quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O Papa


Diante de tantos ataques feitos ultimamente à Igreja e, especialmente, ao Papa, corroendo a sua autoridade, faz-se necessário explicar aos católicos o importante papel, dado por Jesus, daquele que ele constituiu o seu Vigário na terra, a cabeça visível da sua Igreja. Destruir a autoridade do Papa é corroer a autoridade da própria Igreja. Os inimigos externos sempre fizeram isso. O estranho é isso acontecer por parte de membros da Igreja.

No meu prefácio ao livro “O Cristo, o Papa e a Igreja’, do grande escritor Pe. Júlio Maria Lombaerde, publicado pela Editora Centro Santo Afonso de Ligório, fiz algumas observações sobre esses alicerces da nossa catolicidade, explicando que o Espirito Santo, enviado por Jesus à sua Igreja, completou a sua obra e realizou a sua promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Nenhuma sociedade humana sobreviveria a tantas perseguições, tantas heresias e cismas, tantos inimigos externos e internos, tanta gente ruim no seu seio (nós, por exemplo!), leigos, padres, Bispos e Papas ruins, tantos escândalos da parte dos seus membros, tantas dificuldades, se não fosse a ação do Espírito Santo que a mantém incólume no meio de todas essas tempestades, até a consumação dos séculos.    

Uma das provas de que a Igreja é indefectível, apesar das fraquezas humanas, e goza da assistência contínua e infalível do seu fundador, é a instituição do Papado, que nos dá a garantia da presença contínua dele na sua Igreja, através daquele que lhe faz as vezes, o seu Vigário. 

Jesus escolheu como seu vigário (que lhe faz as vezes) na terra, Pedro, a pedra. E Pedro, primeiro Papa, é uma figura emblemática e paradigmática. Pedro se chamava Simão. Jesus lhe mudou o nome, significando sua missão, como é habitual nas Escrituras: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas! (que quer dizer Pedro - pedra)” (Jo 1, 42). Quando Simão fez a profissão de Fé na divindade de Jesus, este lhe disse: “Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 13-19). Corajoso e com imenso amor pelo Senhor, sentiu também sua fraqueza humana, ao negar três vezes que o conhecia. “Simão, Simão! Satanás pediu permissão para vos peneirar, como o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32).  E Pedro, depois de ter chorado seu pecado, foi feito por Jesus o Pastor da sua Igreja.

Opção por ordenar homens casados poderia ser estudada no futuro, diz Cardeal Turkson


O Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, disse que a ordenação de viri probati, homens casados ​​de comprovada virtude, “provavelmente poderia se tornar um tema de um estudo mais detalhado, para que a Igreja tome uma posição consistente".

Em declarações à EWTN News Nightly, o Cardeal Turkson, no contexto do Sínodo da Amazônia que acontece em Roma até 27 de outubro, assinalou que alguns desafios colocados pela Amazônia também se encontram em outras partes do mundo.

Por isso, a posição da Igreja sobre esse assunto deve ser adotada "não apenas com o olhar posto na Amazônia, mas em toda a Igreja universal".

Em suas declarações, o Cardeal explicou que a Amazônia apresenta uma série de problemas “que levaram o Papa a convocar este Sínodo. Referem-se ao que o Papa escreveu em sua encíclica Laudato si' sobre o clamor da terra e o clamor dos pobres".

“A terra, neste caso, é todo o planeta, representado pelo que está acontecendo na Amazônia. E o clamor dos pobres, neste caso, é também o dos pobres de todo o mundo, mas representados pelas populações indígenas, pelos povos da África e por todos os grupos que vivem na Amazônia. Esses são os dois assuntos cruciais”.

Assinalou que "estamos tentando escutar e responder a esses dois gritos da terra e dos pobres, e depois considerar a responsabilidade da Igreja nisso".

Nesse sentido, explicou que o cuidado pastoral da Igreja está sendo analisado, “quão eficaz e suficiente tem sido e a necessidade de procurar novos caminhos para agir de maneira coerente, consistente e duradoura”.

