quinta-feira, 16 de abril de 2015

Por que a Igreja proíbe a união gay?


Aquilo que a Igreja ensina sobre o matrimonio e sobre a complementaridade dos sexos propõe uma verdade, evidenciada pela reta razão e reconhecida como tal por todas as grandes culturas do mundo. O matrimonio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma sua natureza, propriedades essenciais e finalidades.(3) Nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só existe matrimonio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas. Assim se aperfeiçoam mutuamente para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.

3. A verdade natural sobre o matrimónio foi confirmada pela Revelação contida nas narrações bíblicas da criação e que são, ao mesmo tempo, expressão da sabedoria humana originária, em que se faz ouvir a voz da própria natureza. São três os dados fundamentais do plano criador relativamente ao matrimónio, de que fala o Livro do Génesis.

Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado « homem e mulher » (Gn 1, 27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade, por um lado, faz parte da esfera biológica e, por outro, é elevada na criatura humana a um novo nível, o pessoal, onde corpo e espírito se unem.

Depois, o matrimonio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas que requer o exercício da faculdade sexual. « Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois tornar-se-ão uma só carne » (Gn 2, 24).

Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora. Por isso, abençoou o homem e a mulher com as palavras: « Sede fecundos e multiplicai-vos » (Gn 1, 28). No plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem, portanto, à própria natureza da instituição do matrimonio.

Além disso, a união matrimonial entre o homem e a mulher foi elevada por Cristo à dignidade de sacramento. A Igreja ensina que o matrimonio cristão é sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 32). Este significado cristão do matrimonio, longe de diminuir o valor profundamente humano da união matrimonial entre o homem e a mulher, confirma-o e fortalece-o (cf. Mt 19, 3-12; Mc 10, 6-9).

4. Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família. O matrimonio é santo, ao passo que as relações homossexuais estão em contraste com a lei moral natural. Os atos homossexuais, de fato, « fecham o ato sexual ao dom da vida. Não são fruto de uma verdadeira complementaridade afectiva e sexual. Não se podem, de maneira nenhuma, aprovar ».(4)

Na Sagrada Escritura, as relações homossexuais « são condenadas como graves depravações… (cf. Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 10; 1 Tm 1, 10). Desse juízo da Escritura não se pode concluir que todos os que sofrem de semelhante anomalia sejam pessoalmente responsáveis por ela, mas nele se afirma que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados ».(5) Idêntico juízo moral se encontra em muitos escritores eclesiásticos dos primeiros séculos,(6) e foi unanimemente aceito pela Tradição católica.

Também segundo o ensinamento da Igreja, os homens e as mulheres com tendências homossexuais « devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de injusta discriminação ».(7) Essas pessoas, por outro lado, são chamadas, como os demais cristãos, a viver a castidade.(8) A inclinação homossexual é, todavia, « objectivamente desordenada »,(9) e as práticas homossexuais « são pecados gravemente contrários à castidade ».(10) 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Papa identifica retrocesso na teoria do gênero


PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 15 de Abril de 2015

«Deus criou o ser humano à sua imagem: criou-os homem e mulher». Esta afirmação da Sagrada Escritura diz-nos que não só o homem em si mesmo é imagem de Deus, nem só a mulher em si mesma é imagem de Deus, mas também o homem e mulher, como casal, são imagem de Deus. A diferença entre o homem e a mulher não tem em vista a contraposição nem a subordinação, mas a comunhão e a geração, e isto sempre à imagem e semelhança de Deus. A propósito, a cultura moderna gerou muitas dúvidas e criou muito cepticismo. Pergunto-me se a chamada teoria do gênero não seja expressão de uma desistência e frustração, negando a diferença sexual porque não sabe entender-se com ela. A remoção da diferença é o problema, não a solução. Para resolver os seus problemas de relação, o homem e a mulher devem mutuamente falarem-se mais, ouvirem-se mais, conhecerem-se mais e amarem-se mais. Deus confiou a terra à aliança do homem e da mulher: a falência desta aliança gera a aridez dos afectos no mundo e obscurece o céu da esperança. Por isso, é grande a responsabilidade que têm todos os crentes de descobrir e dar a conhecer a beleza do desígnio criador de Deus. A terra enche-se de harmonia e confiança, quando a aliança entre o homem e a mulher é vivida como deve ser. E, se o homem e a mulher a procurarem juntos entre si e com Deus, sem dúvida que a encontram.

Homilética: 3º Domingo da Páscoa - Ano B: "Testemunhando a fé no nome de Jesus ressuscitado".


