georg Bätzing, bispo de Limburgo, e o bispo de Essen, dom Franz-Josef Overbeck, que disse que não aplicará qualquer sanção aos padres que abençoem casais homossexuais.

“O espetáculo de bênçãos de uniões do mesmo sexo não só questiona a primazia do ministério petrino, que se baseia na revelação, mas também questiona a autoridade da própria revelação de Deus”, escreveu o cardeal Müller.

O cardeal alemão criticou também a teologia que trata de justificar a bênção dos pares homossexuais e que “regressa ao paganismo com a sua descabida insistência em se chamar católica, como se a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na tradição apostólica pudesse ser descartada como meras opiniões e expressões temporárias de sentimentos e ideais religiosos que precisam evoluir e se desenvolver de acordo com novas experiências, necessidades e mentalidades”.

“Hoje nos dizem que reduzir as emissões de CO2 é mais importante do que evitar os pecados mortais que nos separam de Deus para sempre”, escreveu Müller.

O matrimônio natural é constituído por um homem e uma mulher

Em seu artigo, o cardeal Müller afirma que “a bênção nupcial está intimamente relacionada ao matrimônio como instituição da criação e sacramento instituído por Cristo”. Por isso, “a bênção nupcial é uma oração poderosa da Igreja para que um noivo e uma noiva participem da salvação: para que o seu casamento ajude a construir a Igreja e a promover o bem dos cônjuges, dos filhos e da sociedade”.

O prefeito emérito frisou que “a bênção nupcial não é como as outras bênçãos ou consagrações. Não pode ser separada de sua conexão específica com o sacramento do casamento e ser aplicada a casais não casados ​​ou, pior, ser mal utilizada para justificar uniões pecaminosas” como são as uniões homossexuais.

“O lugar legítimo e sagrado para a união corporal de um homem e uma mulher é o matrimônio natural ou sacramental de um marido e uma esposa. A atividade sexual livremente escolhida fora do casamento é uma grave violação da santa vontade de Deus”, escfeveu Müller. “O pecado contra a castidade é ainda maior se o corpo de uma pessoa do mesmo sexo for instrumentalizado para estimular o desejo sexual”.

Por tudo isso, disse o cardeal alemão, o que a Congregação para a Doutrina da Fé estabeleceu em março ao proibir a bênção aos casais homossexuais “foi uma simples expressão daquilo que todo cristão católico, instruído nos fundamentos de nossa fé, sabe: a Igreja não tem autoridade para abençoar uniões do mesmo sexo”.

Contra o argumento de alguns teólogos e bispos alemães que justificam a bênção como uma resposta a uma “urgência pastoral” em meio à pandemia do coronavírus, o cardeal respondeu que “se os bispos proibiram a participação na missa, as visitas dos padres aos doentes e os casamentos nas igrejas por causa do risco de infecção, então sua alegação de que há uma necessidade urgente de abençoar pares do mesmo sexo não é nem remotamente plausível”.

Para o prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, “o escândalo na Alemanha não é sobre os indivíduos e suas consciências. Nem parece se orientar à sua salvação temporal ou eterna. Ao contrário, testemunhamos a negação herética da fé católica no sacramento do casamento e a negação da verdade antropológica de que a diferença entre homens e mulheres expressa a vontade de Deus na criação”.

O cardeal Müller também disse que “os bispos e teólogos alemães tratam as pessoas como tolas, alegando que possuem um conhecimento exegético secreto que lhes permite interpretar os versos da Sagrada Escritura, condenatórios das coisas contrárias à natureza, como se fossem algo compatível com a afirmação das uniões homossexuais”.

Papa ordena visita apostólica à arquidiocese alemã de Colônia



O Papa Francisco ordenou uma visita apostólica à arquidiocese de Colônia, na Alemanha, em meio a duras críticas ao tratamento de casos de abuso por parte de sua autoridade, o Cardeal Rainer Maria Woelki. Segundo a Enciclopédia Católica a visita apostólica é uma “uma iniciativa excepcional da Santa Sé que envolve enviar um visitador ou visitadores para avaliar um instituto eclesiástico, como um seminário, diocese ou instituto religioso”. A visita não deve ser entendida como uma punição, pelo contrário, é um instrumento que “tem por objetivo ajudar o instituto em questão a melhorar a forma com que realiza suas funções na vida da Igreja".

A arquidiocese emitiu em um comunicado na manhã desta sexta-feira, 28 de maio, afirmando que os visitadores apostólicos do papa deverão avaliar "possíveis erros" cometidos por seu arcebispo, o cardeal Rainer Maria Woelki.

Os visitadores apostólicos serão o cardeal Anders Arborelius, bispo de Estocolmo na Suécia e o bispo Johannes van den Hende de Rotterdam, presidente da conferência episcopal holandesa, informou a CNA Deutsch, agência de notícias em língua alemã do grupo ACI.

“Durante a primeira quinzena de junho, os enviados da Santa Sé visitarão a arquidiocese para obter uma visão abrangente da sua complexa situação pastoral”, diz o comunicado.

O texto acrescentou que os visitadores também irão examinar os possíveis erros cometidos pelo Arcebispo Stefan Heße, de Hamburgo, que foi Vigário Geral da Arquidiocese de Colônia de 2012 a 2015, e pelos Auxiliares Dom Dominikus Schwaderlapp e Dom Ansgar Puff.

