A celebração do nascimento de Jesus faz-nos preparar para nova mentalidade e prática da justiça. Mas esta, provinda de Deus, é mais do que dar o que cada um merece. A existência é um dom divino. Tem possibilidade de realizar o ser humano quando ele realiza o projeto do Criador a seu respeito. Não basta a busca dos próprios desejos ligados aos instintos e à matéria. Tudo tem sentido quando permeado da vontade e do esforço para a realização da caminhada terrestre na direção da construção do cuidado de si, do semelhante e da natureza como o cuidado do amor divino.
Jesus veio restaurar novo rumo do desenvolvimento humano. Só tem acerto com realização pessoal a prática da justiça misericordiosa. Dar do que é próprio pelo bem do semelhante é essencial nessa direção. Mesmo perdendo de si para ofertar o que o outro precisa é colaborar com a nova justiça trazida pelo Emanuel. O Advento é tempo propício para o acerto dos passos para o caminho com Jesus que nasce humano, divinizando-nos. Rever a caminhada, mudar a perspectiva de vida, ter coragem de arrancar a erva daninha do egoísmo e do desacerto na prática da solidariedade se faz imprescindível.
A novena do Natal se torna subsídio interessante para a boa preparação, em vista da celebração da vinda de Jesus. Seu nascimento entre nós traz a certeza de que não estamos sozinhos para a mudança do rumo da vida. Além da oração, da meditação na Palavra de Deus e das reuniões de fraternidade, a revisão em família e comunidade nos dá ensejo para vermos novos rumos na prática da fé transformadora. Ela nos leva à vida de implantação da nova justiça do Reino, trazida pelo Messias. Profetas e pessoas de bem desejaram ardentemente celebrar sua vinda, vivendo na esperança e na certeza de que os problemas da existência humana podem ser solucionados com a presença de Deus humano em nossa história.
O profeta Jeremias fala disso de modo explícito: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros... farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra” (Jeremias 33,14.15). De fato, guerras, miséria, esbanjamento, desrespeito a valores da vida, da dignidade humana, da ética, da família, de discriminações e outros só serão superados por quem aceitar as coordenadas do Deus-conosco. Ensinar a todos sua Boa-nova é missão de quem o acolhe, segue e pratica suas coordenadas. A fé move a pessoa à prática da justiça e a faz ensiná-lo a todos, numa ação tipicamente missionária.
A mudança de mentalidade e inteira aceitação do Cristo levam a pessoa a se preparar e ter esperança: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida” (Lucas 21,34). Deste modo, preparamo-nos mais adequadamente para um Natal com grande proveito para nossa vida pessoal, eclesial, familiar e social. Assim, implantaremos mais justiça na terra.
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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