segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Não queremos a lógica de Caim


Caros amigos, a onda de violência urbana que atingiu nossos irmãos capixabas nos deixou perplexos diante da crueldade sem sentido. Segundo números oficiais, foram 143 mortos, sem falar das perdas materiais e da imensa insegurança que até hoje se abate naquela região. Mas quem foram os saqueadores e assassinos que executaram esta barbárie? Não foram terroristas, nem membros de outra facção criminosa ou partido político beligerante, mas os próprios moradores daqueles centros urbanos, que se armaram em violência contra seus irmãos.

Esta é mesma lógica de Caim (Cf. Gn 4), que por inveja tirou a vida do seu irmão Abel. Tal situação representa a violência do indivíduo contra os outros e, por isso, contra a sociedade em desprezo ao bem comum.

Entretanto, cabe recordar que foi o pensamento político e econômico de nossa atual sociedade do bem-estar que gerou este mal que se irradia incontrolavelmente por todos os lados. As definições de que “o homem é o lobo do homem” e “antes de toda regulação estatal a sociedade é uma guerra de todos contra todos” (Thomas Hobbes) são pensamentos negativos de liberdade que levam ao absolutismo demente e homicida do ser humano que, ao fim, destrói a si mesmo e a tudo aquilo que ama.

O homem, criado a imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, não se realiza fora da sociedade e do amor fraterno. Assim sendo, qualquer alternativa que não seja este caminho de comunhão e justiça será sempre falsa ou incompleta. 

Bento XVI: “O futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas”.


“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas”, disse Papa Bento XVI, no último dia de seu pontificado, durante sua reunião com os cardeais prestes a entrar em conclave para eleger seu sucessor, fevereiro 28, 2013, no último dia de seu pontificado. Quatro anos depois, estas palavras constituem como uma herança preciosa para os católicos do mundo.

Permaneçamos unidos

“Antes de vos saudar pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a estar convosco com a oração, especialmente nos próximos dias, a fim de que sejais plenamente dóceis à acção do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre o que Ele quer. E entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas. Portanto, com afeto e reconhecimento, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.”

Ele também disse seus pensamentos sobre a Igreja, “corpo vivo, animado pelo Espírito Santo” que “vive realmente pela força de Deus”, citando Guardini: “Diz Guardini: A Igreja «não é uma instituição pensada e construída sob um projecto…. mas uma realidade viva… Ela vive ao longo do tempo, no futuro, como todos os seres vivos, transformando-se… E no entanto na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo». Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na Praça: ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente pela força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isto ontem. Por isso é verdadeira e eloquente também outra famosa expressão de Guardini: «A Igreja desperta nas almas». A Igreja vive, cresce e desperta nas almas, que — como a Virgem Maria — acolheram a Palavra de Deus e a conceberam por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, precisamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de gerar Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente. Cristo continua a caminhar através dos tempos e em todos os lugares.”

Ele chamou os cardeais para a unidade: “Permaneçamos unidos, queridos Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia quotidiana, e assim servimos a Igreja e a humanidade inteira. Esta é a nossa alegria, que ninguém nos pode tirar.” 

Por que a Igreja Católica Romana não reconhece validade nos sacramentos da Igreja Católica Apostólica Independente?


Boa tarde, a paz de Jesus! 

Caro irmão, eu sou padre da igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomonia, a que foi funda por o Bispo Dom Salomão Ferraz, que morreu como bispo auxiliar de São Paulo, como bispo da Igreja Romana. Gostaria de saber o porquê que agora a Igreja não nos reconhece, já que ele foi aceito como bispo romano sem ser consagrado novamente? Já que temos sucessão apostólica valida, por que a Igreja não reconhece nossos sagramentos (sic)? Gostaria muito que os senhores irmãos, mim (sic) explicassem isso. Obrigado pela atenção que Deus lhe abençoe muito.

Abraço, padre Gaspar.

Fraterno padre Gaspar, paz e bem!

