terça-feira, 29 de novembro de 2016

Avião com equipe da Chapecoense cai na Colômbia e deixa mais de 70 mortos. Bispos emitem nota de solidariedade às vítimas da tragédia.


O avião que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, sofreu um acidente na madrugada desta terça-feira (29), informam autoridades colombianas. Segundo autoridades colombianas, há 76 mortos e cinco sobreviventes. O avião da LaMia, matrícula CP2933, decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com 81 pessoas a bordo: 72 passageiros e 9 tripulantes. Entre os passageiros havia 21 jornalistas. 

Segundo a imprensa local, a aeronave com o time catarinense perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília) e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.


O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión. Anteriormente, a imprensa colombiana informou possível falta de combustível como causa do acidente. Mas a mídia local informou que o piloto despejou combustível após perceber que o avião iria cair.

Segundo a rede de TV Caracol, da Colômbia, a aeronave sumiu do radar entre La Ceja e Abejorral. Uma operação de emergência foi ativada para atender ao acidente. A Força Aérea Colombiana dispôs helicópteros para ajudar em trabalhos de resgate, mas missões de voos foram abortadas nesta madrugada por causa das condições climáticas. Choveu muito na região na noite de segunda, o que reduziu muito a visibilidade.


Equipes chegaram ao local do acidente por terra, mas o acesso à região montanhosa é difícil e a remoção é lenta.

Fotos da equipe chapecoense antes do embarque

Em nota de solidariedade, o arcebispo da Arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, expressou os sentimentos pela tragédia ocorrida com o time do Chapecoense na madrugada desta terça-feira, dia 29.

“Deixamos nossas condolências a Associação Chapecoense de Futebol, aos familiares das vítimas e toda cidade de  Chapecó. Nos solidarizamos com toda a cidade”.

O Bispo da Diocese de Chapecó, Dom Odelir Magri, também manifestou solidariedade e orações aos chapecoenses.

"É um momento difícil de se falar. Não tem palavras que possam expressar este acontecimento. Nós queremos, em primeiro lugar, manifestar nossa comunhão e solidariedade. Estamos sofrendo juntos, todos. Queremos viver isso não com desespero, mas na dimensão da fé, da esperança. Sabemos que o que pode nos unir, o que nos dar força, o que pode reforçar nossa comunhão neste momento é a dimensão da fé, da oração, o pedido e a intercessão da presença, da graça e força de Deus."

 Assista o vídeo:


A Diocese de Chapecó (SC) publicou em sua página no Facebook uma mensagem expressando suas orações pelas vítimas da queda do avião que transportava os jogadores da Chapecoense, os quais disputariam a primeira partida da final da Copa Sul-Americana na Colômbia.


DIOCESE DE CHAPECÓ
NOTA DE SOLIDARIEDADE

"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá".
(Jo 11,25)



Iluminados pela fé na vida que vence a morte, a Diocese de Chapecó, profundamente consternada com o grave acidente ocorrido com a delegação da Chapecoense, quer expressar o sentimento de solidariedade com todos os atingidos, familiares e amigos. 

Pedimos o descanso eterno às vítimas e a bênção consoladora de Deus.


O presidente Michel Temer decretou luto nacional de três dias e o Itamaraty já providencia o traslado dos corpos das vítimas para os funerais no BrasilNesta hora triste que a tragédia se abate sobre dezenas de famílias brasileiras,  expresso minha solidariedade. Estamos colocando todos os meios para auxiliar familiares e dar toda a assistência possível”, lê-se em um trecho da nota. 

O mistério da conversão do antigo Israel a Cristo


Aqui vão mais dois números do Catecismo da Igreja. Acompanhe, porque são textos importantes!

673. A partir da Ascensão, o advento de Cristo na Glória é iminente, embora não nos "caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com Sua própria autoridade" (At 1,7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam "retidos" tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.

Sem cair no alarmismo ou no fanatismo, a Igreja, no entanto, reafirma que o Cristo manifestará Sua Glória a qualquer momento. Haverá, certamente, um Juízo Final que se seguirá imediatamente à Manifestação da Glória do Senhor. Melhor ainda: a própria Manifestação gloriosa de Cristo já constituirá num juízo sobre o mundo, a história e sobre cada um de nós.

674. A Vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento Dele por "todo Israel". Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 11,26; Mt 23,39) na "incredulidade" (Rm 11,25) para com Jesus. São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo venham da Face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus a Quem o Céu deve acolher até os tempos da Restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de Seus santos profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: "Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?" (Rm 11,15) A entrada da "plenitude dos judeus" (Rm 11,12) na salvação messiânica, depois da "plenitude dos pagãos, dará ao Povo de Deus a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4,13), na qual "Deus ser tudo em todos" (1Cor 15,28). 

