quinta-feira, 3 de março de 2016

O sacrifício espiritual


A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios. Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas? (Is 1,11).

O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor: Está chegando a hora, diz ele,em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito (Jo 4,23.24), e por isso procura tais adoradores.

Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou.

Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e sem mancha, coroada pelo amor, é a que devemos levar ao altar de Deus, acompanhada pelo solene cortejo das boas obras, entre salmos e hinos; ela nos alcançará de Deus tudo o que pedimos.

Que poderia Deus negar à oração que procede do espírito e da verdade, se foi ele mesmo que assim exigiu? Todos nós lemos, ouvimos e acreditamos como são grandes os testemunhos da sua eficácia!

Nos tempos passados, a oração livrava do fogo, das feras e da fome; e no entanto ainda não havia recebido de Cristo toda a sua eficácia.

Quanto maior não será, portanto, a eficácia da oração cristã! Talvez não faça descer sobre as chamas o orvalho do Anjo, não feche a boca dos leões, não leve a refeição aos camponeses famintos, não impeça milagrosamente o sofrimento; mas vem em auxílio dos que suportam a dor com paciência, aumenta a graça aos que sofrem com fortaleza, para que vejam com os olhos da fé a recompensa do Senhor, reservada aos que sofrem pelo nome de Deus.

Outrora a oração fazia vir as pragas, derrotava os exércitos inimigos, impedia a chuva necessária. Agora, porém, a oração autêntica afasta a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Será para admirar que faça cair do céu as águas, se conseguiu que de lá descessem as línguas de fogo? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas para servir o bem.

Consequentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé.

Oram todos os anjos, ora toda criatura. Oram à sua maneira os animais domésticos e as feras, que dobramos joelhos. Saindo de seus estábulos ou de suas tocas, levantam os olhos para o céu e não abrem a boca em vão, fazendo vibrar o ar com seus gritos. Mesmo as aves quando levantam voo, elevam-se para o céu e, em lugar de mãos, estendem as asas em forma de cruz, dizendo algo semelhante a uma prece.

Que dizer ainda a respeito da oração? O próprio Senhor também orou; a ele honra e poder pelos séculos dos séculos. 

Do Tratado sobre a oração, de Tertuliano, presbítero

(Cap.28-29: CCL 1,273-274)             (Séc. III)

Feminista militante: "O feminismo cometeu um grande erro ao difamar a maternidade”.


Observe estas declarações:

“Eu sou contrária à ideologia feminista do presente, que é doente, indiscriminada e neurótica. E, mais do que tudo, não permite à mulher ser feliz”;

“As mulheres precisam se responsabilizar por suas vidas e parar de culpar os homens por seus problemas, que têm mais a ver com questões e estruturas sociais, e não são fruto de uma conspiração masculina”;

“ O feminismo cometeu um grande erro ao difamar a maternidade”;

“Eu estou muito preocupada com essa tendência cirúrgica para mudança do corpo. Isso está por toda parte nos EUA. Dizem que a criança nasceu no corpo errado e já começam com hormônios até chegar à intervenção cirúrgica”;

“ Eu apoio a união civil, mas nunca apoiei o casamento gay, por exemplo. Não acho que o governo deve se envolver em casamento, um termo circunscrito à Igreja”;

Um desavisado pode associar de primeira as declarações a alguma pessoa com o rótulo de conservador, uma pessoa retrógrada, um religioso medieval. Mas nada disso. Estas e outras declarações permeadas de sensatez foram ditas por Camile Paglia, feminista engajada na causa desde a década de 60, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. 

Relação  homem – mulher

“As mulheres querem que os homens se comuniquem como elas [...] Eu vejo grande infelicidade entre mulheres profissionais porque elas querem que suas vidas amorosas tenham a comunicação maravilhosa que elas têm com outras mulheres. A mulher profissional casa com o homem profissional e espera que, ao chegar em casa de noite, ele se comunique com ela como suas amigas ou seus amigos gays. E os homens heterossexuais jamais serão capazes na arte da análise emocional. Não dá para cobrar perfeição dos homens, como se estivéssemos no escritório”.