Recebemos com muita alegria a sua mensagem, e resolvemos respondê-lo com o máximo de cuidado e atenção possível afim de que os fatos sejam esclarecidos para que não haja dúvida alguma acerca das questões que envolvem a Igreja Católica Brasileira e suas dissidentes como a Igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomoniana. Esperamos que leia com muita atenção e tire suas dúvidas.:


“Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco” (1Jo 2,19).


Primeiramente convém levar em conta que A única Igreja de Cristo,... é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subiste (subsistit in) na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” (CIC Nº 816).  

Esta resposta já seria suficiente para afirmar porque a Igreja Católica Romana não reconhece a Igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomoniana (ICAI-TS), também conhecida como Catolicismo Salomonita ou Catolicismo Evangélico Salomonita. Nosso Senhor Jesus Cristo fundou uma só Igreja, as denominações fundadas por homens, são frutos de discórdias e desavenças dos homens. A ICAI-TS foi fundada, como você mesmo disse, por Dom Salomão Ferraz, ex-pastor presbiteriano que foi sagrado ao episcopado por Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo desertor da Igreja Católica Romana, que fundou sua própria denominação: a Igreja Católica Brasileira (ICAB).

Ora, uma vez que o sacramento da ordem é indelével, se um bispo validamente sagrado na Igreja Católica Romana, dela se separa e ordena outro como diácono, padre ou bispo, não seria válida esta ordenação? Vejamos:

D. Salomão, junto a bispos brasileiros, na Praça de São Pedro, durante o Concílio Vaticano II.
D. Salomão é o terceiro a contar da direita.

História


Em 1925 Salomão, que era presbiteriano, elaborou e publicou um estudo chamado Princípios e Métodos, que discursava sobre a validade dos batismos efetuados por padres católicos romanos, dizendo que tais batismos eram válidos por ser feito sobre a palavra e o nome de Jesus Cristo, independente de a Igreja Católica Romana ser vista como errada pelos protestantes.

Ele acaba entrando em conflito com as autoridades presbiterianas e se transfere para a Igreja Episcopal do Brasil, atual Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, onde é ordenado diácono e presbítero.

Em 1936 a Ordem de Santo André (OSA), fundada por ele, se reúne em um congresso nacional onde é lançada e aprovada a obra “A Igreja e a Sinagoga”, aonde Salomão Ferraz trata sobre o que a Igreja é, e o que a Igreja não é. Nesse congresso é aprovada também a criação da Igreja Católica Livre, uma igreja autônoma e nacional.

Salomão Ferraz é eleito bispo para a Igreja Católica Livre e busca a sagração na Europa, e é aceito para ser sagrado pelos Vétero-Católicos de Utrecht, porém devido a II guerra mundial ficou impedido de ser sagrado na Europa.

Aqui é importante destacar que a Igreja Católica Romana não considera válidas as ordenações realizadas nas igrejas presbiterianas, anglicanas e nem pelos vétero-católicos. No caso da Igreja Anglicana, o Santo Padre Leão XIII declarou, depois do assunto ter sido seriamente debatido com os teólogos, que, de acordo com fontes históricas e dogmáticas, categoricamente o anglicanismo havia perdido a sucessão apostólica, pois quando a igreja da Inglaterra caiu em heresia, comprovou-se que os sacramentos - incluindo aí o sacramento da Ordem - passaram a ser pervertidos no que sempre foram, e adotaram uma nova doutrina que os anulou. A partir daquele momento, todo candidato às Ordens Sacras foi sagrado de forma inválida, porque os novos “sacramentos”, dentre eles a Eucaristia e a Ordem já não eram mais os mesmos da Igreja Católica Romana. A intenção não era mais sacrifical, mas protestante. Não se tratava somente de um cisma, como no oriente, mas houve uma mudança doutrinária, e isso tornou todos os sacramentos do anglicanismo inválidos, com exceção do batismo. Sendo assim, todos os  “padres”  ordenados já não eram padres, e muito menos os bispos. O anglicanismo é apenas uma seita protestante que pensa ou pensava ter sucessão apostólica.
  
Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo que se desligou da Igreja Católica Romana e fundou a Igreja Católica Brasileira foi suspenso de ordens em 1944, isto é, perdeu a autorização para exercer as funções do sagrado ministério.  Conheceu Salomão Ferraz, um homem casado e pai de sete filhos, e aceitou sagrá-lo em 1945; um fato importante é que mesmo que Dom Carlos ainda não tivesse recebido a excomunhão de Roma quando sagrou Salomão Ferraz, ordenando-o sem mandato pontifício[1] (opondo-se diretamente ao papel espiritual do Sumo Pontífice danificando a unidade da Igreja) e, portanto, de forma ilegítima, incorreu em violação da norma do cânon 1382 do Código de Direito Canônico que prevê a excomunhão automática: "o Bispo que confere a alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe dele a consagração, incorre em excomunhão latae sententiae (automática) reservada à Sé Apostólica". Neste cânon se considera que algumas circunstâncias como "o temor grave, a injusta provocação, a ignorância da pena canônica", entre outras, são "atenuantes que excluem a pena latae sententiae". 

Vale lembrar que a excomunhão de um membro do clero não lhe tira o sacramento da ordem, mas torna ilícitos[2] todos os seus atos; por isso, quando em 1959, Dom Salomão Ferraz manifestou seu desejo de entrar em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, seu pleito não só foi atendido, como ele teve a sua excomunhão suspensa apesar de ordenado irregularmente[3] e foi recebido na Igreja pelas mãos do então cardeal Arcebispo de São Paulo sem que fosse reordenado (nem mesmo sob condição), apesar de continuar casado* e pai de sete filhos, pois dom Carlos Duarte era verdadeiramente bispo, embora o Santo Ofício o tenha declarado excomungado vitandus (= a ser evitado) aos 3 de julho de 1946.[4]

No dia 8 de dezembro de 1959 Dom Salomão fez voto de profissão de fé católica e assinou o respectivo termo de compromisso. Nessa mesma igreja celebrou a primeira missa como bispo da Igreja Católica Apostólica Romana e, posteriormente, foi recebido pelo Cardeal Motta no palácio Pio XII. Sua recepção na condição de bispo e exercendo o ministério episcopal deu-se por expressa permissão do Papa São João XXIII (que o fez bispo titular de Eleuterna em 10 de maio de 1963), a quem teve a oportunidade de encontrar uma vez em Roma, bem como tomou parte no Concílio do Vaticano II como padre conciliar,[5] morrendo em plena comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana.[6] Seu nome consta como bispo católico romano regular nos principais repositórios de informações sobre bispos católicos.

São Gabriel das Dores


Grande devoto da Virgem Maria, São Gabriel das Dores foi dócil ao deixar tudo e assumir sua vocação.

 

Nascido a 1838 em Assis, na Itália, dentro de uma família nobre e religiosa, recebeu o nome de batismo Francisco, em homenagem a São Francisco.

Na juventude andou desviado por muitos caminhos, e era dado a leitura de romances, festas e danças. Por outro lado, o jovem se sentiu chamado a consagrar-se totalmente a Deus, no sacerdócio ministerial. Mas vivia ‘um pé lá, outro cá’. Ou seja, nas noitadas e na oração e penitência.

Aos 18 anos, desiludido, desanimado e arrependido, entrou numa procissão onde tinha a imagem de Nossa Senhora. Em meio a tantos toques de Deus, ouviu uma voz serena, a voz da Virgem Maria, que dizia que aquele mundo não era para ele, e que Deus o queria na religião.

Obediente a Santíssima Virgem, na fé, entrou para a Congregação dos Padres Passionistas. Ali, na radicalidade ao Evangelho, mudou o nome para Gabriel, e de acordo também com a sua devoção a Nossa Senhora, chamou-se então: Gabriel da Dores.

Antes de entrar para a Congregação, já tinha a saúde fraca, e com apenas 23 anos partiu para a glória, deixando o rastro da radicalidade em Deus. Em meios às dores, São Gabriel viveu o santo Evangelho.



Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Gabriel das Dores, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

A maioria dos bispos são culpados por não levarem a sério o demônio, advertiu exorcista


Se todos os Bispos do mundo viessem até ele para uma confissão, se recusaria a dar a absolvição para a maioria deles, a menos que se arrependessem de terem negligenciado a responsabilidade de expulsar os demônios, disse o falecido Pe. Gabriele Amorth em entrevista a John L. Allen jr., no ano 2000.

