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quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Ícone da Virgem da Paixão


O ícone da Mãe de Deus da Paixão é muito difundido no Oriente bizantino: nos museus de Atenas, Moscou, Creta, Leningrado como também no Instituto helênico de Veneza vemos muitos exemplares agradáveis da Virgem da Paixão. Naturalmente, muito mais numerosos são tais ícones nas igrejas tanto do Oriente como do Ocidente. No Ocidente, ele é venerado também com o nome de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Encontramos um exemplar em Roma, no Santuário da Via Merulana, mantida pelos padres Redentoristas e, sobretudo, graças a eles, esse ícone difundiu-se em todos os continentes.

O seu verdadeiro nome é, de fato, da Paixão; com esta representação, vemos escrito debaixo do Anjo à esquerda. Os dois Anjos visíveis dos lados, no alto, seguram: um a Cruz e outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre, instrumentos bastante conhecidos como sendo da paixão de Cristo. O Menino Jesus apresenta em seu rosto uma expressão de temor e está com as mãozinhas apertando a mão direita da Mãe, que olha para frente numa atitude de recolhimento e pensativa; talvez relembrando em seu coração a dolorosa e fatal profecia de Simeão, o misterioso plano da redenção, do qual Isaías já tinha apresentado o Servo Sofredor.


Observa-se com que respeito os Anjos (muitos dizem que, para quem olha, à esquerda é Miguel e, à direita, Gabriel) seguram os instrumentos da paixão: não os tocam com as mãos, mas com um tecido que os envolve. O fundo dourado, símbolo da Luz Eterna, destaca os coloridos vivos das vestes. Para a Virgem, o mafórion (véu-manto) é de púrpura, sinal da divindade, da qual ela se aproxima de modo excepcional e da realeza, enquanto o azul puríssimo é indicador de sua humanidade, representando o esplendor do Céu. O Divino Menino sempre conserva em seu rostinho aquela expressão de maturidade, como convém a um Deus Eterno; ele está vestido como se vestiam na antigüidade os nobres e os filósofos: uma túnica amarrada na cintura  com um manto que cobre apenas um ombro, está envolto em um tecido ouro, como convém à sua dignidade. De fato, devido à sua identificação com a luz do sol, o ouro é símbolo de Jesus, Luz, Sol e Oriente. Ele está perdendo uma sandalinha, talvez por medo, o que lhe faz virar e cruzar o pezinho. O rosto da Virgem já é luz, pura transparência. Somos convidados a contemplar na fé a cidade que “não precisa do sol nem da lua para iluminá-la, pois a Glória de Deus a ilumina, e sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23).
São claramente visíveis os habituais escritos abreviados, em letras gregas, para indicar “Mãe de Deus”, “Jesus Cristo” e na auréola deste último as letras wn = Aquele que é, enquanto que as estrelas sobre a cabeça e os ombros de Maria Santíssima indicam a sua virgindade antes, durante e depois do parto.

Na sua dúplice denominação, essa bela imagem da Virgem nos lembra a centralização salvífica da paixão de Cristo e de Maria e juntos a pronta bondade da Mãe de Deus e Mãe nossa.

“Uma espada, verdadeiramente, transpassou a vossa alma, ó nossa Santa Mãe! De resto, não teria unido a carne do Filho senão passando pela alma da Mãe. Certamente, depois que o vosso Jesus, que era de todos, mas especialmente vosso, tinha expirado, a lança cruel não pôde atingir a Sua alma. Quando, com efeito, não respeitando nem mesmo a Sua morte, abriram-lhe o peito, já não podiam mais atingir com algum dano o vosso Filho. Mas, sim, a vós. A vossa alma foi transpassada. A alma dele já não estava mais ali, mas a vossa não se podia absolutamente desprender dele. Por isso, a força da dor transpassou a vossa alma e assim, com muita razão, podemos chamar-vos mais que mártir, porque em vós, a participação da paixão do Filho superou de muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio”. (Bernardo, Abade de Claraval + 1153).
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Fonte desconhecida.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Imaculado Coração de Maria (1º sábado após o 2º domingo depois de Pentecostes).



