sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Relatório Final do Sínodo sobre a família já é um documento de orientação para toda a Igreja?


O Papa Francisco, em seu discurso de conclusão do Sínodo dos Bispos sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo” afirmou que “certamente não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família” e que não “encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família” na atualidade, mas que, com coragem, dedicação e sem medo de afrontar os desafios postos às famílias e na família, “procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança”, sem cair em repetições simplistas.

Com efeito, o Relatório Final do Sínodo foi entregue ao Papa Francisco, como reza o Artigo 41 do Regulamento do Sínodo dos Bispos (Ordo Synodi Episcoporum). Segundo as explicações do próprio regulamento, não há uma regra estabelecida de antemão sobre a elaboração de um documento final do Sínodo. Fato é que, após várias assembleias sinodais, os últimos papas publicaram um documento retomando ou levando em conta o fruto do trabalho do Sínodo. Haja vista que os bispos, ao entregar o Relatório Final da assembleia, fizeram um pedido ao papa para que ele publicasse um documento, é de se esperar que isso aconteça nos próximos meses.

Assim sendo, o texto que foi publicado no fim de semana passado não é um documento normativo nem definitivo. Virá a sê-lo se o papa assim o quiser. Mas poderá também passar por modificações por parte do papa. Por isso, é temerário já agora tirar orientações bem precisas em nível prático para a ação pastoral da Igreja, embora não nos seja impedido de começar – ou continuar – a refletir sobre isso.

No que concerne a situação de alguns de nossos irmãos e irmãs divorciados recasados, com quem caminhamos e conversamos pelo Brasil afora, é necessário redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado, pois o texto sequer menciona o acesso à Eucaristia e ao Sacramento da Confissão.

O título no qual se aborda o assunto fala de “discernimento e integração”, deixando, propositadamente, a questão aberta e a ser cada vez mais discernida, com misericórdia e verdade, não só pelas pessoas implicadas, mas também por toda comunidade eclesial, inclusive levando em conta aspectos culturais, como também mencionado pelo Papa Francisco no seu discurso final. A respeito do acesso à Eucaristia, alguns comentários observaram que o texto não diz nem que “sim” nem que “não”. Isso também é válido para aquelas formas de impedimentos hoje existentes na prática eclesial. Tal responta obliqua e não direta do texto faz-nos voltar ao que o papa disse no discurso final, ou seja, de que o sínodo não ofereceu soluções exaustivas a todas as situações complexas, pois estas são múltiplas e variadas. Anunciar aos quatro cantos um acesso ao Sacramento da Eucaristia para todos os que se encontram nesta situação, não somente vai além do que afirma o texto conclusivo do sínodo – repitamo-lo: ainda não normativo nem definitivo –  mas também não respeita a complexidade da história de vidas envolvidas num divórcio e suas consequências temporais, que, quer se queira ou não, toca a noção de comunhão no sentido mais amplo (comunhão eclesial, eucarística, mas também conjugal e familiar), que pode ter sido, em certos casos, gravemente rompida. 

Vaticano diz que Dia das Bruxas é ‘perigoso’ e faz duras críticas à data


O Vaticano fez duras críticas  ao Halloween, feriado de Dia das Bruxas comemorado em 31 de outubro, um dia antes do Dia de Todos os Santos, da Igreja Católica. Segundo o “Daily Mail”, a instituição afirmou ser uma data “anticristã” e “perigosa”, por ter ligação com o oculto. A condenação do Papa ao Dia das Bruxas vem dias depois de bispos da Igreja Católica espanhola pedirem que os pais não permitam que os filhos se fantasiem de fantasmas e duendes para celebrar a data.

Em um artigo intitulado “As perigosas mensagens do Halloween”, o jornal oficial do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, citou o perito litúrgico Joan Maria Canals, que disse que “o Dia das Bruxas é uma corrente do ocultismo e completamente anticristão”. Padre Canals pediu que os pais fiquem “atentos e tentem direcionar o significado da festa para a saúde e a beleza em vez do terror, do medo e da morte”.

“L’Osservatore” elogiou uma igreja em Alcala de Henares, que decidiu realizar uma vigília de oração na noite de sábado, e também a ideia da arquidiocese de Paris de fazer um dia de imersão para as crianças, batizado de “Holywins” (“o sagrado vence”, na tradução do inglês). 