Crise de masculinidade

Tenho me preocupado muito com a epidemia do jihadismo no mundo, que é um chamado da masculinidade e está atraindo jovens homens do mundo inteiro. É uma ideia de que ali, finalmente, homens podem ser homens e ter aventuras como homens costumavam ter.

A ideologia do jihad emerge numa era de vácuo da masculinidade, graças ao sucesso do mundo das carreiras. O Estado Islâmico, por exemplo, usa vídeos para projetar esse romance, esse sonho de que os jovens podem abandonar suas casas, integrar a irmandade e se lançar numa aventura masculina por meses, na qual correm risco de morte. Antes, havia muitas oportunidades de aventuras para homens jovens. Hoje, suas vidas são como as de prisioneiros: presos nos escritórios, sem oportunidade para ação física e aventura. 

São Marino


São Marino era oficial do exército imperial em Cesaréia da Palestina. Devido a sua bravura foi nomeado centurião romano, cargo esse bastante almejado. Enquanto se aguardava a cerimônia da entrega da vara da videira, quando se concretizava a promoção, um dos pretendentes ao cargo, por inveja a ambição, acusou Marino de ser cristão. O fato ocorreu por volta de 260, quando a Igreja de Cristo era bastante perseguida.

Um certo juiz Aqueu, irritado com esta informação, deu a Marino algumas horas para que apresentasse sua defesa.

São Marino saiu do tribunal com o coração cheio de alegria por defender sua fé. Encontrou-se bispo Teotecno, que o incentivou a perseverar na fé, embora isso fosse lhe custar a vida. O bispo, diante do altar, apresentou-lhe uma espada e a bíblia, e pediu que ele escolhesse. São Marino, com segurança, escolheu a Bíblia.

De volta ao tribunal e diante das autoridades, São Marino afirmou ser cristão. Estava presente na execução outro cristão, o senador Astério, que o incentivou a permanecer firme na sua decisão.

Logo após o martírio, Astério tomou seu corpo a fim de lhe dar uma sepultura digna, embora soubesse que este gesto também lhe custaria a vida, como de fato aconteceu. Dessa maneira, São Marino divide com Astério a honra do martírio por ser seguidor de Cristo.  

ORAÇÃO


Deus eterno e todo poderoso, que destes a São Marino a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por vosso amor as adversidades e correr ao encontro de vós, que sois a nossa vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus


Se me disserem: “Mostra-me o teu Deus”, dir-te-ei: “Mostra-me o homem que és e eu te mostrarei o meu Deus”. Mostra, portanto, como veem os olhos de tua mente e como ouvem os ouvidos de teu coração.

Os que veem com os olhos do corpo, percebem o que se passa nesta vida terrena, e observam as diferenças entre a luz e as trevas, o branco e o preto, o feio e o belo, o disforme e o formoso, o que tem proporções e o que é sem medida, o que tem partes a mais e o que é incompleto; o mesmo se pode dizer no que se refere ao sentido do ouvido: sons agudos, graves ou harmoniosos. Assim também acontece com os ouvidos do coração e com os olhos da alma, no que diz respeito à visão de Deus.

Na verdade, Deus é visível para aqueles que são capazes de vê-lo, porque mantêm abertos os olhos da alma. Todos têm olhos, mas alguns os têm obscurecidos e não veem a luz do sol. E se os cegos não veem, não é porque a luz do sol deixou de brilhar; a si mesmos e a seus olhos é que devem atribuir a falta de visão. É o que ocorre contigo: tens os olhos da alma velados pelos teus pecados e tuas más ações.

O homem deve ter a alma pura, qual um espelho reluzente. Quando o espelho está embaçado, o homem não pode ver nele o seu rosto; assim também, quando há pecado no homem, não lhe é possível ver a Deus.

Mas, se quiseres, podes ficar curado. Confia-te ao médico e ele abrirá os olhos de tua alma e de teu coração. Quem é este médico? É Deus, que pelo seu Verbo e Sabedoria dá vida e saúde a todas as coisas. Foi por seu Verbo e Sabedoria que Deus criou o universo: A Palavra do Senhor criou os céus, e o sopro de seus lábios, as estrelas (Sl 32,6). Sua Sabedoria é infinita. Com a sua Sabedoria, Deus fundou a terra; com a sua inteligência consolidou os céus; com sua ciência foram cavados os abismos e as nuvens derramaram o orvalho.