Heße ofereceu sua renúncia ao Papa Francisco e solicitando “liberação imediata” de todas as funções em março deste ano e Dom Ansgar Puff e Dom Dominikus Schwaderlapp se encontram temporariamente afastados desde o mesmo período.

Acolhendo a iniciativa da visita apostólica encomendada pelo papa Francisco, Woelki disse: “Já em fevereiro havia informado o Santo Padre em Roma de forma abrangente sobre a situação em nossa arquidiocese”.

“Congratulo-me com o fato de que, com a visita apostólica, o papa deseja obter sua própria imagem da investigação independente e das consequências dela”.

“Apoiarei o cardeal Arborelius e o bispo van den Hende em seus trabalhos com plena convicção. Congratulo-me com todas as medidas que irão ajudar a garantir a responsabilização”, disse.

O cardeal de 64 anos, líder da diocese com mais fiéis da Alemanha, anunciou em dezembro de 2020 que havia pedido ao Papa Francisco que revisasse as decisões tomadas em relação a um padre acusado - identificado apenas como “Pároco O.” - em 2015.

Woeki, que foi nomeado arcebispo de Colônia em setembro de 2014, tem enfrentado pressão por parte de outros bispos e fiéis para renunciar ao cargo desde que a arquidiocese se recusou a publicar um relatório do escritório de advocacia de Munique Westphal Spilker Wastl.

Em janeiro de 2019, a arquidiocese encarregou a firma Westpfahl Spilker Wastl de examinar arquivos pessoais relevantes que datam de 1975 em diante para determinar "quais déficits pessoais, sistêmicos ou estruturais foram responsáveis ​​no passado por incidentes de abuso sexual encobertos ou que não foram punidos de forma consistente".

Depois que os advogados que assessoraram a arquidiocese levantaram preocupações sobre "deficiências metodológicas" na investigação feita por este escritório de advocacia, Woelki contratou o especialista em direito penal de Colônia, o professor Björn Gercke, para escrever um novo relatório.

Igreja na África age para libertar dois padres sequestrados



O bispo de Sokoto, na Nigéria, dom Matthew Hassan Kukah, vem buscando a libertação de um sacerdote de sua diocese sequestrado há 6 dias, enquanto nos Camarões um grupo de padres vem tentando a soltura de outro sacerdote, sequestrado na semana passada.

Sequestro na Nigéria

O bispo de Sokoto, bispo Matthew Hassan Kukah, informou que a sua diocese conta com uma pessoa que atualmente negocia a liberação do padre Joseph Keke, de 75 anos, com os sequestradores. O sacerdote foi sequestrado no dia 21 de maio por homens armados que atacaram a paróquia de São Vicente Ferrer, em Malunfashi, no estado de Katsina.

“Um de nossos funcionários está negociando com eles. Mas a experiência é dolorosa, muitas vezes traumática, devido à maneira desumana como eles falam e as ameaças que eles fazem. Nossa única arma é a oração”, disse o bispo Kukah à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), no dia 26 de maio.

O padre Alphonsus Bello, de 33 anos, sequestrado junto com o padre Keke, foi assassinado. No dia 20 de maio, seu corpo foi encontrado em uma fazenda. “A morte do padre Bello faz parte das perdas sem sentido e intermináveis que assolam a nossa nação. Na Nigéria, estamos todos literalmente sob o regime da espada. O país está sendo consumido por uma horda bárbara da humanidade”, disse dom Kukah à agência ACI África, do Grupo ACI.

O bispo disse a negociação com os sequestradores tem sido “uma das experiências mais dolorosas” que ele já viveu. Originalmente, os criminosos pediram um resgate de mais de US$ 240 mil, mas logo reduziram o pedido para pouco mais de US$ 120 mil.
“Como as agências reguladoras afirmaram, esses homens são meros ladrões, que muitas vezes trabalham com os moradores nas comunidades, que servem para eles como informantes. Eles simplesmente identificam os alvos fáceis e sua principal motivação é o dinheiro”, disse ele.

O sequestro de padres e de outros católicos é um problema constante no país mais populoso da África.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Papa Francisco brinca sobre brasileiros: “Não têm salvação”.


O papa Francisco fez uma brincadeira com um grupo de brasileiros ao final de sua audiência geral no Vaticano nesta quarta-feira (26). O padre João Paulo Souto Victor, de Campina Grande (PB), abordou o pontífice, que caminhava pelo pátio de San Damaso, e pediu orações para a população do Brasil: "Santo Padre, reze por nós, brasileiros", disse, segundo informações da agência italiana Ansa. O papa respondeu sorrindo e em tom descontraído: "Vocês não têm salvação. É muita cachaça e pouca oração". Um vídeo com o diálogo foi compartilhado em redes sociais nesta tarde.

O sacerdote paraibano, que está no Vaticano estudando Teologia, conta que, desde sua chegada à Roma, desejava falar com o papa, mas ainda não havia conseguido. O que ele não esperava era tamanha informalidade. "Eu travei na hora, porque a gente sempre espera algo formal e curto. Mas aí o papa Francisco nos surpreende com a sua espontaneidade, com seu jeito de ser afetuoso. E aí o encontro tornou-se muito agradável, muito especial", comenta.