A festa foi introduzida em 1944 por Pio XII e era celebrada na oitava da Assunção.

Quando a mencionada passagem do Evangelho de Lucas diz: “Maria guardava todas estas coisas e as meditava no seu coração”, faz uma afirmação importante sobre a sua disposição de ânimo mais íntima, sobre a profundidade existencial de sua receptividade, que sabe permanecer na escuta, refletir e introduzir os acontecimentos no cento da própria existência. Efetivamente também o pensamento bíblico une o conceito de “coração” com o de “pureza” e fala de pureza de coração[1], um conceito que hoje corremos o risco de perder.

De fato, ele não está indicando em primeiro lugar a castidade, mas (sem excluir esta) a dedicação total a Deus, sem hesitações, que torna o homem interiormente transparente e belo, porque o imerge de maneira completa na Luz Divina. Por isso, Maria é igualmente chamada “Mãe do Belo Amor”, cuja beleza brilha no interior sob a forma de pureza e está em condições de fascinar o homem que consegue acolher este valor.

A memória do Imaculado Coração de Maria causa, sem dúvida alguma, dificuldades também para muitos católicos.

A denominação dada à memória cria algumas dificuldades, e antes de tudo, o termo “imaculado”. Muitos o entendem no sentido de uma negação da sexualidade humana ou pelo menos no sentido hostil ao corpo, tido em muitos ambientes como tipicamente cristão e contra o qual as camadas mais profundas do homem protestam, e este protesto encontra sua expressão passional na perversão satânica do culto eclesial ou das formas edonistas de uma arte negativa que se serve como volúpia pragmática e sádica de imagens genitais e anais[2].

Com efeito, uma coisa teria justamente desagradado desde sempre ao diabo, ao arquipuritano, ao descobridor de uma castidade quase desencarnada, ao pregador da incorporeidade, isto é, o fato de que a carne devia ser modelada segundo a imagem de Deus, para ali receber o espírito do Espírito de Deus. Por isso, nunca me causou estranhesa encontrar o diabo dentro de tantos celebradores do “puro espírito”, aquele diabo que odeia toda a criação e, em particular, o homem.


Quando a Igreja confessa que o coração de Maria é um jardim fechado pela graça de Deus numa medida tal que as potências demoníacas não podem prejudicá-lo, com isso exprime simplesmente a sua fé no fato de que Maria acolheu a Palavra de Deus que tomou corpo no seu ventre.

O Evangelho, que fala que Jesus aos doze anos se perdeu no Templo, chega a propor um detalhe que faz pensar numa incompreensão da mãe com seu Filho: “Filho, por que agiste assim conosco?”

A isto segue a afirmação que conservava estas palavras em seu coração: aqui, no coração, as coisas não compreendidas e a excitação encontram a sua integração na abertura diante da Palavra de Deus.

As traduções às vezes manifestam outra perda da realidade quando traduzem que Maria conservava “tudo” no seu coração. Certamente, o original não é traduzido com exatidão nem quando se traduz “todas estas palavras” ou “todas estas coisas”; o termo grego em questão pode ser traduzido com “palavra”, “coisa” e também com “história”.

A Palavra de Deus que cria e faz história, a Palavra de Deus jamais impotente, uma Palavra que se pode “ver”,[3] mas que permanece “oculta” enquanto não é “experimentada”;[4] Trata-se da boa Palavra de Deus presente em todas as coisas como incompreensível, se for meditada e conservada num coração que diz com absoluta confiança: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38).

É este o evento histórico-salvífico que celebramos na memória do Imaculado Coração de Maria: a sua concretíssima, sempre renovada e constante prontidão em ver em todas as coisas, com o vigor indiviso de seu coração, uma Palavra de Deus, quando esta Palavra quis assumir no seu ventre a figura do Filho de Deus encarnado.