Ressaltou que “a Amazônia se olha no espelho da África, porque a situação na Amazônia é muito semelhante a países como o Congo. Nos dois casos, existem problemas de acessibilidade, que pode ser difícil e reduzida”.

Documento final do Sínodo deve ser redigido pelo Cardeal Claudio Hummes e REPAM


Nos Sínodos, os responsáveis ​​pela redação do documento final são os membros da comissão de redação, que recolhe as contribuições dos círculos menores, mas o que acontece quando os membros da comissão de redação não estão preparando o documento? A dúvida a respeito permanece.

O Cardeal Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena (Áustria), eleito diretamente pelo Papa Francisco para ser membro da comissão de redação do documento final do Sínodo da Amazônia, assinalou que este grupo não está encarregado de redigir o texto, mas o Relator Geral, o Cardeal brasileiro Claudio Hummes “e sua equipe”.

“Tenho que tentar fazer uma correção. A palavra comissão de redação é pouco clara porque, de fato, os rascunhos são do relator principal e de sua equipe. O papel da comissão de redação é aprovar imediatamente o trabalho que fazem os relatores. Portanto, nós, a comissão de redação, não escrevemos o texto”, disse o Purpurado austríaco em uma coletiva de imprensa realizada em 21 de outubro na Sala Stampa do Vaticano.

ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, perguntou ao diretor da Sala Stampa do Vaticano, Mateo Bruni, que explicou o procedimento oficial da redação. "O briefing de hoje começou com uma explicação do trabalho no documento e na terça-feira da semana passada entregamos uma lista das pessoas envolvidas nessa atividade".

“O relator e os secretários especiais preparam o rascunho do documento baseados nos relatórios dos 'círculos menores' e nas contribuições dos participantes durante as congregações gerais. Ao fazer isso, são assistidos pelos chamados ‘especialistas’, incluídos na lista de participantes do Sínodo, que foi enviada nos dias anteriores ao seu início", disse Bruni a ACI Prensa.

Em 15 de outubro, o Santo Padre nomeou como membros da comissão para a elaboração do documento final do Sínodo da Amazônia o Cardeal Schönborn; Dom Edmundo Valenzuela, Arcebispo de Assunção (Paraguai); Dom Marcelo Sánchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia de Ciências e Ciências Sociais; e Pe. Rossano Sala (Itália).

Esses quatro membros se uniram aos nomeados em 7 de outubro: Dom Mario Antônio da Silva, Bispo de Roraima (Brasil); Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo e Presidente da Conferência Episcopal Peruana; Dom Nelson Jair Cardona Ramírez, Bispo de San José del Guaviare (Colômbia); e Dom Sergio Alfredo Gualberti Calandrina, Arcebispo de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia).

Documentos do Vaticano detalham investimentos suspeitos na Secretaria de Estado


Um relatório confidencial da autoridade anticorrupção do Vaticano mostra que a Secretaria de Estado usou cerca de 725 milhões de dólares, a maioria proveniente do fundo de caridade do Papa, em operações não registradas nos livros contábeis.

O jornal italiano ‘L'Espresso’ publicou um relatório, em 20 de outubro, que revela informações sobre três documentos confidenciais do Vaticano, um dos quais é da autoridade anticorrupção do Papa, chamado Escritório do Auditor Geral, alegando ter encontrado graves crimes financeiros e corrupção dentro da Secretaria de Estado.

Os documentos, informou ‘L'Espresso’, detalham o uso e a gestão de fundos extraorçamentários por parte da Secretaria de Estado, "derivados em grande parte de doações recebidas pelo Santo Padre para instituições de caridade e para o sustento da Cúria Romana".

Pelo menos, a maior parte do dinheiro foi retirada do Óbolo de São Pedro, a coleta anual na qual os católicos são convidados a apoiar as atividades de caridade do papa.

‘L'Espresso’ informou que esses fundos estão sendo usados ​​"em operações especulativas imprudentes" e que o próprio relatório do Auditor Geral diz que aproximadamente 77% dos ativos (aproximadamente 558 milhões de dólares) foram colocados nas agências suíças e italianas do banco de investimento Credit Suisse.