Papa concede indulgência plenária aos Legionários de Cristo


O Papa Francisco concedeu a indulgência plenária, em forma de Jubileu, aos Legionários de Cristo e membros do Movimento Regnum Christi durante o ano de comemoração do 75º aniversário da sua Fundação. O jubileu se concluirá na solenidade do Sagrado Coração do ano 2016.

A Penitenciaria Apostólica da Santa Sé emitiu um decreto assinado pelo Penitencieiro-Mor, o Cardeal Mauro Piacenza, em resposta ao pedido do diretor geral do Regnum Christi e da Legião de Cristo, Pe. Eduardo Robles-Gil, L.C.

Os Legionários e os membros do Regnum Christi poderão receber a indulgência plenária na solenidade de Cristo Rei em 2015 e na solenidade do Sagrado Coração em 2016, se renovarem, por devoção, os compromissos que os unem ao Movimento ou à Legião, e rezarem pela fidelidade de sua terra natal à sua vocação cristã, pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada e pela defesa da família.

A indulgência plenária é concedida quando se dedicarem por um tempo conveniente à prática de obras corporais e espirituais de misericórdia, concluindo com o Pai-Nosso, o Credo e a invocação a Maria, Rainha dos Apóstolos.

A indulgência plenária é concedida também toda vez que dedicarem um tempo conveniente a ensinar ou a aprender a doutrina cristã ou participar em missões de evangelização. 

CNBB divulga nota sobre a realidade sociopolítica brasileira


A REALIDADE SOCIOPOLÍTICA BRASILEIRA
DIFICULDADES E OPORTUNIDADES

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília de 27 a 29 de outubro de 2015, comprometido com a vivência democrática e com os valores humanos, consciente de que é dever da Igreja cooperar com a sociedade para a construção do bem comum, manifesta-se acerca do momento de crise na atual conjuntura social e política brasileira.

A permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional, e que faz parecer que todas as atividades do país estão paralisadas e sem rumo. A frustração presente e a incerteza no futuro somam-se à desconfiança nas autoridades e à propaganda derrotista, gerando um pessimismo contaminador, porém, equivocado, de que o Brasil está num beco sem saída. Não nos deixaremos tomar pela “sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre” (Papa Francisco – Alegria do Evangelho, 85). 

Somos todos convocados a assegurar a governabilidade que implica o funcionamento adequado dos três poderes, distintos, mas harmônicos; recuperar o crescimento sustentável; diminuir as desigualdades; exigir profundas transformações na saúde e na educação; ampliar a infraestrutura, cuidar das populações mais vulneráveis, que são as primeiras a sofrer com os desmandos e intransigências dos que deveriam dar o exemplo. Cada protagonista terá que ceder em prol da construção do bem comum, sem o que nada se obterá. 

É preciso garantir o aprofundamento das conquistas sociais com vistas à construção de uma sociedade justa e igualitária. Cabe à sociedade civil exigir que os governantes do executivo, legislativo e judiciário recusem terminantemente mecanismos políticos que, disfarçados de solução, aprofundam a exclusão social e alimentam a violência, entre os quais o estado penal seletivo, as tentativas de redução da maioridade penal, a flexibilização ou revogação do Estatuto do Desarmamento e a transferência da demarcação de terras indígenas para o Congresso Nacional. No genuíno enfrentamento das atuais dificuldades pelas quais passa o país, não se pode abrir espaço para medidas que, de maneira oportunista, se apresentam como soluções fáceis para questões sabidamente graves e que exigem reflexão e discussão mais profundas com a sociedade. 

Holyween: "Noite dos Santos".


O fenômeno do Halloween, introduzido pela cultura celta e por tradições pagãs, estabeleceu-se tão exuberantemente em nossa realidade, ridicularizando, assim, o princípio cristão da comunhão dos santos.

O mundo oculto define a noite de 31 de outubro como o dia mais mágico do ano, o ano novo do mundo esotérico. As notícias internacionais em qualquer parte do mundo estão cheias de eventos amedrontadores que acontecem nesta noite.

As novas gerações são acostumadas ao culto do horror e da violência, tornando "normais" as figuras e diversões assustadoras e repulsivas: fantasmas, vampiros, bruxas e demônios, com a falsa motivação de exorcizar e superar o medo da morte.