O admirável intercâmbio


O Filho de Deus, Aquele que existe desde toda a eternidade, Aquele que é invisível, incompreensível, incorpóreo, o Princípio que procede do Princípio, a Luz que nasce da Luz, a fonte da vida e da imortalidade, Aquele que é a expressão fiel do arquétipo divino, o selo inamovível, a imagem perfeitíssima, a palavra e o pensamento do Pai, é o mesmo que vem em ajuda da criatura feita à sua imagem e por amor do homem Se faz homem. Assume um corpo para salvar o corpo e une-Se a uma alma racional por amor da minha alma. Para purificar aqueles a quem Se tornou semelhante, fez-Se homem em tudo, exceto no pecado. Foi concebido no seio de uma Virgem, já santificada pelo Espírito no corpo e na alma, para honrar a maternidade e ao mesmo tempo exaltar a excelência da virgindade; e assumindo a humanidade sem deixar de ser Deus, uniu em Si mesmo duas realidades entre si contrárias, a saber, a carne e o espírito. Uma delas conferiu a divindade, a outra recebeu-a.

Aquele que enriquece os outros faz-Se pobre. Aceita a pobreza da minha condição humana, para que eu possa receber as riquezas da sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-Se a Si mesmo; priva-Se por algum tempo da sua glória, para que eu possa participar da sua plenitude.

Porquê tantas riquezas de bondade? Que significa para nós este mistério? Eu recebi a imagem divina, mas não soube conservá-la; agora Ele assume a minha condição humana, para restaurar a perfeição daquela imagem e dar imortalidade a esta minha condição mortal. Deste modo estabelece conosco uma segunda aliança muito mais admirável que a primeira.

Convinha que o homem fosse santificado mediante a natureza assumida por Deus. Convinha que Ele triunfasse desse modo sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e reconduzir-nos a Si pela mediação de seu Filho; e Cristo realizou, de fato, esta obra redentora para glória de seu Pai, que era o objetivo de todas as suas ações.

O bom Pastor veio ao encontro da ovelha perdida, procurou-a pelos montes e colinas onde tu sacrificavas aos ídolos; e quando encontrou a ovelha perdida, tomou-a sobre os seus ombros - os mesmos ombros que carregaram com a cruz - e reconduziu-a à vida eterna.

Depois daquela tênue luz do Precursor, veio a Luz claríssima de Cristo; depois da voz, veio a Palavra; depois do amigo do esposo, veio o Esposo. O Senhor veio depois daquele que para Ele preparou um povo escolhido, predispondo os homens, por meio da água purificadora, para receberem o batismo do Espírito. 

Foi necessário que Deus Se fizesse homem e morresse, para que tivéssemos a vida. Morremos com Ele para sermos purificados. Ressuscitamos com Ele, porque com Ele morremos. Fomos glorificados com Ele, porque com Ele ressuscitamos.


Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo

(Or 45, 9, 22. 26.28: PG 36, 634-635. 654. 658-659. 662) (Sec. IV)

A verdadeira religiosidade varonil


Muitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparente religiosidade exterior de alguns companheiros e sua esterilidade espiritual.

Outros trazem à prática da religião demasiado sentimento, e, por seu sentimentalismo, fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas sérias.

Religiosidade é o culto de Deus conjuntamente prestado pela razão, pelo coração e pela vontade.

O coração, ou sentimento, tem, pois, também o seu papel, mas um elemento não deve demasiar-se em detrimento dos outros dois. (…)

E quando [a religiosidade] será real e varonil?

Podem alguns ter ideias de religião adulteradas quanto quiserem: não poderão negar que ela é um dos mais belos ornatos que constituem a verdadeira nobreza do homem.

Em nossos tempos, tentaram tirar da religião a sua autenticidade e substituí-la por diversas especulações científicas; em vão! Onde se atacou a religião, começou a decadência da virtude, da honestidade, do sentimento do dever, da consciência, do caráter — em suma, dos mais belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na história dos antigos gregos, dos romanos e de outros povos. Ali, a vida dos próprios sábios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, não se isentava de falhas, porque eles não conheciam a verdadeira religiosidade. 

