domingo, 11 de junho de 2017

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Irmãos e irmãs em Cristo, paz e bem!

Como já é notável, o icatolica.com sustenta dois sites hospedados em www.icatolica.com e www.icatolica.com.br, ambos possuem conteúdos distintos: o primeiro aborda temas gerais e o segundo, temas específicos: o santo do dia, ofício das leituras, orações... Porém, de uns tempos pra cá estou tendo dificuldades financeiras para manter estes domínios cujos preços aumentaram significativamente em 1 ano, principalmente o www.icatolica.com, que é o principal. No começo não nos rendemos às propagandas porque geralmente são chatas, inapropriadas, inconvenientes e sequer temos controle sobre elas mas, recentemente e infelizmente, tivemos que ceder pois ao clicar nelas, obtemos um ganho a ser pago pelo Google, de forma que podemos utilizar o dinheiro para arcar com as despesas.

O www.icatolica.com, no momento, recebe mais de 50.000 visitantes por mês mas ainda muito pouco para um site, isso sem contar que são pouquíssimos os que acessam as propagandas colaborando conosco.

Manter um site com todas as principais redes sociais disponíveis não é fácil, principalmente se considerarmos que não contamos com uma equipe de administradores e tempo suficiente. Mesmo assim, certifico que nossos leitores tenham acesso e se beneficiem de importantes formações da nossa Igreja Católica.

Atualmente o valor devido é de R$ 80 para manter o domínio www.icatolica.com, do contrário ele deixará de existir. E temos pouco mais de 1 mês para fazê-lo. Se algum leitor se disponibilizar a nos ajudar, que entre em contato conosco inbox ou por e-mail para enviarmos a conta a ser depositada. Desta forma, nos dispomos a remover temporariamente as propagandas até que tenhamos a necessidade de arrecadar novamente para pagar as despesas. Pedimos ainda que se você não pode contribuir diretamente, ao menos acesse o nosso site e clique nas propagandas para contribuir. Desde já, agradeço abundantemente.


Att. Gilberto Passos,

Adm.

Como entronizar o Sagrado Coração de Jesus em sua casa (e no seu coração)?


É tradição que o mês de junho seja dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, devido ao fato de a Solenidade do Sagrado Coração ocorrer sempre na segunda sexta-feira após o Corpus Christi.

Segundo o Diretório sobre a Piedade Popular, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é “uma das expressões mais difundidas e amadas da Igreja”.

É uma prática profundamente cristocêntrica, que foi fomentada por inúmeros santos ao longo dos séculos. Sob “a luz da sagrada Escritura, a expressão ‘Coração de Cristo’ designa o mistério de Jesus, a totalidade de seu ser, sua pessoa, que é considerada o núcleo mais íntimo e essencial: Filho de Deus, Sabedoria não-criada, caridade infinita, princípio de salvação e santificação para toda a humanidade. O ‘Coração de Cristo’ é Cristo, Verbo encarnado e salvador, intrinsicamente ofertado no Espírito, com amor infinito divino-humano do Pai e dos homens, seus irmãos”.

Entre as múltiplas devoções relacionadas ao Sagrado Coração está a “entronização” ou “consagração” das casas (e dos corações de seus habitantes) a Jesus. Em particular, Jesus prometeu a Santa Margarita Maria Alacoque: “abençoarei os lares em que uma imagem de Meu Coração estiver exposta e sendo venerada”.

Ao longo do tempo, a Igreja desenvolveu vários tipos de entronização, cujo rito transforma a colocação da imagem em um acontecimento mais formal e espiritual. A Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração) tem seu próprio serviço de oração de consagração familiar, que está no livro do padre James Kubicki  A Heart on Fire: Rediscovering Devotion to the SacredHeart of Jesus [ “Um coração em chamas: redescobrindo a devoção ao Sagrado Coração de Jesus”]. Além do serviço de oração, o padre Kubicki apresenta uma cativante história sobre a devoção ao Sagrado Coração e o motivo pelo qual ela é relevante até hoje.

