A associação Open Doors (Portas abertas) apresentou o relatório “Mentiras destrutivas: desinformação, discursos que incitam à violência e discriminação contra as minorias religiosas na Índia”, realizado pela London School of Economics and Political Science (LSE), que demonstra a existência de uma campanha sistemática de assédio, violações e assassinatos contra cristãos e muçulmanos, que tem feito com que essas minorias religiosas na Índia vivam sob o medo.
O relatório descreve a perseguição extrema que enfrentam cristãos e muçulmanos de todo o país, e denuncia as turbas violentas de patrulhas cidadãs, formadas por nacionalistas hindus, também conhecidos como Hinduvta.
Segundo o relatório, os ataques e ameaças contra as minorias são ignorados pelas instituições civis, incluindo governos estaduais e regionais, a polícia e os meios de comunicação, que favorecem as poderosas organizações Hinduvta do país.
Um dos relatores afirmou que “a cumplicidade dos representantes do Estado ante tais atos de violência tem escalado a níveis inimagináveis”. Ele pediu para permanecer no anonimato e disse que “os funcionários públicos, a polícia, os juízes de tribunais inferiores... todos são coniventes no assédio a estas minorias. Enquanto políticos, líderes religiosos e proprietários de poderosos meios de comunicação estão enviando claramente a mensagem de que este comportamento é desejável”.
Open Doors denunciou que, durante a crise da covid-19, cristãos e muçulmanos foram vítimas de campanhas de desinformação, afirmando que essas minorias estavam tentando, deliberadamente, propagar o vírus e infectar os hindus através de suas reuniões de culto.
O relatório também afirma que as redes sociais contribuíram para essa campanha de violência contra as minorias religiosas e que a cobertura dos meios de comunicação em algumas das agressões apenas mostra o ponto de vista dos agressores, sem conversar com as vítimas.
A investigação do relatório foi realizada entre fevereiro e março de 2021, em lugares onde já haviam sido registrados atos de violência anticristã ou antimuçulmana.
No relatório, vários casos inquietantes são descritos, como o da morte de um bebê no ventre de uma mulher grávida, agredida por um Hinduvta durante um tumulto, ou o de um operário preso e espancado por um grupo de extremistas. A polícia deixou que ele morresse preso na cela.
O relatório também conta em detalhes um ataque maciço contra um povo muçulmano por uma multidão de 6.000 pessoas, que provocou um incêndio e expulsou definitivamente muitas pessoas de seus lares.
Open Doors recomendam a criação de uma Comissão Internacional de Inquérito para analisar os níveis de violência e as violações dos direitos humanos contra as minorias religiosas na Índia. O diretor da organização na Espanha, Ted Blake, afirmou que “a comunidade internacional não pode continuar ignorando o que está acontecendo na Índia. Não podem olhar para outro lado perante tais atrocidades” e pediu que “se investigue a profundidade esta brutal e sistemática perseguição contra as minorias religiosas”.
O relatório completo pode ser lido AQUI (em espanhol):
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ACI Digital
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