Padre João Paulo complementa dizendo que, para quem acredita na imagem de um papa rígido, Francisco tem surpreendido com seu carisma e humanidade. Após a brincadeira, o pontífice garantiu: "rezo sempre pelos brasileiros".

O encontro foi registrado pelo padre Carlos Henrique, brasileiro de Divinópolis (MG). De acordo com o padre Carlos Henrique, a resposta do papa levou os presentes à risada. "Rimos bastante, porque, de fato, não esperávamos. Foi uma resposta muito descontraída. Uma brincadeira de amigos, uma gozação mesmo", comentou o padre mineiro.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Conflito entre Israel e palestinos: minoria cristã relata como enfrenta disputa 'na terra de Cristo'

Os cristãos que vivem nos territórios palestinos são cerca de 1% da população


Em menos de uma semana, o conflito entre Israel e os palestinos escalou dramática e violentamente. É a situação mais grave em cinco anos, e a Organização das Nações Unidas teme uma "guerra em grande escala".

Em meio a essa crise, uma minoria observa como um conflito - que está sem solução há quase 70 anos - coloca em risco sua própria existência. São os cristãos que residem nos territórios palestinos.

Moradores milenares dessa região, os cristãos palestinos representam 1% da população. Para muitos, a única opção é emigrar, abandonar sua nação. Os que ficam sofrem com o conflito que atravessa o território.

"Não somos apenas cristãos. Somos acima de tudo árabes, palestinos. E tudo o que acontece aqui nos afeta diretamente", diz Bandak Saleh, cristão ortodoxo que mora em Belém, na Cisjordânia, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

A maioria dos cristãos que vivem em Jerusalém são palestinos.

A BBC Mundo consultou vários líderes e membros de igrejas cristãs que residem nos territórios palestinos para descobrir como eles veem esta crise, a escala da violência e seu futuro na região.

1. "Uma 'ideologia extremista' sangra a Cidade Santa"

Muitos cristãos temem que em poucos anos sua comunidade desapareça da chamada Terra Santa

Atualmente, a população cristã nos territórios palestinos é de cerca de 50 mil pessoas (apenas 1%), distribuídas nas cidades de Belém, Ramallah e Jerusalém, além dos residentes na Faixa de Gaza.

Do total, 48% pertencem à Igreja Ortodoxa Grega, 38% à Igreja Católica e o restante a Igrejas Protestantes, Presbiterianas e Ortodoxas de outros ritos (Síria e Armênia).

Nessas cidades estão alguns dos centros de peregrinação de suas crenças religiosas: os lugares onde Jesus nasceu, pregou e morreu, de acordo com o relato bíblico e a tradição cristã.

Os líderes cristãos da região criticam as ações do governo israelense, parte de "uma tentativa, inspirada em uma ideologia extremista, que nega o direito de existir a quem mora em suas próprias casas", como disse o bispo católico Pierbattista Pizzaballa de Jerusalém em uma declaração recente.

"E isso sangra a alma da Cidade Santa", acrescentou.

Nos territórios palestinos há presença de igrejas ortodoxas, evangélicas e católicas

Por sua vez, para o secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs do Oriente Médio, Michel E. Abs, há uma consequência clara: "Qualquer conflito, guerra, confronto político sempre causa deslocamento. As pessoas têm que sair do lugar onde vivem", disse ele à BBC Mundo.

Para Abs, como os cristãos são minoria, essa ameaça subjacente os coloca em maior risco de desaparecer se o conflito continuar.

"Os árabes cristãos que precisam fugir não têm muitos países ou comunidades próximas para se estabelecer e, sendo uma minoria, não têm as mesmas possibilidades de apoio que os árabes muçulmanos, que são a maioria."

Isso pode condenar a comunidade que habita a região palestina há séculos, disse o secretário do conselho.

"A ameaça é constante. Você não pode crescer ou ter uma vida tranquila se houver constantemente uma entidade que quer te tirar de sua casa, derrubar a árvore que está em seu quintal ou que não te deixa andar quieto" ele diz.

Estima-se que 50 mil cristãos habitem os territórios palestinos.

Um ponto chave para os cristãos tem sido a ajuda de cristãos palestinos que vivem fora dos territórios - em outros países, outros continentes - e que têm fortalecido a rede de apoio criada por centros comunitários, especialmente na Cisjordânia.

"O papel que os líderes religiosos cristãos têm desempenhado tem sido mais eficaz no nível micro: apoiar as suas comunidades através das paróquias, de forma espiritual, independentemente de o beneficiário ser cristão ou não", conclui.

"A comunidade cristã tem um peso simbólico, mas é muito pequeno", diz o analista Mariano Aguirre, especialista em questões do Oriente Médio do instituto Chatham House, em Londres.

O conflito afeta fortemente todos aqueles que vivem em Jerusalém, especialmente na parte chamada Cidade Velha e em Jerusalém Oriental, de onde os palestinos são constantemente deslocados e onde dizem se sentir perseguidos pelos colonos israelenses.

A Igreja Ortodoxa Grega denunciou fortes pressões para que deixasse Jerusalém

A comunidade cristã, em particular, é muito afetada por duas razões. Primeiro, pelo crescente assédio por parte dos colonos israelenses às comunidades cristãs ortodoxas e seus representantes religiosos.

Em segundo lugar, porque dos aproximadamente 16 mil cristãos que vivem em Jerusalém, cerca de 13 mil são palestinos.