Durante os últimos anos, o padre Michael Gaitley uniu-se a esta causa e desenvolveu seu próprio programa, chamado de “Consolando o Coração de Jesus”. A obra inclui um grande retiro destinado a aproximar as pessoas do coração de Jesus e termina com uma consagração ao Sagrado Coração. 

RCC: 50 anos


Neste ano, a Renovação Carismática Católica (RCC) completa 50 anos de vida, jubileu de ouro, de modo que vale a pena refletir sobre a atualidade desse movimento eclesial com seus frutos e carismas, bem como com alguns desvios e equívocos, ainda que os pontos positivos pareçam superar, de longe, as falhas aí encontradas.

A RCC pode ser entendida como um movimento de renovação espiritual na vida da Igreja, muito desejado pelo Beato Papa Paulo VI, conforme o Documento de Puebla, n. 267, e que vem produzindo muitos e bons frutos à Igreja

Podemos, portanto, elencar aí seis frutos: 1) a consciência da presença do Espírito Santo na Igreja como um todo, bem como no coração de cada fiel; 2) o gosto pela oração no e pelo Espírito Santo; 3) a oportunidade, por meio da fraternidade dos grupos de oração, de as pessoas afastadas voltarem à Igreja; 4) o amor pela Sagrada Escritura e a consequente leitura e estudo da Palavra de Deus escrita; 5) o grande interesse pela catequese e demais pastorais da Igreja e 6) o alimento a grupo de jovens nas paróquias dos quais saem vocações consagradas e sacerdotais.

A propósito dos carismas – enquanto dons gratuito de Deus para o bem da Igreja – há uma distinção entre os essenciais a todos os fiéis, os essenciais a alguns fiéis ou os extraordinários também a alguns fiéis.

Dentre os primeiros estão dons sem os quais a Igreja não pode subsistir: o senso da fé (sensus fidei), que leva o Povo de Deus a não se desviar da otodoxia; o dom da graça, a conduzir o povo na vivência da intimidade com o Senhor; o sacerdócio comum, por meio do qual todos podem cultuar a Deus e oferecer-Lhe dádivas; a função profética e régia, por ela, o fiel anuncia o Reino (função profética) e o constrói (função régia), bem como a caridade (ágape), o maior de todos os carismas (1Cor 13,13). São dons essenciais derivados dos sacramentos do Batismo e da Crisma.

Na vocação especial, o Espírito Santo concede, também por via sacramental, três dons ou carismas indispensáveis à Igreja: o diaconato, o presbiterado e o episcopado. São formas de consagração definitiva do homem a Deus em favor do povo a fim de manter nele a santidade. Há quem coloque ao lado do ministério ordenado a vida consagrada pelos votos de pobreza, castidade e obediência para o bem da humanidade, por meio da oração ou do apostolado ou de ambas as modalidades.

Existem ainda dons extraordinários concedidos a algumas pessoas e geralmente se destinam a santificar e converter os fiéis em geral. São eles: o dom dos milagres, comum a alguns – não, porém, a todos – santos e inclui curas físicas e espirituais; o dom de línguas e da interpretação delas. Sim, apenas falar línguas estranhas nunca antes estudadas pode parecer portentoso, porém não ajuda a comunidade, caso inexista quem interprete a mensagem (cf. 1Cor 14,13.19; 14,22-23), além do dom do êxtase e da iluminação interior, também muito raro na vida mística dos santos. 

Por que São João Paulo II propôs os mistérios luminosos do rosário?


Quando nós, católicos, rezamos o rosário, vamos meditando sobre vários acontecimentos da vida de Jesus Cristo enquanto repassamos, em filial união com Maria, os assim chamados mistérios da Salvação. Essa forma de oração e devoção mariana foi desenvolvida em 1214 por São Domingos de Gusmão.