[1] Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5,8).

[2] Segundo a concepção cristã, o campo do satânico funde-se em grande parte com o dionisíaco, da tenebrosa “Grande Mãe” e do sexual. Conseqüentemente, estes três setores se tornaram o domínio preferido do satanismo e, portanto, do culto de satanás, o fenômeno central do “lado escuro” do Cristianismo.

[3]E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber” (Lc 2,15).
[4]Mas eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra” (Lc 9,45).
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Extraído do livro "O Culto a Maria Hoje", ed. Paulinas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os Meses Marianos


Uma das características da religiosidade popular é a de jamais concordar plenamente com os conteúdos eclesiais da fé e com seus gestos expressivos oficiais (sobretudo na liturgia). De outro lado, ela contribuiu para plasmar de múltiplas maneiras tanto o pensamento teológico quanto a própria oração oficial da Igreja.

Infelizmente, até hoje a religiosidade popular nunca foi objeto de um estudo de muito fôlego sob o perfil histórico, embora se trate de um fenômeno universal que acompanha toda a história da Igreja, e muito raramente foi objeto de uma reflexão teológico-pastoral sistemática.

Na realidade mariana, com freqüência, domina a experiência da distância e assim Maria se tora um arquétipo ou um mito.

Cox H. exalta de maneira até mesmo inquietante o elemento mariano porque seria mitológico:

“A mariologia tem uma carga de renovação porque nos afasta completamente daquela preocupação obsessiva por aquilo que é verdadeiro ou falso. Leva-nos para ‘além do crer’. É tão claro que Maria é um enredo de fantasia, de criação mítica, de projeção de todo o resto, que parece fora de lugar preocupar-se se ela foi realmente concebida sem pecado, se é Theodokos, se elevada ao céu com seu corpo... Maria é, por excelência, um mito. Por isso, permite-nos... inventar maneiras radicalmente diferentes de aproximar-nos dela, diante de Maria podemos, ou melhor, devemos nos tornar capazes de mito e de símbolos, se quisermos nos aproximar dela, ao passo que diante de Jesus Cristo somos tentados a discriminar em termos de fé-não-fé”.

Falar do culto a Maria na forma de um mês inteiro a ela dedicado significa falar, em primeiro lugar e, sobretudo, do mês de maio e, secundariamente – importância na consciência popular -, do mês do rosário, outubro.

“Ao aproximar-nos do mês de maio, consagrado pela piedade dos fiéis a Maria santíssima, exulta o nosso ânimo ao pensamento do comovente espetáculo de fé e de amor que, dentro em breve, será oferecido por toda a parte da terra em honra à Rainha do Céu.

Efetivamente, é o mês em que, nos templos e nos lares, mais fervorosa e mais efetuosa sobe do coração dos cristãos a homenagem de sua oração e veneração. E é o mês ao qual mais amplos e abundantes afluem do seu trono para nós, os dons da Divina Misericórdia” (Paulo VI).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Segredo de Fátima


Domingo passado, com o dia das mães, celebramos o 95o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três pobres crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. E são sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas atuais. E aquelas três pobres crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, os governantes, os cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

Ali, Nossa Senhora nos alerta contra o perigo do materialismo comunista e seu esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.


“A Rússia vai espalhar os seus erros pelo mundo”, advertiu Nossa Senhora. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista. Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

Aos pastorinhos e a nós, Nossa Senhora pediu a oração, sobretudo a reza do Terço do Rosário todos os dias, e a penitência, a mortificação nas coisas agradáveis e lícitas, pela conversão dos pecadores e pela nossa santificação e perseverança.

Explicou que o pecado, além de ofender muito a Deus, causa muitos males aos homens, sendo a guerra uma das consequências do pecado. Lembrança muito válida, sobretudo hoje, quando os homens perderam o senso do pecado e o antidecálogo rege a vida moderna.

