O
arcebispo de San Francisco, dom Salvatore Cordileone, proibiu Nancy Pelosi,
presidente da Câmara dos Deputados dos EUA e membro da arquidiocese de San
Francisco, de comungar por causa do apoio irrestrito dela ao aborto.
“Depois de numerosas tentativas de falar com ela para ajudá-la a
entender o grave mal que ela está cometendo, o escândalo que ela está causando
e o perigo para sua própria alma que ela está correndo, decidi que chegou o
ponto no qual eu devo fazer uma declaração pública de que ela não deve ser
aceita na Sagrada Comunhão a não ser que, e até que, ela repudie publicamente
seu apoio aos ‘direitos’ ao aborto, se confesse e receba a absolvição por sua
colaboração nesse mal no sacramento da Penitência,” escreveu Cordileone em um
comunicado oficial dirigido a todos os membros da arquidiocese divulgado
hoje (20).
Pelosi é a segunda política católica mais importante dos EUA a
defender o aborto. O primeiro é o presidente Joe Biden, que é apenas o segundo
presidente católico dos EUA, mas tem sido um dos mais radicais na defesa do
aborto ao ocupar o cargo. Com a aprovação de leis que restringem o aborto no
Texas e no Mississipi no ano passado, Biden prometeu pôr todo o arsenal do
governo federal americano na luta contra essas restrições.
O aborto passou a ser aceito nos EUA com a decisão do caso Roe x Wade pela Suprema
Corte dos EUA em 1973. A partir daquela decisão, qualquer tentativa de
restringir o acesso ao aborto feita por algum Estado americano passou a ser
inconstitucional.
Num caso que a Suprema Corte está julgando neste ano sobre
legislação restritiva ao aborto do Estado do Mississipi, é possível que Roe x Wade seja derrubada. O
site POLITICO vazou um rascunho de decisão da Suprema Corte que indica esse
resultado. Com isso, os defensores do aborto têm feito protestos, alguns deles
violentos, em frente à casa de juízes da Suprema Corte, diante e dentro de
Igrejas e nas ruas. Pelosi tem sido uma das vozes mais agressivas contra a
possível reversão de Roe x Wade,
desde o vazamento.
No documento em que anunciou sua decisão sobre Pelosi,
Cordileone diz que o papa Francisco “tem sido um dos mais loquazes defensores
da dignidade em todos os estágios e condições da vida humana”.
Ele lembra o que o papa chama de “cultura do descarte” e disse
em seu comunicado: “Não há exemplo mais radical dessa depravação cultural do
que quando ataques diretos à vida humana são entronizados nas leis da nação,
celebrados pela sociedade, e até pagos pelo governo. É por isso que o papa
Francisco, tanto quanto qualquer papa de que se lembre, repetida e vivamente
afirmou o claro e constante ensinamento da Igreja de que o aborto é um grave mal moral”.