sexta-feira, 11 de março de 2016

7ª Dor de Nossa Senhora: Maria deposita Jesus no Sepulcro


1. Queixa da Mãe dolorosa 

Uma mãe, que se acha presente aos sofrimentos e à morte do filho, sente e sofre incontestavelmente todas as suas dores. Mas depois, quando o vê morto e prestes a ser sepultado, oh! então, o pensamento de deixá-lo, para nunca mais tornar a vê-lo, causa-lhe uma dor que excede todas as outras dores. Eis a sétima e última espada de dor que hoje vamos meditar. A Mãe Santíssima vira o Filho morrer na cruz, recebera-O depois de morto, e agora vê-Se obrigada a deixá-lO finalmente no sepulcro, para não mais gozar de Sua amável presença. Compreenderemos melhor esta última dor da Senhora, se subirmos ao Calvário e aí contemplarmos a desolada Mãe, ainda abraçada com o Filho morto. Então bem podia repetir com Jó: Meu Filho, mudastes-vos em cruel comigo (Jó 30, 21). Todas as Vossas belas prendas, Vossa beleza, Vossa graça, Vossas virtudes, Vossas amáveis maneiras: todos os Vossos testemunhos de especial amor, todos os singulares favores que Me dispensastes, - tudo, em outras tantas penas, se Me tem mudado. Quanto mais Vossos benefícios em Vosso amor me inflamaram, tanto mais agravam agora a perda Vossa. Ah! Filho dileto, tudo perdi em Vos perdendo! Ó verdadeiro Filho de Deus, - assim a faz queixar-se Bernardino de Busti com Pseudo-Bernardo - Vós me éreis pai, filho e esposo e vida; agora estou sem pai, sem esposo, sem filho; perdi tudo, numa palavra. 

2. Maria acompanha Jesus à sepultura 

Deste modo expandia a Mãe a Sua dor, abraçada ao Filho sem vida. Mas os santos discípulos receavam Lhes expirasse de dor a pobre Mãe, e por isso se apressam em tirar-Lhe do regaço o Filho sem vida. Fazendo-Lhe, pois, respeitosa violência, tiram-lhO dos braços, O embalsamam com aromas, envolvem-nO numa mortalha, preparada de propósito para Ele. Nela quis o Senhor deixar impressa Sua imagem, como hoje ainda se vê em Turim. 

Levam o Sagrado Corpo à sepultura. Forma-se o cortejo fúnebre e os discípulos acompanham-no, juntamente com as santas mulheres. Entre as últimas, caminha a Mãe dolorosa, levando também Ela o Filho à sepultura. Ter-se-ia a Senhora de boa mente sepultado viva com o Filho, como reza uma Sua revelação a S. Brígida. Mas, esta não sendo a divina vontade, acompanhou resignada o sacrossanto corpo de Jesus ao sepulcro, no qual, como refere Barônio, depositaram também os cravos e a coroa de espinhos. No momento de fechá-lo com a pedra, voltaram-se os discípulos para Maria com as palavras:Eia, Senhora, vai ser fechado o túmulo. Ânimo! contemplai Vosso Filho pela última vez e dai-Lhe um derradeiro adeus! Assim, pois, ó dileto Filho, - teria então dito talvez a Senhora, - assim, pois, não mais Vos tornarei a ver? Recebe com Meu último olhar o último adeus de Vossa aflita Mãe; recebe Meu coração, que deixo conVosco no sepulcro! - Era-lhe ardente o desejo de sepultar também sua alma com o Filho, observa Vulgato Fulgêncio. A pobre Virgem assim falou a S. Brígida: Na sepultura de Meu Filho estavam sepultados dois corações. - Finalmente, os discípulos tomaram a pedra e fecharam no túmulo o corpo de Jesus, aquele tesouro que não tem igual nem no céu nem na terra. 