Um segundo documento confidencial adquirido por ‘L´Espresso’ é o decreto de 16 páginas que autoriza a busca e apreensão realizada em 1º de outubro nos escritórios da Secretaria de Estado e da Autoridade de Informação Financeira (AIF). A busca foi ordenada pelos promotores da Cidade do Vaticano, chamados "promotores de justiça", e levou à suspensão de cinco funcionários e empregados do Vaticano.

No momento da busca, uma declaração do Vaticano disse que documentos e dispositivos foram levados em relação a uma investigação nascida no verão passado, após denúncias do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), comumente chamado Banco do Vaticano, e do Escritório do Auditor Geral.

Segundo o jornal italiano, o decreto de busca indica que as denúncias indicadas pelo Vaticano foram originadas pelo auditor geral e pelo diretor do IOR, Gian Franco Mammi. No mesmo documento, os promotores Gian Piero Milano e Alessandro Diddi afirmam que acham que encontraram "sérias indicações de peculato, fraude, abuso de cargos, lavagem de dinheiro e lavagem de dinheiro próprio".

Outros relatórios fornecem detalhes sobre a compra de um edifício de 17 mil metros quadrados em Londres, com um investimento do Vaticano de 200 milhões de euros (223 milhões de dólares).

‘L'Espresso’ disse que os documentos mostram uma conexão com o financista italiano Raffaele Mincione, a quem, segundo o relatório, pediram para investir 200 milhões de euros, em nome do Vaticano, em uma companhia petrolífera na Angola.

Essa foi a ideia do Cardeal Angelo Becciu, então bispo e funcionário de segundo escalão da Secretaria de Estado, segundo o ‘L'Espresso’.

Quando esse projeto entrou em colapso, segundo os relatórios, Mincione propôs investir em imóveis de Londres, transformando o antigo armazém de Harrod em apartamentos de luxo.

O acordo foi realizado com o Vaticano comprando 45% da propriedade em 2012 através do fundo Athena Capital Global de Mincione. Quando o mercado imobiliário de Londres desacelerou em 2018, o Vaticano se retirou do fundo de Mincione e comprou os 55% restantes da propriedade.

Filipinas: Está quase pronta a estátua da Virgem Maria mais alta do mundo


Obra do escultor filipino Eduardo De Los Santos Castrillo, o monumento-escultura-santuário mariano Mãe de Toda a Ásia, também chamado de “Torre da Paz”, se situa no Mary’s Mount (Monte de Maria), um local de peregrinação da cidade de Batangas, nas Filipinas.

A conclusão da obra está prevista para 2021, quando as Filipinas celebrarão o 500º aniversário da chegada do cristianismo ao país. Com 98,15 metros de altura, a Mãe de Toda a Ásia será então a estátua mais alta da Virgem Maria existente no mundo, superando o monumento venezuelano a Nossa Senhora da Paz, construído em 1983 e que tem 46,72 metros.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Falha última tentativa de evitar liberação do aborto na Irlanda do Norte


Correndo contra o tempo, os partidos da Irlanda do Norte tentaram convocar uma sessão extraordinária do Parlamento para votar antes da meia-noite um novo projeto de lei para defender os nascituros da liberação do aborto; no entanto, esta última tentativa foi rejeitada.

Segundo informa a Sociedade para a Proteção do Nascituro do Reino Unido (SPUC), uma das maiores e mais antigas organizações de defesa da vida do mundo, o Partido Unionista Democrático (DUP) apresentou uma campanha apoiada por mais de seis mil assinaturas para que se convoque a sessão extraordinária e assim apresentar o “Projeto de Lei de Defesa do Nascituro 2019” (Defence of the Unborn Child Bill 2019).

No entanto, os membros da Assembleia Legislativa (conhecida como Stormont) foram informados de que um projeto de lei não poderia ser aprovado até que se nomeasse um presidente do Parlamento com apoio multipartidário, o que se tornou impossível quando o Partido Social Democrata e Trabalhista (SDLP) se retirou da câmera.