"Nós não queremos ser intolerantes, retrógrados ou fazer censura - diz Dom Pasqualino Di Dio, exorcista da diocese de Piazza Armerina, Itália – mas devemos afirmar que, além de não respeitar as nossas tradições, o escopo do fenômeno Halloween é a difusão de uma mentalidade mágica que às vezes inconscientemente ou ingenuamente através de festas é introduzida”.

O Halloween faz do espiritualismo e do macabro seu centro inspirador, tentando boicotar e transformar a recordação de todos os santos e a celebração pelos fiéis defuntos em um evento de marketing, de negócios do macabro.

Tudo isso está lentamente entrando nas escolas, promovido como uma brincadeira educativa. Quando vemos os nossos filhos copiando o costume americano de "trick or treat", pedindo doces de casa em casa, tudo parece inofensivo e divertido, mas será que não estamos introduzindo, inconscientemente, um ritual pagão? Às vezes, as escolas são enfeitadas para comemorar o Halloween, mas se negam a montar um presépio no Natal.

Na noite de 31 de outubro, muitas paróquias organizam várias atividades para celebrar Holyween - Noite dos Santos -, por meio de vigílias de oração e evangelização. Uma noite em oração é um verdadeiro desafio contra as noites sem sentido que muitas vezes vivem tantos jovens que procuram a felicidade na direção errada. A paróquia carmelita de Gela, por exemplo, há seis anos organiza uma vigília de oração que começa com a Missa, depois, adoração eucarística, e continua com confissões até tarde da noite.

"Devemos olhar para os santos e para os nossos entes queridos - continua Dom Pasqualino - isto é, para o mistério da morte de modo luminoso, com o olhar para o céu. Por anos, convidamos os fiéis a não exporem esqueletos ou fantasmas, máscaras de monstros, zumbis ensanguentados ou caveiras, mas o mais belo rosto da Igreja e da nossa terra: os santos. Os santos nos recordam que a santidade é possível se nos tornarmos pessoas capazes de dar um significado forte para as nossas vidas e de mudar o mundo, começando com as pequenas coisas de todos os dias". 

Por que temos de sofrer as consequências do pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais?


Todos nós, seres humanos, fomos criados de tal modo, que podemos livremente eleger entre os caminhos possíveis que temos por diante, inclusive com a terrível capacidade de negarmos o nosso próprio Criador.

Realmente, é impressionante a liberdade humana. Deus nos cria com ela, preferindo o risco de que o neguemos a obrigar-nos a amá-Lo por coação. Deseja, assim, que o amemos livremente, como filhos, e não como escravos.

Observando a nossa história pessoal, não é difícil perceber que a cada uma dessas escolhas que fazemos nos tornamos responsáveis pelas suas consequências. Quando preferimos o pecado à vontade de Deus, inevitavelmente experimentamos suas amargas consequências, e é justo que seja assim. Mas o que dizer quando o pecado de uma outra pessoa passa a ser, de algum modo, atribuído também a mim? Por que temos que sofrer as consequências do pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais?

Com efeito, afirma São Paulo: “Como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram” (Rm 5, 12). Nossos primeiros pais pecaram gravemente. Abusando de sua liberdade, desobedeceram ao mandamento de Deus. Nisto consistiu o primeiro pecado do homem (cf. Rm 5, 19). Por este pecado perderam o estado de santidade no qual haviam sido criados. O pecado entra na história, portanto, não procedendo de Deus, mas do mal uso da liberdade do homem. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os homossexuais após o Sínodo


Na Igreja, ultimamente, tem-se prestado muita atenção à homossexualidade. Tudo começou com a famosa frase proferida pelo papa Francisco a bordo do voo que o levou do Rio de Janeiro a Roma, em 2013: “Quem sou eu para julgar a consciência de um gay?” O carinho e o respeito de sua santidade para com essa parcela de irmãos homossexuais manifesta-se sempre. Sem embargo, em nenhum instante o bispo de Roma relevou uma vírgula sequer da moral cristã, que exproba os chamados “atos homossexuais” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357). Mas, a grande característica do sumo pontífice reinante consiste em aproximar-se dos dramas humanos, sem medo, sem preocupação com o que vão dizer. Afinal de contas, ele é o vigário de Cristo, do salvador que veio ao mundo para trazer vida abunda nte (Jo 10,10).

