quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O aborto e a encarnação do Verbo


“DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS, NÃO AS IMPEÇAIS.” (São Mateus 18,14)

Nenhum debate cristão autêntico sobre o aborto encontrará a Verdade tendo por foco o sentimentalismo humano ou a defesa de bens temporais terrenos, como por exemplo, o compadecimento em relação ao sacrifício daquelas mulheres, que terão que renunciar a si próprias, aos seus planos de bem-estar afetivo, financeiro ou emocional, ao se tornarem mães em circunstâncias indesejadas.

Nosso sentimentalismo, corrompido pelo pecado, tornou-se o movimento da paixão contra a razão; da substância sensível contra o intelecto; da concupiscência natural contra a Santidade Divina; do egoísmo contra a Comunhão com a Vontade de Deus; do aprazível contra o sacrificial, no qual tomamos nossa cruz, e por ela nos assemelhamos ao Cristo, credenciados como seus seguidores.

Tudo que é sentimentalmente ocupado apenas com o conforto humano, nos leva ao egocentrismo que aniquila Deus como Princípio Único de todos os nossos atos e vontades.

A vontade de Deus é imutável porque é Perfeita.

Em contrário, tudo que é sentimental é volúvel, traiçoeiro e mutável, posto que imperfeito e defectível.

Um mesmo sentimento que nos comove a não aceitar que seja ceifada a vida de um feto, também pode nos comover a permitir o seu aborto levando em conta o sofrimento da mãe, por exemplo, quando é sabedora que ao nascer, viverá a criança apenas alguns instantes, como no caso dos anencéfalos.

Eis aí, uma hipótese que demonstra como a emotividade é instável, e portanto, não pode nortear conceitos, definições e muito menos decisões sobre o aborto.

O que dizer da comoção que leva ao aborto eugênico, provada a deformidade ou doença incurável do feto?

Ou o fato da mulher não estar preparada para ser mãe, ou quando a maternidade lhe impedir o progresso profissional ou constituição de uma nova vida amorosa?

Dirá então do sofrimento do marido da esposa violentada, quando ver na criança, a reminiscência do algoz da sua consorte?

No campo do sentimentalismo, poderemos ter vários argumentos, prós e contra o aborto. 

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Homilética: 25º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Trabalhadores na vinha do Senhor".


“Amados Irmãos e Irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes.” Com essas palavras, Bento XVI iniciava o seu pontificado no dia 19 de abril de 2005. Você se lembra daquele momento? Pois bem, o Evangelho de hoje nos fala exatamente da importância de trabalhar na vinha do Senhor. Deus Pai, todos os dias e a todas as horas deseja empregar um novo trabalhador.

Mas, note-se, Deus quer trabalhadores, isto é, pessoas que estejam interessadas em capinar a terra, lavrá-la, prepará-la bem, semear o campo, cuidar das plantinhas e colher os frutos. Talvez não participemos de todas as etapas, mas uma coisa é certa: somos trabalhadores na vinha do Senhor. Nós agradamos a Deus ao arregaçar as mangas para estender o seu reino de amor e de paz. Nesse trabalho é preciso docilidade, esforço e criatividade.

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”, diz o Senhor (Is 55,8).

O homem não pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. Deus está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is 55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem pretender advinhá-los ou julgá-los. Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas que Deus nos preparou! Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos! É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16). 

Com esta parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.

No campo do Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.

Não são gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o campo em que o Senhor quer que estejamos inseridos nessa sociedade que apresenta os seus valores e deficiências. É na nossa própria família, e não em outra, que devemos santificar-nos , e é essa família que devemos levar a Deus; e o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro, que devemos converter em trabalho de Deus…Esta é a vinha do Senhor, onde Ele quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.

O Senhor quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais santas.

A parábola mostra-nos ainda que nunca é tarde para começar. O Senhor chama sempre, em todas as horas. Importa estar atento e corresponder ao apelo. A resposta final, por parte de Deus, superará sempre a nossa expectativa.

Deus pode chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele está perto” (Is 55,6).

Queermuseu: até onde vai nossa liberdade de expressão?

 
No último domingo foi fechada em Porto Alegre uma exposição de mais de duzentas obras de arte, de mais de oitenta artistas, que havia começado no dia 15 de agosto, promovida pelo Banco Santander Cultural, com benefícios da Lei Rouanet. A exposição foi encerrada devido a uma enxurrada de protestos e reações pela internet. A repercussão foi mundial através dos meios de comunicação.