A comunidade cristã em Jerusalém é muito pequena. Tem um peso simbólico e uma forte presença religiosa, mas sua capacidade de influenciar politicamente o conflito israelense-palestino é limitada.

2. "Se houver conflito, não há economia"

Muitos cristãos palestinos foram forçados a deixar sua nação

Em Jerusalém, empresários de turismo denunciaram entidades israelenses por um suposto lobby para confiscar vários hotéis na Cidade Velha que pertencem a igrejas cristãs.

Walid Dajani é dono do Imperial Hotel, que fica em um prédio que pertence à Igreja Ortodoxa Grega e está localizado no bairro cristão da parte velha.

Dajani diz que testemunhou a pressão de grupos radicais israelenses para que ele deixasse esses lugares e abrisse mão da posse.

"Foi um pesadelo. Este prédio pertence à Igreja Ortodoxa Cristã há séculos e, devido a decisões judiciais que não entendemos, ela está prestes a perder esse controle", disse Dajani à BBC Mundo.

"Para isso, eles tomaram uma série de decisões: aumento de impostos sobre igrejas, agressões verbais e até propostas para aprovar a desapropriação de nossas propriedades", diz.

Muitos cristãos nos territórios palestinos encontraram refúgio em suas paróquias

O governo da cidade de Jerusalém e o de Israel negaram, em diferentes declarações sobre o tema, que haja uma campanha para tomar o controle dos prédios das igrejas cristãs.

Uma das entidades israelenses indicadas por trás dessa pressão é a organização Ateret Cohanim, que negou as acusações de "assédio" e de ataques verbais a padres ortodoxos.

"As alegações ou acusações do Patriarcado grego sobre 'colonos radicais' atacando seus padres com abuso verbal, etc. são absurdas, inaceitáveis ​​e vergonhosas", disse Daniel Luria, porta-voz de Alteret Cohanim, ao jornal britânico The Guardian.

"Ateret Cohanim acredita na coexistência com cristãos e muçulmanos, vivendo lado a lado sem cercas ou fronteiras, vivendo em qualquer bairro de Jerusalém", acrescentou.

A verdade é que a grande maioria dos cristãos que residem nos territórios palestinos vive da indústria do turismo. Principalmente em Belém.

No centro desta cidade, o Grand Hotel se destaca com seus sete andares de altura. E há anos vem sofrendo as consequências do conflito e agora da pandemia de covid-19.

"Tínhamos conseguido sobreviver à pandemia e quando os potenciais visitantes começaram a fazer reservas novamente e vimos a luz no fim do túnel, essa escalada nos obrigou a fechar novamente", conta à BBC Mundo Fares Bandak, cristão ortodoxo e dono do Grand Hotel.

"E sempre foi assim: é impossível pensar que alguém vai fazer uma viagem se tem que viver as férias com a sensação de que pode haver um bombardeio. Sem estabilidade é muito difícil construir uma comunidade."

Para Bandak, este é um dos grandes problemas: o turismo depende totalmente do que Israel permite.

"Não temos aeroporto, ou seja, as viagens para Belém ou Jerusalém dependem principalmente do Ben Gurion (aeroporto internacional localizado próximo a Tel Aviv, em território israelense)."

E acrescenta que enquanto em Israel avança uma grande campanha de vacinação contra o coronavírus que tem permitido a reativação do turismo, nos territórios palestinos ela está apenas começando.

Ele também está ciente de que do lado palestino existem obstáculos para se chegar a um acordo de paz. E um muito específico é o Hamas, a principal organização militante palestina que controla a Faixa de Gaza.

"Não faço parte do Hamas porque é uma organização muçulmana e, embora tenha uma posição extremista, não acho que seja uma organização terrorista como Israel aponta", diz ele.

"É claro que o Hamas é um obstáculo para se chegar a um acordo de paz, mas eles estão buscando defender os interesses de todos os palestinos contra a ocupação e o constante assédio de Israel", acrescenta.

domingo, 23 de maio de 2021

Bento XVI: “Floresce na Polônia o que está murchando na Alemanha”


Bento XVI escreveu uma mensagem à comunidade de um seminário da arquidiocese de Czestochowa, na Polônia, em resposta a uma carta que havia recebido deles.

Os seminaristas, que estão prestes a começar os estudos de teologia, convidavam o Papa Emérito a visitá-los por ocasião dos 70 anos de existência do seu seminário.

SegundoDie Tagespost, um conhecido jornal católico da Alemanha, Bento XVI respondeu:

“A carta do vosso seminário, assinada pelo Reitor juntamente com os dois Prefeitos e o Decano dos Alunos, trouxe muita alegria à minha casa. Como é maravilhoso ver florescer na Polônia o que está murchando na Alemanha!”

Papa em Pentecostes diz “não” às ideologias na Igreja: vêm do inimigo


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Pedro
Domingo, 23 de maio de 2021

 
«Virá o Paráclito, que Eu vos hei de enviar da parte do Pai» (cf. Jo 15, 26). Com estas palavras, Jesus promete aos discípulos o Espírito Santo, o dom supremo, o dom dos dons; e fala do Espírito, usando uma palavra particular, misteriosa: Paráclito. Debrucemo-nos hoje sobre esta palavra, que não é fácil de traduzir pois encerra vários significados. Substancialmente, Paráclito significa duas coisas: Consolador e Advogado.

