Os pastores “foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José,
e o recém nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16).
A festa do Natal nos faz mergulhar de modo muito especial no Mistério da Encarnação de Jesus Cristo, o missionário do Pai. O Evangelho de Lucas, nos capítulos 1 e 2, nos mostra toda uma grande movimentação em torno à preparação do nascimento de Jesus Cristo e a partir do seu nascimento. São pessoas chegando e saindo! O que aconteceu? Que significado missionário tem esse acontecimento?
a) O anjo Gabriel é mandado por Deus e entra na casa de Maria;
b) Maria vai visitar sua prima Isabel, idosa e que está grávida;
c) Maria volta para Nazaré após o nascimento de João Batista;
d) José e Maria se dirigem para Belém em razão do recenseamento;
e) O Menino Jesus nasce e é colocado numa manjedoura;
f) Os anjos vão avisar aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!”;
g) Os pastores decidem ir até Belém;
h) Eles “foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém nascido deitado na manjedoura”;
i) Contaram o que tinham escutado dos anjos a respeito do menino; retiraram-se louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito;
j) Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração.
A preparação e o nascimento do Filho de Deus nos colocam diante da iniciativa de Deus que, sem barulho, entra despojado, pobre na história do mundo e em nossa vida, vindo ao nosso encontro e nos dando a possibilidade de encontrar-nos com o seu Filho amado, “porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19). A escuta da voz de Deus, a disponibilidade e a alegria das pessoas, a acolhida do convite e da missão que vem de Deus, o ambiente de oração e de louvor a Deus, a meditação da ação de Deus naquilo que estava acontecendo em situação de pobreza e em meio ao grande acontecimento que era o recenseamento do império romano, são evidências de que Deus nosso Pai, em seu grande amor, está sempre considerando a vida das pessoas e do mundo e aí agindo.
Na Bíblia, encontramos exemplos de muitas pessoas escolhidas pela iniciativa de Deus, através de quem Deus estava agindo e dinamizando a missão: Abraão, Moisés, Isaías, Jeremias, Amós, Maria escolhida para ser a Mãe de Jesus, Pedro e os demais apóstolos, Paulo, Lídia, Áquila e Priscila... E assim foi acontecendo no decorrer da história. Hoje também, em nossa região, Deus continua chamando pessoas para que possam acolher Jesus Cristo, conhecê-lo, amá-lo e segui-lo, dando testemunho desse encontro que é sempre uma graça e nasce pela ação do Espírito Santo. Como você experimenta esse encontro com Jesus Cristo que nasce em nosso meio?
A experiência do encontro com Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne e veio morar entre nós (cf. Jo 1,14), é decisiva para nossa vida pessoal e familiar, para a vida da comunidade eclesial e para a missão como pessoas de fé na vida da sociedade. Por isso, “a todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso uma orientação decisiva” (Documento de Aparecida, 12).
A exemplo dos pastores, de Maria e José e de tantas outras pessoas, somos chamados, de modo especial neste tempo do Natal, a reviver o encontro com a pessoa e a missão de Jesus Missionário, a fim de que sejamos discípulos missionários do seu Evangelho. Jesus mesmo nos escolhe, nos chama, nos consagra, nos torna participantes de sua missão, ao mesmo tempo nos vincula a Ele como amigos e irmãos e nos envia como testemunhas do seu amor, de sua morte e ressurreição. É assim que somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo, certos de que a missão que dele recebemos não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8) (Cf. Documento de Aparecida 145-146).
No mistério do nascimento e da presença de Jesus que assumiu a nossa natureza humana e por amor entregou sua vida, a missão encontra todo o seu sentido e o missionário ou a missionária a sua força, pois se trata de transmitir a experiência do encontro com aquele que se fez pequeno e veio para que todos tenham vida e a vida plena (cf. Jo 10,10). O que significa viver a missão de Jesus na Amazônia? E em outras regiões do Brasil e do mundo?
Na Assembleia de Pastoral, realizada em novembro, como arquidiocese de Porto Velho, assumimos o Objetivo Geral da ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, e fizemos um destaque:
“Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, assumindo sua missão neste chão da Amazônia, consciente do mandato de ir ao encontro das pessoas, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo”.
Outro sinal de que a missão é para nós o eixo fundamental no plano de pastoral é o fato de que das três prioridades escolhidas, duas dizem respeito diretamente à missão. Veja:
1 – Missão permanente, com os olhos fixos em Jesus, a serviço da vida nas culturas urbanas, rurais e tradicionais.
2 – Formação permanente de missionários para a Evangelização.
3 – Pastoral de Conjunto, que revele uma Igreja profética na comunhão e na participação.
Agradecemos a Deus estar disponíveis para esse caminho missionário e também pedimos as luzes do Espírito Santo a fim de que estejamos muito atentos à escuta da voz de Deus, especialmente na realidade dos pobres e de todos os que sofrem; em atitude orante e de contemplação dos sinais de sua presença ativa na vida das pessoas, famílias, comunidades, pastorais, grupos, movimentos e na complexidade das realidades da vida da sociedade; e assim, lhe sejamos fiéis.
Meditando o Evangelho e contemplando a ação de Deus em nossa vida e na realidade das comunidades do interior e das cidades, celebremos a festa do Nascimento de Jesus Cristo pedindo a graça da renovação desse encontro com aquele que se faz tão pequeno que cabe numa manjedoura (cf. VD 12) a fim de que, desejando ser semente do Natal, cada pessoa possa proclamar: “Senhor, eis-me aqui disponível para a missão. Envia-me!”
Um abençoado Natal para você e seus familiares e para toda a Diocese e comunidades com as pastorais, grupos, movimentos que formam a Paróquia e ou Área Missionária onde você está servindo!
Com meu abraço, unidos na oração e na missão também em 2013.
Dom Esmeraldo Barreto de Farias
Arcebispo de Porto Velho/RO
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