Sem o apoio nacionalista, não se pôde eleger o presidente e se suspendeu a sessão que durou menos de uma hora.

Com esta notícia, a partir de meia-noite de 22 de outubro de 2019, a lei do aborto existente na Irlanda do Norte que protege os nascituros foi derrogada e o Parlamento do Reino Unido (Westminster) imporá um dos regimes de aborto mais extremos da Europa ocidental.

O aborto auto-induzido, o aborto seletivo por sexo e o uso de substâncias químicas ilegais para abortar serão legalizados até a 24ª semana de gestação. Atualmente, essa prática só é permitida na Irlanda do Norte se a vida da mãe estiver em perigo ou se houver um risco permanente de danos graves à sua saúde física e mental.

Para bloquear a expansão do aborto, assim como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Parlamento também deveria formar um Poder Executivo ou governo delegado, o que era pouco provável antes do prazo final, 21 de outubro. O secretário Julian Smith agora terá o mandato de aplicar as leis antes de 31 de março de 2020.

Quando o silêncio não basta


Alguns, tendo condições de falar em tempos de crise, para ficarem bem com suas consciências, apelam para o silêncio, como se este fosse neutro em matéria de linguagem. Mas não é! O silêncio fala! Pode significar ele omissão diante de um contexto onde alguém que poderia ser iluminado por nossas palavras se perde porque preferimos viver uma pretensa perfeição na obediência aos legítimos pastores (o que eu não estou desvalorizando).

Pode, claro, significar também censura eloquente. O caso mais marcante que me vem à mente é do querido São Thomas More. Quem em toda a Europa, diante do cisma de Henrique VIII e de sua união ilegítima, não entenderia imediatamente que o silêncio de São Thomas More não significava cumplicidade, mas censura silenciosa e calculada de quem sabia que não devia falar contra o seu rei, mas ao mesmo tempo não poderia endossar o que o soberano estava fazendo?

Então, alguém pode perguntar, não seria melhor fazer como ele? Para que falar, para que se manifestar? Não será melhor fazer como recomenda Platão, procurar um lugar para esconder-se da tempestade e já se sentir feliz e abençoado por isso? Não deveríamos todos, como São Thomas More, ficar calados e esperar sobreviver à noite escura?

Penso que o próprio desenrolar dos acontecimentos da vida do santo respondem a questão. Não, amigos, infelizmente o mero silencio de protesto não é suficiente. Não é suficiente porque aqueles que destroem a Igreja não se contentarão em nos ver quietos em nosso cantinho, sem fazer mal a ninguém! Eles não descansarão enquanto não nos virem rolando na mesmíssima lama em que eles mesmos se encontram!

Para Henrique VIII, o silêncio do chanceler não era o bastante. Ele exigia, como exigem os mundanos, aprovação explícita e sem reservas ao que ele estava fazendo. E tanto foi assim que Thomas More acabou por ser condenado mesmo sem jamais ter expressado, até então, publicamente o seu parecer sobre a questão.

Quem não dirá que o mesmo se dá hoje? Basta ver a dificuldade que é para um grupo às vezes de 5 católicos trazer um padre para rezar a missa tridentina para a sua cidade. Eles não querem senão o direito garantido pela Igreja de adorar a Deus da maneira que julgam mais digna e coerente com a Divindade. E mesmo assim são perseguidos; uma pobre moça, tímida como os animais silvestres, ousa colocar o véu na missa. Ela não deseja converter ninguém, pregar para ninguém. Só quer ficar ali no seu canto, muitas vezes nos últimos bancos da Igreja, justamente para não chamar atenção, e o que fazem com ela? Será que a deixam em paz? Antes, a perseguem furiosamente, desde os familiares até os prelados!