Intercalemos aqui uma digressão. Maria deixa Seu coração sepultado com Jesus, porque Lhe é Jesus o único tesouro. "Porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração" (Lc 12,34). E nós onde sepultaremos o nosso? Nas criaturas, talvez? no desprezível pó? Por que não em Jesus? Ainda que haja subido ao céu, quis entretanto permanecer no meio de nós no Sacramento, justamente para possuir e guardar nossos corações. Voltemos, porém, a Maria. Antes de se afastar do sepulcro, bendisse aquela pedra sagrada, como refere Boaventura Baduário: "Ó pedra feliz, que agora encerras Aquele que tive nove meses no seio, eu te bendigo e invejo. Deixo-te guardando este Meu Filho que é todo o Meu bem, todo o Meu amor". E dirigindo-Se ao Pai Eterno, rezou: Meu Pai, a Vós encomendo este Filho, que e Vosso e Meu.  

Papa Francisco aprova nova gestão na Congregação das Causas dos Santos


O Pontífice aprovou, em fase experimental por três anos, as novas “Normas sobre a administração dos bens das Causas de beatificação e canonização”, anulando aquelas precedentes aprovadas por São João Paulo II, em 1983.

O documento recorda que, por suas complexidades, as Causas de beatificação e canonização requerem muito trabalho e comportam despesas. A partir de agora, a intenção é que a administração de tais bens seja mais transparente, clara e funcional. Os promotores das Causas e os bispos diocesanos competentes terão ainda um envolvimento maior no processo.

Contenção das despesas

Dada a natureza peculiar de bem público das Causas, a Sé Apostólica custeará a fase romana, para a qual os promotores participarão por meio de uma contribuição.  A Santa Sé também supervisionará os honorários e as despesas para que estes estejam contidos e não sejam obstáculos para o bom andamento dos processos.

Os promotores constituem um fundo de bens para as despesas da Causa, proveniente de ofertas de pessoas físicas e jurídicas, que será considerado, em razão de sua natureza particular, “fundo de Causa pia”. O administrador do fundo deve respeitar minuciosamente a intenção dos doadores, manter uma contabilidade regularmente atualizada, preparar balanços anuais a serem apresentados ao promotor para a devida aprovação e enviar uma cópia ao postulador. 

O mistério pascal reúne na unidade da fé os que se encontram fisicamente afastados


É muito belo, meus irmãos, passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado.

Do seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma se delicia como Sangue precioso de Cristo como numa fonte. E, contudo, temos sempre sede desse Sangue, sempre o desejamos ardentemente. Mas o nosso Salvador está perto daqueles que têm sede, e na sua bondade convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba (Jo 7,37).

Sempre que nos aproximamos dele para beber, ele nos mata a sede; e sempre que pedimos, podemos nos aproximar dele. A graça própria desta celebração festiva não se limita apenas a um determinado momento; nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam dia e noite sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o salmo proclama feliz, quando afirma: Feliz aquele homem que não anda conforme o conselho dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar (Sl 1,1-2).

Por outro lado, amados irmãos, o Deus que desde o princípio instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Esta festa nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo. Por ela Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. E nos conduz a uma única assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar, concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como se deve fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados. 


Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo
(Ep.5,1-2:PG26,1379-1380)

(Séc.IV)

Os sofrimentos morais de Nosso Senhor na Paixão


As dores físicas padecidas por Cristo na sua Paixão podem ser representadas em crucifixos, quadros e mesmo filmes. Entretanto, só faremos uma vaga ideias da dores que sofreu na sua alma, ainda maiores que o sofrimento físico, à custa de muita meditação. E disto que o Venerável Cardeal Newman (1801-1890) trata neste sermão, pregado em 1849.

Cada uma das passagens da vida de Nosso Senhor possui uma profundidade imensa e proporciona matéria inesgotável de meditação. Tudo o que lhe diz respeito é infinito; e o que à primeira vista divisamos não é mais que a superfície do que começa na eternidade e na eternidade acaba. Seria, pois, temerário, para quem não é santo nem doutor, querer comentar os seus atos e as suas palavras a não ser por via da meditação. Mas a meditação e a oração mental são tão necessárias aos que desejam alimentar em si a fé e o amor verdadeiros, que nos será sem dúvida permitido, caros irmãos, deter aqui a nossa atenção, e, tomando por guia os santos que nos precederam nesta reflexão, discorrer sobre temas que na verdade mais convidam à adoração do que ao exame.