Algumas obras faziam alusão à pedofilia com frases em crianças como: "criança viada, deusa das águas"; outra criança com arco-íris cobrindo o rosto, símbolo da diversidade sexual, e a palavra love ou amo, em inglês; outras ainda sugeriam a zoofilia ou sexo com animais e ainda partículas usadas na consagração da missa, com nomes de órgãos sexuais. Quem protestou não gostou do que viu e quem expôs não gostou da reação de quem protestou. Quem estará com a razão?

Fala-se em liberdade de expressão. Ainda, se defende que a arte transgride o senso comum para suscitar reflexão. A repercussão criou o debate. Se ele vai buscar razões profundas para compreender essa questão, isso não se sabe.

Eu também gostaria de fazer algumas perguntas: primeiro gostaria de saber do autor da exposição o que ele pretende dizer ao escrever vagina e língua num plástico que continha dentro partículas de missa? Que debate ele quer suscitar? Será que isso é respeitoso com a religião católica ou mesmo cristã que faz da ceia ou da comunhão o seu momento mais sagrado? Ou quem fez isso não sabia que para nós, cristãos, isso é sagrado? Até onde a arte pode transgredir para provocar a reflexão? Pode ser desrespeitosa com valores do outro? Ou talvez o autor da exposição tenha tido em sua intenção o máximo de respeito com esse símbolo religioso e todos os que viram interpretaram errado? Estariam esses visitadores enganados?

Quanto à pedofilia: se eu coloco um arco íris escondendo o rosto de uma criança, colocando na boca da criança a palavra amo, estou eu respeitando a criança ou estou dizendo algo por ela, antes que ela mesma tenha consciência disso? Será isso respeito à diversidade ou incentivo e promoção da diversidade? Respeitar e acolher a diversidade, atitude fundamental e necessária em nosso tempo, não é o mesmo de promover. A diversidade não precisa de marketing ou promoção. A diversidade existe, está aí. Ou alguns consideram que ela precisa de propaganda? Não bastaria termos atitudes de acolhida e respeito humano com a diversidade? Quem expôs essas pinturas de crianças pensou em criar mais acolhida ou promover a diversidade?

Velhas heresias em novas roupagens


Satanás não é muito criativo. Suas ideias são repetitivas. Heresias novas nada mais são do que restauração de velhos erros. O próprio modernismo, condenado por São Pio X, foi, por este Papa, classificado como um conjunto de todas as antigas heresias com uma nova roupagem.

Nesse sentido, não devemos nos espantar de ver na teologia ensinada pela Reforma Protestante um renascimento das ideias na Antiguidade já professadas – e igualmente pela Igreja condenadas.

Buscando um suporte patrístico para as absurdas sustentações protestantes, os reformadores envolveram-se no ambiente histórico de polêmicas passadas. Todavia, essas mesmas polêmicas foram terminadas pela autoridade do Sumo Pontífice, a qual não era aceita pela doutrina protestante. Dessa forma, não poderia haver, no seio do protestantismo, uma norma objetiva que impedisse as heresias de se alastrarem entre as várias correntes que constituíam o movimento, no melhor espírito do livre-exame de Lutero.

Deslocando a época da Patrística para o Renascimento, importaram também os erros contra os quais os Padres da Igreja lutaram. Sem a autoridade romana, tão cara aos Padres, não se viram os reformadores com condições de separar o joio do trigo, a mentira da verdade, o erro da ortodoxia, ressuscitando velhos credos heréticos, há muito condenados. Nascido uma heresia – negação do primado do Papa, da concepção católica dos sacramentos, e da Tradição Apostólica –, o protestantismo só veio a contaminar-se mais ainda de outras heresias, essas sim, novos modos de demonstrar ancestrais erros.

A grande heresia contra a qual lutou a Igreja Cristã dos primeiros séculos foi o arianismo. Pregava Ário, o principal líder dessa seita, que Cristo não participava da essência divina. O Verbo, para os arianos, não era Deus, porém a mais perfeita criatura. Só era Cristo o Filho de Deus na medida em que recebera do Pai uma "adoção" em um dado momento histórico, ou que nascera sendo por Deus criado. Para o arianismo, as naturezas divina e humana eram, então, incomunicáveis. Contra os erros de Ário, foi convocado o Concílio Ecumênico de Nicéia I, que àqueles condenou. 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Exposição blasfema do Santander Cultural que promove a pornografia e a pedofilia foi encerrada após mobilização de católicos


Ao todo, são cerca de 270 obras que promovem a pedofilia, a pornografia e diversas outras afrontas à população.