Bem se vê que, nestes casos, o silêncio não é suficiente para manter a paz, porque o cidadão que avacalha a liturgia e a moça que vai à missa quase nua não ficarão contentes até verem você também dançando durante a consagração e a menina usando o véu como uma minissaia. “Armemos ciladas ao Justo, porque sua [mera] presença nos incomoda” (Sb 2,12).

Idosos casados sacerdotes: uma solução imperfeita e problemática.


Após duas semanas intensas de oração e celebrações litúrgicas, sessões gerais, reuniões em círculos menores, encontros diversos e atividades paralelas, o Sínodo Pan-amazônico entra em sua reta final. Acompanhando o seu desenvolvimento, animei-me a oferecer uma nova contribuição, com minha reiterada admiração pelos missionários amazônicos.

Defesa justa e acertada dos povos da Amazônia e da ecologia integral

2. Muitos foram os temas tratados, com grande liberdade e respeito, pelos padres sinodais. Alguns deram seus testemunhos de trabalhos, dificuldades e realizações pastorais. Outros apresentaram contribuições para os temas ecológicos e sociais. Sempre alinhados com o apoio necessário e justo à defesa dos direitos dos povos amazônicos e da ecologia do território, foram acolhidos com beneplácito pela assembleia solene.

A maioria dos padres sinodais tratou temas estritamente pastorais. Entre estes, há alguns de maior interesse. Um deles, embora não seja o mais importante, mas muito polêmico é o dos idosos casados sacerdotes, ou ordenar sacerdotes aos idosos casados. A este tema vou dedicar estas reflexões.

Uma observação importante: Nem toda a população da Amazônia é indígena

3. A ordenação sacerdotal dos idosos casados ​​é o tema de maior impacto na mídia. Mas antes de abordá-lo, gostaria de lembrar que na Amazônia existem cerca de 34 milhões de pessoas, das quais apenas três milhões são indígenas, a maioria não integrados à vida social de seus países.

Ou seja: a população indígena que sofre uma pastoral de visita e não de presença não é a maioria da população amazônica, grande parte da qual já são criollos e mestiços católicos ou cristãos batizados. Portanto, não se pode generalizar e apresentar o problema da ausência crônica de sacerdotes como se fosse de toda a Amazônia. Está focado principalmente nas comunidades indígenas.

Nesse território, também existem cidades grandes e importantes dioceses e arquidioceses, melhor atendidas pastoralmente do que as comunidades indígenas, espalhadas por grandes extensões de terra. Um Sínodo centrado apenas na população indígena esqueceria o restante da população amazônica. Alguns parecem entender dessa maneira, restritivamente.

Solução: Ordenar sacerdotes a idosos casados ​​virtuosos?

4. Acredito que a preocupação por um melhor cuidado pastoral dessas populações indígenas é muito legítima. E devemos encontrar uma solução para a falta de sacerdotes. Para isso, o Instrumentum Laboris apresentou como uma solução possível a ordenação de outros tipos de presbíteros: idosos de virtude comprovada, casados, com sua família própria que, vivendo em suas comunidades, possibilitariam a celebração frequente da Eucaristia.

O texto afirma claramente a vigência da disciplina do celibato sacerdotal como uma dádiva para a igreja. Muito bem. De fato: imitando Cristo, celibatário e esposo da Igreja, os presbíteros de rito latino e muitos também das igrejas orientais, escolhemos livremente consagrar nossas vidas a Deus e à Igreja, renunciando ao matrimônio e comprometendo-nos religiosamente com Deus à vivência da castidade perfeita. Algo que convém perfeitamente com a natureza do sacerdócio, que é a configuração a Cristo, sumo e eterno sacerdote e bom pastor.

5. Um detalhe: o texto não usa o termo conhecido e popular de "viri probati", "homens de virtude comprovada". Utiliza a expressão "pessoas idosas" e deixa aberta então a possibilidade da ordenação sacerdotal da mulher. Não vamos considerar esta segunda possibilidade, já abertamente descartada diversas vezes por São Paulo VI e São João Paulo II e também recentemente pelo Papa Francisco. Escutemos São João Paulo II diretamente:

“Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”. (São João Paulo II, Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis, 1994).