Falou sobre o Inferno - cuja visão aterrorizou sadiamente os pastorinhos e os encheu de zelo pela conversão dos pecadores –, sobre o Purgatório, sobre o Céu, sobre a crise que sofreria a Igreja, com perseguições e martírios.

Enfim, Fátima é o resumo, a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianey

domingo, 25 de março de 2012

Solenidade da Anunciação do Senhor - 25 de março


“O Anjo espera a tua resposta, e também nós esperamos... Logo que tiveres dado o teu consentimento estaremos livres... todo mundo, de joelhos, diante de ti espera... De tua palavra depende a salvação do gênero humano... Aí está Aquele que todos os povos esperam com paciência, está ali fora e bate à porta... Levanta-te e apressa-te a abrir-lhe” (São Bernardo).


Desde sempre, o pensamento cristão interpretou a saudação do anjo, que indica em Maria, a “Cheia de Graça”, como uma afirmação que proclama muito mais do que a simples preservação de Maria do pecado e a sua participação na graça Divina. É uma saudação ou um título que indica algo particular e único de Maria.

O anjo Gabriel antepõe três importantes formulações ao seu anúncio a Maria:

“Saúdo-te, ó Cheia de Graça, o Senhor é contigo”.
“Saúdo-te”: ecoa nos textos dirigidos a Jerusalém[1].
“O Senhor está contigo”: Emanuel = Deus conosco.


[1] cf. Sf 3,14; Zc 9,9; Jl 2,21;21,23

Texto extraído do livro "O Culto a Maria Hoje", Paulinas.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Maria na Plenitude dos Tempos: A Encarnação


“Mas, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os súditos da lei e nós recebêssemos a condição de filhos de Deus” (Gl 4,4)

Esse texto está na Carta de São Paulo aos Gálatas. A Galácia, hoje Turquia, fazia parte do Império romano e tinha sido evangelizada por São Paulo. Sua carta é um alerta contra a influência dos cristãos judaizantes, que insistiam em obrigar os cristãos gálatas, não judeus, à observância da Torá, a começar da circuncisão. Isso criou divisão na Comunidade. Por isso, São Paulo faz a defesa de que a salvação vem pela graça de Jesus e não pela lei. Ele reafirma que o batismo e não a circuncisão era o sinal que marcava o discípulo de Jesus, independentemente de sua raça e origem. Ninguém compra a salvação com boas obras e ninguém pode tirar a libertação da lei dada por Jesus. A relação salvífica com Jesus e o amor fraterno oferecem o critério da liberdade cristã, que jamais pode ser sufocada por outras obrigações, impostas pelas tradições ou pelas leis. Por isso, o que importa é viver no Espírito, de quem brota a verdadeira liberdade. O cap. 4 fala exatamente da liberdade dos filhos de Deus, conquistada por Jesus. Somos todos herdeiros das promessas de Abraão, que são anteriores à Torá dos judeus. Contudo, porque éramos menores de idade, ficamos sujeitos a leis e a crenças, como escravos. Contudo, quando Deus envia seu Filho, n’Ele e por Ele, todos nós, judeus e não judeus, recebemos a dignidade de filhos de Deus e nos tornamos livres dessa escravidão. Essas afirmações de São Paulo são tão contundentes para a fé cristã, que ele se decepciona com os gálatas, que se deixavam enfeitiçar pelos judaizantes, chamando-os de insensatos (Gl 3,1) e se irrita fortemente com os pregadores judaizantes, que insistiam na lei da circuncisão, dizendo que eles deveriam se mutilar totalmente, e não só circuncidar-se (Gl 5,12).   

Vejamos, então, que horizonte esse texto da Carta aos Gálatas descortina para nós e o sentido das expressões “plenitude dos tempos” e “nascido de uma mulher” para este tempo de Natal.  

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Piedade Mariana nas Devoções e Práticas (Parte I)


Apesar das condições dos tempos que já não são as mesmas, para a maior parte dos homens permanecem invariáveis aqueles momentos característicos do dia - manhã, meio-dia, tarde e noite – que assinalam os tempos de sua atividade e constituem um convite a uma pausa para a oração.