Certos tempos do ano convidam-nos a estudar detidamente, e o mais perto possível, as passagens mais sagradas da história evangélica. E o da Semana Santa em particular. Prefiro correr o risco de tratá-la de modo insuficiente ou convencional a furtar-me à sugestão deste tempo sagrado. Vou hoje, portanto, voltar as vossas atenções, segundo o piedoso costume da Igreja, para um tema que faria recuar muitos pregadores – mas que convém particularmente a estes dias, e no qual sem dúvida muitos jamais pensaram: os sofrimentos padecidos pelo Senhor na sua alma sem mancha.

Bem sabeis, caros irmãos, que o Senhor, sendo Deus, era também perfeito homem; que tinha portanto não somente um corpo, mas uma alma igual à nossa, embora isenta de toda a mancha. Não se encarnou num corpo sem alma – Deus seja louvado! –, pois isso não teria sido tornar-se homem. Como teria santificado a nossa natureza, se não a tivesse assumido de verdade? O homem destituído de alma estaria no mesmo nível dos animais selvagens; mas o Senhor vinha salvar uma raça capaz de obedecer-lhe e glorificá-lo, dotada de imortalidade, embora tivesse perdido o acesso à eterna bem-aventurança.

O homem foi criado à semelhança de Deus e essa semelhança encontra-se na alma; quando, pois, o seu Criador, por uma condescendência inexprimível, quis revestir-se da natureza humana, tomou uma alma a fim de tomar um corpo; para unir-se a um corpo de homem, tomou primeiro uma alma. Tomou os dois ao mesmo tempo, mas nessa ordem: primeiro a alma e depois o corpo. Criou Ele próprio a alma que tomou; mas o corpo, tomou-o da sagrada carne da sua Mãe, a Virgem.

Tornou-se, portanto, perfeito homem, com corpo e alma. E assim como tomou um corpo de carne e nervos sujeito ao sofrimento e à morte, tomou uma alma sensível não só aos sofrimentos físicos, mas capaz de experimentar as dores e tristezas peculiares aos homens. A sua missão expiatória não foi apenas sofrida no seu corpo; também o foi – pensemos nisto! – na sua alma, na sua alma de homem.

Nos dias solenes que se vão seguir, seremos especialmente chamados, caros irmãos, a considerar os sofrimentos corporais de Cristo, a sua prisão, as suas idas e vindas de um lugar a outro; os golpes que recebeu, as feridas, a flagelação; os espinhos, a cruz, os cravos... Todas essas coisas estão resumidas para nós no crucifixo, todas a um só tempo se acham representadas na carne sagrada que pende diante dos nossos olhos: a meditação torna-se fácil. Não acontece o mesmo com os sofrimentos da alma do Senhor. Não poderão ser pintados aos nossos olhos, não poderão ser devidamente sondados, pois excedem os sentidos e o pensamento ao mesmo tempo; e, contudo, precederam os seus sofrimentos corporais. A agonia – sofrimento da alma e não do corpo – foi o primeiro ato do seu terrível sacrifício: Minha alma está triste até a morte (1), disse Ele. Sim, se Ele sofreu no seu corpo, na realidade sofreu na sua alma, pois o corpo não faz mais que transmitir o sofrimento à verdadeira sede e recipiente da angústia. 

(1) Mt 26, 38. 

Cerca de duas mil pessoas acompanham sepultamento de Frei Antônio Moser


A missa de corpo presente e o cortejo de Frei Antônio Moser, 75 anos, foi acompanhado por mais de duas mil pessoas, que ao longo do caminho, da Catedral de Petrópolis ao Cemitério Municipal de Petrópolis, não escondiam a emoção e carinho pelo frade, que entre muitos trabalhos dedicava-se a defesa do ensinamento de Cristo.

