sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Papa sobre o Panamá: “Uma terra de convocação e de sonho”


VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO PANAMÁ – JMJ 2019
Encontro com as autoridades, com o corpo diplomático
e com os representantes da sociedade civil
Palácio Bolívar – Cidade do Panamá
Quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Senhor Presidente,
Distintas autoridades,
Senhoras e Senhores!

Agradeço-lhe, Senhor Presidente, as suas palavras de boas-vindas e o amável convite para visitar esta nação. Na sua pessoa, desejo saudar e agradecer a todo o povo panamense que, de Darién até Chiriqui e Bocas del Toro, fez um esforço incalculável para acolher tantos jovens vindos dos quatro cantos do mundo. Obrigado por nos terdes aberto as portas de casa.

Começo a minha peregrinação neste local histórico, para onde Simón Bolívar – afirmava que, «se o mundo tivesse de escolher a sua capital, para este augusto destino seria assinalado o istmo do Panamá» – convocou os líderes do seu tempo a fim de forjar o sonho da unificação da Pátria Grande. Uma convocação que nos ajuda a compreender que os nossos povos são capazes de criar, forjar e sobretudo sonhar uma pátria grande que saiba e possa acolher, respeitar e abraçar a riqueza multicultural de cada povo e cultura. Na esteira desta inspiração, podemos contemplar o Panamá como uma terra de convocação e de sonho.

1. Terra de convocação

Assim o manifestou o Congresso Anfictiónico e o mesmo manifesta também hoje a chegada de milhares de jovens que trazem consigo o desejo e a vontade de se encontrar e celebrar.

O vosso país, pela sua localização privilegiada, constitui um ponto estratégico não só para a região, mas também para o mundo inteiro. Ponte entre os oceanos e terra natural de encontros, o Panamá (o país mais estreito de todo o continente americano) é símbolo da sustentabilidade que nasce da capacidade de criar vínculos e alianças. Esta capacidade configura o coração do povo panamense.

Cada um de vós ocupa um lugar especial na construção da nação e é chamado a assegurar que a mesma possa cumprir a sua vocação de terra de convocação e de encontros; isto requer decisão, empenho e trabalho diário para que todos os habitantes deste território tenham a oportunidade de se sentir atores do destino próprio, das suas famílias e de toda a nação. É impossível conceber o futuro duma sociedade sem a participação ativa – e não apenas nominal – de cada um dos seus membros, para que a dignidade seja reconhecida e garantida através do acesso a uma instrução de qualidade e à promoção dum trabalho digno. Estas duas realidades juntas são capazes de ajudar a reconhecer e valorizar a genialidade e o dinamismo criativo deste povo, e ao mesmo tempo são o melhor antídoto contra qualquer tipo de tutela que pretenda limitar a liberdade e subjugue ou transcure a dignidade dos cidadãos, especialmente dos mais pobres.

A genialidade desta terra é configurada pela riqueza dos seus povos nativos: Bribri, Buglé, Emberá, Kuna, Nasoteribe, Ngäbe e Waunana, que muito nos têm a dizer e lembrar a partir da sua cultura e visão de mundo: para eles, a minha saudação e o meu reconhecimento. Ser terra de convocação requer celebrar, reconhecer e escutar o que é específico de cada um destes povos e de todos os homens e mulheres que compõem a fisionomia panamense e saber tecer um futuro aberto à esperança, porque só se é capaz de defender o bem comum acima dos interesses de poucos ou ao serviço de poucos, quando existe a firme decisão de partilhar com justiça os próprios bens.

Com a sua alegria e entusiasmo, com a sua liberdade, sensibilidade e capacidade crítica, as novas gerações exigem dos adultos, especialmente de todos aqueles que detêm um papel de liderança na vida pública, que tenham uma conduta conforme à dignidade e autoridade de que estão revestidos e que lhes foi confiada. É um convite a viver com austeridade e transparência, na responsabilidade concreta pelos outros e pelo mundo; uma conduta que demonstre que o serviço público é sinónimo de honestidade e justiça contrapondo-se a qualquer forma de corrupção. Os jovens exigem um empenhamento, em que todos – a começar por quantos se dizem cristãos – tenham a ousadia de construir «uma vida política verdadeiramente humana» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 73), que coloque a pessoa no centro como coração de tudo; e isto impele a criar uma cultura de maior transparência entre os governos, o setor privado e toda a população, como recita esta bela oração que fazeis pela pátria: «Dai-nos o pão de cada dia: que o possamos comer na nossa casa e com a saúde digna de seres humanos».

Mensagem do papa para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O LIII DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
(2 DE JUNHO DE 2019)

« “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25):
das comunidades de redes sociais à comunidade humana »

Queridos irmãos e irmãs!

Desde quando se tornou possível dispor da internet, a Igreja tem sempre procurado que o seu uso sirva o encontro das pessoas e a solidariedade entre todos. Com esta Mensagem, gostaria de vos convidar uma vez mais a refletir sobre o fundamento e a importância do nosso ser-em-relação e descobrir, nos vastos desafios do atual panorama comunicativo, o desejo que o homem tem de não ficar encerrado na própria solidão.