Se compreenderes tudo isto, ó homem, se a tua vida for santa, pura e justa, poderás ver a Deus. Se deres preferência em teu coração à fé e ao temor de Deus, então compreenderás. Quando te libertares da condição mortal e te revestires da imortalidade, então serás digno de ver a Deus. Sim, Deus ressuscitará o teu corpo, tornando-o imortal como a tua alma; e então, feito imortal, tu verás o que é Imortal, se agora acreditares nele.


Do Livro A Autólico, de São Teófilo de Antioquia, bispo

(Lib. 1,2.7:PG6,1026-1027.1035)            (Séc.II)

É verdade que Nossa Senhora “desce” ao purgatório para resgatar almas?


Ouvi dizer que Maria Santíssima desce ao purgatório para libertar as almas e levá-las ao céu, onde está nosso Senhor Jesus. Eu gostaria de saber qual é a postura da Igreja a respeito disso.

Resposta

Antes de responder à pergunta, é preciso recordar que a dimensão do purgatório é doutrina comum da Igreja, que não o interpreta necessariamente como um lugar, e sim como uma oportunidade de purificação post mortem e, portanto, como um dom da misericórdia divina.

Para que isso fique claro, é preciso recordar que o purgatório não é uma doutrina da Idade Média: temos testemunhos muito antigos de oração em sufrágio e pela purificação dos defuntos que dão testemunho dessa crença. Por exemplo, algumas lápides, desde os séculos III-IV, pedem orações pelo defunto e invocam sua purificação, assim como as liturgias fúnebres de sufrágio e as orações privadas pelos defuntos são testemunhadas pelos Padres da Igreja desde o século III (por exemplo, Tertuliano).

O primeiro texto que oferece uma doutrina do purgatório mais elaborada é o “Prognosticon futuri saeculi”, de São Juliano de Toledo (escrito entre os anos 687 e 688), o qual, com a expressão “ignis purgatorius” (livro II, c. 20-23), descreve uma perspectiva “purgante mediante fogo”. Trata-se de uma descrição que permite conceber o purgatório como um lugar, mas isso acontece pela limitação da nossa linguagem.

Na realidade, o que é essencial no texto é a obra de purificação das almas que, após sobreviver à morte do corpo, esperam tanto a purificação como a ressurreição no final dos tempos. Obviamente, a ideia do fogo provém da Bíblia: Livro da Sabedoria 3, 6 (foram provados como ouro na fornalha) e Eclesiástico 2, 5 (é pelo fogo que se provam o ouro e a prata, e os homens justos, na fornalha da dor).

Sobre o purgatório como lugar, os cristãos não católicos teriam muito a dizer. Na verdade, se o consideramos como uma dimensão de purificação misericordiosa, encontramos um maior consenso por parte das diversas confissões cristãs, sobretudo com os ortodoxos.
 

Santa Inês da Boêmia (Praga)


Santa Inês da Boêmia nasceu em 1208. Pertencia à família real. Otocaro I, seu pai, era rei da Boêmia. Foi educada por monges. Recusou-se a casar com Frederico II, imperador da Alemanha, para isso contando com o apoio do papa Gregório IX.

Foi uma mulher ativa e preocupada com os problemas de seu tempo. Dedicou-se de corpo e alma ao serviço dos pobres, fundando para eles um hospital. Estabeleceu ali a pobreza absoluta, renunciando às rendas e vivendo de esmolas e doações. Incentivou e apoiou os Franciscanos e as Clarissas. Para eles fundou dois mosteiros.

Santa Clara, a quem devotava grande amizade, escreveu-lhe numerosas cartas e chamava-a de "metade de minha alma".