Maria, através do “sim” à mensagem do anjo[1], lançou a ponte que permitiu a Deus entrar na história do homem, enquanto o Logos se tornou um membro na cadeia das gerações humanas. O “sim” de Maria foi um “sim” que abraçou toda a sua vida. Um “sim” que ela traduziu, na prática, com profundo espírito de fé e obediência: o vínculo da mãe com o Filho na obra Redentora de Cristo continuou imutável mesmo na morte de cruz. Na sua qualidade de crente que teve que superar as provações mais duras, ela está completamente ao lado dos homens, do nosso lado.

No “Angelus Domini” confessamos que Maria é a nossa mais próxima, e ao mesmo tempo, mais exemplar companheira no caminho da fé. O orante medita sobre esta fé quando, no meio das ocupações do dia, pára por um breve momento a fim de orar.

O ritmo natural do dia oferece-lhe o quadro exterior para santificar as próprias ações e aspirações no início (laudes), no seu meio (hora média) e no seu fim (vésperas), relacionando-as com os mistérios da salvação. Recordando a contribuição dada por Maria à história da redenção, ele se sente chamado a crer de maneira viva e vigorosa, com uma fé que repete o “sim” da Virgem para a obra salvífica de Cristo e cujos frutos espera gozar. Quem reza o “Ângelus Domini” sabe que a Mãe de Deus o protege.

A oração do anjo permanece, pois, uma prática devocional que exprime os dados constitutivos e fundamentais da fé cristã, válidos para todos os tempos em genuína conformidade com a Bíblia e de maneira compreensível para os homens de todas as épocas, porque faz de forma simples. Ela se oferece ao homem moderno, dilacerados por imposições interiores e exteriores, e gravemente ameaçado na sua humanidade como meio de recolhimento e de reflexão sobre a única coisa necessária.

Ainda hoje, a oração do “Ângelus Domini” nada perdeu de sua atualidade, nem tem necessidade de reformas, mas somente de ser reavivada na prática dos fiéis.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nossa Senhora Aparecida, exemplo para o povo brasileiro


Maria apareceu em muitos lugares, como Lourdes, Fátima e La Salete. No Brasil, o Senhor quis que ela "aparecesse" através de uma imagem. A imagem é uma representação plástica que se torna uma linguagem forte. A linguagem visual. O importante é que a imagem seja autêntica. Ou seja, que contenha uma mensagem para transmitir e que o faça.

Nossa padroeira se apresentou no Brasil por meio de uma imagem. Isso traz um significado profundo. É Deus se manifestando através dos recursos que temos para melhor compreender sua mensagem. Nosso povo é pobre e muitos não sabiam ler. Até hoje é grande o número de analfabetos. Mesmo aqueles que sabem ler, não têm o costume de se aprofundar na leitura, no tema.


A imagem, então, é uma importante ferramenta de comunicação com o povo. No Brasil, imagem evangelizadora que Deus usou foi a tão simples e pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida. Na sua humildade, Maria se coloca sempre pequena. Por isso, Deus a fez grande. Realizou nela maravilhas. Ela é a pobre do Senhor. E porque assim se fez, o Senhor olhou para sua pequenez, para sua humildade, e nela fez maravilhas.

Foi assim que Maria pôde profetizar em seu cântico: "Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada". Todo esse trabalho de evangelização, que estamos realizando, hoje, deve ser feito com a força e o poder de Deus. Para que isso aconteça, ele só pode ser feito na humildade. A eficácia sobrenatural está intimamente ligada à humildade. Você pode e deve ser muito humilde e, por isso mesmo, muito eficaz.

É muito comum as pessoas confundirem eficácia com altivez, orgulho e auto-suficiência. Isso é do mundo. É daquele que é o soberbo, o orgulhoso. Para ele é assim. Mas, para Deus não! Aprenda, com a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, a sua eficácia. Não houve no mundo eficácia como a de Maria. Ela deu ao mundo o Salvador. Ela trouxe a salvação a toda humanidade.