As metáforas da «rede» e da «comunidade»

Hoje, o ambiente dos mass-media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida quotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha duma informação autêntica à escala global. Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos factos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito.

É necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou económico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos. As estatísticas relativas aos mais jovens revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying.[1]

Na complexidade deste cenário, pode ser útil voltar a refletir sobre a metáfora da rede, colocada inicialmente como fundamento da internet para ajudar a descobrir as suas potencialidades positivas. A figura da rede convida-nos a refletir sobre a multiplicidade de percursos e nós que, na falta de um centro, uma estrutura de tipo hierárquico, uma organização de tipo vertical, asseguram a sua consistência. A rede funciona graças à comparticipação de todos os elementos.

Reconduzida à dimensão antropológica, a metáfora da rede lembra outra figura densa de significados: a comunidade. Uma comunidade é tanto mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.

No cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinónimo de comunidade. No melhor dos casos, tais comunidades conseguem dar provas de coesão e solidariedade, mas frequentemente permanecem agregados apenas indivíduos que se reconhecem em torno de interesses ou argumentos caraterizados por vínculos frágeis. Além disso, na social web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito (étnico, sexual, religioso, e outros). Esta tendência alimenta grupos que excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E, assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo.

A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente a nível relacional, até se chegar ao perigoso fenómeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alhear totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave rutura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar.

Esta realidade multiforme e insidiosa coloca várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, económico, e interpela também a Igreja. Enquanto cabe aos governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária duma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos nós promover um uso positivo da mesma.

Naturalmente não basta multiplicar as conexões, para ver crescer também a compreensão recíproca. Então, como reencontrar a verdadeira identidade comunitária na consciência da responsabilidade que temos uns para com os outros inclusive na rede on-line?

A tragédia se repete: Barragem da Vale se rompe e destrói a cidade de Brumadinho, em Minas



Mais uma “abominação da desolação”, como disse Jesus no Evangelho de Marcos, referindo-se aos absurdos nascidos das ganâncias e descasos com o outro, com a verdade e com o bem de todos: mais uma barragem rompida em Minas Gerais, agora em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Arquidiocese de Belo Horizonte une-se a cada um dos atingidos, compartilhando suas dores. Nossas comunidades de fé, especialmente às que servem ao Vale do Paraopeba, estejam juntas, para levar amparo, ajuda, a todos que sofrem diante de tão lamentável tragédia.

Os danos humanos e socioambientais são irreparáveis e apontam para uma urgência, já tão evidente: é preciso repensar modelos de desenvolvimento que desconsideram o respeito à natureza, os parâmetros de sustentabilidade. Uma triste coincidência: nesta sexta-feira, dia 25, quando uma barragem se rompe no coração da nossa amada Brumadinho, entrou em pauta, no Conselho da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, autorização para a retomada da mineração na Serra da Piedade. Uma tragédia se efetiva e outra se anuncia.

A Arquidiocese de Belo Horizonte defende, incansavelmente, de modo inegociável, a natureza, obra do Criador, compreendendo que o ser humano, as plantas e os animais devem viver em completa harmonia, pois são todos habitantes do planeta, a Casa Comum.

Rezemos pelas vítimas desta tragédia, unidos ao coração de cada pessoa e de todas as famílias que sofrem, renovemos, mais uma vez, o nosso compromisso com a solidariedade. É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais. A justiça seja feita, com lucidez e sem mediocridades que geram passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com incondicional respeito e compromisso com os mais pobres. Minas Gerais está de luto.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Venezuela: Bispos rezam pelo país e pedem respeito pelos direitos da população



A Conferência Episcopal da Venezuela (CEV) apelou hoje ao respeito pela população, depois de o líder do parlamento, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado presidente interino do país.

“Pedimos à Santíssima Virgem de Coromoto, padroeira da Venezuela, que cuide de todos os venezuelanos, das famílias em busca de bem-estar e liberdade, e convidamos a todos a rezar pela Venezuela”, assinala uma mensagem da CEV, após as manifestações de protesto em vários locais da nação sul-americana.

Uma nota da Comissão Justiça e Paz, assinada pelo presidente, D. Roberto Lückert, bispo emérito de Coro, pede às forças de segurança “o respeito pelos cidadãos que se manifestam”, evitando a repressão violenta, detenções arbitrárias e o uso de armas de fogo.

A Igreja Católica considera que a Assembleia Nacional é “atualmente o único órgão do poder público legitimado a exercer o seu poder”.

A mídia está desesperada para destruir o governo Bolsonaro



Quem achou que a oposição ao governo Bolsonaro teria uma trégua se enganou feio. Com apenas 22 dias de gestão, o que o brasileiro assiste é a repetição da estratégia utilizada pela grande mídia nos Estados Unidos, logo após a vitória do presidente Donald Trump. Isto é, uma sequência de manchetes especulativas envolvendo o nome do presidente com o objetivo de desgastar sua imagem e minar a credibilidade dos eleitores.

O caso envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente brasileiro, está servindo para confirmar que a gestão do atual governo sofrerá oposição não apenas de partidos políticos, mas da grande imprensa, em sua maioria controlada por devotos da ideologia esquerdista.