O presidente da instituição, Sérgio Rial, emite a narrativa de que “a exposição “está ancorada em um conceito no qual realmente acreditamos: a diversidade observada sob aspectos da variedade, da pluralidade e da diferença”, que cada vez mais ganha “atenção por parte da nossa organização”, segundo consta no encarte de apresentação.

Ele diz querer com isso o “questionamento entre a realidade das obras e do mundo atual em questões de gênero e suas nuances”.


“Diferentes ângulos de visão e abordagens são fundamentais e extrapolam questões institucionais ou relacionadas ao politicamente correto. Trata-se de um valor para a nossa empresa, pois acreditamos que a diversidade é a impulsionadora da criatividade e da eficiência”, afirma.

Gaudêncio Fidelis, o curador da exposição, diz que “objetivo é propiciar um campo de investigação sobre o caráter patriarcal e heteronormativo do museu como instituição”, “pensar fora da norma”, “provocar um deslocamento, ao menos temporário, no conceito de museu como instituição”.

O detalhe é que este é um projeto desenvolvido pela Lei de Incentivo à Cultura, com apoio do Ministério da Cultura e Governo Federal, ou seja, é dinheiro tirado dos pagadores de impostos. 

A prostituição da alma


O mais incrível é quando você estuda qualquer coisa que a Igreja Católica, os doutores da Igreja e filósofos católicos nos ensinam e percebe tudo o que é dito de forma clara no seu dia a dia (sim, primeiro a autoridade da Igreja e depois a Bíblia, já que a Igreja é a autoridade sobre a Bíblia). Eu jamais conheci um protestante que não achasse que Deus é um gênio da lâmpada mágica que você esfrega 3x e ele surge para lhe dar bênçãos. Acabei de passar por DUAS situações que me comprovaram isso. Uma com uma moça na farmácia (pessoa de bom coração, muito amigável e com quem eu conversei por uma hora) estava conversando comigo e falamos sobre relacionamentos até que ela disse que pedia muito a Deus para resolver seus problemas. Até aí tudo bem, pois procuramos ajuda de Deus sempre. Eu disse que rezaria por ela e ela (que disse que acreditava em "energias") me disse: "reza mesmo! Faz lá o que vocês costumam fazer, como que chama? Descarrego?". A ignorância das pessoas nos impede de responder a certas coisas. Para respondê-la eu teria que dar uma aula a ela. É um total desconhecimento do que é a religião católica, o Cristianismo, a revelação cristã. Para o mundo a Igreja católica é mais uma "denominação" e toda a religiosidade desse cristianismo paganizado hoje em dia se resume a busca de bens na terra e "resolução de problemas", "descarregos", dízimos, promessas, loucuras.

Eis aí a grande diferença: a Igreja católica não fornece aos homens essa relação de troca com Deus e talvez por isso (é nem só por isso) ela seja tão odiada. Coisas que já escutei conversando com conhecidos sobre a Igreja, quando o assunto é muito pessoal e eu os alerto a respeito da seriedade dos sacramentos católicos: "ai, Day, pois é... mas a Igreja Católica é uma prisão". Tudo se encaixa perfeitamente: ninguém quer se sacrificar e matar suas vontades pelo bem, mas sim viver "livremente" fazendo o que deseja e justificando pecados. Justamente o que a VERDADEIRA Igreja de Cristo não aceita, não tolera, não ensina. E não faz por ódio, mas por amor a alma dos seres humanos, pois sabe que viver fazendo o que se deseja sem considerar a criação e a ordem da criação, sem considerar a vontade de Deus (sumo bem); tudo isso é engodo. Viver fazendo tudo o que deseja é escravidão e não liberdade. Torna-se escravo da própria vontade, dos próprios desejos. Essa é a pior escravidão que existe, pois ela é da alma. Melhor é um homem escravo dum senhor e que alimenta esperanças que ultrapassam o materialismo terreno do que um escravo de si mesmo e de seus pecados. E todo mundo peca? Sim, é o que nos ensina a Igreja de Nosso Senhor. Mas ela obviamente está em uníssono com a sua Santa Cabeça: "vá e não pequeis mais". Daí a necessidade da confissão periódica, pois é claro que você vai pecar muito. Todo dia. Talvez a diferença da "alma em paz" para a alma perturbada e inquieta não esteja no se dizer católico e participar dos sacramentos tão somente, mas em procurar a verdade com afinco, como SENTIDO DA VIDA. Mesmo que você esmoreça um pouco depois e tenha que implorar a Deus para lhe ajudar porque se depender de você... é caso perdido. Eu não vejo essa vontade de contemplar, de ser, de entender, sacrificar-se que não nos santos católicos ou naqueles que tentam segui-los. É difícil, mas é isso. Santos são MODELOS de Cristo, modelos de contrição. 