São Saturnino de Toulouse


Santo Saturnino é uma das devoções mais populares na França e na Espanha. Sua vida pode ser confirmada em importantes documentos sobre a vida cristã na região da Gália, datados do ano 450. Esses documentos apontam Saturnino como primeiro Bispo de Toulouse. 

Esta região era marcada pela existência de algumas comunidades cristãs que resistiam ao paganismo. As freqüentes brigas fazia com que o número de fiéis diminuíssem a cada dia. A chegada de Saturnino deu novo ânimo a vida destas comunidades católicas. 

O missionário pregava com fervor, convertendo quase todos os habitantes ao cristianismo. Seu nome foi tão conhecido que logo consagrou-se bispo da região. Embora houvesse um decreto do imperador proibindo e punindo com a morte quem participasse de missas, Saturnino continuou com o Santo Sacrifício da missa, a comunhão e a leitura do evangelho. 

Assim, ele e outros quarenta e oito cristãos acabaram descobertos reunidos e celebrando a missa num domingo. Foram presos e julgados. Como não quis ceder aos apelos dos pagãos, Saturnino foi amarrado pelos pés ao pescoço de um touro bravo e arrastado pelas ruas da cidade. 

São Saturnino, com os membros despedaçados, morreu pouco depois e seu corpo foi abandonado no meio da estrada, recolhido por duas piedosas mulheres, dando-lhe sepultura em uma fossa muito profunda.



Deus de amor, que no exemplo dos mártires santifica a Igreja e a torna testemunha fiel da paixão, morte e ressurreição de Jesus, dignai-vos proteger nossos projetos missionários e fazei de nós verdadeiros apóstolos da paz e da fraternidade. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Homilética: 2º Domingo do Tempo do Advento - Ano A: "Trigo ao celeiro, palha ao fogo!"


A primeira parte do Tempo Advento nos insere na dinâmica da espera da segunda vinda de Cristo, da Parusia. Jesus há de vir pela segunda vez! Ele “tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível” (Mt 3,12). Essas palavras em lugar de infundir medo, são portadoras de esperança. Por outro lado, se na consumação do fim dos tempos todos fossem tratados por igual, não se manifestaria a justiça de Deus nem a importância que tem a liberdade humana. Não podemos dizer que o trigo é a mesma coisa que a palha, pois isso iria contra a verdade. O mesmo se diga da diferença entre uma pessoa que procura comportar-se de tal maneira a ser trigo para Deus de outra cuja vida está cheia de palha.

Mas, como foi dito, tudo isso é motivo de esperança: podemos ser trigo de Deus! Ainda que tenhamos errado muito na vida, enquanto vivermos o caminho encontra-se aberto rumo à santidade. Não sei de quem é o ditado, mas sei que é certo: “por um burro dar um coice não se lhe corta logo a perna”.  Por mais coices dados na vida sempre podemos utilizar as pernas para andar rumo a Deus. Quando? Agora!

O Advento é tempo de preparação para receber o Salvador. É tempo de conversão! Daí o convite de João Batista a todos: “Convertam-se por que o Reino do Céu está próximo!” (Mt 3,2). O tempo é agora: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,3).

João Batista prega a conversão. Esta significa colocar os passos nos passos de Jesus. E isto é um aspecto que caracteriza a vida cristã inteira. Quando acontece erro, um extravio, cumpre reconhecer o erro, dispondo-se a receber o dom de Deus, que perdoa sempre, que é infinitamente misericordioso e oferece a cura espiritual no Sacramento da Confissão.

Converter-se é renascer continuamente para a vida ressuscitada com Cristo. A existência do cristão deve ser uma conversão contínua. Não é somente purificar-se do estado de pecado, mas também progredir sempre. Ensina São Paulo: “Rogamos e vos exortamos no Senhor Jesus Cristo a que progridais sempre mais” (1Ts 4,1). O cristão convertido sabe que é um peregrino, como ser que vive debaixo da tenda em condição provisória, como pessoa que jaz sob a lei fundamental de uma mudança sempre mais profunda em busca de santificação pessoal.

João foi chamado o Profeta do Altíssimo por que sua a missão foi ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos, ensinando a ciência da Salvação a seu povo. João não desempenhará essa missão à procura de uma realização pessoal, mas concentrando-se em preparar para o Senhor um povo perfeito. Não se dedicará a ela por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.

Para sermos bons instrumentos nas mãos de Deus é preciso abandonar-nos em suas mãos. Confiemos nesse bom agricultor, ainda que às vezes tenhamos a sensação de que nos está triturando e de que sofremos muito: essa atividade é necessária para que a nossa humanidade apareça como Deus sempre a quis, transluzente da sua graça, que é antecipação da glória de Deus em nós. Somos transformados para transformar, temos que alimentar os outros. A nossa vida deve ser um reflexo dessa referência obrigatória a Deus e aos demais.

