Para uma melhor preparação dos bispos e fiéis
das diversas dioceses do mundo, o Papa enviará a alguns prelados o texto do seu
próximo documento, contendo suas reflexões sobre as propostas do Sínodo da
Amazônia, segundo indicou o Cardeal Claudio Hummes, em uma carta que o
purpurado terá enviado no dia 13 de janeiro de 2020 a bispos de vários países.
“O Santo Padre está preparando uma nova
exortação apostólica que apresenta os novos caminhos para a Igreja e para uma
ecologia integral surgidos sob a guia do Espírito Santo durante o Sínodo para a
Amazônia desde outubro do ano passado”, começa a carta do Cardeal brasileiro,
divulgada pelo jornalista italiano Aldo Maria Valli em seu site.
“O rascunho (da exortação) está atualmente em
fase de revisão e correção e será traduzida em breve. O Papa Francisco espera
poder promulgá-la a fins deste mês ou a inícios de fevereiro”, prossegue a
missiva cuja autenticidade foi confirmada pelo grupo ACI.
Fontes confiáveis indicaram a ACI Digital que
o rascunho da exortação apostólica será enviado aos bispos antes do final desta
semana, mas não a todos os prelados do mundo, senão somente aos que estiveram
envolvidos no processo sinodal.
O Cardeal Hummes indica em sua missiva que “a
exortação é muito esperada e suscitará grande interesse e distintas respostas”.
Embora não o mencione, o documento final do
Sínodo dos Bispos que foi entregue ao Santo Padre contém três propostas controvertidas:
a ordenação de homens casados, um ministério para mulheres e a possível criação
de um rito amazônico.
A proposta de ordenar homens casados está no
parágrafo 111 do documento final, que recebeu 128 votos a favor e 41 em contra,
com o qual se converteu no numeral que mais desaprovações recebeu em todo o
texto.
Em sua carta, o Cardeal Hummes assinala sobre
o rascunho da exortação apostólica que “o Santo Padre quis que os ordinários
locais recebessem diretamente o texto antes que seja publicado e que a imprensa
comece a comentá-lo”.
“Com a intenção de favorecer uma adequada
preparação, nesta primeira carta são oferecidas algumas sugestões”, como por
exemplo “ler alguns documentos precedentes relativos ao tema”. “Dentro de 10
dias ou menos, receberá uma segunda carta com outras sugestões mais”,
acrescenta Dom Cláudio.
Os textos sugeridos pelo prelado brasileiro
são o documento final do Sínodo, publicado em 26 de outubro, o discurso do Papa
Francisco aos povos da Amazônia em Puerto Maldonado (Peru) em 19 de janeiro de
2018, o discurso do Papa Francisco ao início dos trabalhos do Sínodo de 7 de
outubro de 2019, a relação (discurso) do Cardeal Claudio Hummes ao início do
Sínodo nessa mesma data, o discurso do Papa Francisco ao final do Sínodo em 26
de outubro de 2019; e os capítulos 5 e 6 da encíclica Laudato se’ do Santo
Padre.
Outra das sugestões do Cardeal é organizar uma
conferência de imprensa “ou algum outro evento” para apresentar a exortação
“junto a um representante indígena”, “um responsável pastoral perito (ordenado
ou religioso, leigo ou leiga), um perito em temas ecológicos e um jovem
engajado na pastoral juvenil”.
O Cardeal pede aos bispos “manter esta carta
em reserva e compartilhá-la somente com quantos estejam diretamente envolvidos
na preparação das dioceses em vistas à publicação da exortação, não com outros
bispos ou com a imprensa”.
O Cardeal conclui fazendo votos para que o
Senhor “disponha o povo de Deus na Amazônia e em todo mundo a recebê-la
(referindo-se à exortação) com fé, esperança, inteligência e eficácia”.
O Sínodo da Amazônia se realizou entre os dias
7 e 27 de outubro no Vaticano sob o lema “Novos caminhos para a Igreja e para
uma ecologia integral”. Participaram 185 bispos provenientes dos países da
bacia Amazônica, representantes dos dicastérios vaticanos e de outros lugares
do mundo.
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ACI Digital/ ACI Prensa
Traduzido e adaptado por Rafael Tavares.
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