Numa das cartas, Santa Clara dizia à Santa Inês:

“Eu me alegro de verdade, e ninguém vai poder roubar-me esta alegria, porque já alcancei o que desejava abaixo do céu: vejo que você, sustentada por maravilhosa sabedoria da própria boca de Deus, já superou astúcias do esperto inimigo: o orgulho que perde a natureza humana e a vaidade que torna estultos os corações dos homens. Vejo que são a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que a levaram a abraçar o tesouro incomparável escondido no campo do mundo e dos corações humanos, com o qual compra-se aquele por quem tudo foi feito do nada. Eu a considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus, sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável”.

Santa Inês ingressou, mais tarde, no convento das Clarissas, por ela própria fundado, onde foi nomeada abadessa.

Morreu no dia 2 de março de 1282 em Praga, onde nasceu.  

ORAÇÃO


Deus, nosso Pai, em vosso Filho Jesus nos revelastes vossa face cheia de misericórdia, de ternura e de amor. Nós vos agradecemos e vos louvamos por nos ter dado Jesus como nosso irmão, Deus-conosco para sempre. Exultamos de alegria, porque as vossas promessas se cumpriram; já experimentamos aqui as alegrias do vosso Reino de justiça e de paz. Por isso, repetimos as palavras do Apóstolo: “Vede que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos”. Santa Inês, que se consagrou inteiramente a vós e ao serviço dos necessitados, interceda para que a fraternidade se estabeleça na terra. Amém!

terça-feira, 1 de março de 2016

O silêncio de Cristo


Uma antiga lenda norueguesa narra este episódio sobre um homem chamado Haakon, que cuidava de uma ermida à qual muita gente vinha orar com devoção. Nesta ermida havia uma cruz muito antiga, e muitos vinham ali para pedir a Cristo que fizesse algum milagre.

Certo dia, o eremita Haakon quis também pedir-lhe um favor. Impulsionava-o um sentimento generoso. Ajoelhou-se diante da cruz e disse:

– Senhor, quero padecer por vós. Deixai-me ocupar o vosso lugar. Quero substituir-vos na Cruz.

E permaneceu com o olhar pendente da cruz, como quem espera uma resposta.

O Senhor abriu os lábios e falou. As suas palavras caíam do alto, sussurrantes e admoestadoras:

– Meu servo, cedo ao teu desejo, mas com uma condição.

– Qual é, Senhor?, perguntou com acento suplicante Haakon. É uma condição difícil? Estou disposto a cumpri-la com a tua ajuda!

– Escuta-me: Aconteça o que acontecer, e vejas tu o que vires, deves guardar sempre o silêncio.

Haakon respondeu:

– Prometo-o, Senhor!

E fizeram a troca sem que ninguém o percebesse. Ninguém reconheceu o eremita pendente da cruz; quanto ao Senhor, ocupava o lugar de Haakon. Durante muito tempo, este conseguiu cumprir o seu compromisso e não disse nada a ninguém. 

Espanha: por que um homossexual que vive com outro homem não pode ser padrinho de batismo?


Ante as diversas informações divulgadas na mídia acerca do impedimento que uma pessoa homossexual tem para que seja padrinho de batismo, a Arquidiocese de Sevilha (Espanha) indicou ao Grupo ACI que “ser homossexual não é um impedimento”, mas neste caso o candidato não conta com “os requisitos necessários para sê-lo”, pois convive com outro homem.

Trata-se de Salvador Alférez, a quem um pároco da Igreja de Santa Cruz em Écija (Sevilha) recentemente negou a possibilidade de ser o padrinho de batismo de seu sobrinho.

Nesse sentido, a Arquidiocese declarou ao Grupo ACI que “ser padrinho não é um direito, mas uma responsabilidade da Igreja e que esta concede a algumas pessoas que cumprem uma série de requisitos, segundo o Cânon 874 de Direito Canônico”.

A Arquidiocese de Sevilha explicou que esses requisitos estão relacionados “com levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai assumir”. E o fato de que Alférez conviva com uma pessoa do mesmo sexo é “uma situação que a Igreja considera irregular”.

Esta condição “é considerada um impedimento para certas responsabilidades na Igreja” como a missão de ser padrinho de batismo.

“A situação em que vive não é considerada congruente com a fé e com a missão que vai assumir”, pontuam.