Originalmente, São Domingos desenvolveu os mistérios do rosário como um método catequético para ensinar a fé da Igreja às pessoas desencaminhadas pela heresia albigense. Ele agrupou os mistérios em gozosos, dolorosos e gloriosos, com a intenção de ajudar o fiel cristão a se envolver em momentos essenciais da vida de Jesus.

Enquanto refletia sobre esses mistérios, São João Paulo II observou uma “lacuna”. Em 2002, ele escreveu a encíclica “Rosarium Virginis Mariae”, na qual comenta:

“Para ressaltar o caráter cristológico do rosário, considero oportuna uma incorporação que, embora fique à livre consideração dos indivíduos e da comunidade, lhes permita contemplar também os mistérios da vida pública de Cristo desde o Batismo até a Paixão”.

São João Paulo II queria que o rosário se tornasse um “compêndio do Evangelho”, incluindo uma meditação que “também se volte a momentos particularmente significativos da vida pública”. Foram então propostos os “mistérios de luz” ou “mistérios luminosos”:

1) O Batismo no Jordão

2) As bodas de Caná

3) A proclamação do Reino de Deus

4) A Transfiguração

5) A instituição da Eucaristia
É interessante saber que, embora não tenha manifestado publicamente a fonte desta inspiração, São João Paulo II beatificou, um ano antes, em 2001, o sacerdote carmelita São Jorge Preca, de Malta. A biografia do Vaticano destaca que este sacerdote, “em 1957, sugeriu o uso de cinco mistérios de luz para a recitação privada do rosário”.

De acordo com os carmelitas, a divisão de Preca dos mistérios da luz guarda notável semelhança com a proposta de São João Paulo II:

1) Depois do batismo de Jesus no Jordão, Ele foi levado ao deserto.

2) Jesus se revela como verdadeiro Deus pela sua palavra e milagres.

3) Jesus ensina as Bem-Aventuranças no monte.

4) Jesus se transfigura na montanha.

5) Jesus tem sua Última Ceia com os Apóstolos.

São João Paulo II nunca afirmou que São Jorge Preca tivesse inspirado a sua decisão, mas ambos os santos viram a oportunidade de fazer com que o rosário refletisse de modo mais completo a vida de Cristo.

sábado, 10 de junho de 2017

Egito: Governo pede que cristãos diminuam visitas a igrejas por segurança


O ministro de Interior do Egito, Magdi Abdel Ghaffar, aconselhou os cristãos a diminuírem suas visitas e celebrações litúrgicas em igrejas e mosteiros como medida de segurança para evitar que se tornem vítimas de atentados terroristas como os que ocorreram no Domingo de Ramos.

Segundo informou a agência vaticana Fides, a sugestão foi expressa pelo ministro durante uma reunião realizada na quinta-feira, 8 de junho, com os responsáveis máximos da segurança das províncias egípcias nas quais há maior risco de ações terroristas contra a população civil e as forças militares e policiais.

Em seu discurso difundido pelos meios de comunicação egípcios, Ghaffar confirmou que as igrejas e mosteiros estarão no centro das medidas de segurança nesses momentos de emergência, em coordenação com a comunidade e as autoridades eclesiais.

Entretanto, a agência Fides assinalou que esta recomendação “parece contradizer os chamados recentes – expressados pelos responsáveis das políticas egípcias para o turismo – que tem por objetivo promover” o Egito “como um lugar de peregrinação para todos os cristãos do mundo, seguindo os passos da Sagrada Família”, que, como relata a Bíblia, refugiou-se neste país para salvar o Menino Jesus da perseguição de Herodes. 

Homilética: Solenidade de Corpus Christi – Ano A: "Comunhão com o dom de Cristo".


Como que prolongando a atmosfera pascal, atmosfera do mistério de nossa redenção pelo Senhor morto e glorificado, a Igreja quer celebrar de modo mais expresso o sacramento pelo qual participamos da doação até o fim de seu corpo e sangue, conforme a palavra de Jesus na Última Ceia. Embora esta celebração seja uma extensão da Quinta-feira Santa, o evangelho é o texto eucarístico de João, que não se encontra no contexto da Última Ceia, como nos evangelhos sinóticos, mas no contexto da multiplicação do pão. Jesus explica o sentido do “sinal do pão”.