Hoje, no terceiro Domingo da Páscoa, encontramos Jesus ressuscitado que se apresenta no meio dos discípulos (Lc 24, 36), os quais, dominados pelo espanto e cheios de temor, julgavam ver um espírito (Lc 24, 37). Escreve Romano Guardini: “O Senhor mudou. Já não vive como antes. A sua existência… a sua vida inteira, o destino atravessado, a sua Paixão e a sua Morte. Tudo é realidade. Ainda que mudada, é sempre realidade tangível”. Visto que a Ressurreição não cancela os sinais da Crucifixão, Jesus mostra aos Apóstolos as mãos e os pés. E para os convencer, pede até algo para comer. Então os discípulos “deram-lhe um pedaço de peixe assado; e, tomando-o, comeu diante deles” (Lc 24, 42-43).

Que alegria! Voltar a ver o Mestre. Foram os discípulos de Emaús que disseram: “não se nos abrasava o coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32). Quando eles ainda estão conversando sobre o que tinha acontecido com eles no caminho, Jesus aparece e lhes deseja a paz; ele continua a explicar-lhes sem interromper o argumento: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o quede mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (Lc 24,44).

Observe-se o seguinte: Jesus fala com eles recordando-lhes diretamente as profecias do Antigo Testamento e, indiretamente, as maravilhas de Deus outrora operadas. Isto é, as grandes obras que Deus operou noutros tempos continuam sendo uma referência para falar do Messias Salvador, que é Jesus Cristo. Contudo, o Antigo Testamento ganha todo o seu esplendor somente quando interpretado desde Cristo, é ele quem faz a interpretação das antigas escrituras de Israel. Neste sentido, o Concílio Vaticano II afirmou que “Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo, e o Antigo se tornasse claro no Novo” (DV 16). Na verdade, toda a Bíblia só tem sentido como revelação divina em Cristo e na Igreja. Desvincular a Escritura Sagrada de Cristo e da Igreja é transformá-lo num mero livro de literatura.

Os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como haviam reconhecido Jesus na fração do pão. 

Também nós encontramos o Senhor na Celebração Eucarística. Explica São Tomás de Aquino que “é necessário reconhecer segundo a fé católica, que Cristo está inteiramente Presente neste Sacramento, (…) porque a divindade deixou o corpo que adquiriu” (S. Tomás, lll, q. 76, a. 1).

A Eucaristia, o lugar privilegiado no qual a Igreja reconhece “o Autor da Vida” ( At 3, 15 ), é “a Fração do Pão”, como é chamada nos Atos dos Apóstolos.

Os discípulos falavam ainda, quando o próprio Jesus se apresentou no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Diante da dúvida dos discípulos, Jesus lhes mostra as chagas das mãos e dos pés. Pede-lhes, enfim, de comer. Apresentam-lhe um pedaço de peixe assado. Jesus o tomou e comeu diante deles.

A seguir passa a interpretar as Escrituras: “Era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então abriu-se-lhes a mente para que entendessem as Escrituras, e disse-lhes: “Assim está escrito que o Messias devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que, em seu nome, fosse proclamada a conversão para a remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso”.

Esta missão impossível é aquilo que vemos realizar-se no trecho bíblico de At 3, 13-19. Na manhã de Pentecostes, Pedro diz ao povo de Jerusalém: Matastes o Príncipe da Vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas […]. Arrependei-vos, portanto, convertei-vos, para que vossos pecados sejam apagados. Embora tendo ficado poucos e sozinhos, com o encargo de pregar o Evangelho em todo o mundo (Mc 16,15), os apóstolos não desanimam; sabiam que sua missão era uma só: dar testemunho do que tinham ouvido e visto cumprir-se em Jesus de Nazaré; o resto o teria feito Ele mesmo agindo junto com eles e confirmando Sua Palavra com os prodígios (At 1,22). A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas é o resumo de sua pregação (At 2,32; 5,15; 10, 40). Nós vimos a Vida e lhe damos testemunho ( 1Jo 1,2).

Esse testemunho levou a todos, um depois do outro, ao martírio; no entanto, porém, em poucos decênios se cumpriu aquilo que antes parecia uma missão impossível aos homens a divulgação do Evangelho em todo o mundo, fazendo discípulos todos os povos.

Os Apóstolos não demoraram a descobrir que não estavam sozinhos para dar testemunho de Jesus; outra testemunha, silenciosa, mas irresistível, se unia a eles toda vez que falavam de Jesus, o Espírito Santo: Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu a todos aqueles que lhe obedecem (At 5,32). O Espírito da Verdade, que procede do Pai- tinha predito Jesus -, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho (Jo 15,26).