Frei Antônio Moser morreu na manhã de quarta-feira, vítima de assalto na Estrada Washington Luís, que se dirigia para o aeroporto onde pegaria um avião para São Paulo, quando gravaria sua participação num programa da Tv Canção Nova.

A missa de corpo presente, celebrada por cinco bispos, na Catedral de Petrópolis, foi presidida pelo bispo franciscano da Diocese de Santa Amaro, Dom Fernando Antônio Figueiredo. Entre os bispos presentes na missa estava Dom Gregório Paixão, OSB, Bispo de Petrópolis. Ele falou sobre o legado deixado por Frei Moser, seja na área social como na educação e em diversos trabalhos que desenvolvia, como a direção da Editora Vozes. “É uma grande perda para Igreja e para cidade. Era um homem de profunda fé e por isso cuidava com zelo dos mais pobres”.

Dom Fernando Figueiredo iniciou sua homilia lembrando que Frei Moser era incansável e chegou a brincar dizendo que “ele era apressadinho”, o que fez com que todos rissem, apesar da tristeza pela morte do amigo. “Ele era um amigo sincero. Com sua morte ele assumiu a vida eterna e pela esperança temos a certeza do encontro com este irmão amoroso, carinhoso e cheio de fé”, disse.

Durante a homilia, um dos momentos de emoção, foi quando Dom Fernando ao se aproximar do caixão onde estava o corpo de Frei Moser, agradeceu pela sua amizade. Ao final, o bispo franciscano pediu uma salva de palmas em homenagem ao frei e emocionado encerrou sua homilia.

Ao final da missa, o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel disse que os frades e toda família franciscana estava muito triste pela perda de Frei Moser. Frei Fidêncio, assim como outros frades, não escondeu as lágrimas e emoção ao falar de Frei Moser. “Confesso que nós estamos muito tristes, que nós frades necessitamos de um tempo de silêncio para nessa hora discernir a vontade de Deus. Precisamos do silêncio para entender porque tamanha brutalidade”, comentou o Ministro Provincial. 

Santos Rufo e Zózimo


Segundo o Martirológio Romano Rufo e São Zózimo estiveram entre os discípulos que fundaram a primitiva Igreja de Filipos, entre os judeus e os gregos. Eles pertenciam ao número dos discípulos do Senhor.

Filipos era cidade célebre da Macedônia, nos limites com a Trácia. A composição étnica da comunidade cristã era majoritariamente ex-pagã, enquanto os provenientes do judaísmo eram minoria. O cristianismo fora levado aos filipenses pelo próprio São Paulo: era a primeira comunidade por ele fundada em solo europeu, e talvez também por isso a comunidade dos filipenses esteve sempre mais perto do seu coração, como mostram as várias expressões da carta que São Paulo lhes escreveu da prisão romana, ou com maior probabilidade de uma prisão de Éfeso.

Conta-se que esses dois mártires estavam na companhia de São Paulo e Santo Inácio quando fundaram a primitiva Igreja entre os judeus e gregos, em Filipos, na Macedônia. Nada mais sabemos de suas biografias.

São Policarpo, passando por Filipos, a caminho do martírio, assim exortou os cristãos daquela comunidade: “Exorto-vos a buscar a paciência, virtude que tendes visto em Rufo e Zózimo e nos outros apóstolos. Estejam certos que eles não têm corrido em vão, mas na justiça acompanham os passos de Senhor Jesus. Eles não amam o século presente, mas somente aquele que por nós morreu e ressuscitou”.

São Rufo e Zózimo provavelmente sofreram martírio entre o ano de 107 e o ano 118, em Filipos, na Macedônia. 

ORAÇÃO


Senhor, pelos méritos de São Rufo e São Zózimo, nós vos pedimos a graça do entendimento de que nessa vida somos peregrinos rumo ao céu. Tomai-nos pela mão e conduzi-nos, iluminai nossos caminhos. Abençoa nossas famílias, nosso trabalho, nossa caminhada espiritual. Que saibamos, em todas as nossas atividades, viver na humildade, simplicidade e caridade, segundo os ensinamentos do Vosso Filho Jesus. Amém.

quinta-feira, 10 de março de 2016

CNBB divulga nota sobre o momento atual do Brasil


NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO BRASIL

“O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”
(Tg 3,18)

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 8 a 10 de março de 2016, manifestamos preocupações diante do grave momento pelo qual passa o país e, por isso, queremos dizer uma palavra de discernimento. Como afirma o Papa Francisco, “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião a uma intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (EG, 183).

Vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade. A busca de respostas pede discernimento, com serenidade e responsabilidade. Importante se faz reafirmar que qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça.

A superação da crise passa pela recusa sistemática de toda e qualquer corrupção, pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo que resulte num compromisso entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. É inadmissível alimentar a crise econômica com a atual crise política. O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade. 

As suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a transparência e retoma o clima de credibilidade nacional. Reconhecemos a importância das investigações e seus desdobramentos. Também as instituições formadoras de opinião da sociedade têm papel importante na retomada do desenvolvimento, da justiça e da paz social. 

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais


CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
CARTA CIRCULAR

« PASCHALIS SOLLEMNITATIS »
A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO
DAS FESTAS PASCAIS

16 de janeiro de 1988

PROÊMIO

1. O Ordo da solenidade pascal e de toda a Semana Santa, renovado pela primeira vez por Pio XII, em 1951 e 1955, em geral foi acolhido favoravelmente por todas as Igrejas de rito romano.[1]

O Concílio Vaticano II, principalmente na Constituição sobre a sagrada Liturgia, pôs em evidência muitas vezes, segundo a tradição, a centralidade do mistério pascal de Cristo, recordando como dele deriva a força de todos os sacramentos e dos sacramentais.[2]

2. Assim como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do domingo, marcado pela característica pascal, assim também o ápice de todo o ano litúrgico resplandece na celebração do sagrado tríduo pascal da paixão e ressurreição do Senhor[3], preparada na Quaresma e estendida com júbilo por todo o ciclo dos cinqüenta dias sucessivos.

3. Em muitas partes do mundo os fiéis, juntamente com os seus pastores, têm em grande consideração estes ritos, nos quais participam com verdadeiro fruto espiritual. Ao contrário, em algumas regiões, com o passar do tempo, começou a esmorecer aquele fervor de devoção, com que foi acolhida, no início, a renovada vigília pascal. Em alguns lugares foi ignorada a noção mesma da vigília, a ponto de ser considerada como uma simples missa vespertina, celebrada como as missas do domingo antecipadas para as vésperas do sábado.

Noutros lugares não são respeitados, de modo devido, os tempos do tríduo sagrado. Além disso, as devoções e os pios exercícios do povo cristão são colocados freqüentemente em horários mais cômodos, tanto que os fiéis neles participam em maior número do que nas celebrações litúrgicas.

Sem dúvida, tais dificuldades provêm sobretudo de uma formação não ainda suficiente, do clero e dos fiéis, acerca do mistério pascal, como centro do ano litúrgico e da vida cristã.[4]

4. Hoje, em várias regiões o tempo das férias coincide com o período da Semana Santa. Esta coincidência, unida às dificuldades próprias da sociedade contemporânea, constitui um obstáculo à participação dos fiéis nas celebrações pascais.

5. Tendo isto em consideração, pareceu oportuno a este dicastério, levando em conta a experiência adquirida, recordar alguns pontos doutrinais e pastorais e também diversas normas estabelecidas a respeito da Semana Santa. Por outro lado, tudo o que nos livros se refere ao tempo da Quaresma, da Semana Santa, do tríduo pascal e do tempo da Páscoa, conserva o seu valor, a não ser que neste documento seja interpretado de maneira diversa. As normas mencionadas são agora aqui de novo propostas com vigor, com a finalidade de fazer celebrar do melhor modo os grandes mistérios da nossa salvação e para facilitar a frutuosa participação de todos os fiéis.[5]