São Nilo de Grottaferrata


Neste dia mergulhamos na história de São Nilo, onde encontramos um exemplar cristão que viveu no sul da Itália e no fim do primeiro milênio. Nilo, chamado o Jovem, fazia parte de uma nobre família de origem grega, por isso foi considerado o último elo entre a cultura grega e a latina.

Era casado e funcionário do governo de Constantinopla, com o nascimento de uma filha, acabou viúvo e depois descobriu sua vocação à vida monástica, segundo a Regra de São Basílio. Após várias mudanças acabou se fixando em Monte Cassino, perto da famosa abadia beneditina.

Seu testemunho atraiu a muitos, tendo assim a felicidade de fundar vários mosteiros no Sul da Itália, com o cotidiano pautado pelo trabalho e oração. No trabalho, além da agricultura, transcrevia manuscritos antigos, introduziu um sistema taquigráfico (ítalo-grego) e compôs hinos sacros.

São Nilo realizou várias romarias aos túmulos dos santos Pedro e Paulo, aproveitando para enriquecer as bibliotecas de Roma, até que a pedido de Gregório, Nilo fundou um mosteiro em Grottaferrata, perto de Roma.

Este pacificador da política e guerras da época, teve grande importância para a história da Igreja, e na consolidação da vida monástica. Morreu com noventa e cinco anos de idade, no dia 25 de setembro de 1005.


Ó Deus, que o exemplo de vossos santos nos leve a uma vida mais perfeita e, celebrando a memória de São Nilo, imitemos constantemente suas ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


São Nilo, rogai por nós!

Santíssimo Nome de Maria


Alguns dias depois do nascimento do Salvador, a Igreja consagrou uma festa para honrar o Nome bendito de Maria. Ensinava-nos, assim, quanto este Nome contém para nós de luz, de força, de suavidade, para nos encorajar a invocá-lo com confiança quando de nossas necessidades.

Assim, depois da festa da Natividade da Santíssima Virgem, a Igreja consagra um dia para honrar o Santo Nome de Maria para nos ensinar, através da Liturgia e o ensinamento dos Santos, tudo aquilo que este Nome contém para nós de riquezas espirituais, porque igualmente àquele de Jesus, o temos sobre os lábios e no coração.

A festa do Santo Nome de Maria foi concedida por Roma, em 1513, a uma diocese da Espanha, Cuenca. Suprimida por São Pio V, foi repristinada por Sisto V e depois estendida em 1671 ao Reino de Nápoles e a Milão. Aos 12 de setembro de 1683, tendo Jan Sobieski vencido, com seus Polacos, os Turcos que assediavam Viena e ameaçavam a cristandade, Papa Inocêncio XI, em ação de graças, estendeu a festa à Igreja universal e a fixou no domingo entre a Oitava da Natividade. O santo Papa Pio X a trouxe de volta ao dia 12 de setembro.

Mais do que a lembrança histórica da instituição da festa, nos interessa o significado do Nome bendito dado à futura Mãe de Deus e nossa.

O nome para os Judeus tinha uma importância grandíssima e se costumava impor com solenidade. Sabemos pelas Escrituras que Deus interveio algumas vezes na designação do nome que seria imposto a algum de seus servos. O Anjo Gabriel avisa Zacarias que seu filho se chamará João e ele ainda diz a José, explicando-lhe a Encarnação do Verbo: "Lhe darás o nome de Jesus". Pode-se, então, pensar que Deus de alguma forma interveio para que à Santíssima Virgem fosse imposto o nome exigido pela sua grandeza e dignidade. Joaquim e Ana impuseram à sua menina o nome de Maria que nos é tão caro.