Maria tudo realizou na humildade. Não encontramos na Bíblia alguém mais pobre e humilde de coração. Justamente porque foi a mais pobre, a mais humilde, a mais simples, é que Deus fez dela a maior maravilha: o ponto de ligação entre a terra e o céu.

Humildade não é sinônimo de ineficiência. As pessoas pensam que os humildes são ineficientes. Não! Os orgulhosos, os vaidosos, os auto-suficientes fazem estardalhaço, mas são iguais ao bumbo, que emite som alto e é oco por dentro. O segredo da eficácia está na humildade. Você conhece alguém mais eficaz do que Maria? Ela trouxe o Salvador e a salvação a este mundo: a essência. Portanto, nós é que precisamos aprender essa eficácia com Maria.
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Monsenhor Jonas Abib (*)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nossa Senhora na Concepção Protestante


Maria desempenha um papel central também segundo a concepção protestante da fé, que este dado realmente desapareceu em larga escala da consciência geral, com prejuízo das próprias igrejas da reforma, e que uma veneração de Maria biblicamente fundamentada não ofende, necessariamente, a honra de Deus e de Cristo.

Não podemos, pois, nos interessar por Jesus Cristo sem levar em consideração sua mãe. Não temos Jesus Cristo sem Maria! Maria é aquela através da qual Cristo foi unido a toda humanidade e à sua história.

Exaltar, portanto, a virgindade de Maria significa exaltar a nossa salvação pois, sem a virgindade de Maria não há salvação. A Igreja não tem o direito de reduzir a doutrina sobre o nascimento virginal. 


Vejamos, por exemplo, o reconhecimento de alguns protestantes a respeito de Maria:

“Não existe Evangelho algum sem Cristo, sem a Igreja, sem o Espírito Santo e sem Maria” (Brandenburg).

“O Filho de Deus tem uma mãe” (Stahlin).

Maria é a porta da qual Deus entrou pessoalmente no mundo.

Embora os protestantes censurem a Igreja Católica dizendo que ela honra a si própria e exalta a si mesma em Maria, não faltam também autores evangélicos que estabelecem uma união entre Maria e a Igreja. Maria se reconhece como a humilde serva do Senhor que Deus olhou e encheu de graça.

Maria não é a causa da salvação, mas sua posição e função demonstram que a ação salvífica de Deus nunca se desenrola ignorando ou deixando de lado a história. Deus entrou na história por meio de Maria, portanto, ela, a israelita, pode representar toda a humanidade a quem Deus se dirige em sua ação e a quem quer atingir, partindo de Israel.

Considerar Maria como tipo da Igreja significa considerar como representante daquela força de fé que mantém em vida a comunidade cristã, como fogo que continua a arder sob as cinzas de toda e qualquer destruição.
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Fonte: O Culto a Maria Hoje, Paulinas.* com pequenos cortes e adaptações.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Rosário - 7 de Outubro



Tornou-se festividade da Igreja Universal em 1716, pela vitória contra os turcos na batalha naval de Lepanto (07 de outubro de 1571). Inicialmente era celebrada no primeiro domingo de outubro, mas a partir de 1913 foi novamente colocada no aniversário daquela vitória.


Esta memória não se refere à forma de oração do rosário, mas a Maria que, em razão da sublime posição que ocupa em tal oração, é invocada com o nome de “Rainha do Santo Rosário”.


Com a sua simplicidade que a torna familiar também aos fiéis sem instrução, e com a sua profundidade de pensamento que só evidencia numa reflexão e numa meditação muito atenta, ela representa a forma mais universal de oração praticada na cristandade católica.


Por sua natureza, a oração do rosário exige um ritmo tranqüilo e quase um vagar pensativo, que favoreçam no orante a meditação dos mistérios da vida do Senhor, e desvendem as suas insondáveis riquezas.