Para os judeus, a multiplicação do pão significou saciação material (cf. o messianismo político); para Jesus, significava o dom de Deus que desce do céu, e que é ele mesmo, em pessoa. Ora, na última parte do discurso (Jo 6,51-58), Jesus especifica mais ainda: esse dom do céu é “sua carne (= existência humana) dada para a vida do mundo” (cf. a fórmula paulina da instituição da Eucaristia, “meu corpo [dado] por vós”, 1Cor 11,23).

A Eucaristia tem duas dimensões: primeiro, a sua celebração, a missa, ao redor do altar; e depois, a sua prolongação, com a reserva do Pão eucarísticos no Sacrário e a conseguinte veneração e adoração que lhe dedica a comunidade cristã. A finalidade principal da Eucaristia é a sua celebração- a missa-, isto é, para os fieis comungarem o Corpo e o Sangue de Cristo. Porém, desde que, já nos primeiros séculos, a comunidade cristã começou a guardar o Pão eucarísticos para os enfermos e para os moribundos, foi nascendo cada vez mais “conatural” que se rodeasse o lugar da reserva (o Sacrário) de sinais de fé e adoração ao Senhor. A Eucaristia na celebração é para ser comida para a saúde das nossas almas e assimilar Cristo, Pão de vida. A Eucaristia na prolongação é para ser adorada, festejada e cantada. Na celebração da Eucaristia entramos em comunhão com Cristo na hora de comungá-lo. Na prolongação da Eucaristia caímos de joelhos para agradecer, adorar, contemplar e abrir o coração diante de quem está ali sacramentalmente presente e sabemos que nos olha e nos ama. 

Este culto por Cristo Eucaristia prolongado deve nos levar a cuidá-lo sempre. Daqui a dignidade dos Sacrários: sempre colocados num lugar nobre e destacado, convenientemente adornados, fixados permanentemente sobre um altar, pilar, ou também metidos na parede ou incorporados a um retábulo. O Sacrário deve estar construído de matéria sólida (podem ser metais preciosos como ouro, prata, metal prateado, madeira, cerâmica e similares) e não transparente, fechado com chave, num ambiente que seja fácil à oração pessoal fora do momento da celebração, e portanto melhor numa capela separada (capela sacramental). Daqui que junto ao Sacrário brilhe constantemente uma lâmpada, com a qual se indica e honra a presencia real e silenciosa de Cristo. Daqui, a genuflexão quando passamos diante dele. Daqui, os momentos pessoais de oração ou “visita” diante do Senhor na Eucaristia. Daqui, a organização da “bênção com o Santíssimo” com uma “exposição” mais ou menos prolongada e solene para a adoração comunitária. São momentos que deveríamos desejar, ter saudades e buscar, tanto pessoalmente como em comunidade; momentos de oração mais pausada, meditativa e serena diante do Sacrário.

Portanto, a festa do Corpus Christi não é veneração supersticiosa de um pedacinho de pão, nem uma ocasião para mandar procissões triunfalistas pelas ruas. É um comprometimento pessoal e comunitário com a vida de Cristo, dada por amor até a morte. É o memorial da morte e ressurreição do Cristo (oração do dia), mas não um mausoléu; é um memorial vivo, no qual assimilamos o Senhor, mediante a refeição da comunhão cristã, saboreando um antegosto da glória futura (oração final, cf. O Sacrum Convivium, de Santo Tomás de Aquino).

Homilética: Solenidade da Santíssima Trindade – Ano A: "O Deus de Amor".


Neste Domingo a Igreja nos faz proclamar a glória da Trindade Santa, o Deus uno e trino que é amor e deu-se a nós e nos salvou por amor! Na Liturgia, no correr do ano, é o Mistério e a história do nosso Deus conosco que celebramos, contemplamos e experimentamos na nossa vida!