Os Santos se comprazeram em comparar o Nome de Maria àquele de Jesus. São Bernardo havia aplicado ao Senhor o texto dos Cânticos: "O teu nome é como óleo derramado" porque o óleo dá luz, alimento e remédio. Também Ricardo de São Lourenço diz: "O nome de Maria é comparado ao óleo, porque, depois do nome de Jesus, sobre todos os outros nomes, revigora os fracos, enternece os endurecidos, cura os doentes, dá luz ao cegos, dá força a quem perdeu todo vigor, o unge para novos combates, quebra a escravidão do demônio e, como o óleo ultrapasse qualquer licor, ultrapassa qualquer nome".

Mais de sessenta e sete interpretações diferentes foram dadas ao nome da Maria, conforme for considerado de origem egípcia, siríaca ou hebraica, ou, ainda, como um nome simples ou composto. Lembremos os quatro principais. “O nome de Maria, diz Santo Alberto Magno, tem quatro significados: iluminadora, estrela do mar, mar amargo, senhora ou dona”.

É a Virgem Imaculada, que a sombra do pecado jamais ofuscou; é a mulher vestida de sol; é “Aquela cuja vida gloriosa ilustrou todas as Igrejas” (Liturgia); é, enfim, Aquela que deu ao mundo a verdadeira Luz, a Luz da Vida.

A Liturgia a saúda assim no hino, tão poético e popular: Ave Maris Stella, e, ainda, na Antífona do Advento, no tempo de Natal: Alma Redemptoris Mater. 

Sabemos que a estrela do mar é a Estrela Polar, que é a estrela mais brilhante, mais alta e última das que formam a Ursa Menor, tão próxima ao polo que parece imóvel, e por esse fato é de muita utilidade para orientar e ajuda os navegantes a dirigir-se, quando não possuem uma bússola. 

Assim Maria, entre as criaturas, é a mais alta em dignidade, a mais bela, a mais próxima da Deus; invariável no seu amor e na sua pureza, Ela é para nós exemplo de todas as virtudes, ilumina a nossa vida e nos ensina o caminho para sair das trevas e chegar a Deus, que é a verdadeira Luz.

Maria é o Mar Amargo no sentido de que, em sua materna bondade, ela torna amargos para nós os prazeres da terra, que tentam nos enganar e nos fazer esquecer o verdadeiro e único bem; também o é no sentido de que, durante a Paixão do Filho, seu coração foi traspassado pela espada da dor. É mar, porque, assim como o mar é inexaurível, inexaurível é a bondade e a generosidade de Maria para todos os seus filhos. As gotas de água do mar não podem ser contadas a não ser pela ciência infinita de Deus, e nós podemos apenas suspeitar a suma imensa das graças que Deus depositou na alma bendita de Maria, desde o momento da Imaculada Concepção até a gloriosa Assunção ao Céu.


Maria é verdadeiramente, conforme o título que lhe foi dado na França, Nossa Senhora. Senhora quer dizer Rainha, Soberana. Maria é verdadeiramente Rainha, porque é a mais santa de todas as criaturas, a Mãe dAquele que é Rei por título de Criação, Encarnação e Redenção; porque, associada ao Redentor em todos os seus mistérios, a Ele é gloriosamente unida no Céu em corpo e alma, e, eternamente beata, intercede continuamente por nós, aplicando às nossas almas os merecimentos que adquiriu diante dEle e as graças das quais é feita mediatriz e dispensadora.


Grande Mãe de Deus e minha Mãe, ó Maria, é verdade que eu não sou digno de proferir o vosso nome; mas vós, que me tendes amor e desejais minha salvação, concedei-me, apesar de minha indignidade, a graça de invocar sempre em meu socorro vosso amantíssimo e poderosíssimo nome. Pois é ele o auxílio de quem vive e salvação de quem morre.

Puríssima e dulcíssima Virgem Maria, fazei que seja vosso nome de hoje em diante o alento de minha vida. Senhora, não tardeis a socorrer-me quando vos invocar. Pois, em todas as tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me ocorrerem, não quero deixar de chamar-vos em meu socorro, repetindo sempre:

Maria! Maria! Assim espero fazer durante a vida, assim espero fazer particularmente na hora da morte, para ir depois louvar eternamente no céu vosso querido nome, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.