Ser testemunha é conhecer, viver e anunciar a mensagem de amor, que Cristo trouxe.

A Ressurreição de Jesus, no Evangelho, aparece como um fato real, mas assim mesmo os apóstolos não conseguiam acreditar facilmente. O caminho foi longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e incertezas.

A Ressurreição de Cristo é o acontecimento central do Cristianismo, verdade fundamental que se deve reafirmar com vigor em todos os tempos, porque negá-la como se tentou fazer de várias formas, e ainda se continua a fazer, ou transformá-la num acontecimento meramente espiritual, significa banalizar a nossa própria fé. “Mas se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação, e vã nossa fé” (1 Cor 15, 14).

O caminho espiritual para chegar à fé continua o mesmo.

“Tocai em mim”, diz Jesus. O gesto de tocar nos ensina que o encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado foi um fato real e palpável.

Também o Ressuscitado revela o sentido profundo das Escrituras.

Cada um de nós, a comunidade, deve reunir-se com Jesus ressuscitado para escutar a Palavra, que sempre ilumina a nossa vida e nos ajuda a descobrir os caminhos de Deus na história…

Os discípulos recebem a MISSÃO de serem testemunhas de tudo isso…

A raiz da Missão é o Encontro com o Ressuscitado e a compreensão das Escrituras.

Cristo continua precisando, ainda hoje, de testemunhas…

O Concílio Vaticano II fala dos bispos e sacerdotes como “testemunhas de Cristo e do Evangelho” (LG, 21.25).

Porém, referindo-se aos leigos diz que eles também são testemunhas da Ressurreição de Cristo. “Cada leigo deve ser diante do mundo uma testemunha da Ressurreição e da vida de Jesus, um sinal do Deus vivo” (LG 38).

Todos somos chamados a ser testemunhas da presença do Ressuscitado, através de nossas palavras e ações.

Cristo, ainda hoje, continua nos lembrando: “Vocês também devem ser minhas testemunhas!”

terça-feira, 14 de abril de 2015

O fato da Ressurreição


A revista VEJA da Semana da Páscoa (8 de abril de 2015) trouxe interessante reportagem sobre a Ressurreição de Jesus, “o grande dogma do cristianismo”, ressaltando que a comemoração do domingo de Páscoa reafirma o poder da fé na Ressurreição do Filho de Deus morto na Cruz, “ideia”, constata a reportagem, “que se fortalece com a passagem dos milênios”. E pergunta: “por que, depois de pouco menos de 2000 anos, a crença na ressurreição de Jesus Cristo, um dos mais extraordinários mistérios da fé, ainda exerce efeito tão arrebatador?” E constata que, se nada houvesse ocorrido na Páscoa daquele ano, ou seja, se a Ressurreição do Senhor não fosse um fato extraordinário atestado e comprovado, não se conseguiria explicar a miraculosa e extraordinária expansão do cristianismo diante de tantas forças contrárias do paganismo.

Houve tentativas modernas de se negar a Ressurreição de Jesus como fato histórico. Segundo algumas dessas teorias, Jesus teria ressuscitado “dentro do Kerigma”, segundo a fórmula de Rudolf Bultmann, famoso teólogo protestante, ou seja, a ressurreição significaria apenas que os discípulos haviam reconhecido que “a causa de Jesus continua”! Por isso, torna-se muito elucidativa para nós a tese de Heinrich Schlier, discípulo de Bultmann, sobre a Ressurreição de Jesus, provando o fato histórico, base da fé cristã.

Heinrich Schelier era pastor luterano, professor de exegese na Alemanha, e, depois, fez parte da “Igreja confessante”, ou seja, a parte da comunidade evangélica alemã que tentava salvaguardar a substância cristã do luteranismo, não aceitando que esse se desintegrasse no movimento que apoiava o nazismo. Depois da guerra, lecionou Novo Testamento e História da Igreja na Faculdade Teológica Evangélica de Bonn. Em 1953, para surpresa do seu mestre Bultmann, converteu-se à Igreja Católica e disse que sua conversão ocorrera de uma forma completamente protestante, ou seja, a partir de sua relação com a Escritura, segundo nos conta Ratzinger. Em 24 de outubro de 1953, foi recebido na Igreja Católica. No dia seguinte, recebe a primeira comunhão e, depois, a confirmação. Tem inúmeras obras teológicas, especialmente essa sobre a Ressurreição de Jesus, prefaciada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger.   

Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2015


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para o
52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações
Terça-feira, 14 de abril de 2015

O êxodo, experiência fundamental da vocação

Amados irmãos e irmãs!

O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, chama-as, alimenta-as e condu-las. Há mais de 50 anos que, neste domingo, vivemos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Este dia sempre nos lembra a importância de rezar para que o «dono da messe – como disse Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). Jesus dá esta ordem no contexto dum envio missionário: além dos doze apóstolos, Ele chamou mais setenta e dois discípulos, enviando-os em missão dois a dois (cf. Lc 10,1-16). Com efeito, se a Igreja «é, por sua natureza, missionária» (Conc. Ecum. Vat. II., Decr. Ad gentes, 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário, suscitando em nós o desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa vida e gastá-la pela causa do Reino de Deus.

A oferta da própria vida nesta atitude missionária só é possível se formos capazes de sair de nós mesmos. Por isso, neste 52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, gostaria de reflectir precisamente sobre um «êxodo» muito particular que é a vocação ou, melhor, a nossa resposta à vocação que Deus nos dá. Quando ouvimos a palavra «êxodo», ao nosso pensamento acodem imediatamente os inícios da maravilhosa história de amor entre Deus e o povo dos seus filhos, uma história que passa através dos dias dramáticos da escravidão no Egipto, a vocação de Moisés, a libertação e o caminho para a Terra Prometida. O segundo livro da Bíblia – o Êxodo – que narra esta história constitui uma parábola de toda a história da salvação e também da dinâmica fundamental da fé cristã. Na verdade, passar da escravidão do homem velho à vida nova em Cristo é a obra redentora que se realiza em nós por meio da fé (Ef 4, 22-24). Esta passagem é um real e verdadeiro «êxodo», é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a orientação decisiva da existência para o Pai. 

A casa de Jesus e as provocações infantis de alguns “ateus amigáveis”


Você deve ter visto as notícias, faz algumas semanas, da descoberta da “possível” casa de Jesus em Nazaré. As manchetes de vários sites e jornais diziam: “Arqueólogos podem ter descoberto a casa da infância de Jesus”.

A tal casa já tinha sido encontrada, na verdade, em 1880: uma ordem de freiras descobriu por acaso uma antiga cisterna, começou a cavar em torno dela e achou um complexo de paredes, estruturas e cavernas que tinham ficado enterradas durante muito tempo. Em 1930, um padre que tinha sido arquiteto fez mais algumas escavações no local e descobriu um pouco mais das estruturas enterradas.

Tudo ficou por isso mesmo até que o arqueólogo Ken Dark, da Universidade de Reading, começasse a fazer extensas escavações no local ao longo dos últimos anos. Ele encontrou evidências arqueológicas que o convenceram de que aquele era um lar judaico do século I. E não só isto: ele observou que, sobre aquela casa, tinha sido construída uma igreja bizantina, que, por sua vez, foi substituída alguns séculos mais tarde por outra igreja, desta vez do tempo das cruzadas. Com base nos indícios materiais e históricos, Ken Dark especulou que a igreja bizantina fosse a Igreja da Nutrição, construída sobre uma casa que os bizantinos acreditavam ter sido o lar da infância de Jesus em Nazaré.

A recente divulgação dessas pesquisas não fez afirmação alguma de que aquela casa fosse “com certeza” o lar em que Jesus passou a infância. O artigo publicado por Ken Dark simplesmente declarava que, com base nos indícios encontrados, havia essa possibilidade.

E o que tudo isso tem a ver com os ateus?

Ultimamente, eu tenho lido alguns blogs mantidos por ateus porque quero entender melhor em que os ateus acreditam e por quê. Afinal, se pretendo falar sobre ateísmo, não quero deturpar os pensamentos e crenças deles, mas sim tentar compreendê-los e dialogar com eles.

Foi assim que achei um artigo no blog “Friendly Atheist” [“Ateu Amigável”], escrito por alguém que atende pelo nome de Terry Firma. Um dos artigos desse blog pretendia dar uma resposta ao anúncio de que fora descoberta a possível casa de Jesus em Nazaré. 

Cruzadas, Inquisição e Guerra contra as Mulheres: é hora de derrubar mitos


Em tempos de terrorismo disseminado por todos os continentes, não faltam afirmações gratuitas de todo tipo, seja para reduzir todos os muçulmanos a farinha do mesmo saco dos terroristas, seja para tentar livrá-los dessa generalização mediante mais generalizações a respeito de outras religiões (de preferência, a católica). Entre os chavões mais batidos, voltam à berlinda as indefectíveis acusações do tipo “Não se esqueça dos atos bárbaros cometidos em nome de Cristo durante as Cruzadas e a Inquisição!", além de reducionismos da ordem do dia, como a assim chamada “Guerra contra as Mulheres”, expressão que está na moda aqui nos Estados Unidos e em boa parte da Europa ocidental.