Isso é muito grave! Deixamos de contar com o papel fundamental dos veículos jornalísticos, que é informar os fatos. A imprensa não quer mais retratar informações, mas induzir o entendimento do público conforme os interesses de quem controla a mídia.

Venezuela: Cerco fechado contra Maduro após Juan Guaidó se declarar presidente



A tirania do governo Nicolás Maduro pode estar com os dias contados. Hoje, dia 23 de janeiro de 2018, os venezuelanos tomaram às ruas do país para protestar contra o regime responsável por deixar o país em pleno caos econômico e humanitário, declarando como seu legítimo presidente interino o opositor Juan Guaidó.

Guaidó é o líder do parlamento venezuelano e principal opositor ao regime de Nicolás Maduro. Se trata, portanto, de um dia histórico no país, considerando o número de manifestantes que saíram para exigir a queda de Maduro e a convocação de eleições legais pela mediação de um presidente interino.


Brasil, Estados Unidos, Canadá, Peru, Argentina, Colômbia e a Organização dos Estados Americanos já reconheceram a legitimidade de Juan Guaidó como o presidente interino da Venezuela, tornando oficial a nível diplomático (internacional) as decisões do opositor.


Na prática, isto significa a total ruptura diplomática desses países com o regime de Maduro, ao mesmo tempo que dá forças à oposição para se insurgir contra o governo, tornando Guaidó o seu legítimo presidente.

"O Senhor Juan Guaidó, Presidente da Assembleia Nacional venezuelana, assumiu hoje, 23/01, as funções de presidente encarregado da Venezuela, de acordo com a Constituição daquele país, tal como avalizado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ)", comunicou o Itamaraty nesta quarta.


"O Brasil reconhece o Senhor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela", completa o documento, segundo informações do UOL.

Padre adverte sobre "escândalo" do cuidado exagerado de animais e desprezo da vida humana





Padre Hugo Valdemar, cônego penitencieiro da Arquidiocese Primaz do México, advertiu que é um "escândalo" que se tenha um cuidado exagerado com os animais, enquanto se despreza a vida humana desde o ventre materno até a morte natural.

Em sua coluna semanal no jornal mexicano ‘Contra Réplica’, intitulada "O amor desumanizado pelos animais," Pe. Valdemar disse que, ainda que "pareça algo positivo que tenha crescido na sociedade ocidental o amor e o cuidado pelos animais, como entender esta consciência moderna em um momento em que um ser humano indefeso no útero é percebido como uma ameaça, como um estranho que vem causar desconforto e uma série de males?".

"Que sociedade é esta onde a proteção dos animais se tornou mais valiosa do que a vida humana de um nascituro?", perguntou.

O sacerdote lamentou que hoje "os idosos são vistos como um incômodo e são retirados a lugares nem sempre dignos, onde os familiares nunca mais voltam a visitá-los, ou ainda pior, a lei permite assassiná-los, chamando este ato imoral de uma morte digna”.  

O Panamá que espera o Papa Francisco



As atenções, especialmente do mundo católico, voltam-se nestes dias para o Panamá,  pequeno país que liga a América do Sul à América Central, escolhido pelo Papa em 2016 para sediar esta Jornada Mundial de Juventude. Assim, Francisco retorna ao continente americano para encontrar novamente a juventude de todo o mundo depois de 2013 no Brasil, naquela que foi sua primeira JMJ.

O pequeno país com pouco mais de quatro milhões de habitantes, 88% dos quais declaram-se católicos, preparou-se para receber o Papa Francisco e os milhares de jovens de várias partes do mundo.  Há bandeiras de JMJ, do Panamá e do Vaticano espalhadas pela cidade, e ainda obras em andamento. O evento contou com total apoio do governo panamenho. O assunto domina os noticiários.

O clima que se percebe nas ruas é de alegria e expectativa, com grupos de jovens vestindo a camiseta da JMJ e bandeiras de seus respectivos países e muitos com instrumentos musicais. Muitos destes jovens vieram da Costa Rica onde participaram da Semana Missionária.  A escolha do Papa Francisco permitiu que um maior número de centro-americanos  e do norte da América do Sul participassem desta Jornada, o que é perceptível pela quantidade de grupos vindos de El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Venezuela e Colômbia. Se facilitou para os americanos por janeiro ser período de férias, dificultou um pouco para os europeus que estão em pleno período de aulas. Os poloneses são o grupo mais numeroso, com 7.500 jovens, seguidos pelos italianos, com 1.500.

Na capital vivem quase 1 milhão e oitocentos mil habitantes. O trânsito está caótico, fato agravado pelos bloqueios nas áreas por onde o Papa Francisco passará e que acolherão os grandes eventos.  Altos prédios com arquitetura moderna e arrojada dominam a paisagem. Mas uma das atrações é o Casco Antiguo, ou Panamá Viejo, onde está o centro histórico declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Nesta “segunda cidade do Panamá” estão igrejas e monumentos históricos que remontam à época colonial. Na segunda-feira, justamente um dos programas dos jovens foi explorar este espaço.