1. O Paráclito é o Consolador. Todos nós, especialmente em momentos difíceis como este que estamos a atravessar devido à pandemia, procuramos consolações. Muitas vezes, porém, recorremos só a consolações terrenas, que depressa se extinguem, são consolações momentâneas. Hoje Jesus oferece-nos a consolação do Céu, o Espírito, o «Consolador perfeito» (Sequência). Qual é a diferença? As consolações do mundo são como os anestésicos: oferecem um alívio momentâneo, mas não curam o mal profundo que temos dentro. Insensibilizam, distraem, mas não curam pela raiz. Agem à superfície, ao nível dos sentidos, dificilmente ao nível do coração. Com efeito, só dá paz ao coração quem nos faz sentir amados tal como somos. E o Espírito Santo, o amor de Deus, faz isso: como Espírito que é, age no nosso espírito, desce ao mais íntimo de nós mesmos. visita «o íntimo do coração», pois é «das almas hóspede amável» (ibid.). É a ternura de Deus em pessoa, que não nos deixa sozinhos; e o facto de estar com quem vive sozinho, já é consolar.

Irmã, irmão, se sentes o negrume da solidão, se trazes dentro um peso que sufoca a esperança, se tens no coração uma ferida que queima, se não encontras a via de saída, abre-te ao Espírito. Como dizia São Boaventura, «onde houver maior tribulação, Ele leva maior consolação. Não faz como o mundo, que na prosperidade consola e adula, mas na adversidade troça e condena» (Sermão na Oitava da Ascensão). Assim faz o mundo, assim faz sobretudo o espírito maligno, o diabo: primeiro, lisonjeia-nos e faz-nos sentir invencíveis – as lisonjas do diabo, que fazem crescer a vaidade –, depois atira-nos ao chão e faz-nos sentir errados: joga conosco. Faz todo o possível por nos derrubar, enquanto o Espírito do Ressuscitado nos quer levantar. Olhemos os Apóstolos: estavam sozinhos naquela manhã, estavam sozinhos e perdidos, com as portas fechadas pelo medo; viviam no temor, tendo diante dos olhos todas as suas fragilidades e fracassos, os seus pecados: tinham renegado Jesus Cristo. Os anos transcorridos com Jesus não conseguiram mudá-los, continuavam a ser os mesmos. Depois, recebem o Espírito e tudo muda: os problemas e defeitos permanecem os mesmos, mas eles já não os temem porque não temem sequer quem pretende fazer-lhes mal. Sentem-se intimamente consolados, e querem fazer transbordar a consolação de Deus. Antes eram medrosos, agora só têm medo de não testemunhar o amor recebido. Jesus profetizara-o: o Espírito «dará testemunho a meu favor. E vós também haveis de dar testemunho» (Jo 15, 26-27).

Avancemos um passo. Também nós somos chamados a dar testemunho no Espírito Santo, a tornar-nos paráclitos, isto é consoladores. Sim, o Espírito pede-nos para darmos corpo à sua consolação. E como podemos fazê-lo? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade. Lembremo-nos de que a proximidade, a compaixão e a ternura são o estilo de Deus, sempre. O Paráclito diz à Igreja que hoje é o tempo da consolação. É o tempo do anúncio feliz do Evangelho, mais do que do combate ao paganismo. É o tempo para levar a alegria do Ressuscitado, não para nos lamentarmos do drama da secularização. É o tempo para derramar amor sobre o mundo, sem abraçar o mundanismo. É o tempo para testemunhar a misericórdia, mais do que para inculcar regras e normas. É o tempo do Paráclito! É o tempo da liberdade do coração, no Paráclito.

2. Depois, o Paráclito é o Advogado. No contexto histórico de Jesus, o advogado não exercia as suas funções como hoje: em vez de falar pelo acusado, costumava ficar junto dele sugerindo-lhe ao ouvido os argumentos para se defender. Assim faz o Paráclito, «o Espírito da verdade» (Jo 15, 26), que não nos substitui, mas defende-nos das falsidades do mal, inspirando-nos pensamentos e sentimentos. Fá-lo com delicadeza, sem nos forçar: propõe, não Se impõe. O espírito da falsidade, o maligno, faz o contrário: procura constranger-nos, quer fazer-nos acreditar que somos sempre obrigados a ceder às más sugestões e aos impulsos dos vícios. Esforcemo-nos então por acolher três sugestões típicas do Paráclito, do nosso Advogado. São três antídotos basilares contra três tentações atualmente muito difusas.

O primeiro conselho do Espírito Santo é: «Vive no presente»; no presente, não no passado nem no futuro. O Paráclito afirma o primado do hoje, contra a tentação de fazer-se paralisar pelas amarguras e nostalgias do passado, ou de focar-se nas incertezas do amanhã e deixar-se obcecar pelos temores do futuro. O Espírito lembra-nos a graça do presente. Não há tempo melhor para nós: agora e aqui onde estamos é o único e irrepetível momento para fazer bem, fazer da vida uma dádiva. Vivamos no presente!