Pe. Amorth morreu no início de setembro de 2016 com 91 anos de idade, sendo exorcista da diocese de Roma desde meados da década de 1980, tendo realizado dezenas de milhares de exorcismos.

Não está claro se o Frei Gabriele Amorth teria um pensamento similar nos dias atuais sobre os bispos do mundo (16 anos depois da entrevista), já que desde então houve uma explosão no número de exorcistas designados em todo o mundo, inclusive com o Vaticano oferecendo cursos de exorcismo. Papa Francisco, em particular, tem pregado bastante sobre a realidade do demônio. Tanto que a mídia secular se perguntou “Por que o Papa Francisco é Tão obcecado com o diabo?”. 

Anglicanos e católicos diante do “rosto misericordioso de Cristo” para superar as divisões


VISITA À IGREJA ANGLICANA DE "TODOS OS SANTOS"
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Domingo, 26 de Fevereiro de 2017


Queridos irmãos e irmãs,

Desejo agradecer-lhe o seu gracioso convite para celebrar este aniversário paroquial com você. Mais de duzentos anos se passaram desde que a primeira liturgia anglicana pública foi realizada em Roma para um grupo de residentes ingleses nesta parte da cidade. Muita coisa mudou em Roma e no mundo desde então. Ao longo desses dois séculos, também mudou muito entre anglicanos e católicos, que no passado se viam com suspeita e hostilidade. Hoje, com gratidão a Deus, reconhecemos uns aos outros como verdadeiramente somos: irmãos e irmãs em Cristo, através do nosso batismo comum. Como amigos e peregrinos desejamos caminhar juntos pelo caminho, para seguir juntos o nosso Senhor Jesus Cristo. 

Você me convidou para abençoar o novo ícone de Cristo Salvador. Cristo olha para nós, e seu olhar sobre nós é um olhar de salvação, de amor e compaixão. É o mesmo olhar misericordioso que atravessou o coração dos Apóstolos, que deixaram o passado para trás e iniciaram uma jornada de vida nova, para seguir e proclamar o Senhor. Nesta imagem sagrada, como Jesus nos olha, ele também parece chamar-nos, fazer um apelo a nós: "Você está pronto para deixar tudo do seu passado por mim? Você quer ser mensageiro do meu amor e da minha misericórdia?"

Seu olhar de misericórdia divina é a fonte de todo o ministério cristão. O apóstolo Paulo nos diz isso, por meio de suas palavras aos Coríntios, que acabamos de ouvir. Ele escreve: "Tendo este ministério pela misericórdia de Deus, não perdemos o coração" (2Cor  4,1). Nosso ministério brota da misericórdia de Deus, que sustenta nosso ministério e impede que ele perca seu vigor.

São Paulo nem sempre teve uma relação fácil com a comunidade em Corinto, como mostram suas cartas. Houve também uma dolorosa visita a esta comunidade, com palavras acaloradas trocadas por escrito. Mas esta passagem mostra Paulo superando as diferenças passadas. Ao viver seu ministério à luz da misericórdia recebida, ele não desiste diante das divisões, mas se dedica à reconciliação. Quando nós, a comunidade dos cristãos batizados, nos encontramos confrontados com desacordos e nos voltamos para a face misericordiosa de Cristo para superá-la, é reconfortante saber que estamos fazendo como São Paulo fez numa das primeiras comunidades cristãs.

