Em 2006, falando aos membros da Comissão
Teológica Internacional, o Papa Bento XVI
advertiu que os teólogos devem “procurar a obediência à verdade” e não
desvirtuar a palavra e a alma “ao falar obedecendo à ditadura das opiniões
comuns”. O Santo Padre lembrou que “falar para encontrar aplausos, falar
orientando-se ao que os homens querem escutar, falar obedecendo à ditadura das
opiniões comuns, considera-se como uma espécie de prostituição da palavra e da
alma”. (ACI, Vaticano, 06 out 06)
Disse o Papa que “o teólogo deve seguir a
disciplina dura da obediência à verdade, que nos faz colaboradores” e “bocas da
verdade”.
O teólogo é um pesquisador que procura
aprofundar o sentido das verdades da fé reveladas por Deus através dos
Patriarcas, dos Profetas e da pregação de Jesus Cristo. Estas verdades estão na
Tradição (= transmissão) oral e nas Sagradas Escrituras. Por isso o teólogo
estuda a Bíblia Sagrada e suas ciências auxiliares (a lingüística, a
arqueologia, a história…) assim como os documentos emanados da Igreja através
dos séculos e a Filosofia, a fim de ilustrar e transmitir ao Povo de Deus o
conteúdo dos artigos da fé.
No prólogo à Summa Teológica, S. Tomás de
Aquino afirma que a Teologia consiste no estudo de Deus considerado em si
mesmo, do homem na medida em que se ordena a Deus, e do caminho pelo qual o
homem pode alcançar a Deus, que é Cristo.
Sabemos que os teólogos católicos têm a
liberdade de estudar a doutrina católica, mas sem nunca se voltar contra um
ensinamento claro e permanente do Magistério da Igreja. Em 24 de maio de 1990 a
Congregação para a Doutrina da Fé, quando o seu Prefeito era o Papa Bento XVI,
publicou uma Instrução “Sobre a Vocação Eclesial do Teólogo”, onde chama a
atenção dos teólogos para vários pontos importantes, como:
“O teólogo, de modo particular, tem a função
de adquirir, em comunhão com o Magistério, uma compreensão sempre mais profunda
da Palavra de Deus contida na Escritura inspirada e transmitida pela Tradição
viva da Igreja” (N.º 6).
“O objeto da teologia é dado pela Revelação,
transmitida e interpretada na Igreja sob a autoridade do Magistério, e acolhida
pela fé. Descurar estes dados, que têm valor de princípio, seria equivalente a
deixar de fazer teologia”. (n.12)
Portanto, não é lícito a um teólogo opor-se
tenazmente ao Magistério da Igreja, pois isto significaria esquecer as
premissas da sua profissão. O teólogo é um homem de fé, e a fé professa a
assistência do Senhor ao Magistério da Igreja (cf. Jo 14, 15.25; 16,12-13),
assistência de que ele, teólogo, pessoalmente não goza.
Se um teólogo tem dificuldades para aceitar
algum ensinamento da Igreja, deve expor as suas razões à autoridade competente.
Nestes casos, o teólogo evitará recorrer aos
mass-media, ao invés de dirigir-se à autoridade responsável, porque “não é
exercendo, dessa maneira, pressão sobre a opinião pública, que se pode
contribuir para o esclarecimento dos problemas doutrinais e servir à Verdade” (n.º 30).