I. O TEMPO DA QUARESMA

6. “O anual caminho de penitência da Quaresma é o tempo de graça, durante o qual se sobe ao monte santo da Páscoa. Com efeito, a Quaresma, pela sua dúplice característica, reúne catecúmenos e fiéis na celebração do mistério pascal. Os catecúmenos, quer por meio da ‘eleição’ e dos ‘escrutínios’ quer mediante a catequese, são admitidos aos sacramentos da iniciação cristã; os fiéis, ao contrário, por meio da escuta mais freqüente da Palavra de Deus e de uma oração mais intensa são preparados, com a Penitência, para renovar as promessas do Batismo”.[6]

a) Quaresma e iniciação cristã

7. Toda a iniciação cristã tem uma índole pascal, sendo a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Cristo. Por esta razão, a Quaresma deve alcançar o seu pleno vigor como tempo de purificação e de iluminação, especialmente mediante os “escrutínios” e as “entregas” (o símbolo da fé e a oração do Senhor); a própria vigília pascal deve ser considerada como o tempo mais adaptado para celebrar os sacramentos da iniciação.[7]

8. Também as comunidades eclesiais, que não têm catecúmenos, não deixem de orar por aqueles que noutros lugares, na próxima vigília pascal, receberão os sacramentos da iniciação cristã. Os pastores, por sua vez, expliquem aos fiéis a importância da profissão de fé batismal, em ordem ao crescimento da sua vida espiritual. Estes serão convidados a renovar tal profissão de fé, “no final do caminho penitencial da Quaresma”.[8]

9. Na Quaresma, cuide-se de ministrar a catequese aos adultos que, batizados quando crianças, não a receberam e, portanto, não foram admitidos aos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia. Neste mesmo período sejam realizai. das as celebrações penitenciais, a fim de os preparar para o sacramento da Reconciliação.[9]

10. O tempo da Quaresma é, além disso, o tempo próprio para celebrar os ritos penitenciais correspondentes aos escrutínios para as crianças ainda não batizadas, que atingiram a idade adequada à instrução catequética, e para as crianças há tempo batizadas, antes de serem admitidas pela primeira vez ao sacramento da Penitência.[10]

O bispo promova a formação dos catecúmenos tanto adultos como crianças e, segundo as circunstâncias, presida aos ritos prescritos, com a participação assídua por parte da comunidade local.[11]

b) As celebrações do tempo quaresmal

11. Os domingos da Quaresma têm sempre a precedência também nas festas do Senhor e em todas as solenidades. As solenidades, que coincidem com estes domingos, são antecipadas para o sábado.[12] Por sua vez, os dias feriais da Quaresma têm a precedência nas memórias obrigatórias.[13]

12. Sobretudo nas homilias do domingo seja ministrada a instrução catequética sobre o mistério pascal e sobre os sacramentos, com explicação mais cuidadosa dos textos do Lecionário, sobretudo as perícopes do Evangelho, que ilustram os vários aspectos do Batismo e dos outros sacramentos e também a misericórdia de Deus.

13. Os pastores expliquem a Palavra de Deus de modo mais freqüente e mais amplo nas homilias dos dias feriais, nas celebrações da Palavra, nas celebrações penitenciais[14], em particulares pregações, durante a visita às famílias ou a grupos de famílias para a bênção. Os fiéis participem com freqüência nas missas feriais e, quando não for possível, sejam convidados a ler pelo menos os textos das leituras correspondentes, em família ou em particular.

14. “O tempo da Quaresma conserva a sua índole penitencial”.[15] Na catequese aos fiéis seja inculcada, juntamente com as conseqüências sociais do pecado, a natureza genuína da penitência, com a qual se detesta o pecado enquanto ofensa a Deus.[16]

A virtude e a prática da penitência permanecem partes necessárias da preparação pascal: da conversão do coração deve brotar a prática externa da penitência, quer para os cristãos individualmente quer para a comunidade inteira; prática penitencial que, embora adaptada às circunstâncias e condições próprias do nosso tempo, deve porém estar sempre impregnada do espírito evangélico de penitência e orientada para o bem dos irmãos.