Depois o Paráclito aconselha: «Procura o todo». O todo, não a parte. O Espírito não molda indivíduos fechados, mas funde-nos como Igreja na multiforme variedade dos carismas, numa unidade que nunca é uniformidade. O Paráclito afirma o primado do todo. É no todo, na comunidade que o Espírito gosta de agir e inovar. Olhemos para os Apóstolos. Eram muito diferentes entre eles: por exemplo, havia Mateus, um publicano que colaborara com os Romanos, e Simão, chamado o Zelote, que a eles se opunha. Tinham ideias políticas opostas, visões do mundo diferentes. Mas, quando recebem o Espírito, aprendem a dar o primado não aos seus pontos de vista humanos, mas ao todo de Deus. Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; se fossem estes os critérios, significava que na Igreja se esquecia o Espírito. O Paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades. Faz-nos sentir parte do mesmo Corpo, irmãos e irmãs entre nós. Procuremos o todo! E o inimigo quer que a diversidade se transforme em oposição e por isso faz com que se torne ideologia. Devemos dizer «não» às ideologias, «sim» ao todo.

sábado, 22 de maio de 2021

Cardeal Sérgio da Rocha celebra missa “em memória das vítimas da transfobia”.


Nós nunca pensamos que ele fosse disso… Inclusive, houve até quem duvidasse, que achou que fosse fake news, mas não era: com forte e forçado sotaque baiano, Dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo primaz do Brasil, anterior presidente da CNBB, celebrou uma Missa “em memória das vítimas da transfobia”, como anunciou o G1.

A transmissão começou com a saudação de uma pessoa que disse: “Boa tarde a todos, a todas e a todes (sic!), eu sou Scarlette Sangalo, sou da comunicação do CPDD, além de transformista. Eu estou aqui, na Capela das Dorotéias, no Garcia, e já já vai começar a Missa em pról dos LGBTs assassinados, trans, lésbicas, gays, travestis, enfim, todas…”

Na sequência, falou Renildo Barbosa, que disse: “vamos assistir este marco histórico, que é uma missa celebrada aqui na Igreja, pelo Cardeal”, o que demonstra bem a consciência profunda que os promotores da celebração tinham acerca do alcance deste fato.

Cada palavra do sermão foi devidamente calibrada pelo cardeal, que teve o trabalho de redigi-lo (ou pedir para que alguém redigisse), a tal ponto que ele chegou ao requinte de evitar a letra Q (de Queer) da sigla LGBTQI+. Mas, no cuidado das palavras, ele não ocultou os seus sentimentos.

“Precisamos dizer ‘não’ à violência nas suas múltiplas faces. A violência contra a população LGBTI+ é um sinal triste de uma sociedade que convive com constantes violações da vida, da dignidade, dos direitos de tantas vítimas de morte brutal. A vida, a dignidade das pessoas, principalmente de grupos sociais mais vulneráveis, têm sido continuamente violadas em muitos lugares. Não se pode justificar nem reproduzir a violência disseminada na sociedade”.

Ele também deu explicações estatísticas: “Dados divulgados este mês sobre as mortes violentas de LGBTQI+ ocorridas em 2020 apontaram que o Nordeste ocupa tristemente o primeiro lugar no número de mortes no país, seguido pelo Centro-oeste. E que as capitais mais violentas foram Salvador e São Paulo… Temos muito a fazer para transformar esta triste realidade e construir uma cultura de fraternidade e de paz, de respeito à vida e à dignidade de cada pessoa, especialmente as que vivem em situações de exclusão social”.

Dom Sérgio valeu-se, na homilia, dos dados do Grupo Gay da Bahia, liderado por Luiz Mott (que, pelo contexto das palavras da Sra. Conceição, que falou ao final da Missa, estava presente na Cerimônia). Estes dados são há muito tempo questionados por checadores, que acusam o grupo de divulgar “casos de mortes por acidente, infarto, bala perdida, troca de tiros com a polícia, disputa de ponto de prostituição entre travestis, mortes ocorridas em outros países e até assassinatos de heterossexuais cometidos por homossexuais como se fossem ‘crimes motivados por homofobia no Brasil’”.

Em todo o caso, considerando-se os dados do Grupo Gay da Bahia, o número de assassinatos de homossexuais no Brasil vem se reduzindo há três anos. A explicação dada por Luiz Mott ao Portal Aids chega a ser incrível: “a explicação mais plausível para a diminuição em 28% do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao persistente discurso homofóbico do Presidente da República e sobretudo às mensagens aterrorizantes de seus seguidores nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais, evitando situações de risco de ser a próxima vítima, exatamente como ocorreu quando da epidemia da Aids e a adoção de sexo seguro por parte dessa mesma população”.

Como Dom Sérgio da Rocha tem coragem de emprestar a Igreja e a sua púrpura cardinalícia para isso? Como pode permitir-se usar como palanque para esse tipo de absurdo? Mas a louvação não para por aí.

Na oração dos fieis, foi feita uma prece especial pelos mortos e familiares da Comunidade LGBTQIA+ (seja lá o que isso queira dizer, é a sigla do momento, até que se adicione outras letras). O cardeal, porém, não quis distribuir a Comunhão (possivelmente para evitar fotos), deixando aos padres que o fizessem. Vale notar que a Assembleia estava constituída por pastores, pais e mães-de-santo, além de militantes do movimento gay da Bahia.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor


Nesta sexta-feira, 21, Israel e Hamas estabeleceram um acordo de cessar-fogo. A trégua teve início às 2h da manhã (horário local), suspendendo o conflito mais feroz entre as duas partes em anos. 

