ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 22 de fevereiro de 2015
Irmãos e irmãs, bom dia.
Domingo passado a liturgia nos apresentou Jesus
tentado por Satanás no deserto, mas vitorioso sobre a tentação. À luz desse
Evangelho, tomamos novamente consciência de nossa condição de pecadores, mas
também da vitória sobre o mal oferecida àqueles que seguem o caminho da
conversão e, como Jesus, querem fazer a vontade do Pai. Neste segundo domingo
da Quaresma, a Igreja nos indica a meta deste caminho de conversão, ou seja, a
participação na glória de Cristo, que resplandece no rosto do Servo obediente,
que morreu e ressuscitou por nós.
O Evangelho narra o evento da Transfiguração, o
cume do ministério público de Jesus. Ele está a caminho de Jerusalém, onde se
cumprem as profecias do "Servo de Deus" e se consumirá o seu
sacrifício redentor. As multidões não compreendem isso: diante da perspectiva
de um Messias que contrasta com suas expectativas terrenas, o abandonam. Eles
achavam que o Messias seria um libertador do domínio romano, um libertador da
pátria e esta perspectiva de Jesus não agrada, e eles o deixam. Também os
Apóstolos não entendem as palavras com que Jesus anuncia o êxito da sua missão
na paixão gloriosa paixão, não entendem! Jesus, então, toma a decisão de
mostrar a Pedro, Tiago e João, uma antecipação de sua glória, que acontecerá
após a ressurreição, para confirmá-los na fé e encorajá-los a segui-lo no
caminho da prova, no caminho da Cruz. E assim, em um monte alto, imerso na
oração, se transfigura diante deles: o seu rosto e toda a sua pessoa irradia
uma luz fulgurosa. Os três discípulos se assustam, enquanto uma nuvem os
encobre e soa do alto- como no Batismo no Jordão - a voz do Pai: "Este é
meu Filho muito amado; ouvi-o" (Mc 9,7). Jesus é o Filho que se fez Servo,
enviado ao mundo para realizar através da Cruz o projeto de salvação, para salvar
a todos nós. A sua plena adesão à vontade do Pai torna sua humanidade
transparente à glória de Deus, que é Amor.
Jesus revela-se como o ícone perfeito do Pai, o
esplendor da sua glória. É o cumprimento da revelação; por isso, ao lado dele
transfigurado aparecem Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas, como
se quisesse dizer que tudo termina e começa em Jesus, na sua paixão e na sua
glória.
A mensagem para os discípulos e para nós é esta:
"Escutai-o!". Escutem Jesus, Ele é o Salvador: sigam-no. Ouvir
Cristo, de fato, consiste em assumir a lógica do seu mistério pascal,
colocar-se em caminho com Ele para fazer da própria existência um dom de amor
aos outros, em dócil obediência à vontade de Deus, com atitude de despojamento
das coisas mundanas e de liberdade interior. Em outras palavras, estar
preparado para "perder a própria vida" (cf. Mc 8,35), doando-a a fim
que todos os homens sejam salvos: assim, nos encontraremos na felicidade
eterna. O caminho de Jesus sempre nos leva à felicidade, não se esqueça! O
caminho de Jesus sempre nos leva à felicidade. Haverá sempre uma cruz no meio das provas mas no final sempre nos leva à felicidade. Jesus não nos engana, nos
prometeu a felicidade e nos dará se seguirmos em seus caminhos.
Com Pedro, Tiago e João subamos também nós hoje ao
Monte da Transfiguração e paremos para contemplar o rosto de Jesus, para colher
a mensagem e traduzi-la em nossas vidas, para que nós também possamos ser
transfigurados pelo amor. Na realidade, o amor é capaz de transfigurar tudo. O
amor transfigura tudo! Vocês acreditam nisso? Sustente-nos neste caminho a
Virgem Maria, que agora invocamos com a oração do Angelus.