Tenho
escutado muito sobre Cristo revolucionário ultimamente. Dizem que ele
revolucionou o seu tempo, e que foi subversivo.
Coloque-se,
por exemplo, no lugar de Herodes. Ele é governador numa região que inclui a
nação de Israel, com prévio histórico de rebeliões. Você está sentado sobre um
barril de pólvora pronto para explodir. Com isso em mente você começa a
entender melhor a reação insana de Herodes, contada em S. Mateus 2.1-21.
Ou se
coloque no lugar dos escribas e fariseus. Eles eram o “magistério” daqueles
dias. Eram infalíveis. Eram a nata religiosa de Israel. De repente surge
alguém, que se diz o Ungido, o Filho, e os chama de hipócritas, filhos do
Inferno, serpentes e raça de víboras (S. Mateus 23). Explica-se, que estes,
assim como Herodes, o tenham visto como um homem revolucionário e subversivo.
E, de fato,
ele era as duas coisas.
Toda vez que
ouço alguém dizer sobre a pregação revolucionária e subversiva de Cristo, preciso
concordar. No entanto, o simples fato de que Cristo jamais apelou à política,
ou às armas para converter o mundo, já deveria envergonhar uns 90% dos
revolucionários atuais. Além disso, para piorar a coisa, nem sempre a
“revolução” que Cristo trouxe é compatível com os projetos revolucionários” da
nossa geração. A revolução cristã é bem diferente! Vamos ser sinceros:
provavelmente nenhum “revolucionário” de hoje aceitaria a revolução cristã,
pois a tomam como conservadora e reacionária.
Vamos tomar
como ilustração um famoso e atual revolucionário. Ele atende por Beto, e é
ex-padre, tendo sido excluído da Igreja Católica Apostólica Romana por
declarações favoráveis ao adultério, a poligamia, e a homossexualidade. Numa
entrevista recente ao portal I-Gay, o ex-sacerdote romano justificou sua
postura com o seguinte argumento:
“Jesus era
revolucionário, mas essa característica foi amenizada pela Igreja. Ele é visto
num representação romântica das palavras amor e da paz. Acontece que o amor
dele era comprometido, tanto que isso o levou a arregaçar as mangas. Jesus
inclusive combateu preceitos religiosos, como o do “atire a primeira pedra quem
nunca pecou”, em relação às prostitutas”.
Praticamente
em cada frase há um ídolo a ser derrubado, uma mentira a ser exposta. Coisa
fácil, aliás. Por brevidade vamos ficar apenas com o caso da mulher adultera.
Beto coloca as palavras de um jeito premeditado, como que para enganar aqueles
que não conhecem pessoalmente o texto bíblico. Ele quer convencer o leitor – no
caso, os gays que o apoiam – que Jesus revolucionou a relação da religião com
as prostitutas, quando disse “atire a primeira pedra”. Infelizmente, para e ele
e para seus fãs, tal conclusão está muito longe da verdade.
“E os
escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e, pondo-a
no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato,
adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu,
pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o
acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como
insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre
vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a
inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, redargüidos da
consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou
só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo
ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus
acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe
Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” – S. João 8.3-11.
É
decepcionante que Beto fale daquilo que desconhece. Primeiro que esse texto não
dá qualquer informação sobre o relacionamento de Cristo com as prostitutas. O
que vemos nesse texto é uma mulher pega no ato de adultério, cuja pena era a
morte. Beto ignora as palavras de S. João, e também ignora o ensino da Lei de
Deus. O adultério, na Lei, é punido com a morte, mas a prostituição, mesmo
sendo pecado, não era punida com a morte – a menos que a prostituta fosse filha
de um Sacerdote. Isso, por si só, já desqualifica completamente a exegese do
ex-padre Beto.
Resta saber
como Cristo agiu quanto a esse pecado então. Do modo como o ex-padre Beto
coloca premeditadamente suas palavras, Cristo revolucionou o modo com a
religião de seu tempo lidava com os pecadores. E, de fato, Cristo fez isso.