Não se esqueça a parte da Igreja na ação penitencial e seja solicitada a oração pelos pecadores, inserindo-a com mais freqüência na oração universal.[17]

15. Recomende-se aos fiéis mais intensa e frutuosa participação na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais. Seja-lhes recomendada sobretudo a freqüência, neste tempo, ao sacramento da Penitência, segundo a lei e as tradições da Igreja, para poderem participar nos mistérios pascais com espírito purificado. É muito oportuno no tempo da Quaresma celebrar o sacramento da Penitência segundo o rito para a reconciliação de mais penitentes, com a confissão e absolvição individual, como vem descrito no Ritual Romano.[18]

Por sua vez, os pastores estejam mais disponíveis para o ministério da Reconciliação e, ampliando os horários para a confissão individual, facilitem o acesso a este sacramento.

16. O caminho de penitência quaresmal em todos os seus aspectos seja orientado para pôr em mais evidência a vida da Igreja local, e para lhe favorecer o progresso. Por isto se recomenda muito conservar e favorecer a forma tradicional de assembléia da Igreja local, segundo o modelo das “estações” romanas. Estas assembléias de fiéis poderão reunir-se, especialmente sob a presidência do pastor da diocese, junto dos túmulos dos santos ou nas principais igrejas e santuários da cidade, ou nos lugares de peregrinação mais freqüentados na diocese.[19]

17. “Na Quaresma não se colocam flores no altar e o som dos instrumentos é permitido só para sustentar o canto”[20], no respeito da índole penitencial deste tempo.

18. De igual modo, omite-se o Aleluia em todas as celebrações, desde o início da Quaresma até a Vigília pascal, também nas solenidades e nas festas.[21]

19. Sobretudo nas celebrações eucarísticas, mas também nos pios exercícios, sejam escolhidos cânticos adaptados a este tempo e correspondentes, o mais possível, aos textos litúrgicos.

20. Sejam favorecidos e impregnados de espírito litúrgico os pios exercícios de acordo com o tempo quaresmal, como a Via-sacra, para com mais facilidade conduzir os ânimos dos fiéis à celebração do mistério pascal de Cristo.

c) Particularidades de alguns dias da Quaresma

21. Na quarta-feira antes do primeiro domingo da Quaresma os fiéis, recebendo as cinzas, entram no tempo destinado à purificação da alma. Com este rito penitencial, surgido da tradição bíblica e conservado na práxis eclesial até os nossos dias, é indicada a condição do homem pecador, que exteriormente confessa a sua culpa diante de Deus e exprime assim a vontade de conversão interior, na esperança que o Senhor seja misericordioso para com ele. Por meio deste mesmo sinal inicia o caminho de conversão, que alcançará a sua meta na celebração do sacramento da Penitência nos dias antes da Páscoa.[22] A bênção e imposição das cinzas são realizadas durante a missa ou também fora da missa. Nesse caso, permite-se a liturgia da Palavra, concluída com a oração dos fiéis.[23]

22. A Quarta-feira de Cinzas é dia obrigatório de penitência na Igreja toda, com a observância da abstinência e do jejum.[24]

23. O I domingo da Quaresma assinala o início do sinal sacramental da nossa conversão, tempo favorável para a nossa salvação.[25] Na missa deste domingo não faltem os elementos que sublinham tal importância; por exemplo, a procissão de entrada, com a ladainha dos santos.[26] Durante a missa do I domingo da Quaresma, o bispo celebre oportunamente na igreja catedral, ou noutra igreja, o rito da eleição ou da inscrição do nome, segundo as necessidades pastorais.[27]

24. Os Evangelhos da Samaritana, do cego de nascença e da ressurreição de Lázaro, assinalados respectivamente para os domingos III, IV e V da Quaresma no ano A, pela sua grande importância em ordem à iniciação cristã, podem ser lidos também nos anos B e C, sobretudo onde há catecúmenos.[28]

25. No IV domingo da Quaresma (“Laetare”) e nas solenidades e festas permite-se o som dos instrumentos, e o altar pode ser ornado com flores. E neste domingo podem ser usados os paramentos de cor rósea.[29]

26. O uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília. pascal.[30]