O acordo vinha sendo negociado há dias, com pressão internacional principalmente sobre Israel, embora o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continuasse afirmando que continuaria a ofensiva até devolver “calma e segurança” aos cidadãos israelenses.

Horas antes do acordo, o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel havia enfim votado de maneira unânime a favor de uma trégua “mútua e incondicional” em Gaza proposta pelo Egito.

Cerca de 90 minutos antes da trégua entrar em vigor, os residentes da Faixa de Gaza ainda relatavam bombardeios, enquanto sirenes de alarme soavam para alertar os residentes do sul de Israel sobre o lançamento de foguetes.

A maior escalada de violência na região nos últimos anos teve início no dia 10 de maio, e deixou pelo menos 244 mortos em dez dias, sendo 232 em Gaza e 12 em Israel.

Mais um passo rumo ao cisma: protestantes comungam e mulheres fazem homilia na Alemanha


Segundo o ACI (18/05/2021), protestantes receberam a comunhão em igrejas católicas de Frankfurt, Alemanha, no domingo, 16 de maio. No dia seguinte, mulheres fizeram a homilia da missa em diferentes partes do país. As duas ações são proibidas na Igreja Católica. O Código de Direito Canônico, lei que regulamenta a Igreja Católica, estabelece que “os ministros católicos só administram licitamente os sacramentos aos fiéis católicos, os quais de igual modo somente os recebem licitamente dos ministros católicos” (Cânon 844). Na Igreja Católica, o sermão na missa é reservado a um ministro ordenado: diácono, padre ou bispo. Leigos não podem fazer a homilia.

Entre os dias 13 e 16 de maio, as igrejas cristãs da Alemanha realizaram seu Terceiro Encontro Ecumênico. O evento, que aconteceu principalmente de forma virtual, teve como dia principal o sábado, 15 de maio.

De acordo com a KNA, a agência de notícias do episcopado alemão, o terceiro encontro ecumênico terminou no sábado com quatro serviços litúrgicos em que “a decisão consciente dos visitantes individuais” de “participar da ceia de outra denominação” determinou o cesso à eucaristia. Protestantes receberam a Sagrada Comunhão em missas católicas e católicos participaram do momento da ceia em celebrações protestantes.

O presidente da conferência episcopal alemã, Georg Bätzing, bispo de Limburg, disse que o evento deveria ser “ecumenicamente sensível” quando se trata de dar o sacramento da Eucaristia aos protestantes. “Não se trata de uma intercomunhão no sentido de um convite recíproco geral para participar na Eucaristia e na Ceia do Senhor, mas de como tratamos a consciência pessoal de cada cristão católico ou protestante”, disse Bätzing à CNA Deutsch, agência de língua alemã do Grupo ACI.
Em uma entrevista à KNA em abril, Bätzing disse que “daria a Comunhão a alguém que acredita no que nós católicos acreditamos e deseja receber o corpo do Senhor com fé na presença real de Jesus Cristo”. O bispo de Limburg instruiu os padres de sua diocese a dar a comunhão aos protestantes que a solicitassem desde que estes tivessem feito um exame de consciência.

Na missa celebrada na catedral de Frankfurt, Bettina Limperg, luterana e presidente protestante do encontro ecumênico, recebeu a comunhão. O presidente católico do fórum, Thomas Stemberg, foi a um serviço protestante.

Na conta de Twitter do encontro, Limperg foi questionada sobre “como era a Eucaristia”. Ela respondeu que se sentiu “muito bem-vinda” e naquele momento não “sentiu diferença alguma”.

O reitor da catedral de Frankfurt, padre Johannes zu Eltz, pediu desculpas aos protestantes presentes na missa, porque frequentemente têm que lutar contra “a arrogância e a limitação do lado católico”. “Eu peço desculpas por isso e agradeço sua enorme paciência”.

Em sua homilia, o sacerdote disse que se as igrejas e os cristãos “confiarem umas nas outras e em Deus, o mundo poderá experimentar um cristianismo mais convincente”.

As homilias feitas por mulheres foram uma iniciativa da Federação das Católicas Alemãs (KFD na sigla em alemão), um grupo de mulheres católicas que participa do Caminho Sinodal.

Membros da KFD assinalaram nesta segunda-feira 17 de maio o “Dia da Pregadora”, e como parte da iniciativa, 12 mulheres em 12 paróquias alemãs predicaram sobre o Evangelho no momento da homilia.

O dia 17 de maio foi escolhido por ser a data em que a Igreja de Roma celebrava Andrônico e Júnia personagens do Novo Testamento citados por São Paulo na Epístola aos Romanos (6, 17): “Saudai Andrônico e Júnia, meus parentes e cativos comigo, os quais são ilustres entre os apóstolos e foram em Cristo antes de mim”, na tradução do padre Matos Soares.

A KFD alega que a identidade de Júnia como mulher e como apóstola foi apagada na Igreja.

Para a KFD o objetivo das homilias feitas por mulheres era incentivar “uma Igreja com igualdade de gênero” onde “as mulheres são chamadas a pregar”. “Ninguém tem o direito de negar-lhes este chamado só porque são mulheres”, diz a KDF.