Diz João: “Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus.

O mundo não se abriu nem converteu ainda ao Evangelho. Por isso, soa ainda hoje, e mais atual do que nunca, a voz de João Batista que ecoa no Advento: “Arrependei-vos…” (Mt3,2).

Olhemos em direção ao Menino Deus que está para chegar! Hoje o mundo, muitas vezes, olha em outra direção, donde não virá ninguém. Muitos se acham debruçados sobre os bens materiais como se fossem o seu fim último; mas com eles jamais satisfarão seu coração. Temos que apontar-lhes o caminho. A todos.

Não é possível acolher “Aquele que vem “ se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais. Não bastam aparências, apenas de que somos cristãos porque recebemos o Batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.


Quais os caminhos tortos que devemos endireitar? Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao Natal?

Disposição do Papa Francisco para que os padres absolvam o pecado do aborto não reduz a gravidade do ato


Muitas organizações promotoras do aborto usam a nova disposição do Papa Francisco – permitir que todos os sacerdotes absolvam este pecado – para renovar seus esforços a fim de legalizar esta prática em países de maioria católica. Têm sentido suas reclamações?

Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Mario Arroio Martínez Fabre, doutor em filosofia pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz de Roma, advertiu que quem promove a legalização do aborto defendendo-se na recente disposição do Santo Padre realiza uma “tergiversação” e “uma utilização falaciosa das palavras e do conteúdo do texto”.

Em sua Carta Apostólica “Misericordia et Misera”, publicada no dia 21 de novembro, o Papa Francisco determinou: “De agora em diante concedo a todos os sacerdotes, em razão do seu ministério, a faculdade de absolver a quantos cometeram o pecado de aborto”.

O Santo Padre assinalou também: “Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai”.

O Pe. Arroio disse que aqueles que promovem o aborto manipulando as palavras do Papa, “não se preocupam pelo tema da graça de Deus nem o tema do que é um pecado e, sobretudo, é uma tergiversação do sentido das palavras”.

Pe. Arroio disse que a gravidade do aborto, tal como o assinala o Santo Padre, é que “estou acabando com uma vida humana inocente, é algo muito sério”.

“E se para mim acabar com uma vida humana inocente não é algo muito sério, significa que não valorizo a vida humana, e prefiro o capricho do que a vida humana”. 

Atentos e preparados!


O Ano Litúrgico começa com a celebração do primeiro domingo do Advento. Celebrando a memória do mistério pascal de Jesus Cristo, no arco anual, entramos em comunhão com os eventos da história salvífica, desde a esperança da vinda do Senhor até a consumação escatológica do Reino de Deus. A temática central desenvolvida na liturgia da palavra da celebração eucarística é a expectativa da Parusia e, a consequente, atenção e preparação requerida dos discípulos para receber “aquele que vem”. Assim, vivendo neste mundo o mandamento do amor, os cristãos aguardam a vitória final e a plenitude da vida.

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus, no final de seu ministério, fez um grande discurso escatológico (cf. Mt 24; Mc 13; Lc 21). O texto evangélico apresentado neste domingo é uma parte desse discurso na narrativa de Mateus: Mt 24,37-44. Ele está estruturado em dois momentos: uma analogia entre o tempo do dilúvio e o dia da vinda do Filho do Homem (cf. Mt 24,37-41) e a imagem da entrada de um ladrão na casa de um homem (cf. Mt 24,42-44). O primeiro ponto trata da necessidade de levar a sério o anúncio do retorno do Senhor e o segundo, o fato do desconhecimento do dia certo da sua chegada.

O dia da vinda do Filho do homem será como foram os dias de Noé. Nesses dias, as pessoas davam mais atenção às suas necessidades físicas (comer e beber) e emocionais (casar-se) do que a sua dimensão espiritual (anúncio da purificação da humanidade através das águas do dilúvio). Eles reduziram a vida humana apenas ao nutrir-se e ao reproduzir-se, descurando da mensagem divina de conversão. Por isso, a sentença tão dura de Jesus: “E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24,39). A mesma coisa, todavia, pode voltar a acontecer por ocasião da vinda escatológica do Senhor. Nas vicissitudes da vida, acaba por ocorrer uma desvirtuação das dimensões humanas na qual a vida se limita aos bens básicos e onde, ainda, se negligencia a espiritualidade.