Mas, o que nos revela essa história de Deus, do Pai que nos enviou o Filho na força do Espírito Santo? Revela-nos que o Deus uno e único, o Santo Deus de Israel é, ao mesmo tempo e de modo misterioso e impenetrável, uma eterna e perfeita Comunidade de amor! Ele é um só! Ele é comunidade de amor! Absolutamente Um e absolutamente comunidade! Eis o Mistério que nem no céu poderemos esquadrinhar! Não é a toa que, na primeira leitura de hoje o Senhor se revela se escondendo na noite e na nuvem: “Ainda era noite… e o Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés”. Eis! Nosso Deus se faz próximo, desce até nós por amor, mas não podemos compreendê-lo, domá-lo, domesticá-lo! Ele se revela como amor puro e generoso: seu nome é Amor e Misericórdia: “Senhor, Senhor! Deus misericordiosos e clemente, paciente, rico em bondade e fiel…”, mas para experimentá-lo, para caminhar com ele, e preciso a atitude de Moisés: “ele curvou-se até o chão, prostrado por terra… E disse: ‘Senhor, acolhe-nos como propriedade tua’”. Nosso Deus nos ama, nosso Deus faz-se próximo, mas jamais será nosso parceiro, nosso amiguinho, nosso coleguinha, que pode por nós ser subornado e com o qual podemos negociar! Não! Ele é Deus! O seu nome é Eternidade, o seu nome é Infinitude, o seu nome é Amor! Ele é Deus!

E, no entanto, ele quis caminhar conosco, veio a nós e revelou-se no Mistério da sua intimidade. Que coisa: um Deus que nos procura e quer nos unir a ele. Como dizia Santa Teresa: “Juntais aquela que não é com a Plenitude acabada: sem acabar, acabais; sem ter que amar, amais, e engrandeceis nosso nada!” Ele, gratuitamente, deu-se a nós, para nos salvar, fazendo-nos viver com ele, participando da sua vida: por isso o Pai entregou ao mundo o seu Filho amado: para viver conosco, sonhar conosco, sofrer e morrer conosco e, assim, dá-nos sua vitória e seu céu: “Deus, o Pai, amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crer, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho para condenar o mundo, mas que o mundo seja salvo por ele”. No Filho único, Jesus, o Pai mostrou o seu rosto, o Pai mostrou sua bondade, o Pai mostrou o seu amo. Jesus mesmo disse: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma só coisa! (Jo 14,9s). Mas, não bastava para Deus viver no nosso meio, entre nós! Ele quis viver em nós, dentro de nós, sendo mais íntimo de nós que nós mesmos! Por isso, o Filho Jesus, Deus entre nós, Deus conosco, após sua morte e ressurreição, deu-nos o seu Espírito Santo, que ele mesmo recebera do Pai: “Porque sois filhos, Deus, o Pai, enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4,6). Deus foi grande para conosco! Foi bom demais! Não só nos revelou coisas, mas revelou-se a si mesmo. Ele, no mais íntimo de si, sem deixar de ser um só, é Pai, eterno Amante, é Filho, eterno Amado, é Espírito, eterno Amor! E não somente revelou-se a nós como é, mas deu-se a nós: o Pai, pelo Filho, no Espírito deu-nos a própria vida divina! Deus veio a nós, quis fazer história na nossa história, quis viver a nossa vida para nos elevar à vida dele, vida feliz, vida plena, vida eterna!

É nessa fé que vivemos, é na vida desse Deus uno e trino que fomos batizados. Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito, é o amor que nos invade e que devemos viver entre nós! A Trindade não é uma teoria para os doutores em teologia. Ela é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a vida da Igreja: “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (1Jo 4,7-8). Porque somos cristãos, nascidos nas águas batismais, em nome da Trindade, nossa vida deve ser vida e comunhão de amor: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” Estas palavras de São Paulo revela o que nós somos, o que devemos ser, o que devemos testemunhar diante do mundo: uma comunidade que nasceu do amor, vive no ninho do Deus de amor e caminha para o Deus de amor. Por isso o Apóstolo recomenda-nos: “Alegrai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, saudai-vos com o ósculo santo!”