Peru: Seminário de Lima posta e retira crítica ao comunismo


O Seminário Santo Toribio de Mongrovejo da arquidiocese de Lima, Peru, publicou uma crítica ao comunismo em sua página no Facebook e, pouco depois, eliminou a postagem, nesta quarta-feira, 19 de maio. O Peru terá segundo turno das eleições presidenciais no próximo dia 6 de junho e, segundo a última pesquisa da Ipsos, Pedro Castillo, do partido comunista Perú Libre, é favorito com 51,1% das intenções de voto. Keiko Fujimori, do Partido Fuerza Popular, investigada por lavagem de dinheiro, tem 48,9%.

A postagem do seminário, dirigida explicitamente aos eleitores peruanos, citava o papa Pio XI, segundo quem a ideologia marxista transforma em seus apóstolos até “jovens inteligentes ainda pouco preparados para perceber os erros intrínsecos do comunismo”. Pio XI escreveu na encíclica Divini Redemptoris, sobre o comunismo ateu, de 1937, que o comunismo é 'uma redenção aparente. Um pseudo-ideal de justiça, igualdade e fraternidade no trabalho satura toda a sua doutrina e toda a sua atividade com uma espécie de falso misticismo', trecho também citado na postagem do seminário.

A publicação excluída também lembrava o pedido da Virgem de Fátima, em 1917, para consagrar a Rússia ao seu Imaculado Coração frente a ameaça do comunismo. O texto dizia que o regime comunista soviético instaurado na Rússia por Vladimir Lênin, exatamente em 1917, produziu “uma 'subversão radical dos direitos, bens e propriedades de todos e da própria sociedade humana.' Além disso, a religião foi proibida, foram confiscados bens da Igreja, milhares de clérigos foram fuzilados e todo o ensino religioso se tornou ilegal”.

“Talvez os tempos a que me refiro possam parecer muito distantes. Mas o comunismo não perdeu a sua essência, visto que se transforma, adquire outras bandeiras que conduzem ao mesmo fim pretendido pelos seus ideólogos”, continuava a postagem.

Havia ainda um apelo à defesa do “respeito pela dignidade humana desde a concepção até a morte natural, da opção pela atenção às necessidades dos pobres, do salário justo para os trabalhadores, da distribuição equitativa da riqueza e da liberdade de culto”.

“Unamo-nos e peçamos à Virgem a sua intercessão, e ao Espírito Santo o entendimento e a sabedoria para escolher o melhor candidato para o Peru”, concluía a postagem.

O texto vinha acompanhado de uma foto da camisa da seleção peruana de futebol com o slogan “Não voto no comunismo”. A mesma camisa foi usada por atletas peruanos importantes, o que foi criticado publicamente pelo cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo.

Menino chora de emoção ao receber a primeira Eucaristia



Caio Henrique Nagel Vieira fez a primeira comunhão no último sábado, 15 de maio, na paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú (SC). Durante a celebração, ele se emocionou e chorou antes e depois de receber pela primeira vez Jesus Eucarístico. Vídeos e fotos do menino em lágrimas começaram a ser compartilhado e viralizaram nas redes sociais.

Segundo relato publicado no site da paróquia, “enquanto Caio chorava, uma catequista, também com olhos marejados, chega, o abraça e da um beijo em sua cabeça. Ela é Patrícia Nagel Vieira que, além de catequista, também é mãe de Caio”.

À mãe, Caio afirmou que “não sabe descrever ao certo o que sentiu”. Disse que no momento da consagração, “primeiro lembrou o filme ‘A Paixão de Cristo’ e pediu perdão pelos pecados da humanidade e por tudo o que Jesus sofreu por nós”. Além disso, agradeceu, “pois Deus poderia começar um mundo novo do zero, mas preferiu sacrificar Jesus por amor a nós”.

Em seguida, quando foi comungar, o menino parou de chorar e seguiu sorrindo, com os olhos fixos no altar. Já tendo recebido Jesus na Eucaristia, colocou-se de joelhos e, novamente, chorou, sentindo que “Jesus o abraçava”.


Em entrevista à ACI Digital, Patrícia Nagel disse que, para ela, testemunhar aquele momento “foi maravilhoso, como mãe e catequista”. “Fiquei muito feliz por ele e por Deus. É o que nós esperamos para todas as crianças, que amem Deus”, afirmou.

A coordenadora de catequese da Paróquia, Eloise Cobra, disse que teve a sensação de “missão cumprida”. “É o que desejamos para todas as crianças, que tenham fé, amor a Deus e esse respeito com a Eucaristia. Toda a comunidade chorou junto ao ver o Caio”, contou.

Segundo Patrícia, Caio vem de uma “família muito religiosa” que o acompanha na fé desde pequeno, com orações e leitura da Bíblia. Durante a Quaresma deste ano, o menino fez a sua preparação para a Páscoa junto com a mãe. “Nas Missas, ele prestava atenção no que o padre dizia e falava: ‘olha mamãe, é como aprendemos na catequese’. Então, dizia que queria se confessar e ficar limpo para receber a Eucaristia na Páscoa. Mas, eu falava para ele ter calma, pois o dia da primeira Eucaristia já ia chegar”, disse.

Quando chegou o dia, Caio não conteve as lágrimas ao realizar seu grande sonho. Patrícia contou à ACI Digital que, ao conversar com o filho sobre o que aconteceu, mostrou os vídeos. “Antes da comunhão, ele ri, chora e fica com os olhos fixos no altar. Ele me falou que não se lembra de nada daquilo e eu disse que ele não lembra porque foi uma coisa do coração”, afirmou.