A Relatio Synodi, publicada no dia 24 de outubro de 2015, reitera a doutrina de que “não existe nenhum fundamento para uma analogia, nem mesmo remota, entre a união homossexual e o designío de Deus sobre o matrimônio e a família” (n. 76), porém, frisa a obrigação de se acolher o homossexual com todo respeito e alude à premência de se prover uma atenção específica, bem como um acompanhamento dessas situações (idem).

Espera-se que o santo padre, dentro em breve, divulgue uma exortação apostólica pós-sinodal, roborando e explicitando as temáticas agitadas no sínodo de 2015, inclusive a questão da solicitude pastoral para com os homossexuais. 

O ENEM e o controle ideológico da população


Um exame que foi pensado como mero indicador de qualidade acadêmica transformou-se num forte instrumento de controle, inclusive ideológico, de acesso ao ensino superior. E já está sendo usado para consolidar a ideologia de gênero

Nunca houve, na história do Brasil, um instrumento potencialmente tão completo, em termos de dominação ideológica do país, como o ENEM. De fato, ele é, hoje, basicamente a única porta de acesso a todo o ensino superior e a toda a estrutura de pós-graduação no país – vale dizer, quem não estiver preparado para demonstrar não somente qualidade acadêmica, mas também afinação com os pressupostos ideológicos que regem os elaboradores e corretores do exame está condenado a não obter vaga nas universidades, ou ao menos privar-se das universidades de maior qualidade e dos cursos mais procurados.

Não se trata de discutir se o ENEM é ou não um instrumento pedagógico tecnicamente bom. Possivelmente ele é, e isto não diz nada em seu favor: são exatamente os instrumentos bons os que são mais aptos de produzir danos enormes quando mal utilizados. Uma faca extremamente afiada é um instrumento soberbo para um bom churrasco, mas é também uma arma letal nas mãos de um assassino. Há uma confusão básica – também no campo da educação – entre ética e técnica, como se o avanço técnico da ciência pudesse influir diretamente, ou mesmo determinar, as fronteiras da ética.

Neste ponto, há que se frisar: nenhum governo autoritário do Brasil jamais dispôs de um instrumento tão completo, abrangente e eficaz, no plano do controle ideológico, como é o ENEM. Para o bem ou para o mal. Trata-se, como disse, de condicionar o acesso a todo o ensino superior à porta única de entrada que é este exame. E que, é claro, submete-se (potencialmente ao menos, senão em ato) a um grande controle ideológico sob o ângulo de certos consensos acadêmicos e midiáticos que estão bem estabelecidos, hoje, no nosso país e no mundo.

Dou um exemplo: há uma grande discussão, hoje, sobre a verdadeira noção de “identidade sexual”. Tradicionalmente, sempre se entendeu que a “identidade sexual” do ser humano é binária: somos homens e mulheres, e as exceções clínicas, raríssimas, somente confirmavam a regra. Há, é claro, (e tradicionalmente se entendia assim) o campo das tendências, inclinações, desejos e opções sexuais, mas estes não faziam parte da própria identidade sexual, da substância da pessoa humana, senão do campo dos condicionamentos e das escolhas, das opções e vivências culturais e pessoais, na riqueza da sexualidade humana. Compreendia-se que havia homens e mulheres, e que havia diversas maneiras e modos de se viver na prática a sexualidade, sem que tais maneiras e modos passassem a integrar a própria noção de identidade sexual. É assim que a Declaração Universal de Direitos Humanos, já nos seus “consideranda”, fala em “dignidade e valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres”, ou em vedação de “distinção de sexo”, já no seu artigo 2º. É assim, também, que no seu art. 16, reconhece-se que “Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução”. Para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, portanto, a questão de uma “identidade sexual” diversa do sexo das pessoas nem sequer se colocava. Éramos, e sempre fomos, homens e mulheres. Ponto. Todo o resto estava no campo dos condicionamentos, das escolhas, das tendências e desvios, alguns publicamente reprimidos, como a pedofilia, alguns simplesmente tolerados, como a promiscuidade, outros estimulados, em função do seu interesse para todos, como a formação de famílias complementares e fecundas. E as coisas foram assim até pelo menos os anos setenta.