Caríssimos, crer e experimentar que Deus é uno e trino é viver no amor que nos faz uma só coisa no Filho Jesus e nos conserva respeitosos das diferenças e diversidades entre nós. Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de dons, carismas, ministérios e sensibilidades, não é uma comunidade realmente nascida da Trindade, que vive o mistério da Trindade e caminha para a Trindade. Nunca esqueçamos: vimos do Pai pelo Filho no Espírito; caminhamos, peregrinos, para o Pai, pelo Filho no Espírito. A Trindade é nosso berço, nosso ninho e nosso destino. Contemplá-la e adorá-la é viver o amor. Como dizia Santo Agostinho: viste o amor, viste a Trindade. “Bendito seja Deus Pai, bendito seja o Filho unigênito, bendito seja o Espírito Santo! Deus foi misericordioso para conosco!” A ele, a glória pelos séculos. Amém.

O que fazer quando perdemos a vontade de rezar?


Há horas em que não sinto a menor vontade de dialogar com algumas pessoas, mas, porque preciso, acabo deixando minha vontade de lado e vou ao encontro delas, converso, trabalho, convivo e sigo em frente. Com Deus não é diferente. Às vezes, envolvo-me tanto com as coisas, que não sinto vontade de falar com Ele, ou seja, de rezar, mas porque sei que preciso e, até mais, dependo da Sua graça, vou ao Seu encontro por meio da oração.

É claro que isso exige empenho e perseverança, porque, na verdade, a vida de oração é um conquista diária; e como nenhuma conquista é isenta de lutas, é preciso lutar para ser orante. Aliás, Santa Teresa de Jesus afirma, em sua autobiografia, que oração e vida cômoda não combinam em nada; ela lembra ainda que uma das maiores vitórias do demônio é convencer alguém de que não é preciso rezar. Ou seja, quando o assunto é vida de oração, é preciso ter consciência de que se trata de um luta espiritual, e para vencer o único caminho é rezar com ou sem vontade. Até porque, como diz o ditado popular, “vontade dá e passa”. Se eu escolho deixar-me guiar apenas pelo meu querer, corro o risco de ser vazia, sem sentido.

Deserto espiritual

Eu sei que, com o passar do tempo e o acúmulo de atividades, corremos o sério risco de, aos poucos, irmos deixando a oração de lado ou rezarmos de qualquer jeito, até chegarmos a um “deserto espiritual” e termos uma certa apatia quando o assunto é oração. Mas é justamente, nesta hora, que precisamos ir além dos sentimentos e considerarmos que o “deserto também é fecundo” quando vivido em Deus, e pela sua misericórdia em nossa vida tudo é graça!

Consolações e desolações, alegria e tristeza, perdas e ganhos, tudo é fruto do amor de Deus, o qual permite vivermos as provas enquanto nos chama a crescermos e frutificarmos em toda e qualquer situação. Portanto, no ponto em que você está agora, volte a fixar sua alma em Deus e permita que Ele lhe devolva a si mesmo, pela força da oração.

Ao absorvermos tanta agitação e estímulos em nossos dias, acabamos perdendo o contato com nossa verdadeira essência, e ficamos tão distraídos e preocupados com tudo o que está acontecendo a nossa volta, que acabamos fragmentados, confusos e inseguros, sem nos lembrarmos de onde viemos, onde estamos e menos ainda para onde vamos. Só Deus pode nos reorientar.

Jesus tinha consciência disso quando disse a Seus discípulos: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (Mateus 26,41); eu diria, principalmente, a tentação de esquecer quem é você e qual é o seu papel neste mundo.