Mas há fatos históricos que são cuidadosamente deixados de lado a respeito desses três clichês. Vejamos alguns deles.

Será verdade que os cruzados não passavam de saqueadores e vândalos cruéis que distorciam o cristianismo, como afirma a visão popularizada desses episódios da história medieval?

Thomas F. Madden, historiador das Cruzadas e diretor do Centro de Estudos Medievais e Renascentistas da Universidade de Saint Louis, afirma que não. Ele vem travando a sua própria “cruzada de um homem só” para desmascarar os mitos populares sobre as supostas atrocidades patrocinadas pela Igreja católica entre os séculos XII e XVI.

Madden explica que os guerreiros do islã, com enorme energia, começaram a combater os cristãos logo depois da morte de Maomé. E os muçulmanos foram extremamente bem sucedidos nessa empreitada, a ponto de que a Palestina, a Síria e o Egito, que antes eram as regiões mais fortemente cristãs do mundo todo, sucumbiram rapidamente. Até o século VIII, os exércitos muçulmanos já tinham conquistado todo o Norte da África e a Espanha, que também eram, anteriormente, áreas cristãs. No século XI, os turcos seljúcidas conquistaram a Ásia Menor (atual Turquia), que tinha sido cristã desde os tempos do Apóstolo São Paulo. O antigo Império Romano do Oriente, que os historiadores modernos preferem chamar de Império Bizantino, foi reduzido a pouco mais que o território da Grécia atual. Desesperado, o imperador bizantino, cuja sede ficava em Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), enviou uma mensagem aos cristãos da Europa ocidental pedindo ajuda para defender os seus irmãos e irmãs no Oriente.

Foi este o contexto que deu à luz as Cruzadas. Elas não foram fruto da imaginação de um papa ambicioso ou de cavaleiros vorazes, mas uma resposta a mais de quatro séculos de conquistas muçulmanas que já tinham dominado dois terços do velho mundo cristão. O cristianismo, como fé e cultura, precisava tomar uma decisão: ou se defendia ou era engolido pelo islã. As Cruzadas foram a estratégia adotada para a reação em defesa própria.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Paz para os cristãos


No período da Páscoa, os cristãos saúdam com freqüência desejando a paz: “paz a você!” “A paz esteja contigo!” Foi assim que Jesus Cristo saudava os apóstolos nos encontros com eles, depois da sua ressurreição: “a paz esteja com vocês! Não tenham medo!” (cf Lc 24,36; Jo 20,19-26).

Com estas palavras, Jesus Cristo queria serenar o ânimo dos discípulos, muito assustados com o fato de verem o Mestre novamente, depois de ele ter sido crucificado e sepultado há vários dias... Estavam apavorados também com o temor de que algo de pior também pudesse acontecer a eles, pois eram bem conhecidos como o grupo de seguidores do Nazareno. Jesus devolve-lhes a paz e a alegria, dando-lhes a certeza de estar novamente com eles.

Sabemos que essa paz durou pouco para os apóstolos, pois bem depressa desabaram sobre eles e os primeiros cristãos ameaças, prisões, torturas e mortes violentas. Tudo porque anunciavam o Evangelho de Cristo, partindo da sua ressurreição dentre os mortos. E assim continuou ao longo dos dois mil anos de Cristianismo, durante os quais houve poucos momentos de paz e tranquilidade... Em alguma parte do mundo, sempre houve perseguições, repressão e martírio para os cristãos. O próprio Jesus havia advertido que a vida de seus seguidores não seria fácil: “o discípulo não é maior que o mestre: se perseguiram a mim, perseguirão também a vós” (Jo 15,20).

Atualmente, os cristãos são, de longe, o grupo religioso mais perseguido ou reprimido no mundo. Só para lembrar alguns fatos mais recentes: no último dia 2 de abril, alguns guerrilheiros do grupo Al Shebab, provenientes da Somália, entrou na Universidade de Garissa, no leste do Quênia, e escolheu especificamente os cristãos, deixando os demais irem embora. Foram mortos ao menos 147 pessoas, só porque eram cristãs. Em março de 2015, houve o seqüestro de 150 cristãos no noroeste da Síria; ainda em março, 14 cristãos foram mortos e mais de 70 ficaram feridos em conseqüência de dois atentados suicidas numa igreja católica e noutra, evangélica.