Como São Paulo lida com essa tarefa, onde ele começa? Com humildade, que não é apenas uma bela virtude, mas sim uma questão de identidade. Paulo vê-se como um servo, proclamando não a si mesmo, mas a Cristo Jesus, o Senhor (verso 5). E ele realiza este serviço, este ministério de acordo com a misericórdia mostrada (v. 1): não com base em sua capacidade, nem confiando em sua própria força, mas confiando que Deus está cuidando dele e sustentando sua fraqueza Com misericórdia. Tornar-se humilde significa atrair a atenção para longe de si mesmo, reconhecendo a dependência de Deus como um mendigo de misericórdia: este é o ponto de partida para que Deus trabalhe em nós. Um ex-presidente do Conselho Mundial de Igrejas descreveu a evangelização cristã como "um mendigo dizendo a outro mendigo onde pode encontrar pão". Creio que São Paulo aprovaria. Ele compreendeu o fato de que ele era "alimentado pela misericórdia" e que sua prioridade era compartilhar seu pão com os outros: a alegria de ser amado pelo Senhor e de amá-lo.  

Papa: «Peço-vos, por favor, que façais esta experiência».


VISITA À PARÓQUIA ROMANA DE SANTA MARIA JOSEFA
DO CORAÇÃO DE JESUS
NO BAIRRO CASTELVERDE
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Domingo, 19 de fevereiro de 2017



Hoje, nas leituras, há uma mensagem que definiria única. Na primeira há a Palavra do Senhor que diz: «Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2). Deus Pai diz-nos isto. E o Evangelho termina com aquela Palavra de Jesus: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 48). A mesma coisa. Este é o programa de vida. Sede santos, porque Ele é santo; sede perfeitos, porque Ele é perfeito. E vós podeis perguntar-me: “Mas, Padre, como é o caminho rumo à santidade, qual é o percurso para nos tornarmos santos?”. Jesus explica bem isto no Evangelho: explica-o com coisas concretas.

Antes de tudo: «Foi dito: “olho por olho, dente por dente”. Mas eu digo-vos para não vos opordes ao malvado» (Mt 5, 38-39), ou seja, nenhuma vingança. Se no coração tenho rancor por alguma coisa que alguém me fez e me quero vingar, isto afasta-me do caminho rumo à santidade. Nenhuma vingança. “Fizeste isto, vais pagar!”. Um comportamento assim é cristão? Não. “Vais pagar” não faz parte da linguagem de um cristão. Nenhuma vingança. Nenhum rancor. “Mas aquele torna a minha vida impossível!...”. “Aquela vizinha fala mal de mim todos os dias! Também eu falarei mal dela...”. Não. O que diz o Senhor? “Reza por ela” — “Mas devo rezar por ela?” — “Sim, reza por ela”. É o caminho do perdão, do esquecimento das ofensas. Dão-te uma bofetada na face direita? Apresenta-lhe a outra. O mal vence-se com o bem, o pecado é vencido com esta generosidade, com esta força. O rancor é mau. Todos sabemos que não é uma coisa pequena. As grandes guerras — vemos nos telejornais, nos jornais, este massacre de pessoas, de crianças... quanto ódio, mas é o mesmo ódio — é o mesmo! — que tu tens no teu coração por alguém, por este ou por aquele teu parente ou pela tua sogra ou por outra pessoa, o mesmo. Ele é aumentado, mas é o mesmo. O rancor, a vontade de me vingar: “Vais pagar!”, isto não é cristão.

“Sede santos como Deus é santo”; sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai”, «o qual faz que o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos» (Mt 5, 45). É bom. Deus concede os seus bens a todos. “Mas se alguém fala mal de mim, se me fez uma grande ofensa, se aquele me...”. Perdoar. No meu coração. Eis o caminho da santidade; e isto afasta as guerras. Se todos os homens e mulheres do mundo aprendessem isto, não haveria guerras, elas não existiriam. A guerra começa assim, na amargura, no rancor, na vontade de vingança. Mas isto destrói famílias, destrói amizades, destrói bairros, destrói tanto, tanto... “E, Padre, que devo fazer quando sinto isto?”. É Jesus quem o diz e não eu: «Amai os vossos inimigos» (Mt 5, 44). “Eu tenho que amar aquele?” — Sim — “Não posso” — Reza para que possas. «Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem» (Ibid.). “Rezar por aquele que é malvado comigo?” — Sim, para que mude de vida, para que o Senhor o perdoe. Esta é a magnanimidade de Deus, o Deus magnânimo, o Deus de coração grande, que tudo perdoa, que é misericordioso. “É verdade, Padre, Deus é misericordioso”. E tu? És misericordioso, és misericordiosa, com as pessoas que foram malvadas contigo? Ou que não gostam de ti? Se Ele é misericordioso, se Ele é santo, se Ele é perfeito, nós devemos ser misericordiosos, santos e perfeitos como Ele. 

Papa alerta para as tentações do “dinheiro, prazer e poder”


Papa Francesco
ANGELUS
Praça de São Pedro 
domingo, 26 de fevereiro, 2017


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje (cf. Mt 6,24-34) é um forte apelo a confiar em Deus - não se esqueça: confiar em Deus - que cuida dos seres vivos na criação. Ele fornece comida para todos os animais, cuida dos lírios e grama do campo (cf. vv 26-28.); seu olhar benevolente vigia constantemente nossas vidas. Isso ocorre sob o cuidado com muitas preocupações, que podem assumir serenidade e equilíbrio; Mas essa ansiedade é muitas vezes inútil, porque ela não pode mudar o curso dos acontecimentos. Jesus nos chama insistentemente para não se preocupar com o amanhã (cf. vv 25.28.31.), lembrando que, acima de tudo há um Pai amoroso que nunca se esquece de seus filhos: confiança nele não vai resolver magicamente os problemas, mas vamos enfrentá-los com o estado de espírito correto, corajosamente, sou corajoso porque eu confio no meu Pai, que cuida de tudo e que me deseja tanto bem.

Deus não é distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e nossa paz. Ele é a rocha da nossa salvação, a que podemos agarrar-se na certeza de não cair; aqueles que se agarram a Deus nunca caem! É a nossa defesa do mal sempre à espreita. Deus é o nosso grande amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre levamos em conta. Não nos damos conta de que temos um amigo, um aliado, um pai que nos ama, e nós preferimos inclinar-nos sobre os bens imediatos que podemos tocar, aos ativos contingentes, esquecendo-se, e às vezes recusando-se, ao bem supremo, o amor paterno de Deus. Ouvindo o Pai, nesta era de orfandade, é tão importante! Para ouvir o Pai neste mundo órfão, ficamos longe do amor de Deus quando vamos para a busca obsessiva de bens materiais e riquezas, manifestando-se, assim, um amor exagerado a estas realidades.

Jesus nos diz que essa busca desesperada é uma ilusão e causa de infelicidade. Ele dá aos seus discípulos uma regra essencial da vida: "Mas buscai primeiro o reino de Deus" (v 33). É a realização do projeto que Jesus anunciou no Sermão da Montanha , confiando em Deus que não desilude - muitos amigos ou muitos que nós pensamos ser amigos, falharam conosco; Deus nunca desilude! -; ocupado como fiéis mordomos dos bens que Ele nos deu, exageramos, como se tudo, até mesmo a nossa salvação dependesse apenas de nós. Esta atitude evangélica requer uma escolha clara, que a passagem de hoje diz precisamente: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (v 24). O Senhor ou os ídolos fascinantes, mas ilusórios. Esta escolha, que somos chamados a fazer se repercute em muitos de nossos atos, programas e compromissos. São escolhas que devem ser feitas de uma forma clara e que devem ser renovadas constantemente, porque a tentação de reduzir tudo a dinheiro, prazer e poder é insistente. Existem muitas tentações para este fim.

Enquanto honrar esses ídolos leva a resultados tangíveis ainda que fugaz, para escolher a Deus e seu Reino nem sempre mostra imediatamente seus frutos. É uma decisão que você toma na esperança de deixar a Deus a plena realização. A esperança cristã é tensa para o futuro cumprimento da promessa de Deus e não para diante das dificuldades, porque é fundada sobre a fidelidade de Deus, que nunca falha. É verdade, é um Pai fiel, ele é um amigo leal, um aliado leal.

Que a Virgem Maria nos ajude a confiar no amor e bondade do Pai celeste, para viver n'Ele e com Ele. Este é o pré-requisito para superar os tormentos e adversidades da vida, e até mesmo perseguição, como demonstrado pelo testemunho de tantos dos nossos irmãos e irmãs.